sábado, 3 de outubro de 2015

A crise ampliada: o medo das perdas

Paulo Rezende
O debate político continua estimulando denúncias, sem apresentar alternativas para movimentar a economia e sair do abismo. O poder atrai e concentra energias que conservam desigualdades. As tensões são grandes, depois do mito do cartão de crédito e dos gastos excessivos que incentivaram visões do paraíso. O capitalismo se reinventa, mudando práticas, expandindo ilusões, mas possui seus momentos de impasse. A globalização nos toca e atinge as relações sociais, habita o mundo. Não só o Brasil está desencontrado, as notícias gerais são desanimadoras. O medo invade o cotidiano apagando futuros e ânimos.
A sociedade do consumo não cessa de trazer novidades. Tudo ganho o corpo do efêmero. Quando a crise se aprofunda, o jogo do pessimismo se estende. Fica difícil conhecer os caminhos e as perdas cercam quem, antes, exultava com seu poder de compras. Os valores não são eternos. As concepções de mundo se transformam, não há como fixar as histórias ou interpretá-las de maneira única. Se há  um modo de produção soberano, ele não não sossega na formulação de estratégias. A sofisticação do conhecimento ajuda no controle e reprime as rebeldias.
A política dominante não se acomoda, nem corteja solidariedade. Busca núcleos de poder e privilégios. Existe o esperto profissional da política que se apega aos negócios individuais e deixa de lado à solidariedade. A coletivo é assaltado, as corrupções se apresentam cultivando cinismos. O desemprego se alarga e a violência não cede. Nem todos assumem culpas, nem todos acompanham o ritmo do descontrole. A sociedade vive suas lutas, os jornais querem abalos para vender notícias. As ondas de desencantamentos consolidam-se e os sonhos se desmancham rapidamente
A história não possui um ritmo monótono. Há épocas de euforias e de impressionantes tecnologias. Ninguém nega que existiram transformações que trouxeram boas atmosferas. Ninguém nega que as guerras  persistem. Portanto, esclarecer as relações  sociais é sempre um desafio. Os tempos dialogam, as utopias se acendem, contudo as tensões não se acomodam. Se elas crescem, uma sensação de abandono fragiliza e intimida. Nem por isso os discursos salvacionistas desaparecem e continuam enganando. Nem todos perdem. Há minorias que mantêm seu espaço e se afastam dos sustos. A complexidade nos torna confusos, flutuando como pássaros anônimos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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