sábado, 6 de julho de 2013

As rebeldias, as interpretações, os sentimentos

Ninguém desconhece que o tempo histórico é complexo. Não adiantar querer revelar suas andanças de forma completa. Há, sempre, dúvidas. Exigimos transparências, mas é quase impossível alcançá-las. Isso não invalida as lutas intelectuais, nem promove a excelência do silêncio. Os incômodos provocam ruídos, não é novidade pós-moderna. As ruas ficam cheias de pessoas que reivindicam qualidade de vida. Buscam-se análises, há conflitos nas interpretações, porém não se deve monopolizar teorias e consolidar esquemas de compreensão. O debate é saudável, possui escorregões, aproxima diferenças, mostra a importância da diversidade.
Os recentes acontecimentos trouxeram surpresas. Não apresentavam linearidades, explodiam insatisfações, denunciavam impossibilidades, mobilizavam angústias, fortaleciam coragens, expressavam vazios. Quando as interrogações se adensam muitos visitam o passado buscando decifrações. Todos os movimentos lembram alguma coisa. Eles perturbam sentimentos, reinauguram práticas, ajudam a reconhecer as armadilhas das convivências. O capitalismo está no pedaço, incentivando consumo, sobrevivendo , apesar, de desacertos. Não é mesmo do século passado, portanto consolida outras alternativas e formaliza especializações sofisticadas. Não é bom esquecer o mundo e suas explorações frequentes. O cotidiano não é, apenas, um conceito charmoso.
A ida às ruas foi um voo no trapézio. Muitas coisas represadas, muitos desgoverno cínicos, muita gente nas margens, com saídas trancadas e a política tradicional fertilizando um pragmatismo  avassalador. Sustos e riscos animaram os movimentos. Os defensores da letargia ficaram perplexos. Quebrar continuidades faz parte da história e da cultura. Se a mesmice tivesse soberania permanente não haveria lugares para os sonhos e os prazeres. Cultuar sofrimentos desmancha energias, adoece, desmantela a criação. Não custa insistir que mudanças e permanências trocam experiências. As agitações recentes têm seus espelhos. As memórias não morrem, esticam-se, recompõem-se.
Quantas reclamações  contra comportamentos mesquinhos dos governantes não acenam para épocas que lutavam para assegurar os diretos básicos da democracia? Há conversas com o passado. As luzes e as sombras possuem moradias múltiplas. Interpretar a história é, sobretudo, não negar os sentimentos, as dúvidas, as desconfianças. Temos que observar os entrelaçamentos e os excessos que ameaçam a sociabilidade. A existência da chamada revolução tecnológica, porém, acende a velocidade das inquietações. Há pressas. Nem todos acreditam em calmarias ou em reflexões profundas. Procuram-se soluções que não adormeçam nas gavetas burocráticas.No fluir dos protestos, urgências foram apontadas, violências atravessaram dubiedades, os discursos se esmigalharam, conspirações se refizeram. A política exige, contudo, negociação, abertura.
Ressurgiram rebeldias intolerantes com os pactos políticos e as promessas tardias. Medos e desafios mostravam que há ressentimentos antigos e desconhecidos. A felicidade carece de uma definição que a esgote (!), porém viver num mundo de desigualdades é cruel. Olhar o que se passa, com indiferença, é negar o vaivém que redefine as histórias. Elas necessitam de narrativas. Os cenários não se completam como um desenho acadêmico. As verdades se misturam com as interpretações, podem ressuscitar dogmas autoritários.  As ruas das rebeldias são vizinhas das encruzilhadas? Estamos assombrados com o inusitado, sem saber como significá-lo? Difícil é o dom da sabedoria. A sociedade nunca se construiu sem limites. É importante discuti-los, sem o fantasma da salvação final. De:astucia deulisses

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