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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O ensino da história: complexidades fabricadas

Resultado de imagem para genocidio

Ensinar sem educar é uma falta de sensibilidade cruel. Não adianta acumular datas. descrever batalhas e entrar nas fofocas de figuras ditas ilustres. É preciso que a história se amplie e toque na vida. As palavras se aproximam dos momentos da cada um, quando fugimos dos efeitos didáticos e conquistamos o mundo da reflexão. Há quem se entregue aos dados do progresso, sem observar as bombas e os genocídios. A dialética do esclarecimento afirma concepções de mundo, trazem inquietações. Ficar na apatia é a frustração escondida. O ensino está alem das páginas dos livros, exige que se toque nas emoções e se desloque o olhar fixo.
Muitos professores se fecham na carga horária. Não imaginam o peso de um conhecimento meramente estatístico. Não há neutralidade, o compromisso nos move, as diferenças se expandem e criam as lutas políticas. O absurdo de se defender a escola sem partido é brutal. Observem o histerismo dos que inventam o socialismo na Venezuela. Os desastres, do nível intelectual de alguns, levam à mediocridades. A família Bolsonaro faz estragos. Não sossegue, porque há quem defenda o socialismo sem nunca analisar um texto de Marx. Dinamitam o saber, para ocupar vitrines do ódio. Riscam os campos de concentração e disfarçam a ação das polícias secretas.
Não esqueça que memória e história dialogam com ânimo ativo. Quem não se estica se desperdiça. Ressuscitar lembranças confusas é tática presente entre os políticos. Mostram desenvolturas que assassinam desejo de mudar a sociedade. Já escutaram as declarações de Olavo? São torpedos treinados para atravessar as intenções saudáveis. Alguns se limitam a tentativas de consagrar a pedagogia militarista. A moda é a continência.  Exaltam nações que espalharam crueldades, construíram travessias racistas. Não é fácil engolir mentiras absurdas, admirar discursos fabricados para dominar o mundo. Os especialistas aprendem a distribuir suspenses vazios. A mídia estreita a inteligência e celebra mercadorias e outros justificam-se na embriaguez exaltada.
O ser  humano não nasceu para fundar paraísos. Tudo possui uma fragilidade. Imagina uma harmonia social, um período histórico sem renascimentos. Por que as religiões se juntam com a política? Quando  educação realça a crítica abandona esquemas onde a palavra característica justifica tudo. Deixar de olhar as idas e vindas das relações sociais anula os conflitos e registra ilusões. Quem se motiva com a história seguindo a linearidade e zombando da multiplicidade? Não é sem razão que a privatização é sempre uma ameaça. Minimizar a complexidade da cultura é também um aventura na significativa. O desgaste é grande, quando o sucesso se consagra com a obtenção do título. Para quê?
Por Paulo Rezende/ A astúcia de Ulisses

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A história de Sully, o cão que viralizou ao 'velar' o caixão de seu dono, o ex-presidente George H.W. Bush

O cão Sully se deitou ao lado do caixão do ex-presidente americano George H.W. Bush, que morreu neste fim de semana aos 94 anosDireito de imagemREUTERS
Image captionO cão Sully se deitou ao lado do caixão do ex-presidente americano George H. W. Bush, que morreu neste fim de semana aos 94 anos
Nesta segunda-feira, uma imagem do cão Sully, que pertencia ao ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush, viralizou na internet e em sites de notícias. Na fotografia, o labrador aparece deitado em frente ao caixão onde estava o corpo de Bush, que morreu no sábado aos 94 anos.
Sully é um "cão de serviço", tem dois anos e foi doado ao ex-presidente neste ano. Como Bush usava uma cadeira de rodas, o cachorro o ajudava a fazer algumas tarefas, como abrir portas e buscar o telefone quando ele tocava. Seu nome foi inspirado no piloto de avião Chesley "Sully" Sullenberger, que pousou um jato de passageiros no rio Hudson em 2009, salvando todos os 155 passageiros e tripulantes a bordo.
Com a morte do dono, Sully trabalhará a partir de agora como um cão de serviço, auxiliando na terapia para soldados feridos. Sully tem até uma conta própria no Instagram; nas redes sociais, muitos internautas agradeceram o cão por seus serviços e enalteceram a lealdade dos cães para com seus donos.
O labrador de Bush, no entanto, não é o único cachorro famoso por acompanhar autoridades ou ex-políticos.
Biden with MajorDireito de imagemDELAWARE HUMANE ASSOCIATION
Image captionO ex-vice-presidente americano Joe Biden adotou recentemente Major, um pastor alemão
No mês passado, por exemplo, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adotou um cão no Estado americano de Delaware. Biden ocupou o cargo de vice-presidente durante a gestão de Barack Obama, entre 2009 e 2017.
Segundo a Associação Humanitária de Delaware, o político ficará com o pastor alemão de forma permanente. Não é a primeira ação parecida do ex-vice-presidente. Em 2008, ele adotou um filhote chamado Champ depois de prometer à esposa que faria isso caso ele e Obama ganhassem a eleição presidencial.
Família Obama e o cão BoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA família Obama tem dois cães, Bo (na foto) e Sunny

Líderes e seus cães

O próprio Obama também é um amante de cachorros. Ele tem dois, Bo e Sunny, da raça cão de água português. Em 2016, a polícia prendeu um homem sob suspeita de planejar sequestrar um dos animais.
No Brasil, Michel Temer (MDB) tem dois cachorros, Picoly e Thor. O primeiro é da raça jack russel e, no ano passado, foi salvo pela primeira-dama, Marcela Temer, quando entrou em um lago no Palácio da Alvorada, em Brasília, para correr atrás de patos.
O presidente da Coreia do Sul e seu cão Tory, que foi adotadoDireito de imagemCHEONG WA DAE HANDOUT
Image captionO presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in tem três pets - um deles é Tory, que foi adotado
Na Coreia do Sul, o presidente Moon Jae-in também adotou um cão, Tory, em um abrigo de animais. Aos quatro anos, Tory virou o primeiro cachorro presidencial da Coreia vindo de um abrigo - ele se juntou a outros dois pets do presidente: um cachorro chamado Maru e um gato chamado Jing-jing, que foi adotado pela filha de Moon.
O presidente recebeu elogios por adotar um cão de abrigo. Sua antecessora, Park Geun-hye, foi duramente criticada por abandonar nove cães no palácio presidencial depois de sofrer um processo de impeachment.
Vladimir Putin posa ao lado de seus dois cãesDireito de imagemAFP
Image captionO Japão deu Yume (à esquerda) para Vladimir Putin em 2012; na foto também aparece Buffy, outro cachorro do presidente russo
Já o presidente da França, Emmanuel Macron, tem um labrador, o Nemo. No ano passado, ele ficou famoso ao ser flagrado fazendo xixi em uma lareira durante uma reunião de seu do dono no palácio presidencial.
Nemo não foi o único cachorro presidencial francê a aprontar. Os cães do ex-presidente Nicolas Sarkozy danificaram móveis valiosos do palácio, enquanto o maltês de Jacques Chirac, Sumo, ficou infeliz por ter de deixar os amplos jardins da residência oficial e começou a atacar o dono.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, é outro amante dos cães. Ele já recebeu cachorros de presente do Japão e do Turcomenistão.
Paddles e a primeir-ministra da Nova Zelândia, Jacinda ArdernDireito de imagemTWITTER: FIRSTCATOFNZ
Image captionJacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, é dona do gato Paddles
Em 2016, no entanto, ele se recusou a receber outra fêmea da raça Akita para acompanhar a primeira. Em 2007, durante uma reunião com a chanceler alemã Angela Merkel, seu labrador Connie entrou na sala. Merkel tem um profundo medo de cães - Putin negou que tenha deixado o cachorro entrar de propósito.
Tsai Ing-wen, presidente de Taiwan, e seu gato Ah TsaiDireito de imagemFACEBOOK: TSAI ING-WEN
Image captionTsai Ing-wen, líder de Taiwan, adora felinos; um deles é seu Ah Tsai
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, tinha um "Primeiro Gato", Paddles, que morreu em novembro.
Já Tsai Ing-wen, líder de Taiwan, é conhecida por adorar felinos. Ela adotou dois gatos, Think Think e Ah Tsai.
Fonte: BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Reggae é Patrimônio Imaterial da Humanidade

Foto: Jewel SAMAD / AFP
Foto: Jewel SAMAD / AFP
O reggae, estilo musical jamaicano que conquistou fama em todo o planeta graças a artistas como Bob Marley, passou a integrar a lista de Patrimônio Imaterial da Humanidade, anunciou a Unesco nesta quinta-feira. A decisão de incluir o reggae na lista foi tomada pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, reunido esta semana em Port-Louis, a capital das Ilhas Maurício.

"É um dia histórico", celebrou a ministra da Cultura da Jamaica, Olivia Grange, que viajou a Maurício para a oportunidade. "Destaca a importância de nossa cultura e nossa música, cujo tema e mensagem é amor, união e paz", afirmou em uma entrevista à AFP.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) destacou que a contribuição deste estilo musical "à reflexão internacional sobre questões como a injustiça, a resistência, o amor e a condição humana demonstram a força intelectual, sociopolítica, espiritual e sensual deste elemento do patrimônio cultural". A organização também recordou que, embora a princípio tenha sido uma expressão musical de comunidades marginalizadas, com o tempo o reggae foi "abraçado por amplos sectores da sociedade, sem distinção de sexo, etnia ou religião".

O reggae se une a uma lista criada em 2003 e que inclui quase 400 tradições ou expressões culturais, que vão da pizza napolitana até o flamenco, passando pela cerveja belga, a ioga e o tango. O comitê da Unesco, que precisava examinar quase 40 pedidos de inscrição durante a reunião, também incluiu em sua lista as Parrandas de Cuba. O reggae, apresentado pela Jamaica, se desenvolveu nos anos 1960 a partir do ska e do rocksteady, além de ter adicionado influências do soul e do rythm and blues americanos.

O estilo caribenho ganhou popularidade rapidamente nos Estados Unidos e Reino Unido, graças aos muitos imigrantes jamaicanos que chegaram ao país após a Segunda Guerra Mundial. Também se tornou música dos oprimidos, abordando temas sociais e políticos, a prisão e as desigualdades.

O reggae é indissociável do movimento espiritual rastafari, que sacraliza o imperador etíope Haile Selassie e promove o uso da maconha. Em 1968, a canção "Do the Reggay" do grupo Toots and the Maytals foi a primeira a utilizar o nome reggae, um ritmo que depois conquistou grande êxito mundial graças aos clássicos de Bob Marley e seu grupo The Wailers, incluindo "No Woman, No Cry", "Stir It Up" ou "I Shot the Sheriff".  "O reggae é exclusivamente jamaicano", afirmou a ministra da Cultura antes da votação. "É uma música que nós criamos e que penetrou em todo o mundo".

Ao contrário da lista de Patrimônio Mundial, a de Patrimônio Cultural Imaterial não se estabelece segundo critérios de "excelência ou de exclusividade", de acordo com a Unesco. Não busca reunir o patrimônio "mais belo", e sim representar sua diversidade e destacar as artes e habilidades das diferentes comunidades.
Com informações do DP.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 25 de novembro de 2018

Geopolítica:Entenda a polêmica sobre o Brexit em 11 perguntas

homem com bandeiras da União Europeia e do Reino UnidoDireito de imagemAFP
Image captionA União Europeia e o Reino Unido acabam de assinar um acordo que prevê os termos da saída dos britânicos do bloco regional
A União Europeia e o Reino Unido assinaram neste domingo (25) um acordo proposto pela primeira-ministra britânica Theresa May que prevê os termos do Brexit- a saída do Reino Unido do bloco regional.

A negociação para assinatura do documento dominou as manchetes dos jornais europeus nos últimos dias.
Mas o que exatamente é o Brexit? A BBC News reuniu uma série de perguntas e respostas para você finalmente entender do que trata.

O que é Brexit?

Brexit é uma abreviação para "British exit" (saída britânica, na tradução literal para o português). Esse é o termo mais comumente usado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.

O que é União Europeia?

É um grupo formado por 28 países europeus que praticam livre comércio entre si e facilitam o trânsito de seus nacionais para trabalhar e morar em qualquer parte do território. O Reino Unido se tornou parte da União Europeia- na época chamada de Comunidade Econômica Europeia- em 1973.
Someone votingDireito de imagemGETTY IMAGES

Por que o Reino Unido está deixando o bloco?

Num referendo em 23 de junho de 2016, os britânicos foram perguntados se o Reino Unido deveria permanecer ou deixar a União Europeia. A maioria- 52% contra 48%- decidiu que o país deveria deixar o bloco regional. Mas a saída não aconteceu de imediato, foi agendada para o dia 29 de março de 2019.

O que aconteceu desde então?

O referendo foi apenas o começo de um processo. Desde então, negociações foram feitas entre o Reino Unido e os outros países da União Europeia.
As discussões se centraram nos termos desse "divórcio", que definiriam como seria essa saída do Reino Unido, não no que ocorreria após essa "separação". O acordo apresentado por Theresa May é conhecido como "acordo de retirada".

O que foi acordado?

O rascunho desse acordo de retirada do Reino Unido da União Europeia inclui:
- O valor que o Reino Unido deverá pagar para a União Europeia por quebrar o contrato de parceria: cerca de 39 bilhões de libras (R$ 191 bilhões)
- O que vai acontecer com cidadãos britânicos que moram em outros países europeus e com os europeus que moram no Reino Unido: cidadãos europeus que já estejam no Reino Unido antes do Brexit e do fim do período de transição poderão manter os atuais direitos de residência e acesso a serviços públicos (o mesmo vale para britânicos que moram em países europeus)
-Sugere uma forma de evitar o retorno a uma fronteira fechada entre a Irlanda do Norte (que é parte da Grã Bretanha) e a República da Irlanda (que é um país independente que faz parte da União Europeia)
Um período de transição foi acordado para permitir que Reino Unido e União Europeia formulem um acordo de comércio e para permitir que empresas se organizem.
Isso significa que, se o "acordo de retirada" receber sinal verde, não haverá qualquer mudança na situação atual entre 29 de março de 2019 e 31 de dezembro de 2020.
Outro documento bem mais curto foi elaborado com uma previsão de como será o futuro relacionamento entre Reino Unido e União Europeia. Trata-se de uma declaração política. Mas nenhum lado precisará se fiar exatamente no que prevê esse documento- é apenas um conjunto de intenções para as futuras negociações.

O que vai acontecer agora?

Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e Theresa MayDireito de imagemAFP
Image captionUm conjunto de "intenções" também foi assinado por líderes europeus para basear as negociações sobre o futuro das relações Reino Unido-União Europeia
Theresa May e os líderes de 27 nações europeias se reuniram neste fim de semana em Bruxelas e assinaram o acordo de retirada, bem como a declaração política sobre o futuro das relações Reino Unido-União Europeia.
A cerimônia oficial de assinatura demorou uma hora e meia. Theresa May agora precisa convencer os membros do parlamento britânico a aprovarem o documento.
A expectativa é que a votação ocorra em dezembro.

O acordo vai ser aprovado pelo parlamento?

Bom, no momento, parece que ele tem chances de ser rejeitado.
May não tem apoio suficiente dentro de seu próprio partido (o Partido Conservador), nem entre parlamentares de outras siglas.
São várias as reclamações, muitas das quais questionam se o acordo garantirá, de fato, a retomada do controle das fronteiras do território britânico. E alguns dos parlamentares que defendem a permanência do Reino Unido na União Europeia querem um novo referendo.

O que vai acontecer se o parlamento rejeitar o acordo?

Isso não está claro. Em tese, isso significaria a saída do Reino Unido sem um acordo com a União Europeia que pudesse amenizar os efeitos da retirada do país do bloco. Mas os parlamentares teriam, neste caso, 21 dias para propor uma solução.
Big BenDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionParlamentaresm pró-Brexit questionam se o acordo garantirá, de fato, a retomada do controle das fronteiras do território britânico. Outros que defendem a permanência do Reino Unido na União Europeia querem um novo referendo

O Reino Unido definitivamente vai deixar a União Europeia em 29 de março de 2019?

Está previsto em lei que o Reino Unido deixará o bloco às 23:00 do dia 29 de março (horário de Londres).
Mas, se não houver um acordo ou se o parlamento rejeitar o texto proposto por Theresa May, é impossível dizer ao certo o que vai acontecer.
O prazo de 29 de março pode, eventualmente, ser estendido- mas todos os 28 membros da União Europeia teriam que concordar com isso.
Outra possibilidade é permitir que a primeira-ministra tente mais uma vez aprovar o acordo de retirada no parlamento.
Uma terceira sugestão é fazer um novo referendo, possivelmente perguntando se os eleitores aprovam o acordo, em vez de voltar a perguntar se eles querem ou não deixar a União Europeia.

O que acontece se o Reino Unido deixar o bloco sem um acordo?

O "no deal" (sem acordo) significa que o Reino Unido falhou em encontrar um consenso sobre os termos de sua saída do bloco. A princípio, isso significaria não ter um período de transição após o Brexit (29 de março)- neste caso, o Reino Unido cortaria todos os laços com a União Europeia de um dia para o outro.
O governo já começou a fazer um planejamento para preparar o país para essa hipótese mais radical. Publicou, por exemplo, uma série de orientações que abarcam desde passaportes para bichos de estimação ao impacto no fornecimento de energia.
donald Tusk e Theresa MayDireito de imagemOLIVIER HOSLET/AFP
Image captionTheresa May agora terá que convencer o próprio parlamento a aprovar o acordo que ela assinou com líderes europeus. Há resistência por diferentes motivos entre parlamentares conservadores e trabalhistas
O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, diz que seria um "desastre nacional" se o Reino Unido deixasse a União Europeia sem um acordo. Mas alguns parlamentares defensores do Brexit minimizam o impacto do "no deal" e defendem uma ruptura clara com o bloco europeu.

Mais alguma coisa que eu devo saber?

A Irlanda do Norte figurou fortemente nas discussões sobre o Brexit. Tanto o Reino Unido quanto a União Europeia querem evitar o fechamento da fronteira entre a Irlanda do Norte da República da Irlanda. Atualmente não há guardas em postos de controle nem checagem de passaportes.
Há algumas explicações para isso. Primeiro, a ausência de uma fronteira "rígida" entre os dois territórios é um aspecto fundamental do acordo de paz de 1998, que encerrou conflitos entre defensores da independência da República da Irlanda e "unionistas", que defendiam um único território irlandês integrado à Grã Bretanha.
O segundo motivo é a forte integração econômica entre as duas Irlandas. Grandes quantidades de bens e serviços cruzam a fronteira todos os dias sem precisar passar por postos de controle.
Mas deixar a fronteira aberta após o Brexit significaria uma flexibilização da retomada do controle das fronteiras pelo Reino Unido, já que o fluxo livre de pessoas e bens continuaria, em grande medida, entre a República da Irlanda (que é União Europeia) e a Irlanda do Norte (que é Reino Unido).
Theresa May tenta incluir uma cláusula que diz que uma fronteira rígida entre os dois territórios jamais será implantada, mesmo que Reino Unido e União Europeia não cheguem a um acordo razoável sobre o futuro do comércio entre si.
Isso significa que a Irlanda do Norte- mas não o restante do Reino Unido- ainda seguiria algumas das principais regras de comércio e fluxo de pessoas da União Europeia.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 18 de novembro de 2018

Mundo:O que é o protesto dos 'coletes amarelos' na França, que reuniu 280 mil pessoas contra alta do diesel

Um carro avança sobre um grupo de 'coletes amarelos', os manifestantes franceses que estão paralisando vias contra aumento do preço do diesel na FrançaDireito de imagemREUTERS
Image captionUm carro avança sobre um grupo de 'coletes amarelos', os manifestantes franceses que estão paralisando vias contra aumento do preço do diesel na França
Mais de 280 mil pessoas foram às ruas na França para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis neste sábado. Uma pessoa morreu atropelada e mais de 200 ficaram feridas. O episódio está sendo chamado de protesto dos "coletes amarelos" (gilets jaunes, em francês), já que manifestantes usaram coletes refletivos amarelos, peça obrigatória nos carros franceses.
O preço do diesel - o combustível mais usado pelos carros franceses - aumentou cerca de 23% nos últimos 12 meses. Assim, chegou a custar uma média de €1.51 por litro (R$ 6,46). É o valor mais alto desde o começo de 2000, segundo a agência de notícias AFP. Nas bombas, o preço varia de £1.32 a $1.71 (R$ 5,64 a R$ 7,31) por litro.
Para comparação, no Brasil, o preço médio do litro do diesel está em R$ 3,68, segundo dados do início de novembro compilados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Por aqui, o aumento do preço do diesel também gerou uma forte onda de manifestações, promovida por caminhoneiros em maio deste ano - no Brasil, o diesel é mais usado para transporte de carga.
Segundo o ministro do Interior da França, mais de 280 mil pessoas participaram do protesto. Em vários pontos do país, os manifestantes bloquearam vias de passagem para automóveis. Em Paris, se aproximaram do Palácio do Eliseu, a residência oficial do presidente francês, e foram contidos pela polícia com gás lacrimogêneo.
O caso de morte ocorreu quando um motorista de caminhão foi cercado por manifestantes, entrou em pânico, acelerou e acabou atropelando e matando uma mulher de 63 anos. Ele estava levando a filha para o hospital e foi conduzido à polícia em estado de choque. Os episódios de ferimentos, em sua maioria, também ocorreram quando motoristas tentaram forçar a passagem pelo protesto.
No Sul da França, polícia francesa tenta conter manifestantes vestidos de coletes amarelos; um deles hasteia uma bandeira da FrançaDireito de imagemREUTERS
Image captionPolícia francesa tenta conter manifestantes franceses no Sul da França

Por que os motoristas franceses estão protestando?



Os manifestantes acusam o presidente francês Emmanuel Macron de ter abandonado os mais pobres. Até agora, Macron não se pronunciou sobre os protestos - em alguns deles, houve quem pedisse a renúncia do presidente.
Em um pronunciamento na última quarta-feira, o líder francês assumiu que não "conseguiu reconciliar o povo francês com seus governantes". Ao mesmo tempo, acusou seus opositores de usarem os protestos para barrar seu programa de reforma.
Macron falou ainda que a alta internacional no preço dos combustíveis é responsável por três quartos do aumento visto na França. De fato, o preço internacional dos combustíveis subiu - embora tenha caído em seguida.
Mas há um outro fator que levou ao aumento no preço do diesel francês. Este ano, o governo Macron aumentou os impostos sobre combustíveis fósseis, como parte de uma campanha para promover alternativas mais menos poluentes. A este respeito, Macron declarou que os impostos são necessários para financiar investimentos renováveis no setor de energia.
Além disso, o governo anunciou um novo aumento no preço dos combustíveis a partir de 1º de janeiro de 2018 - alta de 6,5% no diesel e de 2,9% na gasolina. A medida foi vista pelos manifestantes franceses como a gota d'água.
Manifestante envolvo em uma nuvem de gás lacrimogêneo, em protesto dos 'coletes amarelos', na FrançaDireito de imagemEPA
Image captionEm Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes

Qual o tamanho do movimento?

O protesto dos "coletes amarelos" recebeu enorme apoio. Segundo uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Elabe, 75% dos entrevistados disseram que apoiam os "coletes amarelos". Outros 70% querem que o governo francês reverta os aumentos nos preços dos combustíveis.
"As expectativas e o descontentamento em relação ao poder de compra são gerais. Não é algo que preocupa apenas a França rural ou as classes mais baixas", afirma Vincent Thibault, do instituto Elabe.
A repórter da BBC em Paris, Lucy Williamson, relata que o movimento cresceu pelas redes sociais e se transformou em uma crítica ampla às políticas econômicas de Macron.

Os políticos de oposição estão envolvidos?

Certamente, os políticos de oposição a Macron tentaram pegar uma carona no movimento. Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita francês, que concorreu contra Macron e foi derrotada no segundo turno, tem encorajado os protestos pelo Twitter.
"O governo não deveria ter medo do povo francês que vai manifestar sua revolta e faz isso de uma forma pacífica", falou Le Pen.
Laurent Wauquiez, líder de centro-direita dos republicanos franceses, instou o governo de Macron a voltar atrás no aumento de imposto sobre combustíveis fósseis, como uma forma de reduzir os preços.
Christophe Castaner, ministro do Interior da França, falou que as ações de sábado são "um protesto político, com os republicanos por trás".
Já Olivier Faure, líder do Partido Socialista, de esquerda, falou que o movimento "nasceu fora dos partidos políticos". "As pessoas querem que os políticos as escutem e respondam a elas. A sua demanda é por ter poder de compra e uma justiça financeira", falou.

Há algum espaço para negociação entre governo e manifestantes?

Na quarta-feira, o governo francês anunciou uma medida para ajudar as famílias mais pobres a pagarem a conta de energia e custos relacionados ao transporte. O primeiro-ministro Edouard Philippe afirmou que 5,6 milhões de famílias vão receber os subsídios. Atualmente, são 3,6 milhões.
Outra medida a ser implementada são créditos fiscais para aqueles que dependem do carro para trabalhar.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE