quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Daniel Alves é condenado por 'agressão sexual' na Espanha; entenda o caso



Daniel Alves durante julgamento

CRÉDITO,REUTERS

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  • Role,BBC News Brasil

O ex-jogador da seleção brasileira Daniel Alves foi sentenciado a 4 anos e 6 meses de prisão pelo Tribunal de Barcelona nesta quinta-feira (22) por "agressão sexual", um crime que na Espanha é equivalente ao que é considerado o estupro no Brasil.

O abuso envolve uma mulher de 23 anos que, segundo a corte, foi abusada por Alves no banheiro de uma discoteca em Barcelona na madrugada de 31 de dezembro de 2022.

O tribunal concluiu que não houve consentimento por parte da vítima para o ato sexual e que existem elementos de prova, além do testemunho da mulher, para dar prova da violação.

A decisão foi proferida pela juíza Isabel Delgado na 21ª Seção de Audiência de Barcelona. A defesa do jogador pode apelar da decisão no Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC) e no Supremo Tribunal da Espanha


A sentença estabelece uma pena de liberdade supervisionada de 5 anos, a ser cumprida após o término da pena de prisão, juntamente com 9 anos de afastamento da vítima


Durante o período de liberdade supervisionada, Daniel Alves deve se manter afastado da casa ou do local de trabalho da denunciante por pelo menos um quilômetro e não pode entrar em contato com ela.

Além disso, ele está obrigado a pagar uma indenização de 150 mil euros (cerca de R$ 804 mil) à vítima por danos morais e físicos, sendo também responsável por arcar com os custos do processo.

A advogada de defesa de Daniel Alves, Inés Guardiola, disse na saída do Tribunal de Barcelona que vai recorrer da sentença.

"Vamos rever a sentença, mas posso adiantar que vamos recorrer. Continuamos acreditando na inocência do senhor Alves, que ele está inteiro -reconheceu a advogada, que confirmou que irá ver o jogador esta tarde para acertar detalhes. Defenderemos sua inocência até o fim", afirmou.

Inés Guardiola disse ainda que "Daniel Alves está inteiro" e que a condenação é melhor do que o que a acusação pedia.

O crime de “agressão sexual”

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O crime de “agressão sexual” está previsto no Código Penal da Espanha e está tipificado em sua forma básica no artigo 178: "Quem atacar a liberdade sexual de outra pessoa, recorrendo à violência ou à intimidação, será punido como responsável por agressão sexual com pena de prisão de um a cinco anos".

A legislação espanhola também considera como agressão sexual "os atos de teor sexual que se realizem empregando violência, intimidação ou abuso de uma situação de superioridade ou de vulnerabilidade da vítima".

Na Lei Espanhola, o termo ‘agressão sexual’ é o termo que abarca todos os delitos de conteúdo sexual


"O Código Penal espanhol define a agressão sexual de maneira ampla em comparação com o Brasil. Aqui, o crime pelo qual Daniel Alves foi condenado seria equiparado ao estupro", explica a advogada Isabela Del Monde, uma das fundadoras da Rede Feminista de Juristas e coordenadora do movimento #MeTooBrasil.

Alves havia sido acusado de atrair a mulher para um banheiro em uma área VIP da boate e argumentou que ela poderia ter saído "se quisesse". No entanto, o Tribunal de Barcelona concluiu que ela não deu consentimento.

Segundo o jornal El País, os magistrados da Seção 21ª atribuíram credibilidade ao relato da vítima sobre os fatos e consideraram comprovado que o jogador do FC Barcelona a penetrou vaginalmente sem seu consentimento e com "violência".

A advogada Isabela Del Monde considera o caso "emblemático para mostrar que o processamento de uma acusação de violência sexual é possível".

"Muitas vezes, vemos a alegação de falta de prova, com a palavra dela contra a dele, e uma série de mitos e estereótipos recaem sobre a vítima, como se ela quisesse se aproveitar, aparecer, receber dinheiro ou arruinar a vida do acusado.

"Graças ao protocolo de atendimento em casos de violência sexual vigente em Barcelona, o caso foi levado a sério desde o início. Esse protocolo, inclusive, acabou resultando em uma série de leis que estão agora em vigor no Brasil."

A sentença

A condenação de Daniel Alves ocorre apenas duas semanas após o encerramento do julgamento. O processo de Alves teve uma duração de três dias e foi concluído em 7 de fevereiro, quando o jogador depôs. Durante a sessão, ele chorou e negou a acusação de agressão sexual, afirmando que o relacionamento com a denunciante foi consensual.

Hoje, para a leitura da sentença, Daniel Alves chegou ao local por volta das 10h (horário local, 6h no horário de Brasília). Estavam presentes as partes envolvidas no processo contra o jogador: a promotora Elisabet Jiménez, a promotora e advogada da denunciante Ester García, e a advogada de defesa de Daniel, Inés Guardiola.

A princípio, o Ministério Público local havia pedido 9 anos de prisão, enquanto a defesa da denunciante pediu 12 anos.

Entretanto, o tribunal considerou uma circunstância atenuante que contribuiu para a redução da pena de prisão de Alves: o ressarcimento dos danos, uma vez que ele pagou os 150 mil euros de indenização solicitados pela acusação.

Havia também a possibilidade de uma circunstância atenuante de embriaguez, visto que o Código Penal espanhol estabelece que o consumo de álcool pode ser considerado como fator atenuante em casos de agressão sexual.

Mas o tribunal considerou que não foi comprovado que o "consumo de álcool" afetou suas capacidades.

Daniel Alves durante julgamento no Tribunal de Barcelona em 5 de fevereiro de 2024

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Daniel Alves durante julgamento no Tribunal de Barcelona em 5 de fevereiro de 2024

O caso

Uma mulher de 23 anos acusou Daniel Alves de a ter estuprado em uma festa na boate Sutton, de Barcelona, no dia 31 de dezembro de 2022. Ela diz que o jogador a agrediu, a trancou em um banheiro e a estuprou.

Ela alertou os donos da boate e foi encaminhada para um hospital que é centro de referência para vítimas de agressão sexual. Dois dias depois da festa na boate, a denúncia foi registrada.

Em uma entrevista a um canal espanhol, dias antes de ser detido, Daniel Alves comentou a denúncia.

"Eu estive nesse lugar, e quem me conhece sabe que eu adoro dançar, mas sem invadir o espaço de ninguém, respeitando os espaços. E quando você vai ao banheiro não tem que perguntar quem está lá para usar o banheiro. Não sei quem é essa senhorita, nunca a vi. Nestes anos todos nunca invadi o espaço de ninguém sem autorização", disse ele ao programa Y ahora Sonsoles da TV espanhola Antena 3.

Desde esse primeiro comentário, no entanto, Daniel Alves mudou sua versão sobre a noite algumas vezes.

Em seu primeiro depoimento oficial à Justiça, o jogador afirmou que encontrou a denunciante no banheiro da boate, mas que não teve qualquer relação com ela.

A terceira versão do caso foi apresentada pela defesa do jogador. Em fevereiro de 2023, os advogados do brasileiro divulgaram uma declaração alegando que ele manteve uma relação de sexo oral consensual com a mulher.

Em abril de 2023, uma nova versão do caso surgiu. Em um novo depoimento oficial, Daniel Alves afirmou que houve relação sexual, incluindo penetração, e que foi consensual.

Por fim, durante o julgamento, a defesa tentou argumentar que o jogador estava embriagado. Isso sugeriria uma "ausência de consciência" sobre seus atos, buscando o atenuante à pena

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Maracatu Carneiro da Serra - 10º Encontro de Burrinhas Caboclinhos Catirinas e Maracatus de Pernambuco






Professor Edgar Bom Jardim - PE

BOI CARA BRANCA - 10º Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco






Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Noite da Cultura Popular na Festa de São Sebastião: 10º Encontro de Burrinhas Caboclinhos Catirinas e Maracatus de PE Maracatu Beija-flor Aliança





      @museudebomjardimpernambuco2594 -YouTube




Neste vídeo, apresentamos para a FUNDARPE e o público em geral , um breve Resumo/Relatório de Acompanhamento e Fiscalização, da apresentação artística do Maracatu Beija-Flor da Aliança, no evento: PRÉVIA 10º Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, realizado no domingo, 28 de janeiro de 2024, na cidade de Bom Jardim - PE. O evento foi realizado pelo Museu de Bom Jardim, com o APOIO CULTURAL da FUNDARPE, Secretaria de Cultura de Pernambuco, Governo de Pernambuco. CONTRATADO: Maracatu Beija-Flor da Aliança. A PROGRAMAÇÃO foi iniciada às 19h, na Avenida José Moreira de Andrade, com a concentração dos grupos culturais: Maracatu Beija-Flor da Aliança, da cidade da Aliança – PE (patrocínio exclusivo FUNDARPE, SECULT PE, Governo de Pernambuco) e participações especiais da Ciranda Maravilhosa( Bom Jardim), Grupo Cultural Caboclinhos da Baraúna(Bom Jardim), Grupo Cultural Caboclinhos Asa Branca(João Alfredo - PE), Grupo de Dança Evolução ( Umari - Bom Jardim), Cantora Clara Adelina, Cantora Nil Rocha( Bom Jardim), Grupo Cultural Burrinhas Boca do Dragão(Bom Jardim), Grupo Cultural Burrinhas(Vila da Cohab Bom Jardim), Catirinas da Rua do Frade e Boneco Gigante Rinaldo Barros. O CORTEJO foi iniciado às 20h30m, o Maracatu Beija-Flor da Aliança e demais agremiações fizeram o percurso da Avenida José Moreira de Andrade, Praça 19 de Julho, Rua Manoel Augusto, Rua Oswaldo Lima e retornou, no mesmo sentido, para o Pátio de Eventos João Salvino Barbosa para apresentações finais. A PRÉVIA 10º Encontro de Burrinhas Caboclinhos Catirinas e Maracatus de Pernambuco foi um grande sucesso, animou o público nas ruas do centro da cidade de Bom Jardim (que também comemora o novenário de São Sebastião), mobilizou artistas, grupos culturais, trouxe alegria, contentamento, diversão cultural qualificada de valores identitários e históricos da formação do povo brasileiro. Momentos desta magnitude e simplicidade também movimentam o comércio local, geram renda para pequenos e médios empreendedores locais. O melhor de tudo é fazer a cultura popular pulsar, unir artistas, grupos culturais, compartilhar saberes, transmitir conhecimentos da cultura popular, educação e arte para o público. O Museu de Bom Jardim cumpre o importante papel e missão de vivenciar a museologia social, buscando apoio técnico, parcerias entre as instituições governamentais, fazedores de cultura, artistas, gente que faz a Comunidade ser protagonista da alegria de viver, assegurando, semeando paz social por meio da promoção da Arte, Educação e Direitos Humanos. Todas apresentações culturais foram exitosas. Destaque especial para o Maracatu Beija-Flor da Aliança. Parabenizamos e agradecemos os registros realizados pela equipe de fiscalização e comunicação da FUNDARPE e SECULT PE e Governo do Estado em suas redes oficias, como por exemplo: @cultura.pe www.cultura.pe.gov.br/ Registros fotográficos por: Pollyana Valença, Edgar Santos, José Arthur, Bruno Araújo, Maria Ellen, Franklin Kelvin. Agradecimentos especiais: Maria José, Luciene, Jaíse e Vânia Por Edgar S. dos Santos PRÉVIA 10º Encontro de Burrinhas Caboclinhos Catirinas e Maracatus de PE Maracatu Beija-flor Aliança Ficha Técnica: PRÉVIA 10º Encontro de Burrinhas Caboclinhos Catirinas e Maracatus de PE -Maracatu Beija-Flor Aliança Imagens aéreas: Ênio Andrade Imagens térreas: Maria Ellen, Pollyana Valença, Edgar Santos Edição de Imagens: Ênio Andrade Captura de som original: Edgar Santos e Maria Ellen Protagonista do Curta: Maracatu Beija-Flor da Aliança Patrocinadores: FUNDARPE, SECULT PE, Governo de Pernambuco Realização: Museu de Bom Jardim - PE Produção Cultural: Edgar Severino dos Santos - PCPE 7495/17 Música: Toque Original - Maracatu Beija-Flor. Maracatu Beija-flor da Aliança Escrito por: Edgar Severino dos Santos Revisão Final: Elizabeth Pedrosa Agradecimentos especiais: Associação dos Maracatus de Pernambuco Bom Jardim, 28 de janeiro de 2024

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

O que o presidente Lula fez: RETROSPECTIVA 2023








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Para nunca esquecer o ataque terrorista de 8 de janeiro de 2023. Assista o vídeo sobre o ataque terrorista contra o Brasil

RETROSPECTIVA 2023









Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Concurso público com 221 vagas em diversas áreas em Santa Cruz do Capibaribe







A Prefeitura do município de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, anunciou um concurso público com 221 vagas disponíveis para candidatos nos níveis Médio, Técnico e Superior. As inscrições estarão abertas a partir desta terça-feira (26) e vão até o dia 05 de fevereiro de 2024. O concurso terá validade de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período


Há vagas para Agente Comunitário de Saúde, Analista de Controle Interno, Assistente Social, educadores, enfermeiros(as), médicos de diferentes especialidades, farmacêuticos e fisioterapeutas, entre outros. Além disso, o processo seletivo contempla vagas para técnicos em enfermagem, radiologia, saúde bucal e segurança do trabalho. 

Os candidatos devem ficar atentos às taxas de inscrição, estabelecidas em R$105,00 para cargos de Nível Médio e Técnico, e R$125,00 para Nível Superior. Para obter informações detalhadas sobre o concurso e realizar a inscrição, os candidatos devem acessar o site oficial do Instituto Darwin, responsável pela seleção, disponível no site do Instituto Darwin.


Cargos e quantidade de vagas



As oportunidades são para os seguintes cargos:

* Agente Comunitário de Saúde (15)

* Agente de Combate às Endemias (5)

* Auxiliar de Farmácia (1)



* Técnico em Enfermagem (10)

* Técnico em Radiologia (2)

* Analista de Controle Interno (2)

* Assistente Social (1)



* Biomédico (2)

* Educador Físico (1)

* Enfermeiro (5)

* Enfermeiro Hospitalar (5)


* Farmacêutico (1)

* Fisioterapeuta (3)

* Fonoaudiólogo (2)

* Médico (4)

* Médico em várias especialidades

* Terapeuta Ocupacional (2)

* Professores em várias disciplinas.

Com Informações de Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

20 mil mortos em Gaza



Imagem de bombardeio com logo da BBC Verify
  • Author,Merlyn Thomas*
  • Role,BBC Verify

Pelo menos 20 mil pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel começou a retaliação aos ataques do Hamas de 7 de outubro.

A BBC Verify (unidade de checagem da BBC) analisa o que o número de mortos em Gaza revela sobre o conflito.

Dados do Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, mostram que em média quase 300 pessoas foram mortas todos os dias desde o início do conflito, excluindo o cessar-fogo de sete dias. O diretor regional de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Richard Brennan, diz considerar esses números confiáveis.

Contar as vítimas é um desafio em qualquer zona de guerra, e os médicos em Gaza dizem que o número de mortos provavelmente é maior do que o registrado, uma vez que não inclui corpos sob os escombros de edifícios bombardeados e aqueles que não foram levados para hospitais




Grande número de mortos

O ritmo de mortalidade nessa guerra tem sido "excepcionalmente elevado", diz o professor Michael Spagat, especializado em análise de contagem de vítimas em conflitos em todo o mundo, como a guerra do Iraque em 2003, o conflito civil na Colômbia, as guerras na República Democrática do Congo, bem como conflitos anteriores entre Israel e Gaza.

“Dentro da série de guerras em Gaza desde 2008, a atual não tem precedentes tanto em número de pessoas mortas como em matança indiscriminada”, afirma Spagat.

Gráfico mostra registros diários cumulativos de mortes em Gaza


O número de 20 mil mortos representa quase 1% dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza.

A BBC conversou com especialistas em questões militares que apontaram que a grande variedade de bombas usadas por Israel — algumas de cerca de 45 kg e outras de até 900 kg — contribuíram diretamente para o grande número de mortes no conflito.

Estar perto do impacto de grandes bombas é como “surfar na Terra enquanto uma onda de choque liquefaz momentaneamente o solo”, explica Marc Garlasco, ex-analista sênior de inteligência do Pentágono e ex-investigador de crimes de guerra da ONU, que já conversou com vítimas e testemunhas dessas bombas.

O que as torna ainda mais devastadoras é que Gaza tem uma densidade populacional muito elevada. O território tem apenas 41 km de comprimento e 10 km de largura. Em média, antes do conflito, havia mais de 5,7 mil pessoas por km² em Gaza — o que é inferior à média da cidade de São Paulo, mas essa cifra sobe para 9 mil na Cidade de Gaza.

Israel iniciou a sua campanha militar em Gaza após os ataques do Hamas, nos quais 1,2 mil pessoas foram mortas, a maioria delas civis. Três meses depois, o país enfrenta pressão crescente devido ao número de vítimas civis em Gaza.

Nos conflitos mundiais entre 2011 e 2021, quando houve uso de explosivos em áreas povoadas, em média 90% das vítimas mortais eram civis, de acordo com o grupo de pesquisa Action on Armed Violence.

Segundo relatórios da inteligência dos EUA aos quais a rede americana CNN teve acesso, Israel lançou mais de 29 mil bombas sobre Gaza desde o início da guerra até meados de dezembro, sendo 40% a 45% delas não guiadas.

Essas bombas não guiadas "podem errar o alvo em até 30 metros, que é a diferença entre atingir um quartel-general do Hamas e um apartamento repleto de civis", explica Garlasco, que trabalhou em três conflitos anteriores em Gaza e que é agora conselheiro da organização de paz holandesa PAX.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmam que tomam medidas de precaução para evitar danos à população civil.

Segundo as IDF, estas medidas incluem avisos antes dos bombardeios, nos casos em que é possível fazê-lo. Israel também insiste que o número de civis mortos no conflito tem sido melhor do que em outros conflitos internacionais.

As IDF afirmam que “abortarão os ataques quando for vista presença civil inesperada".

"Escolhemos a munição certa para cada alvo, para que não sejam causados danos desnecessários”, diz a força israelense.

Israel também afirma que o Hamas utiliza a população civil de Gaza como escudo humano.

Quantos civis morreram?

As mulheres e as crianças representam cerca de 70% dos mortos em Gaza no atual conflito, segundo o Ministério da Saúde gerido pelo Hamas.

Contudo, os números do Hamas não diferenciam civis do sexo masculino e combatentes.

Uma análise anterior feita pelo Gabinete de Comunicação Social do governo do Hamas e divulgada em 19 de dezembro indicava que dos até então 19.667 mortos registrados, mais de 8 mil eram crianças e 6.200 mulheres.

A contagem incluiu também entre os mortos 310 profissionais de saúde, 35 funcionários da defesa civil e 97 jornalistas — todos civis.

A guerra está tendo um impacto particularmente devastador nas crianças de Gaza. Quase metade da população do território tem menos de 18 anos, segundo dados divulgados em 2022 pelo Ministério da Saúde.

Mais de 52 mil pessoas foram feridas no conflito até agora, segundo o ministério.

Embora não existam números atualizados de crianças feridas, essa cifra era de 8.067 até 3 de novembro.

Gráfico mostra registros diários cumulativos de ferimentos em Gaza

Gaza é hoje o “lugar mais perigoso do mundo para ser criança”, segundo a agência da ONU dedicada à infância, a Unicef.

“Bairros inteiros, onde as crianças costumavam brincar e ir à escola, foram transformados em pilhas de escombros, sem vida”, diz Adele Khodr, diretora regional da Unicef para o Oriente Médio e Norte da África.

Como a situação em Gaza se compara a outros conflitos?

Cada conflito é único nas suas características, mas os especialistas com quem a BBC conversou concordam que a taxa de mortes em Gaza é significativamente maior do que em outros conflitos recentes.

“O que estamos vendo em termos de mortes de civis já ultrapassou em muito as taxas de qualquer conflito que documentamos”, afirma Emily Tripp, diretora da Airwars, uma organização que monitora mortes de civis em guerras e conflitos desde 2014.

Ex-analista de inteligência do Pentágono, Marc Garlasco afirma: "Para encontrar uma densidade semelhante de explosivos usados em uma pequena área povoada, talvez tenhamos que voltar à guerra do Vietnã para encontrar um exemplo comparável — como os ataques a bombas no Natal de 1972, quando cerca de 20 mil toneladas de bombas foram lançadas em Hanói durante a Operação Linebacker II."

Estima-se que 1.600 civis vietnamitas tenham sido mortos nesse atentado.

Já na ofensiva de quatro meses para expulsar o Estado Islâmico da cidade síria de Raqqa em 2017, os ataques aéreos e de artilharia da coligação liderada pelos EUA mataram menos de 20 civis por dia, em média, segundo a Anistia Internacional.

Não se sabe ao certo quantos civis viviam ali na época, mas funcionários da ONU estimaram que havia entre 50 mil e 100 mil. Além disso, mais de 160 mil civis teriam fugido das suas casas e se deslocaram internamente no país.

E uma investigação da agência de notícias Associated Press sugeriu que entre 9 mil e 11 mil civis foram mortos na batalha de nove meses pela cidade iraquiana de Mosul entre as forças iraquianas apoiadas pelos EUA e o Estado Islâmico, disputa que terminou em 2017.

Isto equivale a uma média de menos de 40 mortes de civis por dia.

Mosul tinha uma população estimada em menos de 2 milhões de pessoas quando o Estado Islâmico capturou a cidade, em 2014.

Já durante os quase dois anos de guerra na Ucrânia, a ONU estima que pelo menos 10 mil civis foram mortos.

No entanto, a missão de monitoramento de direitos humanos da ONU alertou que o número real pode ser significativamente maior, dados os obstáculos e o tempo necessário para a verificação.

E comparar as taxas de vítimas em diferentes conflitos é difícil, em parte porque são utilizadas metodologias variadas para estimar as mortes.

Homem agachado sobre escombros
Legenda da foto,

Homem agachado sobre escombros em Gaza

Quantos combatentes do Hamas foram mortos?

Israel declarou que o seu objetivo é destruir o Hamas, mas não está claro quantos membros do grupo palestino foram mortos.

Autoridades já falaram em “milhares”.

O Hamas é considerado uma organização terrorista pelos governos de Israel, do Reino Unido e de alguns outros países.

Mas quando questionado diretamente, as Forças Armadas israelenses disseram que “não têm um número exato de terroristas do Hamas mortos”.

Segundo a agência de notícias AFP, funcionários israelenses de alto escalão sugeriram que Israel matou dois civis palestinos para cada combatente do Hamas.

Essa proporção foi descrita pelo porta-voz das Forças Armadas, Jonathan Conricus, como “tremendamente positiva”.

A BBC não conseguiu estabelecer um método claro de verificação do número de combatentes mortos.

O professor Michael Spagat diz que "não ficaria surpreso" se cerca de 80% dos mortos fossem civis.

Não existem “números confiáveis” da razão entre civis e combatentes mortos em Gaza, dizem Hamit Dardagan e John Sloboda, da Iraq Body Count, uma organização com experiência na contagem e análise de mortes em conflitos no Iraque.

*Becky Dale contribuiu para esta reportagem.

Professor Edgar Bom Jardim - PE