sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Em clima amistoso, Biden e Lula falam sobre proteger democracia e meio ambiente na Casa Branca



Lula e Biden conversam e dão risada

CRÉDITO,MARIANA SANCHES/BBC

Legenda da foto,

O clima do encontro entre os presidentes foi descontraído

O encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos EUA, Joe Biden, teve abraços, sorrisos, risadas, descontração e um clima de cumplicidade.

Em uma conversa inicial de 13 minutos, testemunhada pelos jornalistas no salão oval da Casa Branca, Lula citou a emergência climática, Biden fez uma defesa da democracia e arrancou risos da plateia ao fazer uma piada comparativa entre o ex-presidente americano Donald Trump e o ex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro.

"O Brasil ficou 4 anos se auto-marginalizando, o ex-presidente não gostava de manter relações com nenhum país. O mundo dele começava e terminava em fake news, de manhã, à tarde e à noite. Ele parecia desprezar relações internacionais", disse Lula, em crítica a Bolsonaro.

Neste momento, Biden o interrompe e dispara: "Soa familiar para mim", arrancando risos de Lula e de jornalistas na sala


O presidente americano começou sua fala dizendo que Lula era "bem-vindo de volta" à Casa Branca, em uma menção ao fato de que o petista já fora recebido ali durante seus primeiros mandatos


"As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu", afirmou Biden, em uma referência aos ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Ambos os presidentes viam grande simbolismo em seu encontro, uma espécie de manifesto da força da democracia.

Biden disse que esse é um "momento muito importante para os nossos países e para o mundo" e relembrou que telefonou para Lula no dia 9 de janeiro para afirmar "apoio incondicional à democracia do Brasil".

Também disse que no mesmo telefonema percebeu que "nossas agendas pareciam muito semelhantes" e agradeceu a parceria do Brasil.

"Somos as duas maiores democracias do hemisfério e Brasil e EUA se unem para rejeitar a violência política e os ataques às nossas instituições. Acredito que devemos continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força não só no nosso hemisfério mas no mundo", disse Biden.

Prevista para durar 15 minutos, a conversa entre os dois presidentes chegou a 50 minutos. Na sequência, eles teriam ao menos mais 45 minutos de encontro acompanhados de seus ministros.

O comportamento de Biden diante de Lula contrasta com o modo como o mandatário americano se posicionou diante de Jair Bolsonaro, em meados do ano passado, durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles.

Bolsonaro e Biden mal trocaram olhares e toda a reunião, incluindo a participação dos ministros, durou 50 minutos.

Biden, Lula e ministros dos dois se encontram na Casa Branca

CRÉDITO,RICARDO STUCKERT/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Legenda da foto,

Reunião pública foi seguida de encontro com presença de ministros

'EUA podem contar com o Brasil'

Em resposta à fala inicial de Biden, Lula afirmou que os EUA podem contar com o Brasil.

"Os Estados Unidos representam muito na relação com o Brasil", disse o presidente. E seguiu: "Nós agora temos alguns problemas para trabalhar juntos: nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio, e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil, uma invasão no Congresso Nacional, do Palácio do presidente e da Suprema Corte".

Na sequência, Lula afirmou que os dois países precisam trabalhar para resolver a desigualdade econômica e racial e então enveredou pelo tema sobre o qual mais falaria: a questão ambiental.

"Nos últimos anos, a Amazônia foi invadida pela irracionalidade política, irracionalidade humana, porque nós tivemos um presidente que mandava desmatar, mandava garimpo entrar nas áreas indígenas e mandava garimpar nas florestas que nós demarcárvamos como reserva na Amazônia", afirmou Lula, em referência indireta à crise humanitária e ambiental na Terra Indígena Yanomami.

Biden já disse mais de uma vez que gostaria de criar um fundo para preservar a Amazônia.

Durante o governo Bolsonaro, o enviado climático de Biden, John Kerry, e sua equipe mantinha diálogos mensais com a equipe ambiental de Bolsonaro pressionando por reduções dos índices de desmatamento - o que nunca ocorreu ao longo do governo.

Assim, os americanos jamais concretizaram o envio de recursos à Amazônia. Agora, porém, em um movimento unilateral, pretendem fazer um aporte ao Fundo Amazônia, constituído originalmente por Alemanha e Noruega e que havia sido congelado sob Bolsonaro.

"Eu assumi o compromisso de que até 2030, nós vamos chegar ao desmatamento zero na Amazônia. Nós vamos fazer um esforço muito grande para transformar a Amazônia não num santuário da humanidade, as no centro de pesquisa compartilhada com o mundo inteiro", disse Lula, enquanto Biden assentia com a cabeça e cruzava os dedos.

Lula disse que é urgente proteger o meio ambiente, pelo bem da humanidade.

“A questão climática, se não tem uma governança global forte, que tome decisões que todos os países sejam obrigados a cumprir, não vai dar certo. Não sei qual o foro certo. Não sei se é a ONU, o G20 ou G8. Mas alguma coisa temos de fazer para obrigar os países, os congressos e empresários a acatar decisões que tomamos em níveis globais", afirmou.

No ano que vem o Brasil assume a presidência do G-20 e quer criar um "clube de paz" para negociar o fim da guerra na Ucrânia.

Guerra na Ucrânia

Lula e Biden também discutiram a guerra na Ucrânia - área onde há menos consenso entre os dois líderes.

Enquanto os EUA condenam a invasão feita pela Rússia, o atual presidente brasileiro tem seguido a postura história de se manter neutro em conflitos internacionais, apenas pedindo por paz.

No comunicado em conjunto com Biden, no entanto, incluiu uma linguagem mais dura à Rússia, lamentando a "violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional".

Os presidentes afirmaram que conclamam "uma paz justa e duradoura".

"Os líderes expressaram preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança energética e alimentar, especialmente nas regiões mais pobres do planeta", diz o comunicado.

Após o encontro, o presidente Lula afirmou que pretende criar um "grupo da paz" para intermediar uma solução para o problema com a presença apenas de países que não estejam direta ou indiretamente ligados ao conflito.

"Falei com o Biden o que eu já tinha falado com (o presidente francês Emmanuel) Macron e com o premiê alemão Olaf Scholz. Que nós temos que criar um grupo de países que não estão envolvidos direta ou indiretamente na guerra para que a gente encontre uma possibilidade de chegar à paz", afirmou Lula.

"É preciso um grupo de negociadores nos quais os dois lados acreditem e com os quais os dois lados possam contar."


  • Mariana Sanches
  • Role,Da BBC News Brasil em Washington
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Museu de Bom jardim comemora Dia do Frevo nas mídias sociais


O Frevo não convida, ARRASTA!


É de fazer chorar
quando o dia amanhece
e obriga o frevo acabar
ó quarta-feira ingrata
chega tão depressa
pra contrariar
quem é de fato
um bom pernambucano
espera um ano
e se mete na brincadeira
esquece tudo
quando cai no frevo
e no melhor da festa
chega a quarta-feira
Luiz Bandeira
VIVA O FREVO, A CULTURA POPULAR, VIVA PERNAMBUCO!

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Terremoto na Turquia: a imagem de pai segurando mão de filha morta que mostra desespero de sobreviventes



Mesut Hancer segurando a mão da filha morta em meio aos escombros do terremoto

CRÉDITO,ADEM ALTAN/AFP/GETTY

*Atualizada às 17h de 10 de fevereiro

À primeira vista, parece mais uma entre as milhares de fotos que refletem o desamparo dos sobreviventes dos terremotos que atingiram a Turquia e a Síria na segunda-feira (06/02).

Um homem vestido com um chamativo casaco laranja está com o olhar perdido. Ele está agachado nas ruínas de um prédio, entre os restos do que até pouco antes eram lares cheios de vida, agora reduzidos a escombros.

Sua mão direita está dentro do bolso do casaco, protegida das temperaturas abaixo de zero registradas nos últimos dias — e impiedosas para aqueles que perderam tudo


Sua mão esquerda está estendida, segurando a mão de uma jovem que está soterrada sob os escombros.


Segundo o fotógrafo da agência de notícias AFP que capturou a imagem, trata-se de Mesut Hancer, que "segura a mão da filha Irmak, de 15 anos, morta no terremoto em Kahramanmaras", na Turquia.

Irmak jaz inerte na mesma cama em que dormia, presa entre dois blocos de concreto e ferro retorcido.

Desolado, incapaz de articular uma palavra sequer, Mesut Hancer se recusa a soltar a mão da filha.

Mesut Hancer segurando a mão da filha morta em meio aos escombros do que era o edifício onde morava

CRÉDITO,ADEM ALTAN/AFP/GETTY

Legenda da foto,

Mesut Hancer segurando a mão da filha em meio às ruínas do prédio onde moravam

A BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, tentou, sem sucesso, entrar em contato com o fotógrafo que fez essas imagens para confirmar a história.

O fato é que estas fotos refletem como poucas a desolação que assola os sobreviventes de catástrofes.

Famílias se aglomeram aos pés dos edifícios desmoronados na esperança de que seus entes queridos ainda estejam vivos ou pelo menos seus corpos sejam recuperados.

Mortes passam de 23.000 na Turquia e Síria

Até agora, mais de 23 mil pessoas morreram na Turquia e na Síria em decorrência dos terremotos mais devastadores das últimas décadas.

A autoridade de gerenciamento de desastres e emergências da Turquia informa que o número de mortos no país agora é de 19.875

Na Síria, pelo menos 3.377 pessoas morreram.

Dois tremores atingiram a região com um intervalo de 12 horas na segunda-feira (6/2).

O Serviço Geológico dos EUA informou que o primeiro tremor — de magnitude 7,8 — ocorreu às 4h17 do horário local (22h17 de domingo, pelo horário de Brasília) a uma profundidade de 17,9 km, perto da cidade de Gaziantep.

Sismólogos acreditam que foi um dos maiores já registrados na Turquia. E, de acordo com relatos de sobreviventes, levou dois minutos até parar.

Mapa da BBC mostrando epicentro do terremoto

O segundo terremoto — de magnitude 7,5 — foi desencadeado pelo primeiro, e seu epicentro foi no distrito de Elbistan, na província de Kahramanmaras.

Muitos tremores secundários foram sentidos em toda a região.

Mapa da BBC mostra as dezenas de tremores que atingiram a Turquia

Centenas de edifícios desabaram nos dois países, e equipes de resgate trabalham para salvar pessoas presas sob os escombros.

O tremor também foi sentido no Líbano e em Chipre.

A Turquia fica em uma das zonas de terremotos mais ativas do mundo.

Em 1999, mais de 17 mil pessoas morreram depois que um forte sismo atingiu o noroeste do país.

Mas os terremotos deste fevereiro de 2023 são o maior desastre do país desde 1939, segundo o presidente da Turquia, Recep Erdogan.

Resgate da menina Elif em Adiyaman, na Turquia

CRÉDITO,AFAD, TURKEY

Legenda da foto,

Menina Elif foi resgatada com a mãe e a irmã, 54 horas depois que os terremotos atingiram Adiyaman, na Turquia

Críticas à resposta do governo turco

Na Turquia, muitos estão criticando a resposta lenta de serviços de emergência ao incidente. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reconheceu que o governo encontrou problemas, mas disse que a situação agora está “sob controle”.

O líder do principal partido de oposição da Turquia, Kemal Kilicdaroglu, disse que "se há uma pessoa responsável por isso, é Erdogan".

Erdogan rejeitou a acusação e disse que é preciso haver unidade após o desastre. "Em um período como este, não posso tolerar pessoas conduzindo campanhas negativas por interesse político", disse o presidente.

Milhares de sobreviventes passaram a terceira noite após o desastre em condições de frio intenso.

"Temos muitas pessoas que sobreviveram e agora estão ao relento, em condições horríveis e cada vez piores", disse o gerente de resposta a terremotos da OMS, Robert Holden.

“Corremos o perigo real de ver um desastre secundário que pode causar danos a mais pessoas do que o desastre inicial se não nos movermos com o mesmo ritmo e intensidade que estamos fazendo na busca e resgate.”

Pessoa é retirada de maca dos escombros

CRÉDITO,ANADOLOU

Legenda da foto,

Encontrar sobreviventes está cada vez mais difícil, segundo equipes de resgate

Em Gaziantep, epicentro do primeiro terremoto na Turquia, a temperatura chegou a -1°C.

Nas regiões montanhosas, a mímima foi de -5°C.

A previsão de tempo para os próximos dias no sul da Turquia e no norte da Síria é de mais frio.

Cidade destruída

A cidade de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, com uma população de mais de um milhão de habitantes, é uma das mais atingidas.

Ela fica no meio do caminho entre os epicentros dos dois fortes terremotos que sacudiram a região na segunda-feira — o primeiro de magnitude 7,8, e o segundo de 7,5.

Imagens aéreas da cidade mostram como centenas de prédios residenciais desabaram com a força dos tremores.

A tragédia deixou milhares de pessoas desalojadas e incapazes de encontrar abrigo, uma vez que muitas temem que os prédios que permanecem de pé estejam danificados e possam desabar.

O frio intenso que atinge a região nesta época do ano, com temperaturas abaixo de zero, reduz as chances de continuar a encontrar sobreviventes presos sob os escombros, já que muitos correm o risco de morrer por hipotermia.

Caixões feitos de guarda-roupas

Caixões improvisados feitos com móveis destruídos na Turquia

Em Osmaniye, outra cidade do sul da Turquia, os corpos continuam chegando ao cemitério principal.

Segundo informações, 400 pessoas foram enterradas no local na quarta-feira

Ao lado de contêineres refrigerados brancos que servem como necrotérios móveis, uma pilha de caixões recém-construídos aguarda. Alguns são feitos de pinho, outros de MDF, outros feitos de guarda-roupas antigos — qualquer que seja o material disponível. A maioria está sendo usada mais de uma vez.

Voluntários de todas as partes da Turquia chegam à cidade, a cerca de duas horas de carro do epicentro do terremoto, para fazer o que puderem para ajudar.

  • Redação
  • Role,BBC News Mundo
Professor Edgar Bom Jardim - PE