segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Raquel Lira eleita governadora de Pernambuco


Ao lado de aliados e apoiadores, a governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) fez seu primeiro pronunciamento após o resultado das urnas, neste domingo (30), em um hotel no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Antes de iniciar sua fala, Raquel pediu um minuto de silêncio em homenagem a seu marido, que faleceu no dia da votação do primeiro turno




"Antes de mais nada gostaria de pedir um minuto de silêncio em respeito ao amor da minha vida, Fernando, que teve com a gente até o dia 2 de outubro e que continua aqui com a gente”, disse, emocionada. “Fernando sonhou comigo todos os meus sonhos. A gente esteve junto desde sempre. Sempre disse que não existia Fernando sem Raquel nem Raquel sem Fernando. A gente sonhou que pudesse estar aqui nesse momento hoje”, destacou.  

“A gente sonhou junto fazer Caruaru mudar a vida de gente e a gente sonhou junto estar aqui hoje. Meu amor, ‘nego’, eu vou fazer tudo aquilo que a gente sonhou junto, cuidar de gente. Ir aonde não chegaram, ir nos invisíveis. Foi pra isso que Deus deu nossa missão”, pontuou Marília, em um discurso emotivo e conectado com a memória do marido.

“Nossos filhos estão aqui, nossa família está aqui e eu quero agradecer a todos eles. Aos nossos líderes políticos que estão aqui também. Aqueles que foram eleitos e nos apoiaram no segundo turno. Aqueles que acreditaram desde o primeiro momento que era possível fazer do jeito certo. Fizemos uma campanha difícil  e aqui deixo o meu agradecimento a essa companheira guerreira, Priscila Krause, que nunca duvidou”, ressaltou.


A governadora eleita, que se manteve neutra em relação à disputa presidencial, parabenizou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que vai procurá-lo. "Eu sempre disse que independentemente do presidente eleito, eu iria procurá-lo. Lula foi eleito pelos pernambucanos, pelos brasileiros. Vamos buscá-lo para que ele faça os investimentos necessários em nossa terra.  Pernambuco precisa voltar a crescer e há obras e ações estruturadoras que dependem do Governo Federal e que a gente vai arregaçar as mangas para arrancar  de lá esses recursos", reforçou em entrevista coletiva, registrando que continuará sem declarar em quem votou. "Agora o povo de Pernambuco e do Brasil já escolheu seu presidente e é com ele que vamos lutar para que Pernambuco seja um estado melhor para se viver"

Além de sua vice-governadora Priscila Krause, estavam presentes Gustavo Krause, João Lyra Neto (pais de Priscila e Raquel, respectivamente), o presidente do PSDB Bruno Araújo, o deputado federais Mendonça Filho (DEM), Daniel Coelho, os deputados eleitos Eduardo da Fonte e Lula da Fonte, do Progressistas; Álvaro Porto, Jarbas Filho, Joel da Harpa e os prefeitos de Caruaru, Rodrigo Pinheiro
e Paulo Roberto, prefeito de Vitória.

"É um momento de plena e total gratidão. A Deus, a equipe, a todos que nos apoiaram e aos Pernambucanos que escolheram a mudança de verdade. A gente chegou aqui com muita garra, passando por todos os desafios sem perder a fé em nenhum momento sequer. Minha governadora, vamos unir Pernambuco e cuidar da nossa gente. Deus nos abençoe e ilumine sempre nosso caminho, colocando sempre do lado certo: o do povo de Pernambuco", discursou a vice-governadora eleita Priscila Krause.

* Com informações de Betânia Santana

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 30 de outubro de 2022

Lula eleito: 'Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação', diz petista em discurso após vitória




Lula

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Lula discursou após anúncio oficial de sua vitória

"A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação", disse o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu pronunciamento em um hotel em São Paulo após o Tribunal Superior Eleitoral confirmar sua vitória na eleição no domngo (30/10).

Lula afirmou que pretende unir o país após ser eleito para um terceiro mandato com uma vitória apertada, com 50,90% dos votos válidos (com 99,98% das urnas apuradas).

"Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro", disse Lula.

"Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora."


Continuando seu discurso, Lula disse que não interessa a ninguém "viver num país dividido, em permanente estado de guerra".

"Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio", afirmou o presidente eleito.

"Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído. É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida."

Pessoas de diversas idades, cores e gêneros gritam e choram fazendo um L com a mão

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Apoiadores de Lula comemoram a vitória em São Paulo

Reconstrução do Brasil

Lula iniciou o discurso agradecendo a todos os apoiadores e especialmente a duas mulheres que o apoiam no segundo turno: a deputada Simone Tebet (MDB), que foi candidata à Presidência no primeiro turno, e a senadora pelo Maranhão Eliziane Gama (Cidadania).

Menções religiosas também tiveram destaque na sua fala. Lula começou com um agradecimento a Deus



"A vida inteira sempre achei que Deus foi muito generoso comigo para sair de onde eu saí e chegar onde eu cheguei. Especialmente neste momento em que não enfrentamos um adversário, não enfrentamos um candidato, mas a máquina do Estado colocada a serviço do candidato da situação para tentar evitar que nós vencêssemos as eleições", disse Lula.

"Quero agradecer de coração o povo que votou em mim, o povo que votou no adversário, quem foi para a urna e se dignou a cumprir seu compromisso civilizatório de cidadania, eu queria dar meus parabéns", disse o presidente.

Em seguida, Lula agradeceu o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP).

Em seu discurso, o presidente eleito deu destaque ao que chamou de "reconstrução do Brasil" e afirmou que a prioridade do seu governo será o combate à fome e à desigualdade, a recuperação da economia, a habitação e a normalidade democrática.

"É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo."


O presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva

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Lula voltará à presidência pela terceira vez

Leia a íntegra do discurso:

"Meus amigos e minhas amigas.

Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país, e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro.

Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.

Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais - e não menos democracia.

Deseja mais - e não menos inclusão social e oportunidades para todos. Deseja mais - e não menos respeito e entendimento entre os brasileiros. Em suma, deseja mais - e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que o direito de apenas protestar que está com fome, que não há emprego, que o seu salário é insuficiente para viver com dignidade, que não tem acesso a saúde e educação, que lhe falta um teto para viver e criar seus filhos em segurança, que não há nenhuma perspectiva de futuro.

O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade.

Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.

O povo brasileiro quer ter de volta a esperança.

É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia.

Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia - real, concreta - que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.

E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar - como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.

A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra.

A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.

Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.

É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.

Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.

Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.

Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.

Minhas amigas e meus amigos.

A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação.

Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.

A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.

Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.

É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.

O desafio é imenso. É preciso reconstruir este país em todas as suas dimensões. Na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados.

É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.

Trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro.

Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário.

Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias.

Este será, novamente, o compromisso número 1 do nosso governo.

Não podemos aceitar como normal que famílias inteiras sejam obrigadas a dormir nas ruas, expostas ao frio, à chuva e à violência.

Por isso, vamos retomar o Minha Casa Minha Vida, com prioridade para as famílias de baixa renda, e trazer de volta os programas de inclusão que tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.

O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais que não se reconhecem. Este país precisa se reconhecer. Precisa se reencontrar consigo mesmo.

Para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país.

É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário. Sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes.

A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É ela que estabelece os direitos e obrigações de cada poder, de cada instituição, das Forças Armadas e de cada um de nós.

A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.

Também é mais do que urgente retomar o diálogo entre o povo e o governo.

Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras.

Vamos retomar o diálogo com os governadores e os prefeitos, para definirmos juntos as obras prioritárias para cada população.

Não interessa o partido ao qual pertençam o governador e o prefeito. Nosso compromisso será sempre com melhoria de vida da população de cada estado, de cada município deste país.

Vamos também reestabelecer o diálogo entre governo, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada, com a volta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ou seja, as grandes decisões políticas que impactem as vidas de 215 milhões de brasileiros não serão tomadas em sigilo, na calada da noite, mas após um amplo diálogo com a sociedade.

Acredito que os principais problemas do Brasil, do mundo, do ser humano, possam ser resolvidos com diálogo, e não com força bruta.

Que ninguém duvide da força da palavra, quando se trata de buscar o entendimento e o bem comum.

Meus amigos e minhas amigas.

Nas minhas viagens internacionais, e nos contatos que tenho mantido com líderes de diversos países, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil.

Saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos. E que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres.

O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia.

Que trabalhou pela integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul, e ajudou a criar o G-20, a UnaSul, a Celac e os BRICS.

Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo.

Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país, para que os investidores - nacionais e estrangeiros - retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar nosso país como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental.

Queremos um comércio internacional mais justo. Retomar nossas parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia em novas bases. Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria prima.

Vamos re-industrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, apoiar a criatividade dos nossos empresários e empreendedores. Queremos exportar também conhecimento.

Vamos lutar novamente por uma nova governança global, com a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e com o fim do direito a veto, que prejudica o equilíbrio entre as nações.

Estamos prontos para nos engajar outra vez no combate à fome e à desigualdade no mundo, e nos esforços para a promoção da paz entre os povos.

O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.

Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global.

Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia

O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.

Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.

Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.

Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal - seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.

Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.

Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental.

Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça.

Meus amigos e minhas amigas.

O novo Brasil que iremos construir a partir de 1º de janeiro não interessa apenas ao povo brasileiro, mas a todas as pessoas que trabalham pela paz, a solidariedade e a fraternidade, em qualquer parte do mundo.

Na última quarta-feira, o Papa Francisco enviou uma importante mensagem ao Brasil, orando para que o povo brasileiro fique livre do ódio, da intolerância e da violência.

Quero dizer que desejamos o mesmo, e vamos trabalhar sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade vença a mentira, e a esperança seja maior que o medo.

Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor - pelo seu país e pelo seu povo.

No que depender de nós, não faltará amor neste país. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança.

Um tempo em que o povo brasileiro tenha de novo o direito de sonhar. E as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

Para isso, convido a cada brasileiro e cada brasileira, independentemente em que candidato votou nessa eleição. Mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une, do que para nossas diferenças.

Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos - partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, govenadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno.

Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida:

O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos - com oportunidades para transformá-los em realidade.

Maus uma vez, renovo minha eterna gratidão ao povo brasileiro. Um grande abraço, e que Deus abençoe nossa jornada."

Conteúdo BBC.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lula eleito presidente: relembre a trajetória política do petista da infância ao Palácio do Planalto





Apoiadores

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Apoiadores de Lula comemoram vitória na avenida Paulista

Com 99,9% das urnas apuradas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou oficialmente que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito para a Presidência da República, derrotando em segundo turno o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), por 50,9% a 49,1%.

Será, a partir de janeiro, a terceira vez em que Lula assumirá o comando do governo brasileiro — eleito pela primeira vez em 2002, ele havia sido reeleito em 2006 e governou até 2010, quando conseguiu eleger sua sucessora, Dilma Rousseff.

Relembre a seguir a trajetória do petista.

Mapa de votos para Lula e Bolsonaro por Estado no Brasil

Origem e raízes políticas

Lula nasceu em 27 de outubro de 1945 na localidade de Caetés — hoje município, na época parte da cidade de Garanhuns —, em Pernambuco.


Aos sete anos de idade, migrou com a família liderada por sua mãe, Dona Lindu, para o Guarujá, no litoral paulista.

A viagem de quase duas semanas foi feita em um caminhão "pau de arara", como era comum na época.

Chegou a São Paulo apenas em 1956. Estabeleceu-se com a família nos fundos de um bar no bairro do Ipiranga, bairro operário onde criaria seu instituto décadas mais tarde.

Lula sendo carregado após comício com sindicalistas em 1979, em São Bernardo

CRÉDITO,AFP

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Lula após comício de sindicalistas em 1979; no Sindicato dos Metalúrgicos, ele lançou as greves de operários que contribuíram para o enfraquecimento da ditadura militar


O primeiro passo para se transformar em político veio em 1962, quando formou-se torneiro mecânico em um curso do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Um ano depois perderia o dedo mínimo da mão esquerda, o que se tornaria uma das suas principais marcas, ao lado da barba farta e da voz rouca.

Casou-se três vezes. A mais recente, em maio de 2022, foi com a socióloga e militante do PT Rosângela Silva, a Janja. A primeira mulher, Maria de Lourdes, morreu em 1970 por conta de uma gravidez de risco, assim como seu primeiro filho. Em 1974, Lula conheceu a também viúva Marisa Letícia (1950-2017), e do casamento nasceram quatro filhos.

Marisa esteve ao lado de Lula em toda sua carreira política, mas o ex-presidente a valorizava ainda mais pelos primeiros anos, quando ela o apoiou desde sua primeira eleição como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em 1975.

A partir dali ele lançou as greves de operários que contribuíram para o enfraquecimento da ditadura militar (1964-1985). Mas mesmo entre os maiores inimigos cultivou algumas amizades. Era o caso do ex-chefe da Polícia Federal Romeu Tuma, que o liberou da prisão para acompanhar o velório da mãe, em 1980.

Partido dos Trabalhadores

Foi o mesmo ano em que sua carreira político-partidária começou, com a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Em 1982, com uma plataforma radical defendida por intelectuais do partido, Lula disputou o governo do Estado de São Paulo e terminou em quarto lugar, com menos de 10% dos votos. Logo depois fundaria a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e participaria do movimento Diretas Já, pela volta da democracia.

Lula com FHC, Marisa e José de Alencar em sua primeira cerimônia de posse, em 2003

CRÉDITO,MARCELLO CASAL JR./AG BRASIL

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Lula com FHC, Marisa e José Alencar em sua primeira cerimônia de posse, em 2003; petista chorou na titulação dizendo que o diploma de presidente da República era o primeiro de sua vida

O movimento não teve resultado imediato, mas a possibilidade de os brasileiros voltarem a votar para presidente reapareceu em 1985, em uma votação no Congresso. Lula, por sua vez, defendeu a abstenção dos deputados petistas na eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência da República.

Parlamentares que se rebelaram contra a decisão acabaram expulsos do partido, contra a vontade de Lula. Tancredo morreu antes de tomar posse como presidente. Quando José Sarney assumiu, o PT migrou para a oposição.

Em 1986, Lula se tornou o deputado federal mais votado do país, para participar da Assembleia Constituinte.

O papel discreto não o afastou da candidatura à Presidência da República pela primeira vez, 1989.

Lula e Marisa Letícia na posse em 2007

CRÉDITO,RICARDO STUCKERT/PR

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Modelo econômico começou a dar sinais de cansaço no segundo mandato de Lula

Mas Lula perdeu o segundo turno para Fernando Collor de Mello. Dois anos depois, o petista estaria nas ruas para pedir o impeachment de Collor, acusado de corrupção. Quando Itamar Franco tomou o lugar de Collor, Lula recusou cargos no governo.

Em nova disputa nas urnas, acabou derrotado em 1994 por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, que foi ministro de Itamar e um dos idealizadores do Plano Real, chamado por Lula de "estelionato eleitoral".

Foi um choque para o petista, que meses antes chegara a cogitar a formação de uma chapa moderada ao lado do tucano Tasso Jereissatti como vice. Os planos foram barrados por radicais no PT. Quatro anos depois, surpreendido pela emenda que passou a permitir a reeleição, perdeu novamente para FHC, no primeiro turno.

A impopularidade de FHC em seu segundo mandato tornava a vitória de Lula mais provável em 2002. Além das mudanças políticas e econômicas, Lula abraçou o marketing político como centralizador das mensagens eleitorais.

Um dos pontos cruciais foi a chamada "Carta ao povo brasileiro", em que Lula acalmava o mercado com promessas de manter os pilares macroeconômicos do antecessor e governar com responsabilidade fiscal. Um empresário, José Alencar, se tornou seu confidente e vice-presidente por oito anos.

O sucesso lhe garantiu a vitória contra o também tucano José Serra.

Lula chorou na cerimônia de titulação no Tribunal Superior Eleitoral dizendo que o diploma de presidente da República era o primeiro que tinha ganhado na vida.

A antiga assessora Clara Ant, que coordenou iniciativas de Lula nos últimos 30 anos, define o ex-presidente como "um notório pragmático." "Lula só rompia com os radicais. Mas não dizia nada, esperava até os radicais romperem com ele primeiro. Foi assim como sindicalista e foi assim como político também. Ele só quer saber do que pode dar certo."

No poder, da popularidade ao mensalão

Em seu governo, iniciativas difusas até então se transformaram no unificado Bolsa Família, um programa de transferência de renda voltado aos mais pobres que em 2022 acabou extinto para dar lugar ao Auxílio Brasil, programa do governo de Jair Bolsonaro.

Sob Lula, o que seria uma reforma da Previdência para garantir direitos trabalhistas transformou-se em um aceno ao mercado para lidar com deficit galopante.

Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa durante julgamento do mensalão

CRÉDITO,AG BRASIL

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Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa durante julgamento do mensalão; escândalo marcou governo Lula

Popular internamente, Lula ganhou fama internacional, sobretudo pelas medidas de combate à pobreza. Ficou famoso, em 2009, em reunião do G20, o momento em que o então presidente americano Barack Obama o chamou de "o cara".

O boom das commodities, o avanço de políticas de crédito e a emergência de uma nova classe média geraram anos de crescimento econômico e aumento do consumo, mas no fim do governo Lula esse modelo econômico já dava mostras de esgotamento.

Na política, veio o escândalo do mensalão, em 2005, em que ministros centrais do governo Lula foram acusados de compra de apoio político no Congresso.

Depois de perder para denúncias o seu ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e de ver seu amigo Delúbio Soares, tesoureiro do PT, apontado como artífice do esquema, Lula se disse "traído", mas evitou apontar os aliados como responsáveis. Sua popularidade afundou até a faixa dos 30% e ele respondeu com acenos para os dois lados.

Primeiro, instituiu a política de valorização do salário mínimo e o ProUni, programa de concessão de bolsas universitárias a jovens carentes. Depois, ofereceu mais ortodoxia na economia, sob o comando do presidente do Banco Central e ex-deputado do PSDB, Henrique Meirelles. Acabou reeleito em 2006, vencendo o tucano Geraldo Alckmin.

Seu segundo mandato foi mais centrado em programas de infraestrutura. Em 2007, Lula privatizou estradas federais, deixando para trás um antigo dogma petista contrário à venda de patrimônio público. Lançou também o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), coordenado por Dilma Rousseff, então ministra-chefe da Casa Civil.

A ex-petista Marta Suplicy acredita que já nessa época Lula pensava em ter uma mulher como sua sucessora. "Mas é curioso que ele tenha escolhido para isso uma pessoa (Dilma) que não era moderada como ele, nem gosta de falar com políticos", diz a política, hoje secretária municipal em São Paulo.

Quando veio a crise econômica internacional, em 2008, o governo Lula disse se tratar de uma "marolinha". O presidente foi à TV pedir aos brasileiros que continuassem impulsionando o consumo. Pouco depois, veio o programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", também a ser coordenado por Dilma.

Lula fez sua sucessora e deixou o cargo com quase 90% de aprovação popular. Mas isso nem de longe significava a aposentadoria do ex-presidente.

Fora do Planalto

Lula com Dilma em 2013

CRÉDITO,RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA

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Lula com Dilma em 2013; em campanha acirrada com menor presença do ex-presidente, a petista venceu Aécio Neves

Em 2011, nos primeiros meses longe de Brasília, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe e iniciou um longo tratamento. Só retornou à cena política para intervir no PT de São Paulo e fazer do ex-ministro Fernando Haddad seu candidato, bem-sucedido, a prefeito.

O ano de 2013 parecia começar bem para Lula, mas os protestos populares do meio daquele ano transformaram Haddad e Dilma em dois grandes alvos dos manifestantes.

Por ter mais traquejo político que os dois tecnocratas que indicou, Lula interveio nas duas gestões. Não faltaram relatos de insatisfação com a autonomia que o ex-presidente exibia para mandar nos governos de outros.

Um antigo aliado que prefere não se identificar define essa liberdade assim: "Parecia aquelas reuniões de ministério quando um assessor dizia ao Lula que ele precisava fazer uma coisa diferente do que planejava. Ele respondia: 'Você tem quantos votos? Eu tenho 50 milhões.' No governo desses (indicados), os votos ainda eram dele."

Muitos petistas esperavam que Lula voltasse a ser candidato a presidente em 2014, mas a vontade de Dilma se reeleger prevaleceu. Em uma campanha acirrada com menor presença do ex-presidente, a petista venceu Aécio Neves por margem estreita.

José Dirceu, Lula e Antonio Palocci em foto de arquivo

CRÉDITO,ROOSEWELT PINHEIRO/AG BRASIL

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O ex-ministro Antonio Palocci (dir.) afirmou em depoimento que Lula tinha 'pacto de sangue' com Odebrecht; acima, os dois com José Dirceu em 2004

O ex-porta-voz e cientista político André Singer já via o esgotamento do modelo de conciliação de Lula no início do segundo mandato de Dilma. "Hoje, o PT gira em torno do lulismo. Não é mais o PT com a alma da sua fundação. Mas o lulismo é sobre reforma gradual e pacto conservador, ele vai além do PT e da esquerda. Funcionou para muita gente por muitos anos. Gente que nunca tinha votado em partido de esquerda e que votou por Lula ser dessa forma", disse à BBC News Brasil em 2018.

Lava Jato

Até que, em 2015, a operação Lava Jato inicia investigações sobre figuras-chave de sua administração. As acusações de corrupção na estatal fizeram com que Lula fosse pela primeira vez ouvido como testemunha em uma série de investigações sobre integrantes do seu governo.

No ano seguinte, eclodiu uma nova onda de protestos populares pelo impeachment de Dilma, e polêmicos bonecos de Lula vestidos como presidiário (os "pixulecos") se tornam presença constante nas manifestações.

A Lava Jato resultou na prisão e condenação de antigos aliados de Lula, como o ex-governador do Rio Sergio Cabral (cujas penas chegam a 100 anos, em cinco processos) e o ex-ministro Antonio Palocci, condenado em 2017 a 12 anos por lavagem de dinheiro e corrupção.

Em julho de 2017, o juiz federal Sergio Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção no julgamento em que era acusado de receber um apartamento no Guarujá (SP) em troca da promoção de interesses da empreiteira OAS junto à Petrobras.

Em março do ano seguinte, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) rejeitou por unanimidade os recursos apresentados pela defesa de Lula contra a condenação.

No início de abril de 2018, um pedido de habeas corpus do ex-presidente foi negado pelo STF. Lula, então, teve sua prisão decretada. Naquele momento, já se apresentava como pré-candidato à Presidência nas eleições que aconteceriam em outubro.

O ex-presidente Lula naquele momento mantinha-se como líder em intenções de votos — ainda que também tivesse significativa taxa de rejeição —, segundo pesquisas eleitorais.

Sergio Moro

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Processos contra o ex-presidente foram encerrados por falta de provas ou por parcialidade de Moro

Na prisão

O ex-presidente se manteve figura importante da política nacional durante seu período na prisão.

Chegou a ser registrado como candidato oficial do PT, tendo Haddad como vice, mas seu registro foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa.

Haddad acabou concorrendo e foi derrotado, em segundo turno, por Jair Bolsonaro.

Num primeiro momento, foi impedido de dar entrevistas, mas o STF revogou essa proibição.

Lula deixou a prisão duas vezes. Na primeira, em 14 de novembro do ano passado, ele saiu para prestar depoimento à juíza Gabriela Hardt, que substitui Moro — atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública — nas ações da Lava Jato.

Na segunda, em abril deste ano, ficou fora por cerca de nove horas. Ele viajou a São Bernardo do Campo, em São Paulo, para o velório e a cerimônia de cremação de seu neto Arthur, de sete anos, que morreu no dia anterior vítima de uma infecção bacteriana.

Antes disso, em janeiro, a defesa de Lula já havia solicitado à Justiça que o ex-presidente deixasse a prisão para ir ao funeral de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo. Mas a juíza Carolina Lebbos — responsável por supervisionar o cumprimento da pena de Lula e autora da decisão que o liberou para o velório do neto — negou.

Na ocasião, a magistrada diz ter tomado a decisão com base em um parecer da Polícia Federal, segundo o qual não era possível, à época, garantir a segurança de Lula e das demais pessoas durante o trajeto até São Bernardo devido ao curto prazo.

Pouco antes do enterro de Vavá, no entanto, o STF autorizou o ex-presidente a deixar a prisão. Mas Lula decidiu não ir — não havia mais tempo hábil.

Liberdade e candidatura

Lula deixa a prisão

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Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e se encontrou com apoiadores

Em 7 de novembro de 2019, uma nova decisão do STF permitiu a saída de Lula da cadeia. O tribunal decidiu que a prisão após condenação em segunda instância era inconstitucional e que réus só poderiam ser presos após o chamado "trânsito em julgado", que é o fim do processo, quando estão esgotadas todas as possibilidades de recurso em instâncias superiores.

Era o caso de Lula, cujo processo não havia transitado em julgado à época.

O ex-presidente foi solto em Curitiba, em 8 de novembro de 2019, depois de passar 580 dias preso.

Mais tarde, em março de 2021, o STF entendeu também que os processos contra Lula não deveriam ter tramitado na Justiça de Curitiba. Pouco depois, em junho, a Corte decidiu também que o ex-presidente não havia sido julgado com imparcialidade por Sergio Moro.

Com isso, as condenações que recaíam sobre Lula foram consideradas nulas, mas o petista ainda poderia responder às mesmas acusações em novos processos, que deveriam ser conduzidos em Brasília.

Só que esse retorno dos processos à estaca zero fez com ocorresse a prescrição da pretensão punitiva, ou seja, havia acabado o prazo legal para a punição dos crimes, no caso de Lula ser considerado culpado.

Lula e Alckmin durante a campanha presidencial

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Lula formou chapa com ex-rival Geraldo Alckmin

E quando não há mais possibilidade de punição, as acusações são arquivadas definitivamente. Ou seja, Lula não pode mais ser julgado nos casos do tríplex e do sítio de Atibaia. Hoje, todos os desdobramentos da Lava Jato contra Lula na Justiça estão encerrados ou suspensos.

Isso pavimentou a volta de Lula à cena eleitoral. Em 21 de julho deste ano, o PT oficializou a candidatura de Lula à Presidência, em uma chapa com Geraldo Alckmin (PSB) - ex-governador de São Paulo pelo PSDB que havia sido rival do petista em duas campanhas presidenciais, em 2006 e 2018.

O vídeo de lançamento da campanha anunciava a chapa com uma "receita de Lula com chuchu", em referência ao apelido de Alckmin (que inclusive já havia sido historicamente usado por Lula para se referir ao antigo adversário) e dizendo se tratar de uma "mistura que tem sabor de esperança".

Apesar do sentimento anti-petista de grande parcela da população, Lula se manteve à frente de Jair Bolsonaro nas pesquisas de opinião, beneficiando-se do voto útil ligado à alta rejeição ao atual presidente - em meio à crise econômica, rescaldos da pandemia de covid e posturas polêmicas de Bolsonaro sinalizando possíveis rupturas democráticas ou não cumprimento do resultado das urnas.

 Conteúdo da BBC BRASIL

Professor Edgar Bom Jardim - PE