domingo, 25 de julho de 2021

Bom Jardim 150 anos: Múltiplas leituras da nossa história. Parte 2 - A feira livre





Bom Jardim 150 anos: Múltiplas leituras da nossa história. Parte 2 - A feira livre. A feira é o que há de mais expressivo em qualquer cidade do interior do Brasil. É um fenômeno social, cultural e econômico. Neste cenário a história acontece. Pessoas de classes sociais frequentam a feira, pobres e ricos podem se encontrar. Múltiplas histórias e leituras acontecem. Lugar de relações humanas, trocas comerciais, gente criativa e trabalhadora. Para muitos feirantes esse lugar toma conta do seu tempo. A vida é a feira. Acordar na madrugada, ficar em pé o dia todo esperando o freguês, enfrentar sol, frio e chuva. Cada feira é um desafio, um apelo para as vendas. O Museu de Bom Jardim nestes 150 anos de Emancipação Política registra a história da feira. Faz homenagem aos feirantes, produtores e todos os trabalhadores que fazem a história deste patrimônio imaterial. Reiteramos o incentivo a reflexão da vida real pensando no coletivo da nossa sociedade. Para onde caminha a feira de Bom Jardim? Existirá feira livre em Bom Jardim no futuro? Como será? Que produtos serão comercializados? Qual a origem desses produtos? Que tecnologia será utilizada para produzir os alimentos do futuro? Ainda existirá sítio, agricultor, laranja cravo, laranja bahia, manga espada, manga rosa, caju, jabuticaba, ingá, goiaba, araçá, sapoti, pitomba, carambola, abacate, galinha capoeira, carne bovina no açougue criada exclusivamente no pasto, farinha de mandioca caseira feita na comunidade? Os alimentos da terra serão produzidos com mais ou menos adubos químicos, fertilizantes industrializados? Haverá agroecologia? Haverá água no município de Bom Jardim? Que valor e reconhecimento serão dados aos feirantes? Essa história continua!

Assista também: Bom jardim 150 anos: Múltiplas leituras da nossa história. Parte 1. https://www.youtube.com/watch?v=oGwgU1Ck0gg&ab_channel=MuseudeBomJardim FICHA TÉCNICA Projeto Múltiplas Leituras de Bom Jardim - PARTE 2 Autor/Produtor Cultural: Edgar Severino dos Santos Cinegrafista/ Editor de Imagens: Akires Sabino Roteiro/Direção: Edgar Severino dos Santos Criação de Logo: Edgar Severino dos Santos/Rodrigo Lima Música: Saudade de Bom Jardim- Autora/ Intérprete: Teca Pessoa Bom Jardim, 19 de Julho 2021. Realização: Museu de Bom Jardim.

Assista também: Bom jardim 150 anos: Múltiplas leituras da nossa história. Parte 1. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=oGwgU1Ck0gg&ab_channel=MuseudeBomJardim

Professor Edgar Bom Jardim - PE

País regrediu 20 anos na educação com pandemia, diz secretário

O Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha

O Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente defendeu a volta das crianças ao ensino presencial, sobretudo nas escolas públicas. Segundo Maurício Cunha, que é o entrevistado do programa Brasil em Pauta deste domingo (25), mais de 3 milhões de crianças brasileiras não tem acesso ao ensino remoto.

“Com a pandemia, regredimos 20 anos na educação brasileira”, disse ele. Além disso, fora da escola, essas crianças estão convivendo com problemas nutricionais (muitos tinham a merenda como única refeição do dia), psicológicos, de violência (os professores são uns dos principais denunciantes de violências domésticas praticadas contra crianças) e de socialização.  

O secretário disse, inclusive, que no retorno às aulas presenciais a equipe escolar deverá estar mais preocupada com o acolhimento dessas crianças do que com a administração de conteúdo didático. “Nesse momento o apelo é que as crianças tenham acesso à educação presencial de uma forma planejada, escalonada, respeitando os protocolos de saúde, respeitando as escolhas das famílias, mas que não se prive as crianças desse direito”, disse.
 

Na conversa, o secretário também abordou sobre os 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) comemorados neste mês. Segundo ele, o ECA foi um marco na legislação que trata desse público com a inauguração da doutrina da proteção integral, na qual a criança passa a ser vista como sujeito de direitos e não apenas objeto de intervenção.

O estatuto também trouxe o conceito da criança em especial situação de desenvolvimento: ela tem de ser protegida e amada. “A criança não é um pequeno adulto. Ela não tem de ser submetida às regras do mercado de trabalho. Ela tem de estudar, ser protegida e brincar. Temos de semear para que ela floresça na vida adulta”, disse.

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 24 de julho de 2021

O que cidades que já vivem racionamento revelam sobre futuro da crise da água



Represa vazia

CRÉDITO,AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ

Legenda da foto,

Baixo nível de represas que abastecem Curitiba tem limitado a oferta de água aos moradores

Com ao menos dois meses de período seco ainda pela frente, pelo menos oito cidades nas regiões Sul e Sudeste já estão limitando a oferta de água à população para lidar com a baixa dos reservatórios.

Estão sendo implantados esquemas de rodízio de água em Curitiba (PR), Santo Antônio do Sudoeste (PR), Pranchita (PR), Itu (SP), Salto (SP), São José do Rio Preto (SP), Bauru (SP) e Bagé (RS).

Em Curitiba, que está sob racionamento desde março de 2020, órgãos estaduais chegaram a contratar aviões para induzir precipitações sobre a cidade.

As medidas emergenciais são adotadas enquanto muitos reservatórios nas regiões Sul e Sudeste registram seus menores índices em várias décadas.

O quadro afeta tanto a distribuição de água quanto a produção de eletricidade, pois as hidrelétricas respondem por cerca de 60% da capacidade de geração do país.


Com os reservatórios das usinas também em baixa, o governo recorre a termelétricas, que são mais caras, elevando o preço da energia para os consumidores.

E o cenário tende a se agravar, já que o período chuvoso não costuma se iniciar antes de outubro.

Em maio, o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu um alerta de emergência hídrica para a região hidrográfica da Bacia do Paraná entre junho e setembro de 2021.

A bacia abarca boa parte dos Estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, além do Distrito Federal.

Ações de curto e longo prazo

Várias cidades já têm adotado medidas pontuais para lidar com a crise — como obras em reservatórios e a busca por outras fontes de água.

Em Curitiba, a companhia paranaense de saneamento testou um método ainda pouco usado no Brasil.

Um avião passou a borrifar água em nuvens para induzir precipitações nos reservatórios da cidade. A empresa não informou se a estratégia teve sucesso.

Para Angelo Lima, secretário-executivo do Observatório da Governança das Águas — entidade formada por 60 instituições e 17 pesquisadores que acompanham a gestão hídrica no Brasil —, o cenário exige ações tanto emergenciais quanto de médio a longo prazo.

Ele diz que, no curto prazo, os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, como os comitês de bacias hidrográficas, deveriam se reunir para debater soluções para a crise.

Imagens de satélite mostram a seca no Lago das Brisas

CRÉDITO,NASA

Legenda da foto,

Comparação mostra impacto da seca no Lago das Brisas (MG): a imagem à esquerda foi registrada em 12 de junho de 2019 e a imagem à direita, em 17 de junho deste ano

As medidas emergenciais, segundo Lima, devem garantir a oferta de água para a população e para a alimentação de animais — ações que devem ser priorizadas em situação de escassez, conforme determina a Lei das Águas, de 1997.

No entanto, no fim de junho, o governo federal publicou uma Medida Provisória (MP) que dá ao Ministério de Minas e Energia peso maior de decisão sobre as ações a serem tomadas para lidar com a crise hídrica.

A MP 1055 tem como fim "garantir a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético no país".

A medida criou um grupo interministerial, chefiado pelo Ministério de Minas e Energia, para coordenar a resposta do governo à crise.

Para Lima, ao colocar o Ministério de Minas e Energia na liderança do grupo, o governo sinaliza que priorizará a geração de eletricidade, o que pode prejudicar ainda mais o abastecimento da população.

Ele afirma que nem mesmo a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão federal responsável por regular os serviços de abastecimento, foi colocada no grupo.

A composição do grupo pode ter cálculo eleitoral. Analistas consideram que um apagão no sistema elétrico brasileiro seria uma grande ameaça à candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição.

Lima afirma, porém, que o setor elétrico não aprendeu com crises anteriores e deixou de adotar medidas que poderiam atenuar a emergência atual, como aprimorar a rede de distribuição para reduzir as perdas de energia.

Em 2019, segundo um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as perdas representaram 13,8% de toda energia consumida.

Metade das perdas se deveu a falhas técnicas, e a outra metade, a furtos (ligações clandestinas e desvios da rede).

O índice de perdas tem se mantido estável nas últimas décadas. Em 2008, segundo a ANEEL, as perdas respondiam por 13,6% da energia consumida.

Cataratas do Iguaçu

CRÉDITO,KARINE FELIPE/BBC

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As Cataratas do Iguaçu foram impactadas pela baixa vazão dos rios na Bacia do Paraná

Conflitos por água

Angelo Lima diz que também são necessárias medidas para garantir a oferta de água no médio e longo prazo.

Uma das ações prioritárias, segundo Lima, é zerar o desmatamento na Amazônia para assegurar a manutenção do fenômeno conhecido como "rios voadores".

O fenômeno se deve à àgua que as árvores da floresta bombeiam na atmosfera por meio da evapotranspiração. Segundo especialistas, parte dessa água se transforma em chuva e ajuda a irrigar o centro-sul do Brasil.

Conforme a floresta é derrubada, no entanto, os "rios voadores" escasseiam, reduzindo as chuvas ao sul do bioma.

Lima defende ainda a preservação das florestas no próprio centro-sul do país — neste caso, para garantir o bom funcionamento do sistema hídrico local.

Quando a floresta está preservada, diz ele, a água das chuvas tende a infiltrar no solo e a alcançar depósitos subterrâneos, os lençóis freáticos e aquíferos.

São esses depósitos que alimentam as nascentes dos rios durante o ano todo, inclusive no período seco.

Já quando a floresta é derrubada, e o solo fica desprotegido, a água tem mais dificuldade para penetrar no solo, o que dificulta a recarga dos depósitos e diminui a vazão dos rios na seca.

Outra ação importante, diz Lima, é despoluir rios e cuidar de suas margens para evitar assoreamento.

O caso de duas cidades hoje sob racionamento mostra como essas ações poderiam ter impactos benéficos.

Itu e Salto são atravessadas pelo Tietê, um dos maiores rios de São Paulo. Mas, como o rio chega às duas cidades poluído por dejetos despejados em sua maioria na Grande São Paulo, o aproveitamento das águas para o abastecimento público fica prejudicado.

Rio Tietê poluído em São Paulo

CRÉDITO,AGÊNCIA BRASIL

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Despoluição do rio Tietê, na Grande São Paulo, poderia atenuar falta de água em cidades ao longo de seu curso, como Itu e Salto

O que leva a outro ponto importante: para Lima, a gestão das águas (e dos rios) deve ser feita de modo integrado.

Cidades que poluem um rio prejudicam não só seus moradores, como também os que estão rio abaixo. Por isso todas as prefeituras deveriam se sentar à mesma mesa para discutir como gerenciá-lo, diz ele.

Lima afirma que já existem instâncias aptas a lidar com questões desse tipo e mediar conflitos por água: os comitês de bacias hidrográficas.

Os comitês reúnem representantes da comunidade e do poder público (inclusive prefeituras) para deliberar sobre a gestão das águas em cada bacia.

Porém, Lima afirma que muitas vezes faltam recursos para implantar as ações definidas pelos grupos.

"Acredito que a gente precisa discutir a garantia de um orçamento mínimo para esses órgãos, assim como já existe para a Saúde e a Educação", defende.

Também é importante, segundo ele, que a questão hídrica se torne uma agenda política permanente — e não só nos períodos de escassez.

Lima afirma que, se o país continuar a empurrar o problema com a barriga, os conflitos por água tendem a se agravar — especialmente à medida que as mudanças climáticas mudarem os padrões de chuvas no país, como previsto.

O número de conflitos já está em alta. Em 2020, segundo um relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), havia 350 conflitos por água no país.

O número é quase cinco vezes maior do que em 2011 (68), quando o órgão começou a monitorar o tema.

  • João Fellet - 
  • Da BBC News Brasil em São Paulo


Professor Edgar Bom Jardim - PE


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Adoração a deuses, nudez e mulheres vetadas: como eram os Jogos Olímpicos na Antiguidade


Atrizes recriaram cenas das olimpíadas antigas em uma cerimônia em Londres 2012

CRÉDITO,REUTERS

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Atrizes recriaram cenas das olimpíadas antigas em uma cerimônia em Londres 2012

Culto ao corpo aos atletas e a celebridades, cerimônias grandiosas de abertura e encerramento, transmissões ao vivo com milhões de telespectadores ao redor do mundo. Os Jogos Olímpicos atuais são um retrato perfeito do nosso tempo.

Mas eles são muito diferentes dos primeiros Jogos disputados na Grécia Antiga, que tinham até um cunho religioso, com homenagens a Zeus e outros deuses.

Como, então, as Olimpíadas atuais se comparam às originais? Durante a edição dos Jogos em Londres, em 2012, a BBC conversou com o historiador de Grécia Antiga Paul Cartledge para entender como eram as competições naquela época.

Os primeiros jogos aconteceram em 776 a.C. e há relatos de jogos tendo sido disputados a cada quatro anos até o ano de 393 d.C — mais de mil anos depois.

Os Jogos duravam cinco dias inteiros no século 5 a.C. Pelo menos 40 mil espectadores lotavam o estádio todos os dias no auge da popularidade dos Jogos, no século 2 d.C.


No século 19, houve um ressurgimento na Grécia de competições chamadas olimpíadas. Em 1890, o barão francês Pierre de Courbetin fundou o Comitê Olímpico Internacional, que seis anos depois organizou os primeiros jogos olímpicos da era moderna, em Atenas.

Um evento para homens nus

As antigas Olimpíadas eram apenas para os homens, no que diz respeito a competições de atletismo e esportes de combate.

As mulheres sequer eram autorizadas a assistir. No entanto, algumas podiam competir nos eventos equestres, mas só no papel de substitutas dos donos dos cavalos e das carruagens.

A primeira vitória feminina de que se tem registro foi a de uma princesa espartana.

Acredita-se que uma possível razão para a exclusão das mulheres seja o fato de que os atletas, lutadores e boxeadores tinham que competir sem roupa.

Ilustracao antiga dos Jogos

CRÉDITO,GETTY IMAGES

A antiga palavra grega para "exercitar-se" significava literalmente "ser inflexível pelado", provavelmente por motivos religiosos, já que os Jogos eram uma festa de homenagem a Zeus.

Cavaleiros e condutores de carruagens usavam roupas nas competições, mas eles eram vistos como empregados, e não donos dos cavalos — que ficavam com os louros da vitória.

As provas que sobreviveram aos tempos e as que não existem mais

"Dos eventos de corrida antigos, só sobreviveram (nos Jogos Olímpicos atuais) os 200 metros rasos, os 400 metros e a prova dos 5 mil metros", explica Cartledge.

A pista de corrida do século 4 a.C. ainda é visível na antiga cidade de Olímpia.

"Além deles, havia as provas de combate. Dessas, a luta greco-romana e o boxe sobreviveram (mas em formato diferente)."

A luta também era um dos cinco eventos do pentatlo antigo, junto com a corrida de 200 m, o arremesso de dardos, o arremesso de disco e o salto em altura.

Luta greco-romana

CRÉDITO,REUTERS

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A luta greco-romana sobreviveu aos tempos, mas em um formato diferente

"As antigas provas equestres, de carruagem e de corrida de mula não têm equivalentes nas Olimpíadas modernas", diz o professor.

Também havia provas em que os atletas não competiam completamente pelados: seus corpos eram cobertos com um capacete e um protetor de canela para a corrida em armadura e para eventos equestres.


O local e o propósito dos Jogos

As antigas Olimpíadas eram um festival explicitamente religioso, dedicado à veneração da mais poderosa divindade grega, Zeus, do Monte Olimpo, a mais alta montanha grega.

Os jogos sempre eram disputados no mesmo lugar, num local remoto e de difícil acesso a pé no noroeste do Peloponeso. Os competidores e espectadores vinham não apenas da Grécia, mas de todo o mundo grego, que na época se estendia da Espanha à Geórgia.

O local dos jogos era conhecido como Olímpia, em homenagem ao título de "Olímpio" de Zeus, derivado do Monte Olimpo.

Os prêmios

A vitória já era um prêmio por si só, em teoria. Uma guirlanda simbólica de folhas de oliva, cultivadas em Olímpia, era a única recompensa, e destinada apenas ao campeão — não havia medalhas de prata ou bronze.

Mas a cidade natal de um campeão também poderia oferecer-lhe uma recompensa monetária ou o direito de fazer refeições gratuitas no centro administrativo. O campeão também podia encomendar versos a um poeta local para imortalizar a sua fama, ou pedir a um artista para esculpir uma escultura sua em bronze ou mármore — a qual seria dedicada a um deus.

Os vencedores também ganhavam em prestígio. No fim do século 4 a.C., o lutador Milo, originário do que hoje é o sul da Itália, era considerado o Usain Bolt de sua época: não só foi seis vezes campeão olímpico, como também ficou conhecido por seus dotes em carregar touros e em consumir carne.

Um evento internacional

A princípio e por muitos séculos, o evento permitia apenas a adesão de gregos, ou pan-helênicos. Na época, os "bárbaros" (não-gregos) não podiam participar.

Mas quando Roma conquistou a Grécia, no século 2 a.C., os romanos rejeitaram o título de bárbaros e exigiram o status de grego para que pudessem competir - algo que conseguiram.

Os Jogos, assim, continuaram a acontecer a cada quatro anos, até 393 d.C., quando foram banidos por um imperador romano cristão, Teodósio I, que alegava que a competição era politeísta e pagã.

Outro imperador romano que colocou à prova o espírito olímpico era Nero, morto em 68 d.C. Com ameaças e subornos, ele exigiu que o comitê pan-helênico adiasse a data das Olimpíadas por dois anos, para que o imperador pudesse combinar sua aparição na competição com seu tour imperial, em 67 d.C.

Ele caiu de sua carruagem de 16 cavalos, mas mesmo assim foi premiado com a guirlanda de oliva, dando mostras de seu poder imperial na época.

Outros fatos

O site oficial das Olimpíadas também lista outras curiosidades sobre os Jogos Olímpicos da Antiguidade:

  • Competidores de pancrácio (uma espécie de arte marcial mista que combinava boxe e luta livre) lutavam cobertos de óleo
  • Havia apenas duas regras no pancrácio: não morder e não apertar os olhos do adversário
  • Falsas largadas eram punidas com violência
  • Boxeadores deveriam evitar atacar os órgãos genitais masculinos expostos
  • No boxe, não havia pontos, limite de tempo ou classificações por peso
  • Lutadores tinham que indicar sua rendição levantando o dedo indicador, mas às vezes, morriam antes de conseguir se render.
  • BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 20 de julho de 2021

Covid: ‘Não me vacinar foi maior erro da vida', diz professor que teve forma grave da doença




Abderrahmane Fadil recebendo oxigênio
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Abderrahmane Fadil, que tinha escolhido não tomar vacina, deixou o hospital há quase um mês, mas ainda não está bem

"A vacina foi oferecida para mim, mas fui arrogante", conta Faisal Bashir, um homem atlético de 54 anos.

"Eu ia para a academia, pedalava, caminhava e corria. Como eu era forte e saudável, não achei que precisasse da vacina. Além disso, se por acaso não fosse segura, eu não teria corrido nenhum risco. Mas a verdade é que não consegui evitar o vírus. Ele ainda me pegou. Não sei como nem onde."

Bashir, que recebeu alta após uma semana recebendo oxigênio em um hospital do Reino Unido, faz questão de alertar outras pessoas para não cometerem seu erro.

"O que vivi no hospital me humilhou", diz ele. "As pessoas estão enchendo os hospitais ao se arriscar, e isso é errado. Eu me sinto péssimo. Eu me sinto tão mal por isso e espero que, falando abertamente, consiga ajudar outros a evitarem isso."

Bashir estava internado no Bradford Royal Infirmary, um hospital no norte da Inglaterra que, como muitos outros, está vendo o número de pacientes em tratamento de covid-19 voltar a subir drasticamente.

Cerca de metade dos pacientes são pessoas que optaram por não tomar vacina, conta o epidemiologista John Wright, que comanda o Instituto de Bradford para Pesquisa em Saúde. Ele diz que, agora, muitos desses pacientes lamentam terem deixado de tomar a vacina.

No mês passado, o número de pacientes de covid-19 no hospital tinha caído a níveis não vistos desde o verão de 2020. No entanto, com a variante Delta se espalhando, os números voltaram a subir.

Esse movimento reflete o aumento dos casos na comunidade, que vêm subindo principalmente entre pessoas mais novas. Embora poucos ods jovens acabem no hospital, os médicos dizem que os pacientes têm, em média, menos idade do que nas ondas anteriores, com muitos deles na casa dos 20, 30 e 40 anos.

"Alguns já tomaram as duas doses da vacina e, portanto, tiveram uma doença mais branda — mas ainda assim tiveram de receber oxigênio de forma não invasiva. Sem a vacina, eles provavelmente estariam mortos", disse o médico Abid Aziz.

"Outros acabaram de tomar a primeira dose e, portanto, não estão totalmente protegidos. É preocupante que cerca de metade dos pacientes na enfermaria hoje não tenham sido vacinados. Parei de perguntar a eles o motivo, porque estão claramente envergonhados."

Pessoa sendo vacinada
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Médico que trata pacientes com covid que escolheram não tomar vacina diz que deixou de perguntar o motivo: 'Estão claramente envergonhados'

Abderrahmane Fadil, um professor de ciências de 60 anos que tem dois filhos pequenos, é um dos que lamentam a própria atitude em relação à vacina. Ele estava desconfiado das vacinas por causa da velocidade com que eram distribuídas. Fadil acabou na UTI por nove dias.

"É tão bom estar vivo", diz ele. "Minha esposa tomou a vacina. Eu não. Estava relutante. Estava me dando tempo, estava pensando que na minha vida vivi com vírus, bactérias, e pensei que meu sistema imunológico era bom o suficiente. E eu tive sintomas de covid no início da pandemia e pensei que talvez tivesse contraído. Achei que meu sistema imunológico reconheceria o vírus e eu teria defesas. Esse foi o maior erro da minha vida. Quase me custou a vida. Já tomei muitas decisões tolas na vida, mas essa foi a mais perigosa e séria."

Fadil deixou o hospital há quase um mês, mas ainda não está bem. "Eu gostaria de poder ir a cada pessoa que se recusa a receber a vacina e dizer a eles: 'Olha, isso é uma questão de vida ou morte. Você quer viver ou morrer? Se você quiser viver, então vá e tome a vacina", diz ele.

Abderrahmane Fadil
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Abderrahmane Fadil: 'Gostaria de poder ir a cada pessoa que se recusa a receber a vacina e dizer: isso é uma questão de vida ou morte'

Para muitos dos pacientes que não foram vacinados, ser hospitalizado com covid grave é um alerta para as consequências fatais de notícias falsas sobre o coronavírus e as vacinas.

Faisal admite ter sido influenciado por conversas nas redes sociais e pelas preocupações com a vacina na comunidade asiática da cidade, além de reportagens sobre o baixíssimo risco de coágulos sanguíneos com a vacina da Astrazeneca.

Cerca de três quartos da população adulta em Bradford, no norte da Inglaterra, recebeu a primeira dose da vacina, em comparação com 87% em todo o país.

No hospital, Wright diz que os profissionais estão profundamente nervosos com o afrouxamento das restrições a partir da segunda-feira (19/7) na Inglaterra. "Como todos no país, queremos recuperar nossas vidas anteriores e, embora a ligação entre infecções e hospitalizações seja claramente reduzida, ela permanece sempre presente em nossas enfermarias."

E diz que, embora agora haja muito menos mortes por covid do que antes, ainda há algumas, e o número está crescendo novamente. Portanto, ele diz, a corrida entre a onda de vacinação e a disseminação do Sars-CoV-2 continua sendo uma questão de vida ou morte.

Ele afirma que, se há uma lição do ano passado, é nunca subestimar esse vírus.

BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE