domingo, 9 de maio de 2021

Trova do Dia das Mães




Mãe, o nosso amor primeiro 
A  nossa eterna gratidão 
Vale mais que o mundo inteiro
O amor do seu coração 


Por
Socorro Canto
Recife / PE


Museu de Bom Jardim
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saiba o que é NFT e suas implicações no mundo das artes

Sistema que funciona como um certificado de originalidade para obras de arte digitais vem garantindo transações milionárias




Nos últimos meses, nenhum outro assunto vem movimentando tantas discussões no mercado de arte quanto a comercialização por meio dos NFTs, nova tecnologia através da qual obras de arte digitais vêm sendo vendidas por milhões. As três letras juntas formam a sigla em inglês para “non fungible token", que pode ser traduzido como “tokens não fungíveis”. O que de fato isso significa, no entanto, ainda é um grande mistério para muita gente.

Quem já está familiarizado com o universo dos investimentos sabe que um token representa o registro digital, por meio de criptografia, de um ativo financeiro. Já o termo “não fungível” significa que uma coisa é única e, portanto, não pode ser substituída por outra da mesma espécie, quantidade ou valor. De forma resumida, o NFT corresponde a uma espécie de chave criptográfica que, associada a um item físico ou digital, certifica sua originalidade e autenticidade. 

Mas o que todos esses conceitos atrelados à economia têm a ver com a indústria cultural? É que um dos responsáveis pelo “boom” midiático desse sistema de transações, que já existe há mais de cinco anos, tem sido justamente as vendas de obras de arte por preços exorbitantes. Os holofotes começaram a se voltar para o assunto em março, quando "Everydays: The First 5.000 Days" - uma colagem de imagens digitais produzidas pelo artista norte-americano Beeple - foi vendida por R$ 387 milhões pela tradicional casa de leilões britânica Christie's.

Também em março, um painel do famoso artista inglês Bansky - que havia sido comprado por uma empresa de tecnologia - foi queimado em uma transmissão ao vivo e sua versão digital vendida em NFT pelo equivalente a R$ 2,1 milhões. Já o original do meme “Desaster Girl” (em que uma garotinha aparece sorrindo em frente a uma casa em chamas) foi recentemente adquirido por um comprador por R$ 2,5 milhões.

Meme foi vendido por milhões e mostra a tendência de investir em cripto arte Meme "Desaster Girl" (Foto: Reprodução)

Na internet, uma determinada obra pode ser baixada por qualquer pessoa e replicada infinitas vezes. Ao associar sua criação a um código tokenizado, no entanto, o artista garante que o seu possível comprador será o verdadeiro proprietário da versão original daquele item. Para isso, é utilizada a tecnologia blockchain, que funciona como um “cartório de registros” capaz de rastrear todas as transações envolvendo a peça. São ilustrações, pinturas, fotografias, músicas ou até mesmo gifs e memes, que formam um nicho chamado de criptoarte, cujas operações ocorrem não em dólares ou reais, mas em criptomoedas.

O mercado de NFTs vem crescendo a cada dia, despertando a curiosidade e o interesse de artistas e compradores. O perito e avaliador de obras de arte Gustavo Perino, argentino radicado no Rio de Janeiro, chama atenção para o caráter especulativo das compras envolvendo esse sistema. “Quando se fala que foram pagos milhões em uma obra, na verdade, só foi assegurado que ela potencialmente valeria aquele montante em moeda física. É uma operação de alto risco hoje em dia, já que as criptomoedas são muito voláteis”, comenta.  

Os entusiastas dessa nova fatia de mercado apontam a descentralização de recursos como um ponto positivo, já que criadores podem vender seus próprios produtos sem a necessidade de intermediários. O designer paranaense Álvaro A. Alves começou a tokenizar suas criações há pouco mais de um mês. A iniciativa ainda não trouxe um retorno financeiro significativo, mas tem se mostrado promissora para o artista. “Não tenho me dedicado tanto à divulgação, mas conheço pessoas que já faturaram mais de R$ 60 mil em 40 dias. O que tem me interessado é a possibilidade de determinar por conta própria preços, edições e tudo relacionado à venda da minha obra”, afirma.

Aslan Cabral pretende criar NFT para obra digital (Foto: Divulgação)

Como plataforma de comercialização, Alves escolheu o site Hic et Nunc, pelo fato das transações serem realizadas através da rede de blockchains Tezos, conhecida por ser menos poluente do que outras. O fator ambiental é uma das principais críticas aos tais NFTs, já que a mineração de criptomoedas consome uma enorme quantidade de energia elétrica oriunda, principalmente, de fontes poluentes.

O artista visual e curador pernambucano Aslan Cabral acompanha o burburinho dos NFTs com cautela. Ele já pensa em oferecer uma obra sua, batizada de “Wake up meme”, dentro da ferramenta, mas antes tem estudado todos os prós e contras. “Tenho driblado todo esse furor. Acho que a gente tem que tomar cuidado com tudo o que nos é apresentado com essa linguagem do novo e imediato. Minha impressão é de que essa discussão tem muito mais a ver com a manutenção de um capital financeiro do que realmente com arte”, avalia. 


Folha de Pernambuco


 

Dia das Mães: como surgiu a comemoração no Brasil e por que a data varia no mundo



mãe e filha

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No Brasil, o Dia das Mães foi instituído em 1932 pelo então presidente Getúlio Vargas, mas a data só se consolidou anos depois, durante o regime militar

*Esta reportagem foi publicada originalmente em 10/05/2019 e atualizada em 08/05/2021.

"O segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana."

Assim declara o decreto de número 21.366, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e publicado em 5 de maio de 1932.

O documento ainda tece três considerações para justificar a lei: "que vários dias do ano já foram oficialmente consagrados à lembrança e à comemoração de fatos e sentimentos profundamente gravados no coração humano"; "que um dos sentimentos que mais distinguem e dignificam a espécie humana é o de ternura, respeito e veneração, que evoca o amor materno"; e "que o Estado não pode ignorar as legítimas imposições da consciência coletiva, e, embora não intervindo na sua expressão, e do seu dever reconhecê-las e prestar o seu apoio moral a toda obra que tenha por fim cultuar e cultivar os sentimentos que lhes imprimem, força afetiva de cultura e de aperfeiçoamento humano".

Mas o modelo da efeméride brasileira foi copiado dos Estados Unidos, conforme atestam pesquisadores. "Apesar de já existirem manifestações inclusive na Grécia Antiga e em outros países, o Dia das Mães como é visto hoje foi uma criação americana, do fim do século 19", afirma o psicólogo social Sérgio Silva Dantas, professor de marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Se a data foi oficializada no Brasil em 1932, sua consolidação veio mesmo na época do regime militar de 1964 a 1985.

"Copiava-se tudo dos Estados Unidos e houve, durante a ditadura, uma valorização enorme da família e das mães, em particular", diz a historiadora Mary Del Priore, autora de História das Mulheres no Brasil. "A maternidade bem vivida, a mulher dedicada aos filhos era um perfil exaltado em concurso, valorizado e que ganhava capas de revista", lembra.

Anna Jarvis

A norte-americana Anna Maria Jarvis (1864-1948) é considerada a idealizadora do modelo contemporâneo do Dia das Mães. Em 1905, ela perdeu a mãe e, profundamente deprimida, resolveu militar por uma data que homenageasse o sentimento materno.

Anna Jarvis

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Anna Jarvis, idealizadora do Dia das Mães nos EUA

Conforme conta o professor Dantas, a tal mãe, que também se chamava Anna, era reconhecida como uma "grande mãezona" na comunidade onde vivia, no Estado americano da Virgínia Ocidental. "Participante da Igreja Metodista, ela desenvolvia uma série de trabalhos sociais", conta o pesquisador. Assim, sua morte gerou comoção.

A celebração criada pela filha - uma mulher solteira e sem filhos - foi ganhando grandes proporções. "Ganhou repercussão muito grande, mesmo em tempos em que não havia redes sociais. Viralizou. Tanto que o presidente da época resolveu oficializar o segundo domingo de maio como o Dia das Mães em todo o país", relata o professor. Na época, o presidente americano era Woodrow Wilson (1856-1924).

No Brasil

Mas se a data foi oficializada apenas em 1932 no Brasil e ganhou forte apelo comercial décadas mais tarde, Dantas conta que já havia comemorações anteriores no país. "Segundo minhas pesquisas, havia homenagens principalmente ligadas a igrejas, em boa parte das igrejas cristãs", diz ele. "Em maio se comemora o mês de Maria, a mãe de Jesus, então já se faziam associações ao papel da mãe."

Há registros de que em 12 de maio de 1918 ocorreu uma celebração dedicada ao Dia das Mães no Rio Grande do Sul, por iniciativa da Associação Cristã de Moços. Já a Igreja Católica, no Brasil, acabou incorporando a tradição em 1947, por iniciativa do então cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara (1894-1971).

Segundo o professor do Mackenzie, a oficialização feita por Getúlio Vargas em 1932 atendeu a apelos da população. Era um momento de valorização da mulher como cidadã e, na ótica da época, seu papel materno precisava ser ressaltado também. "Foi mais ou menos nesse período que as mulheres começaram a ter direito a voto", exemplifica o professor. "Vargas queria fazer uma ação junto ao público feminino."

Getúlio Vargas e crianças

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'Não há grandes registros históricos sobre como isso foi se desenvolvendo, mas o que se sabe é que o comércio começou a visualizar no Dia das Mães uma grande oportunidade', diz professor da Universidade Mackenzie

Da celebração para o cunho comercial, o salto foi natural. "Não demorou muito para a data ser associada à questão comercial, uma vez que na cultura ocidental tudo o que é comemoração está muito ligada ao consumo e, de alguma forma, trocamos presentes", contextualiza. "Não há grandes registros históricos sobre como isso foi se desenvolvendo, mas o que se sabe é que o comércio começou a visualizar no Dia das Mães uma grande oportunidade."

O Dia das Mães é a segunda data mais importante do comércio brasileiro, perdendo apenas para o Natal. "Supera o Dia dos Namorados, dos Pais e das Crianças, até pelo apelo emocional e sentimental que as mães representam", afirma Dantas.

Mas o reinado está um pouco ameaçado nos últimos anos por uma data bem menos afetiva. "Hoje há uma certa concorrência da 'Black Friday' na disputa do segundo lugar. Para alguns produtos, a 'Black Friday' já é mais importante", analisa Marcel Solimeo, superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo.

"Mas consideramos que a 'Black Friday' é uma antecipação das compras de Natal, ou seja, os consumidores aproveitam as promoções de novembro para comprar os presentes de fim de ano", complementa ele.

"Já o Dia das Mães é uma data que representa um adicional significativo no primeiro semestre, sendo sem dúvida alguma a data comercial mais importante da primeira metade do ano. Para alguns segmentos, em especial os artigos de uso pessoal, o Dia das Mães é mais importante do que a 'Black Friday'."

Solimeo diz que a data foi ganhando espaço no calendário comercial brasileiro "porque apoia-se muito no apelo emocional, na importância que a figura materna tem em nossa cultura".

"Por isso acabou ganhando grande importância para o varejo. E os lojistas sempre usaram o Dia das Mães para — além de vender vestuário e artigos de uso pessoal (como perfumes, joias, maquiagem, bolsa) — comercializar eletrodomésticos", exemplifica.

Vargas

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Getúlio Vargas queria fazer um 'gesto' para as mulheres, num momento em que elas ganhavam visibilidade e adquiriam direitos civis, como direito ao voto

"Sempre se vendeu a ideia de que o presente para a mãe é um presente para o lar. Assim, o segmento de móveis e eletrodomésticos historicamente tem um desempenho muito bom no Dia das Mães", analisa o superintendente.

"Hoje a narrativa é um pouco diferente, mas ainda assim as lojas continuam a usar a data para vender móveis e eletrodomésticos, até porque, se não for no Dia das Mães, só no final do ano haveria uma boa oportunidade para comercializar esses produtos de maior valor."

Pelo mundo

Na antiguidade, a valorização da maternidade era concomitante ao início da primavera. Há registros de que, na Grécia Antiga a entrada da estação era festejada em honra a Reia, a mãe dos deuses.

Mas a data celebrada no Brasil e nos Estados Unidos — o segundo domingo de maio — não é unanimidade em todo o mundo contemporâneo.

Comemoram nesta data também países como África do sul, Chile, China, Dinamarca, Austrália, Itália, Japão, Cuba, Venezuela, Finlândia, Bélgica e outros. Em Portugal, por outro lado, a celebração ocorre no primeiro domingo de maio — assim como em Angola, Moçambique, Espanha, Cabo Verde, Hungria e Lituânia.

Noruegueses dedicam às mães o segundo domingo de fevereiro. Franceses e suecos, o último domingo de maio. Na Argentina e na Bielorrússia, o que vale é o terceiro domingo de outubro.

Tanto na Palestina como no Líbano, preserva-se o costume ancestral: Dia das Mães coincide com o primeiro dia da primavera.

Alguns países têm datas fixas para o Dia das Mães, independentemente do dia da semana. Na Bolívia, por exemplo, é o dia 27 de maio. Rússia, Sérvia, Montenegro, Romênia e Bulgária preferem o 8 de março.

Na Eslovênia, é dia 25 de março. Egito, Síria e alguns países árabes homenageiam as mães em 21 de março. Bélgica e Costa Rica usam o 15 de agosto, mesmo dia em que católicos celebram a Assunção de Nossa Senhora. Na antiga Iugoslávia, a comemoração era feita sempre duas semanas antes do Natal.


  • Edison Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de maio de 2021

Gravidez múltipla: mulher esperava 7, mas dá à luz 9 filhos no Marrocos



Três dos bebês de uma mulher do Mali, nascidos no Marrocos

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O Ministério da Saúde de Mali publicou esta imagem de três dos nove bebês

Uma mulher de 25 anos deu à luz nove bebês — dois a mais do que o total que os médicos conseguiram detectar durante os exames.

Halima Cisse, que é do Mali, na África, deu à luz nônuplos no Marrocos. O governo do Mali a levou para lá para que tivesse acesso a atendimento especializado.

As cinco meninas e quatro meninos nasceram de cesariana e estavam bem, segundo o Ministério da Saúde do Mali.

É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem.

A ministra da Saúde do Mali, Fanta Siby, felicitou as equipes médicas de ambos os países pelo "bom resultado" no caso de Halima Cisse.

A gravidez de Cisse se tornou um assunto pelo qual as pessoas ficaram fascinadas no Mali, mesmo quando se pensava que ela estava grávida de "apenas" sete bebês, segundo a agência de notícias Reuters.

Os médicos no país da África Ocidental estavam preocupados com o bem-estar dela e as chances de sobrevivência dos bebês, e foi aí que o governo interveio.

Pé de bebê recém-nascido

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É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem

Depois de uma estadia de duas semanas em um hospital na capital do Mali, Bamako, a decisão foi de transferir Cisse para o Marrocos em 30 de março, segundo a ministra Siby.

Depois de cinco semanas na clínica marroquina, ela deu à luz os nove bebês na terça-feira (4/5), segundo o ministério.

A expectativa é de que a mãe e seus bebês voltem para casa em algumas semanas.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Paulo Gustavo: 'Cadê a vacina, meu Deus', postou o ator em rede social dias antes de ser internado com covid





Paulo Gustavo

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'Eu to louco para tomar vacina! Tomei vacina desde que eu nasci, tomei vacina a vida toda, gente', escreveu Paulo Gustavo em janeiro

"Cadê a vacina meu deus?", questionou Paulo Gustavo no dia 3 de março em uma publicação no Instagram, 10 dias antes de ser internado. Durante o ano todo da pandemia, o ator e humorista que morreu nesta terça (4/5) por complicações da covid-19, fez alertas sobre a doença.

No começo da pandemia no Brasil, em março do ano passado, ele tentou conscientizar seus mais de 16 milhões de seguidores na rede social, pedindo que as pessoas que pudessem ficassem em casa. Mais recentemente, escreveu sobre a crise aguda da pandemia em Manaus, onde faltou oxigênio, e fez apelos pela vacina contra o vírus no Brasil.

O post pedindo vacina foi ilustrado por capturas de tela de uma série de reportagens sobre o agravamento da pandemia no país. "Se liga na aglomeração gente! Sair de casa apenas quem precisa TRABALHAR!", escreveu ele.

Pule Instagram post, 1

Final de Instagram post, 1

As reportagens citadas por Paulo Gustavo falavam sobre a lotação de UTIs no Brasil, a necessidade de um lockdown, a maior transmissibilidade das novas variantes no país e sobre a mudança do perfil dos pacientes nas UTIs: pessoas mais jovens, entre 30 e 50 anos.

Dentre elas, uma entrevista da BBC News Brasil com a médica pneumologista Margareth Dalcolmo prevendo o "março mais triste de nossas vidas".


No dia 20 de janeiro, Paulo Gustavo publicou um vídeo de um discurso feito por Dalcolmo durante a entrega de um prêmio concedido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.

"É absolutamente inaceitável que nesse momento no Brasil nós tenhamos acabado de receber a notícia de que as vacinas não virão da China. E que não virão da Índia", disse ela. "O que é que pode justificar nesse momento que o Brasil não tenha as vacinas disponíveis para sua população?"

"Eu lhes digo, não há nada neste momento que justifique, a não ser a desídia absoluta, a incompetência diplomática do Brasil, que não permita que cada um dos senhores aqui presentes, as suas famílias e aqueles que vocês amam estejam amanhã ou nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a única solução que há para uma doença como a covid-19", disse Dalcolmo em crítica à atuação do governo federal.

Paulo Gustavo comentou: "Que absurdo! Que vergonha tudo isso que a gente tá vivendo!"

No dia 17 de janeiro, publicou uma foto sua ao lado das hashtags: #usemascara e #vemvacina.

Paulo Gustavo também falou sobre a situação dramática em Manaus no início do ano. Ele publicou um vídeo em que uma mulher diz: "Gente acabou o oxigênio de toda uma unidade de saúde, não tem oxigênio, tem muita gente morrendo, quem tiver disponibilidade de oxigênio, tragam."

"Gente, pelo amor de Deus, ajuda!!! Eu passo mal só de ver esse vídeo! Que tristeza! Cadê a vacina, gente? Pqp! Gente quem pode levar oxigênio lá? Avisa geral aí #manaus", escreveu Paulo Gustavo sobre o vídeo.

Paulo Gustavo

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O ator que morreu aos 42 anos alertou em janeiro: 'A galera tá morrendo, se liga! O mundo vacinado e o Brasil ficando para trás'

No dia 10 de janeiro, o ator que levou milhares aos cinemas com seus personagens de humor, publicou um vídeo nas redes sociais com um filtro divertido incentivando as pessoas a tomarem vacina: "Eu to louco para tomar vacina!! A pessoa fala assim: 'Ah, vai virar jacaré!', vambora virar jacaré, eu quero!", disse, em referência a um discurso do presidente Jair Bolsonaro de dezembro de 2020 em que ele questionou supostos efeitos colaterais de vacinas contra o coronavírus.

"Eu tomei vacina desde que eu nasci, tomei vacina a vida toda, gente. Eu vou tomar vacina com certeza. Eu vou tomar muita vacina. Eu vou tomar vacina. Eu vou tomar muito. 'Ah, vai tomar vacina vai virar viado'. Eu já sou viado, querida! Eu vou tomar, entendeu? Não tem jeito. Quando chegar a vacina, quando chegar minha hora… Mas do jeito que tá demorando vai chegar minha hora eu já vou ter falecido de morte natural, né? Tá demorando muito", disse o ator.

No mesmo dia, publicou uma notícia sobre o papa Francisco, mostrando que o pontífice havia anunciado que iria receber a vacina na semana seguinte e tinha criticado o "negacionismo suicida". Paulo Gustavo disse ser um fã e amar o papa. "Ele é o máximo! Agiliza a vacina aí, gente! A galera tá morrendo, se liga! O mundo vacinado e o Brasil ficando para trás…".

Paulo Gustavo

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No ano passado, em seu perfil no Instagram, o criador da personagem Dona Hermínia criticou pessoas que ignoraram a pandemia e desrespeitavam as regras as orientações da OMS

'A gente não vai deixar de sorrir'

Em dezembro, na mensagem de fim de ano do programa '220 Volts', o ator fez um discurso sobre a arte.

"Eu fico muito feliz e orgulhoso de ser artista e mais ainda da comédia ser tão forte em mim. Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com coração preenchido aqui. Eu me sinto assim realizado de estar conseguindo te fazer feliz. Rir é um ato de resistência. A gente agora tá precisando dessa máscara chata para proteger o rosto desse vírus - e infelizmente essa máscara esconde algo muito precioso para nós brasileiros: o sorriso. Ele tá tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe. E ele não vai deixar de existir, a gente não vai deixar de sorrir, não vai deixar de ter esperança."

Antes disso, em julho de 2020, Paulo Gustavo também havia falado sobre a importância da arte na pandemia. Ele publicou uma notícia sobre o público de filmes nacionais em 2020, que despencou, mas se segurou em parte por causa de um de seus filmes, "Minha Mãe é uma Peça 3".

Ele escreveu: "Quando isso tudo acabar vamos fazer uma força tarefa pra essas salas de cinema pegarem fogo novamente! Levar todo mundo pros cinemas e fazer o cinema nacional voltar a ser um programa delicioso de fazer com a família e os amigos!! #vivaocinemanacional #vivacultura #foracovid19 #vivadonaherminia."

Paulo Gustavo

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Uma das maiores revelações da nova geração do humor nacional, ator tinha 42 anos e deixa marido e dois filhos; ele havia sido internado no dia 13 de março

Em outra publicação, Paulo Gustavo brincou dizendo não saber usar o aplicativo TikTok e falou sobre seu medo de contrair coronavírus: "Precisava de uma pessoa pra me ajudar, mas e o medo de abrir a porta de casa e dar de cara com um corona! Eu to passando álcool gel na maçã, gente! Não tem condição de sair! Eu desço na portaria pra pegar uma coisa, na volta jogo a roupa no tanque como se tivesse com cocô!"

Outra publicação, esta de abril de 2020, mostra uma conversa pelo WhatsApp com a atriz e a amiga Ingrid Guimarães. Ela pergunta: "Tá tudo bem aí?". Paulo Gustavo responde: "Essa pergunta não tá se usando mais, senhora! Caiu em desuso! Óbvio que não! Trancafiado! Vou dormir!"

Quem puder, disse ele no dia 7 de abril do ano passado, fica em casa "para ajudar a proteger que não pode ficar". "Tem gente que não pode, tem que ir pra rua trabalhar, ganhar dinheiro. Você que tem dinheiro na tua conta e pode ficar em casa ou trabalhar de casa, trabalha de casa", pediu.

"O problema é quem tá na rua como se fosse férias! A praia do Leblon ontem cheia de gente passeando! A maioria daquelas pessoas podem ficar em casa, até pra proteger quem não pode ficar! Só tem que sair quem precisa trabalhar!"

"A gente tá em quarentena, né? Esses dias eu estava na janela, vi o povo caminhando na calçada na praia. Estamos aí com o coronavírus atrás da gente. Eu não tenho condição nenhuma de sair de casa. Eu tenho problema respiratório. Mesmo que não tivesse, tenho idosos no prédio. Não dá para voltar da rua tomado de corona e passar pro senhor que tá no edifício."

Sua primeira publicação comentando a quarentena foi em 17 de março do ano passado. "Que louco como as pessoas não estão respeitando e levando a sério o que está acontecendo não só com a gente, mas com o mundo! Gente, ACORDA! Não rola ficar saindo pra praia, boate, restaurante, clube, festas...NÃO ROLA..é sério! Só é pra sair de casa quem precisa sair, pra ir num supermercado, numa farmácia, ajudar um parente, pra TRABALHAR (ÓBVIO), mas quem pode ficar em casa, FICA por favor! Não dá pra ficar fazendo vista grossa pro que está acontecendo no nosso país e no mundo! Se a gente não correr atrás de impedir esse proliferação do vírus, VAI DAR M*!!! Já está dando! E tá bola de neve, efeito dominó! Mas vai piorar! Por isso, fica atento! Não vamos ser egoístas e só pensar em nós! Vamos pensar no vizinho, no amigo, nos nossos pais, nossos avós... vamos pensar no outro! Vamos ter empatia!", escreveu, ao lado de uma foto mostrando a praia lotada no Rio.

Depois de sua morte, fãs encheram suas publicações de lamentos e mensagens de condolências. Os pedidos de Paulo Gustavo para que as pessoas ficassem em casa e seus apelos pela vacina são vistos com tristeza.

maior aumento percentual de mortes, desde janeiro de 2021, ocorreu justamente na faixa etária do ator, que morreu aos 42 anos. O total de mortes em decorrência da covid-19 de brasileiros entre 40 e 49 anos quadruplicou no período.


BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE