domingo, 17 de janeiro de 2021

BOM JARDIM: a semana da Secretaria Municipal de Educação


A imagem pode conter: 5 pessoas, pessoas em pé, texto que diz "BOMJARDIM.PE.GOV.BR E 30UJG Secretaria de Educação faz balanço da primeira semana de trabalho BOM JARDI"
Uma semana bastante intensa para a Secretaria de Educação, que se dividiu em várias frentes para o desenvolvimento do trabalho!
Nesta semana, por meio da Secretaria começamos o recadastramento dos servidores efetivos que está sendo realizado na Escola 19 de Julho, iniciamos as visitas em todas as escolas municipais para acompanhar de perto o recebimento das matrículas e a adequação da rede para o retorno das aulas em tempo oportuno, além de continuarmos o atendimento na própria Secretaria de Educação. Muitos são os desafios encontrados nesses primeiros dias de gestão, mas estamos prontos e com a esperança de dias melhores!
Bom Jardim é de todos nós!, comentou Danielly Monteiro no Facebook.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Lei Aldir Blanc: 2ª Bienal BJ ARTE começa dia 25 de Janeiro 2021


O Museu de Bom Jardim- PE vai realizar a 2ª BJ Arte no período de  25 de janeiro a 11 de fevereiro. Artistas, grupos,  produtores culturais  poderão  inscrever seus trabalhos e projetos  para participarem da mostra no período de 11 até 14 de janeiro pelo E-mail: museudebomjardimpernambuco@gmail.com ou pelo   https://www.facebook.com/Museu-de-Bom-Jardim-102378824924912  via Google Formulários  https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeML3XICC0SEYUd-gKm9a6-M8sMoDnAvZlxSyojLTUBL2B9FQ/viewform?fbclid=IwAR1cTIMESAUVkrXudVaPfK4DDNXK5M7pL_V8Lutv1_aqjL8rE9NI-RO3Ros.                  A programação contempla exposição de arte, apresentações culturais, realização de oficinas de música, dança, artesanato, brinquedos da cultura popular / teatro de mamulengo e feira de artesanato. As atividades serão desenvolvidas de forma híbrida por meio presencial e virtual em lives transmitidas e gravadas no espaço do Museu de Bom Jardim e em outros locais gerenciados pelo poder público local.

Breve serão anunciadas  as inscrições para as oficinas. A 2ª BJ Arte conta com o financiamento da Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Governo de Pernambuco), Secretaria Especial de Cultura do Ministério de Turismo( Governo Federal). 

A prefeitura de Bom Jardim, por meio da Secretaria de Esportes, Cultura e Turismo, o Centro Educacional e Cultural Professora  Marineide Braz, a Rádio Cult FM e  Blogs da região também apoiam ações do Museu de Bom Jardim.

A  nova sede do Museu de Bom Jardim está localizada na Rua Manoel Augusto, 90 , Centro Bom Jardim - PE. Mais informações pelo whatsapp 81 - 9. 2000-8246



Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 10 de janeiro de 2021

Museu de Bom Jardim convida artistas para 2ª BJ Arte em sua nova sede




O Museu de Bom Jardim convoca artistas e grupos culturais para participarem da 2ª Bienal de Arte que acontecerá no período de 25 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021.

As inscrições serão realizadas no período de 11 a 14 de janeiro pelo e-mail museudebomjardimpernambuco@gmail.com ou pelo   https://www.facebook.com/Museu-de-Bom-Jardim-102378824924912  via Google Formulários  https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeML3XICC0SEYUd-gKm9a6-M8sMoDnAvZlxSyojLTUBL2B9FQ/viewform?fbclid=IwAR1cTIMESAUVkrXudVaPfK4DDNXK5M7pL_V8Lutv1_aqjL8rE9NI-RO3Ros.     Os interessados deverão identificar no momento do preenchimento dados pessoais da linguagem artística em que atuam.

O projeto 2ª BJ ARTE foi aprovado pelo Edital de Criação, Fruição e Difusão  da Lei Aldir Blanc no estado de Pernambuco. 

Serão aceitos trabalhos declarados autorais nas seguintes linguagens artísticas e campos culturais: pintura, desenho, gravura, fotografia, audiovisual, teatro, dança, história em quadrinhos, charges, arte digital, escultura, literatura, poesia, cordel, repente, arte urbana, apresentações culturais, publicações, textos, objetos e curiosidades históricas e oficinas.

As propostas serão avaliadas e selecionadas para participarem da Mostra BJ ARTE 2021 e/ou para outros eventos  do calendário cultural do Museu de Bom Jardim em 2021.

As obras de arte, trabalhos, artistas e grupos culturais aos se inscreverem autorizam, simultaneamente, neste ato, a permissão do uso de imagens dos trabalhos, ações, obras de autores e de imagem de seus participantes para fins culturais, divulgação publicitária e registro documental do Ministério do Turismo, Secretaria de Cultura de Pernambuco, Governo Federal, Museu de Bom Jardim e Governo Municipal, conforme Lei Aldir Blanc.

Os expositores receberão certificados de participação e farão parte do cadastro cultural do Museu de Bom Jardim. Além disso, poderão ser contratados para eventuais projetos do Museu de Bom Jardim e serão, preferencialmente, convidados para eventuais parcerias  em editais públicos e privados, podendo receber prêmios conforme condições disponíveis. Os expositores participarão de rodadas de negócios. Serão veiculados nas mídias locais e regionais, sendo, assim, reconhecidos publicamente perante as esferas governamentais e reconhecimento público.

As apresentações serão desenvolvidas de forma híbrida por meio presencial e virtual em lives transmitidas e gravadas no espaço do Museu de Bom Jardim e em outros locais gerenciados por parceiros nesta ação.

A nova sede do Museu de Bom Jardim está localizada na Rua Manoel Augusto 90, Centro, Bom Jardim -PE. CEP 55730-000.


Bom Jardim, 10 de janeiro de 2021.


Edgar Severino dos Santos

Produtor Cultural 

Curador da 2ª BJ ARTE



Professor Edgar Bom Jardim - PE

Enem vai expor nova camada de exclusão entre alunos mais pobres, diz estudioso de desigualdade na educação



Participante em prova do Enem em 2017
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Participante em prova do Enem em 2017; alguns grupos defendem novo adiamento da prova, para dar mais tempo de alunos se prepararem e de o país sair do pico de novos casos da covid-19

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que realizará sua edição 2020 em 17 e 24 de janeiro, vai escancarar novas camadas de desigualdade na educação surgidas durante a pandemia do coronavírus e que prejudicam principalmente os jovens mais vulneráveis no terceiro ano do ensino médio.

A avaliação é de José Francisco Soares, especialista em mensuração de desigualdade de ensino que entre 2014 e 2016 foi presidente do Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pela aplicação do Enem e das demais avaliações da educação no país.

É também professor emérito da UFMG e cocriador do Indicador de Desigualdades Educacionais e Aprendizagens (IDeA), índice que avalia, em cada município brasileiro, o nível de aprendizagem e suas desigualdades entre diferentes grupos sociais e raciais.

Na prática, essas novas camadas de desigualdade a que se refere Soares farão com que alunos com melhores condições de estudar - por exemplo, os que tiveram segurança alimentar, acesso à internet e às aulas - ou que já tivessem concluído o ensino médio terão mais chance de conseguir vagas em universidades via Enem.


Isso em detrimento dos alunos mais vulneráveis, que ficarão mais distantes do ensino superior e, como consequência, com menos chance de renda maior e de oportunidades melhores de empregos no futuro. Os mais prejudicados, na visão de Soares, tendem a ser os alunos de ensino médio que não conseguiram acompanhar as aulas.


Criaria-se, assim, uma nova exclusão, mesmo entre grupos que tradicionalmente já tinham dificuldades de acesso ao ensino superior.

Para Soares, a despeito dos novos entraves para a realização do Enem, depois de um ano de ensino remoto e em meio a um novo pico de casos de covid-19 no país, não faria sentido adiar o exame novamente - ele avalia que o Inep tem estrutura logística suficiente e que, ao adiar as provas, jogaria-se no aluno o ônus por seu possível mau desempenho, em vez de tratar o problema como algo estrutural.

"Prefiro dizer: há um problema novo (de desigualdade) que a gente precisa tratar", opina.

O tema, porém, tem despertado intensos debates nos últimos dias. Na sexta-feira (8/1), a Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça pedindo o adiamento do exame, afirmando que "não há maneira segura para a realização de um exame com quase seis milhões de estudantes neste momento, durante o novo pico de casos de covid-19".

Em entrevista à BBC News Brasil, Soares comentou também sobre outras manifestações crônicas da desigualdade de ensino e de estratégias para combatê-las - usando, inclusive, a tecnologia, que na pandemia ganhou espaço inédito na educação.

Francisco Soares
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Francisco Soares foi presidente do Inep (órgão do MEC) e ajudou a criar novo indicador de desigualdade na educação

Veja a seguir trechos da conversa, divididos por tópicos:

Enem: logística e desigualdades

Questionado pela reportagem se este será o Enem mais desafiador dos cerca de 20 anos de história do exame, Soares diz que a equipe técnica do Inep está preparada para as questões logísticas da prova mesmo nas condições impostas pela pandemia.

"Costumo falar que se o Brasil entrasse numa guerra, o coordenador logístico teria que ser alguém dessa equipe (do Inep), que há muitos anos vem conseguindo fazer o exame no país: a prova chega, os fiscais chegam, é muito impressionante. O Brasil tem essa capacidade logística também nas vacinas, nas eleições. Esse é um lado que dá um certo conforto", diz.

"Neste ano tem o desafio do distanciamento social, mas o número (de 5,7 milhões de inscritos) é muito menor. Não estamos batendo nos 9 milhões. Esse grupo experiente vai abrir os espaços necessários (para a realização da prova)."

Do ponto de vista de ensino durante a pandemia, porém, a questão é mais grave, diz Soares.

Apesar de acreditar que a desigualdade de acesso ao ensino superior é bastante amenizada pela Lei das Cotas - que reserva 50% das vagas de universidades e institutos federais a alunos de escolas públicas -, o Enem deste ano vai escancarar problemas que se aprofundaram.

"A vantagem (dos jovens) que estudam em escolas privadas e que têm na família um apoio maior vai se compondo de tal maneira que, quando chega a hora do Enem, é quase um jogo de carta marcada. Ele escancara as desigualdades. Só que neste ano isso ficou pior, porque criamos uma nova desigualdade, entre os alunos que estão terminando o ensino médio (e não conseguiram acompanhar as aulas) e os que já tinham terminado. Uma nova desigualdade entre os mais pobres. Criamos uma exclusão nova", explica.

"Não estou dizendo que a gente deve adiar o Enem, que não deve ter Enem. O que estou dizendo é que a gente precisa tratar disso de forma concreta. (...) Uma hipótese provável é que vamos ter menos estudantes de ensino médio das escolas públicas sendo admitidos (em universidades públicas, em favor de alunos que já haviam concluído o ensino médio antes da pandemia). Não é fácil, porque é uma distinção entre dois grupos que já eram excluídos. Por isso falo que estamos inventando uma nova desigualdade."

Participante com prova do Enem, em foto de arquivo
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Participante com prova do Enem, em foto de arquivo; edição de 2020 do exame vai expor novas camadas de desigualdade entre jovens que conseguiram ou não estudar durante a pandemia

Uma possível solução, embora de implementação difícil, seria reservar vagas nas universidades públicas para alunos que estavam no terceiro ano, em proporção semelhante ao que cada universidade aprovou no ano anterior, diz ele.

Debate sobre adiamento do Enem

Embora as soluções não sejam fáceis, Soares acha mais eficiente focar os esforços nelas do que em discutir um eventual novo adiamento do Enem - que tem sido defendido por parte dos estudantes, analistas de educação e grupos políticos, para dar mais tempo de preparo aos jovens e tentar sair do pico da pandemia.

"Acho que (adiar) não teria nenhum efeito, basicamente. Temos um processo de seleção, infelizmente, que vai separar (jovens admitidos ou não no ensino superior). Prefiro perceber que houve uma nova desigualdade e não deixar esses alunos padecerem. Mas acho que o sistema tem que continuar", afirma.

"O Brasil tem (o hábito) de transferir culpa. Então, quando adio o Enem, estou também criando uma fantástica justificativa: 'você não passou, o problema é seu'. Prefiro dizer: há um problema novo que a gente precisa tratar. Não vai ser com algo episódico (adiamento) que vamos resolver."

Evasão escolar, a 'batalha' principal de 2021

Pesquisas de opinião recentes com pais de alunos da rede pública de ensino sugerem que um alto índice deles - até um terço - teme que os filhos abandonem a escola por conta da pandemia.

Para Soares, evitar a evasão escolar será o maior desafio da educação neste ano.

"Com todas as críticas que a gente pode ter, o país vinha melhorando ao longo desses anos. A primeira melhoria foi levar o aluno para a escola. (...) Onde começa o problema? Aos 13 anos. A criança entra na adolescência e começa a desistir (da escola). É isso que a pandemia vai acirrar", afirma.

Especialistas apontam que, ao sair da escola e entrar precocemente no mercado de trabalho - particularmente em um momento de crise econômica -, esse jovem iniciará uma trajetória de piores perspectivas profissionais, menores salários e menor chance de mobilidade social.

"Temos que cuidar para a criança não sair da escola. Esse é o esforço de todo mundo - da igreja, da cidadania, dos partidos, de quem for. Essa é a batalha deste ano. Com acolhimento, preciso criar um ambiente para trazer o aluno para a escola. Tem também os professores, que passaram um ano muito difícil. E eles precisam ganhar prioridade na vacinação. A gente precisava sinalizar que isso é importante. Falta no Brasil essa vontade de colocar a criança no centro (das políticas públicas)."

A evasão e a repetência escolares são também uma grande fonte de desperdício de recursos, uma vez que mantêm o sistema educacional mais inchado para atender alunos que demoram a completar - ou sequer completam - o ciclo de anos de estudo.

"Quando a criança sai ou toma bomba, eu tenho um sistema maior do que preciso. Então a criança precisa ficar na escola."

Criança estudando
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"Criamos uma nova desigualdade, entre os alunos que estão terminando o ensino médio (e não conseguiram acompanhar as aulas) e os que já tinham terminado", diz Soares

Desigualdades educacionais crônicas

O mais recente Índice Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal mensuração da qualidade do ensino no país e divulgado pelo Ministério da Educação em setembro, apontou avanços na educação geral do Brasil, embora poucos Estados tenham alcançado as metas previstas.

Mesmo esses avanços devem ser lidos com cautela, explica Soares, porque mascaram desigualdades educacionais invisíveis aos dados.

"Eu colocaria a 'melhora no Ideb' entre aspas. Porque o Ideb (mensura o desempenho escolar) das crianças que estão na escola. As que saíram, já era. É algo tipicamente brasileiro", diz o pesquisador.

"Imagina: você é brasileiro e saiu da escola por um motivo qualquer. Você é quem mais precisa da escola. Mas você não impacta o indicador. Isso é de um cinismo estrutural. (...) Além disso, temos uma expectativa muito baixa" em relação à educação pública, argumenta.

Estratégias para avançar: de tecnologia a ensino integral

"A pandemia trouxe problemas novos para os quais não temos solução. Como fazer a escola funcionar em uma situação como esta? Mas tem uma coisa importante que a pandemia está nos ensinando a amadurecer à força: está nos dizendo que, para vencer a desigualdade, preciso da tecnologia", defende Soares.

"Na saúde, estamos perto de ter um prontuário único (para cada paciente), algo que traz muitos problemas em potencial, mas também muita facilidade: quando você for atendida, o médico vai conhecer toda a sua história. Mas na educação a gente não tem esses dados. Com a tecnologia, talvez a gente tenha uma ferramenta (para acompanhar todo o desenvolvimento escolar), não preciso esperar até o aluno estar no cursinho (para diagnosticar problemas)."

Um avanço que tem sido comemorado por Soares e outros especialistas em educação é a aprovação recente, pelo Congresso, do Fundeb, fundo de dinheiro público para a educação básica que passa a ser permanente e obrigatoriamente ganhará mais recursos por parte do governo federal.

Aula de matemática
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Impedir que jovens abandonem a escola deverá ser o maior desafio da educação em 2021

"Isso é uma coisa boa, mas temos que usar bem: oferecendo escola de tempo integral, para professor e aluno. (...) E uma quantidade enorme de jovens gostaria de, durante o ensino médio, ter alguma certificação (técnica). Uma vez, uma pessoa que veio instalar uma antena na minha casa me disse: 'terminei o ensino médio e não sabia nada. Precisei pagar (para se capacitar e conseguir seu emprego)'. De novo, olha como o país é: não deu nada a ele e, para ele ter emprego, teve de pagar."

"Então essa é uma primeira mudança razoável: junto com a escola, ter uma certificação. E colocar o ensino superior no horizonte (dos jovens de escolas públicas). Tem muita iniciativa interessante. As escolas de tempo integral de Pernambuco, por exemplo, têm uma disciplina de projeto de vida. Não é dizer ao aluno: 'sonhe'. É dizer 'você está aqui, pense no que vai ser feito (para crescer)'".

Mas o ponto de partida é de fato enxergar cada brasileiro como merecedor de uma educação de alta qualidade e de acesso pleno à cidadania, opina Soares.

"O Brasil é um país que tem uma porta de entrada para a cidadania. Nós precisamos vencer isso. É uma decisão que precisa estar na nossa cabeça: todo brasileiro tem que ser brasileiro. O sonho brasileiro é ser o opressor. 'Eu quero estar no seu lugar'. (Mas) o projeto que vai nos mover é dizer: 'eu vou puxar todo mundo para cima'."

  • Paula Adamo Idoeta
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Por que tantos jovens concluem estudos sem desenvolver verdadeiro espírito crítico



Imagem da pintura A morte de Sócrates
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Custou muito caro para Sócrates fazer certas pessoas pensarem

A história conta que Sócrates era conhecido entre seus concidadãos como "a mosca de Atenas". Diz-se também que ficou encantado com o apelido porque o descrevia muito bem: sua missão era provocar as pessoas por meio de perguntas e explicações que incomodavam e, sobretudo, faziam despertar.

Custou muito caro ao grande filósofo grego fazer pensarem certas pessoas que, na verdade, preferiam continuar dormindo. E decidiram que essa "mosca" que não parava quieta deveria tomar cicuta.


No entanto, seu espírito crítico resultou em uma das maiores revoluções da história.

Esse convite a pensar com critério — nos perguntar por que é que as coisas são assim e não de outro jeito, tentar descobrir verdades e desmantelar falsidades, e não deixar de dizer, como ele mesmo fazia, "só sei que nada sei" — não tem igual.


Basicamente porque o espírito crítico nos liberta da ignorância, ou seja, de qualquer pessoa ou coisa que queira pensar por nós; e já sabemos que estamos rodeados de pessoas e dispositivos tecnológicos dispostos a isso.

Certamente não há como conversar com pessoas imbuídas desse espírito, eles nos ensinam tudo o que foi dito e nos mostram que há pessoas com quem é muito agradável conversar.

Nosso pensamento atual e majoritário sobre a educação, essa voz indeterminada e envolvente que marca nosso caminho, aposta no espírito crítico.

Espírito de 'bijuteria'

As novas gerações, dizem, devem melhorar o mundo, e precisamos de muitos Sócrates em escritórios, hospitais, escolas, partidos políticos, ruas e praças.

Alunos em sala de aula
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Os alunos são ensinados que devem ter suas próprias opiniões, mas, para isso, devem estar bem informados antes

No entanto, a realidade mostra que, com esse discurso, não só se forma um espírito crítico, mas também, e cada vez mais, versões malsucedidas dele.

Não são poucos os jovens que, depois de passarem pelas diferentes etapas educacionais, incluindo a universidade, se apresentam na sociedade com um espírito crítico de "bijuteria", bem distante do de Sócrates.

Ou repensamos a educação e suas políticas, e a comunidade passa a valorizar mais os espíritos críticos do que jogadores de futebol e celebridades, ou o corpo docente e as famílias que buscam cultivá-los no dia a dia verão sua alegria ir pelo ralo.

A seguir, vamos analisar três dessas "imitações" e, quem sabe, algumas soluções.

Algumas imitações

1. O espírito crítico é o conjunto de opiniões que alguém defende. O famoso lema que diz que o aluno é o protagonista da educação pode ser a principal causa desta curiosa imitação. Isso é o que queremos que aconteça, claro, mas deveríamos reconhecer que não pode ser logo de cara, pelo menos não em relação ao espírito crítico.

E não porque não se queira, mas porque o aluno não está em condições de assumir tal papel. Quem pensa que o evento educativo consiste, precisamente, em conduzir o aluno à conquista do seu protagonismo, isto é, da sua autonomia intelectual e moral, se surpreende ao ouvir que tal coisa "já vem da fábrica" ​​e que o que você precisa fazer é fortalecê-la ao máximo.

Assim sendo, se educa o "opinador", indivíduo convicto de que sua opinião é tão válida quanto a de qualquer pessoa, também na qualidade de quem mais sabe; e encorajado a se manifestar em qualquer conversa dando palestras.

Não há espírito crítico quando passamos por cima do princípio que diz que, para opinar, devemos primeiro conhecer, quando deixamos de valorizar que a autonomia intelectual e moral consiste em percorrer um longo e duro trecho de verdades.

Imagem de uma edição de Dom Quixote de la Mancha
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'Um livro ou um filme é um clássico porque nunca acaba de dizer o que está dizendo, porque sempre nos desafia'

2. O espírito crítico é o domínio e o conhecimento do que está acontecendo hoje e agora. E é isso que estamos fazendo há anos: educar em respostas úteis, rentáveis e eficazes.

Porém, se há algo que mantém vivo o espírito crítico, são as grandes questões que afetam a todos e nunca saem de moda, e deveríamos pensar por que há tantos jovens que terminam a jornada educacional quase sem ter nada sério que perguntar sobre si mesmos e o mundo em que habitam.

Essas grandes questões costumam ser encontradas nos clássicos do pensamento, sim, naquelas obras que, como dizia Ítalo Calvino, tendem a relegar as atualidades à categoria de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não podem prescindir dele.

Por isso um clássico, seja há séculos ou dez anos, um livro ou um filme, é um clássico porque nunca acaba de dizer o que está dizendo, porque sempre nos desafia.

Por mais que seja difícil de acreditar, um espírito crítico sem clássicos tropeça, se é que realmente anda, e nos surpreende que os universitários, estudem a carreira que for, não tenham primeiro um curso de artes liberais, grandes ideias, humanidades, cultura geral ou como você quiser chamar.

3. O espírito crítico se manifesta de várias maneiras, de acordo com a natureza de cada um. Talvez os meios de comunicação e as redes sociais sejam a melhor vitrine do que está sendo dito aqui. No entanto, algo nos diz que a coisa vai na direção oposta, que esse espírito se conquista, que é você que deve se adaptar a ele.

Isso é demonstrado por aquelas pessoas que aprenderam a filosofar com delicadeza, humildade, prudência e boas palavras, que fogem do fervor, da grosseria, do rancor e vingança.

O espírito crítico também tem sua estética, algo que, devo dizer, não costuma constar na lista de competências de nossos currículos escolares e universitários.

Essa estética é aprendida muito bem pelos exemplos. Seria bom selecionar alguns deles e analisá-los semanalmente com nossos alunos.

Por fim, não disporemos de jovens com espírito crítico apenas com a intenção, muito menos ao reforçar imitações que não fazem mais nada do que obscurecer e desperdiçar o convite de Sócrates e de tantos outros que seguiram o seu caminho.

* Francisco Esteban Bara é professor associado do Departamento de Teoria e História da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Barcelona, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).

BBC

  • Francisco Esteban Bara
  • The Conversation*
Professor Edgar Bom Jardim - PE