quarta-feira, 15 de julho de 2020

Nossa gratidão a Severino Cavalcanti



Por Dimas Santos

É com pesar que lamentamos o falecimento do ex-deputado e ex-prefeito Severino Cavalcanti, aos 89 anos, em Recife.

Severino Cavalcanti deixa para a população a marca de um dos maiores líderes políticos que o município de João Alfredo já teve.

Além de uma liderança política histórica, Zito Cavalcanti trilhou uma trajetória de importantes ações em prol do desenvolvimento econômico e social de João Alfredo e região.

Sua morte deixa certo vazio na política não só de João Alfredo, mas de Pernambuco e do Brasil. Detentor de 7 manados de deputado estadual, 3 de deputado federal e 2 mandatos de prefeito de João Alfredo, além de presidente da Câmara dos Deputados, Zito Cavalcanti trilhou um verdadeiro Caminho de Sucesso, com muita fé em Deus, defendendo a Família, com muito trabalho e, principalmente, amor à Cidade Feliz, sua terra  Natal.

Que Deus, em sua infinita misericórdia, possa confortar a todos os familiares e amigos neste momento de tristeza, dor e saudade eterna. À família, as nossas mais sinceras condolências.

DIMAS SANTOS

Ex-vice prefeito de João Alfredo

Dimas Santos e Severino Cavalcanti



Faleceu na madrugada desta quarta-feira (15) em sua residência no Recife, aos 89 anos, Severino José Cavalcanti Ferreira – Severino Cavalcanti., deixando viúva Dona Amélia com quem teve os filhos Zé Maurício (ex-deputado estadual), Ana Cristina (ex-deputada estadual) e Catharina, além de netos e bisneto. Sua trajetória política o coloca entre os destacados políticos de Pernambuco e a grande liderança política de João Alfredo, sua cidade natal.

Familiares informam que o corpo de Severino Cavalcanti será sepultado a partir das 15 hs de hoje, no Cemitério de São José em João  Alfredo. Por conta de determinação legal para se evitar aglomerações por conta da propagação da covid-19, o cortejo fúnebre chegará à Cidade Feliz e seguirá direto para o cemitério. A causa mortis de Seu Zito Cavalcanti foi complicações súbitas em sua enfermidade (diabetes e problemas caríacos). 

Biografia

Severino José Cavalcanti FerreiraSEVERINO CAVALCANTI, filho de João Vicente Ferreira e Maria Amélia Cavalcanti Ferreira, nascido a 18 de dezembro de 1930, no município de João Alfredo (PE), é filiado ao PP (Progressistas) e foi eleito para as seguintes legislaturas: 1995-1999, 1999-2003, 2003-2007. Eleito Presidente da Câmara dos Deputados no dia 14 de fevereiro de 2005, solicitou sua renúncia no dia 21 de Setembro de 2005, ao mandato de Deputado Federal e, conseqüentemente, ao cargo de Presidente da Mesa Diretora. Além do mandato federal, foi prefeito de João Alfredo (PE), de 1964 a 1966, de 2009 a 2012 e Deputado estadual a partir do ano de 1967, cargo que ocupou durante 28 anos com sete mandatos consecutivos (1967-1995).

Ao longo de sua atividade parlamentar se destacou na luta em defesa da família, dos pequenos e microempresários e das classes produtoras. Esteve filiado à UDN (União Democrática Nacional), de 1962 a 1966; à Arena (Aliança Renovadora Nacional) de 1966 a 1979; ao PDS (Partido Democrático Social), de 1980 a 1987; ao PDC (Partido Democrata Cristão), de 1987 a 1990; ao PL (Partido Liberal), de 1990 a 1992; ao PPR (Partido Progressista Renovador), de 1992 a 1993; ao PFL (Partido da Frente Liberal), de 1994 a 1995; ao PPB (Partido Progressista Brasileiro), de 1995 a 2003; e ao PP (Partido Progressista), a partir do ano de 2003.

Ao longo de sua vida parlamentar exerceu as seguintes atividades partidárias: membro do Diretório Geral da ARENA em Recife, PE, 1964-1965; membro do Diretório Regional da ARENA, PE, 1967-1979 e 1982-1986; Vice-Líder da ARENA, 1975-1977; Primeiro-Vice-Líder do PDS, 1983-1985; Primeiro-Vice-Líder do Governo (PDS), 1983-1985; Líder do PDC, 1985-1987; Secretário-Geral do PDC, 1986-1990; Presidente Regional do PPR/PE, 1992-1993; Vice-Líder do Bloco PPB/PL, 1996-1997.

Foi, também, diretor e presidente da Agroindustrial e Comercial Cavalcanti Ltda., em João Alfredo, PE, 1961-1988 e participou do I, II, III e IV Congressos Nacionais de Cooperativismo, Rio de Janeiro, RJ, 1967, Porto Alegre, RS, 1968, Salvador, BA, 1969, e Brasília, DF, 1970. 

Dentre suas atividades parlamentares destacam-se: A) ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO: Mesa: Primeiro-Vice-Presidente e Quarto-Secretário. Comissão de Administração Pública: Suplente; Comissão de Ciência e Tecnologia: Presidente; Comissão de Constituição, Legislação e Justiça: Suplente e Titular; Comissão de Defesa do Meio Ambiente: Vice-Presidente; Comissão de Finanças, Orçamento e Economia: Titular; Comissão de Saúde e Assistência Social: Suplente. B) CONGRESSO NACIONAL: Comissão Mista Contratos para Produção de Bens Imóveis: Titular; Comissão Mista Instituição do SIMPLES: Suplente; Comissão Representativa do Congresso Nacional: Titular. C) CÂMARA DOS DEPUTADOS: MESA: Presidente, 2005; Segundo-Vice-Presidente e Corregedor, 1997-2000; Primeiro-Secretário, 2001-2003; Segundo-Secretário, 2003-2005. D) COMISSÕES PERMANENTES: Constituição e Justiça e de Redação: Suplente; Direitos Humanos: Suplente; Economia, Indústria e Comércio: Titular; Relações Exteriores: Suplente. E) COMISSÕES ESPECIAIS: Falência, Concordata Preventiva e a Recuperação das Empresas com Atividades Econômicas: Titular; PEC nº 5/95, Empresa Brasileira: Suplente; PEC nº 25/95, Modifica Caput Art. 5º da Constituição Federal, Inviolabilidade do Direito à Vida: Titular; PEC nº 41/91, Modifica § 4º, Art. 18 da Constituição Federal, Restrição da Criação de Municípios na Época das Eleições: Suplente; PEC nº 155/93, Imunidade Parlamentar: Titular; PL nº 1.151/95, Disciplina União Civil entre Pessoas do Mesmo Sexo: Titular; PL nº 4.425/94 do Senado Federal, Planos e Seguros de Saúde: Suplente. F) COMISSÕES EXTERNAS: Cerimônias Fúnebres do Sepultamento do Frei Damião: Titular; Violência da Zona da Mata Sul, PE: Titular. CPI: Adoção e Tráfico de Crianças Brasileiras: Titular; Bingos: Titular. G) CONSELHOS, FRENTES E GRUPOS PARLAMENTARES: Comissão de Sindicância Denúncias Veiculadas pelo Jornal Folha de S. Paulo: Coordenador e Titular.  

Dentre suas atividades sindicais, representativas de classe e associativas destacam-se: presidente da Cooperativa de Crédito Agrícola de João Alfredo, PE, 1963-1965; presidente da Campanha do Ensino Gratuito em João Alfredo, PE, 1964-1965; Membro do Condepe, Recife, 1970-1973; diretor e fundador (1970) e vice-presidente (1971-1974) da Ocepe, Recife.

Recebeu as seguintes condecorações: Deputado do Ano, Bancada da Imprensa da ALPE, 1972; Deputado Mais Atuante, Bancada da Imprensa, ALPE, 1974; Deputado Eficiente, Bancada da Imprensa, ALPE, 1975. Títulos: Cidadão Honorário e Benemérito de Aparecida do Norte, SP, 1972, e de Buenos Aires, PE, 1975; Cidadão Honorário do Estado da Geórgia, EUA, 1977. Prêmios: Springer de Economia, ALPE/Springer NE S.A., 1973; Springer de Cultura, ALPE/Springer NE S.A., 1985. Medalhas: da Soberana Ordem dos Cavaleiros do Estado de São Paulo, 1978; Pernambucana do Mérito, Classe Ouro, Governo do Estado de Pernambuco, 1979; do Mérito Militar, 1984, e Pernambucana do Mérito Policial Militar, 1991, PM/PE; do Mérito José Coutinho, CM, Ribeirão, PE, 1998; do Pacificador Duque de Caxias, Recife, PE, 1998; do Mérito Tamandaré, Marinha do Brasil, Brasília, DF, 2000. Ordens: do Mérito Pau-Brasil, São Lourenço da Mata, PE, 1992; Estadual do Mérito Renascença do Piauí, Governo do Estado, 2001; Ordem do Rio Branco, no Grau de Grã-Cruz, Ministério das Relações Exteriores, 2005.

Em missões oficiais, foi convidado para participar do seminário sobre Administração Pública pelo Senado do Interior, Berlim, Alemanha, 1981. Representante da ALPE em missão econômica a BIT, Milão, Itália, 1991. Representante da Câmara dos Deputados: no Encontro de Políticos e Legisladores do Continente Americano, Pontifício Conselho para a Família, México, 1996; na Conferência O Serviço Público em Transição – A Valorização de seu Papel, Profissionalismo, Padrões Éticos e Valores, Tessalônica, Grécia, 1997; em visita ao Congresso Norte-Americano, a convite do presidente do NTSB, Washington DC, EUA, 1998; no Pontificio Consiglio per la Famiglia, III Encuentro para América – Familia y Vida a los 50 Anos de la Declaración Universal de los Derechos Humanos, Buenos Aires, Argentina, 1999; no Encontro da Diretoria Executiva da Liga Mundial pela Liberdade e Democracia, Nova York, EUA, 2001; na cerimônia de canonização da primeira santa brasileira da Igreja Católica, Madre Paulina, Vaticano, Itália, 2002. Representante da Comissão de Sindicância para apurar denúncia publicada na Folha de S. Paulo, envolvendo membro da Câmara dos Deputados, São Paulo, SP, 1997. Participou, ainda, em setembro de 2005, na sede da ONU, em Nova Iorque, da 2ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamento, promovida pela União Interparlamentar (UIP). Em Nova Iorque, reuniu-se, também, com os presidentes de parlamentos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).  (Referências: Câmara dos Deputados)

Dimas Santos

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Imagem do Brasil derrete no exterior e salienta “crise ética e de falência de gestão” com Bolsonaro



 notícia de que o presidente Jair Bolsonaro contraiu a covid-19 deu a volta ao mundo, repercutindo nos principais veículos internacionais, que ressaltaram o histórico de declarações negacionistas do presidente brasileiro sobre a pandemia do coronavírus. Desde o início da crise sanitária, a cobertura sobre o comportamento de Bolsonaro, que defende que há um alarmismo sobre a pandemia e que o coronavírus é uma “gripezinha”, tem ganhado mais espaço no noticiário internacional e acelerado um desgaste da imagem do Brasil no exterior, segundo um estudo da consultoria Curado & associados.

MAIS INFORMAÇÕES

O levantamento, que analisou as publicações de sete veículos internacionais de diferentes linhas editoriais, mostrou que essa percepção negativa do país piorou do primeiro trimestre para o segundo, e mostra uma “crise ética e de falência de gestão” do Governo. O tema da pandemia foi responsável por 68% do total da cobertura negativa no segundo trimestre, seguido pela cobertura da demissão do ex-ministro de Justiça Sergio Moro (10%) e da devastação da Amazônia (8%). O estudo mostra que a cobertura da gestão brasileira da covid-19 pela imprensa internacional cresceu 146% no segundo trimestre.

“A cobertura da crise sanitária agravou a percepção de um Governo irresponsável, de uma gestão sem liderança, cheio de declarações negacionistas sobre a doença. A notícia sobre o presidente ter testado positivo para o coronavírus, por exemplo, teve ampla cobertura pela forma desrespeitosa em que ele fez o anúncio”, diz Olga Curado sócia-fundadora da consultoria. Após informar que tinha contraído a doença durante entrevista coletiva com jornalistas no Palácio da Alvorada, o presidente tirou a máscara que usava. O mandatário brasileiro também seguiu insistindo que a infecção pelo novo vírus só é perigosa para idosos e pessoas com doenças prévias. Entre os veículos pesquisados estão o francês Le Monde, a revista inglesa The Economist, a alemã Der Spiegel e a edição espanhola do EL PAÍS.

Desgaste por números alarmantes do desmatamento

A consultora ressalta, no entanto, que, desde o ano passado, as críticas sobre as políticas ambientais de Bolsonaro também permeiam bastante o noticiário e que vários veículos já projetam os impactos econômicos das ações do Governo. Em 23 de junho, por exemplo, três jornais, The Guardian, The New York Times e The Washington Post fizeram reportagens sobre alertas de “investidores de trilhões de dólares” ao Brasil pelas políticas de “desmantelamento” da Amazônia. Naquele dia, instituições financeiras responsáveis pela gestão de mais de 4 trilhões de dólares enviaram uma carta ao Governo Bolsonaro avisando sobre o risco de retirada de investimentos no país caso não houvesse uma ações mais efetivas para controlar o desmatamento. Depois, o empresariado nacional aumentou o coro sobre o tema com um manifesto semelhante assinado por 38 companhias, entre elas pesos pesados como o Banco Itaú, o maior da América Latina, Santander, e empresas ligadas ao agronegócio, como o braço brasileiro da Cargill.

A pressão dos estrangeiros acendeu um alerta vermelho no Planalto, que marcou uma reunião por videoconferência com representantes dos fundos, na última quinta-feira, 9, comandada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia. Na sexta, foi a vez de Mourão receber o movimento brasileiro. “Em nenhum momento investidores se comprometeram com investimento, eles querem ver resultados, querem ver a redução de desmatamento”, disse Mourão, após o encontro online com investidores. O vice-presidente brasileiro admite a necessidade de combater ilegalidades na Amazônia, mas defende, assim como Bolsonaro, que há um exagero na percepção sobre destruição da região. “A floresta está em pé, muitos colocam que a floresta está queimando”, disse. Na mesma sexta-feira, 10, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou a maior alta de desmatamento para o mês de junho desde 2015, apesar de uma ação militar, comandada por Mourão, ter entrado na Amazônia em maio para combater o desmatamento.

No início do mês, em discurso na Cúpula do Mercosul, o mandatário brasileiro já tinha reclamado de “visões” no exterior que, segundo o seu entendimento, são “distorcidas” e não refletem o real esforço do Governo, sobretudo em temas como a defesa da região amazônica e o relacionamento com povos indígenas. Num esforço para continuar as negociações do acordo do bloco com a União Europeia, o presidente afirmou que seguirá o diálogo com diferentes interlocutores para desfazer essas opiniões. Segundo fontes diplomáticas europeias consultadas pelo EL PAÍS, se os resultados práticos de redução dos índices de desmatamento não aparecerem rapidamente, há um risco do acordo entres os blocos não sair do papel.

Incerteza política

Para além do problema ambiental, a crise política no país e a agenda econômica diante da pandemia também preocupa investidores estrangeiros que, ao fim e ao cabo, paralisam potenciais recursos que poderiam ajudar o Brasil ainda mais neste momento de crise. “Há uma forte incerteza política, saídas de ministros, discussões entre o Executivo, Congresso e governadores. Há até mesmo uma avaliação da condução de uma crise sanitária como essa. São coisas que os investidores ponderam no momento que decidem se vão investir em um país”, diz Martin Castellano, chefe da seção de América Latina do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Na avaliação de Castellano, há ainda muitas dúvidas sobre a capacidade que o presidente terá de retomar as pautas reformistas da equipe econômica. “Por conta da pandemia e motivos domésticos, as reformas ficaram de lado e perderam a prioridade. As restrições para seguir são mais desafiantes que antes”, diz. O próprio pacote de estímulo para combater os efeitos da crise sanitária, um dos mais ambiciosos da região, gera incerteza sobre o tamanho do rombo das contas públicas e o futuro fiscal do país, alerta Castellano. As primeiras consequências no curto prazo já podem ser constatadas com o aumento da saída de capital estrangeiro, principalmente do setor acionário, mas também do investimento estrangeiro direto, segundo Castellano. A projeção da Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) é que o o volume de capital estrangeiro para o país só tende a começar uma retomada em 2022, ano eleitoral, e um desafio em dobro para Bolsonaro que sonha com a reeleição. A forte desvalorização do real frente ao dólar nos últimos meses também é um indício dessa desconfiança crescente em relação à economia brasileira.

Do ponto de vista diplomático, o desgaste da imagem do Brasil diante da pandemia, que matou mais de 72.000 pessoas no país, já acarretou na perda de representatividade nos fóruns internacionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não convidou Bolsonaro para participar de debate multilateral sobre o enfrentamento à crise sanitária. “Sempre houve uma tradição brasileira, que nem os governos militares conseguiram destruir, de uma diplomacia competente e profissional, de mediação”, explica Javier Vadell, professor de relações internacionais da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais. Mas, agora, segue Vadell, com o alinhamento do Brasil com Donald Trump, as gafes do presidente e membros do Governo com líderes mundiais e toda a atitude negacionista sobre a Amazônia e a pandemia, “a reputação do país está no chão”.

Mais publicidade para agenda positiva

Com a imagem do Brasil abalada por sucessivas crises e declarações, o Governo tenta reverter o quadro apostando em mais gastos em publicidade e relações públicas para fomentar uma agenda mais positiva do país. A Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) pediu, no início de junho, a liberação ainda para este ano de 325 milhões de reais para publicidade e relações públicas ― mais que o dobro previsto no orçamento do início do ano ― e justificou o pedido de ampliação com o argumento da pandemia. Segundo a Folha de S. Paulo, em um dos ofícios da Secom à Secretaria-Geral da Presidência, se argumenta que a repercussão negativa das ações do Governo está impactando a imagem do país e é necessário incentivar a “veiculação de pautas positivas” no Brasil e no exterior. Há ainda o pedido de liberação de 60 milhões para gastar em veículos no exterior. “O Brasil tem sido citado de forma recorrente pelos principais jornais e agências de notícias internacionais, e críticas à atuação do governo no enfrentamento à covid-19 têm sido amplamente divulgadas”, diz o secretário-adjunto Samy Liberman em um dos ofícios encaminhados segundo a Folha de S.Paulo. Desde janeiro de 2019, a Secom está sem contrato para os serviços de relações públicas no exterior.

No Brasil, a imagem do presidente também sofre abalos. Segundo a pesquisa do Datafolha, feita no final de junho, a rejeição ao presidente atinge 44% dos brasileiros. A aprovação é de 32%, enquanto os que avaliam Bolsonaro como regular são 23%.

El País
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Violência Criminosa contra negros, pobres, favelados:Será que segmentos da PM querem derrubar Doria


Vídeo flagra os policiais em uma abordagem policial em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo

Policiais militares que foram flagrados agredindo uma mulher negra em Parelheiros, no extremo sul da capital, foram afastados, informou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

O governador João Doria (PSDB) classificou a abordagem como “inaceitável” após a exibição das imagens no Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo, 12.

O caso ocorreu no dia 30 de maio em uma abordagem policial realizada após uma reclamação por som alto nas imediações de um bar.

Em entrevista à TV Globo, a mulher, de 51 anos, conta que estava trabalhando no bar, quando viu que um policial estava batendo em um amigo. Ela diz que foi empurrada na grade do bar, levou três socos e teve a tíbia quebrada ao levar uma rasteira.

Em uma das cenas, a mulher aparece deitada no chão com o policial pisando em seu pescoço. Depois, ela é algemada e arrastada para uma calçada. Em seguida, a comerciante é novamente imobilizada pelo pescoço. Desta vez, o policial usa o joelho.

O tipo de imobilização usada no caso de Parelheiros tem sido alvo de críticas principalmente após a morte do americano George Floyd, em Minnesota, nos Estados Unidos, em maio, que gerou protesto ao redor do mundo.

Carta Capital

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo tem novo recorde diário de casos de covid-19 com altas nos EUA, Brasil e Índia


CoronavirusDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionForam mais de 230 mil casos no domingo (12)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou um novo recorde no número de casos confirmados de coronavírus em um período de 24 horas, superando 230 mil.

Estados Unidos, Brasil, Índia, nessa ordem, puxaram a alta.

O recorde global anterior havia sido alcançado na última sexta-feira, com mais de 228 mil novos casos em todo o mundo.

No Brasil, o número de casos confirmados ultrapassou 1.864.000 neste domingo (12) e deve ultrapassar 2 milhões ainda nesta semana, segundo indica uma projeção feita à pedido da BBC News Brasil.

Segundo a OMS, a maioria dos novos casos foi registrada no continente americano, seguido pelo Sudeste Asiático.

Dados da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos mostram que um total de quase 12,9 milhões de casos foi registrado oficialmente em todo o mundo no início desta segunda-feira (13) e 568.296 mortes.

Especialistas, no entanto, acreditam que esses números estejam subnotificados, em grande parte devido à falta de testagem em massa, que impede autoridades de saúde de saber a realidade da pandemia, como é o caso do Brasil.

Os Estados Unidos voltaram ao topo da lista de novos casos registrados por dia, com mais de 66 mil, no domingo (12).

Somente a Flórida confirmou o maior aumento de casos diários de todos os tempos para um estado americano, com 15 mil novos casos, também no domingo.

O recorde anterior era detido pela Califórnia, com 11.694, na última quarta-feira (8).

Em 15 de abril, Nova York tinha 11.571.

O aumento no número de casos na Flórida se refletiu também em mais mortes. Foram 514, uma média de 73 por dia. Três semanas atrás, o Estado tinha, em média, 30 mortes por dia.

No Texas, um homem de 30 anos morreu depois de participar de uma "festa covid", acreditando que o vírus era uma farsa, afirmou uma autoridade médica do Estado americano.

Segundo Jane Appleby, diretora médica do hospital metodista em San Antonio, o evento foi organizado por alguém diagnosticado com o novo coronavírus para verificar se o vírus é real e se pode infectar outras pessoas.

Mortes

De acordo com a OMS, as mortes globais permanecem estáveis em cerca de 5 mil por dia.

O México se tornou o país com o quarto maior número de mortes no mundo neste domingo, ultrapassando a Itália, com 35.006. A Itália registrou 34.954 mortes.

Já as Filipinas quebraram seu próprio recorde de mortes registradas por dia, com 162 novas mortes.

BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 12 de julho de 2020

Crueldade do Nazismo



Dentre as maiores crueldades do regime mais atroz do mundo moderno, estão os experimentos com seres humanos realizados nos campos de concentração.

A lista abaixo reúne alguns dos mais terríveis:

1) GASES

Os nazistas queriam conhecer a fundo o efeito do gás mostarda e do fosfogênio sobre o corpo humano. Para isso, usaram-no em prisioneiros, muitos dos quais morreram durante o teste.

2 ) LESÕES NA CABEÇA

O Dr. Wichtmann martelava a cabeça de crianças, as quais ele mantinha amarradas, para calcular quantos golpes exatamente o crânio aguentava.

3 ) ESTERELIZAÇÃO

As mulheres dos campos de concentração foram utilizadas como cobaias na pesquisa de métodos de esterilização através de drogas, cirurgias e raios-x.

4 ) ALTURA E PRESSÃO

O Dr. Rascher prendia os prisioneiros em uma câmara de baixa pressão para pesquisar maneiras de ajudar os pilotos alemães que tinham que enfrentar grandes alturas. Dos 200 prisioneiros, morreram 80.

5 ) ALTURA E PRESSÃO

No campo de concentração de Dachau foi injetada malária em várias pessoas para depois pesquisar como tratá-la, administrando nas cobaias todos os tipos de drogas experimentais. Muitas pessoas morreram de overdose.

6 ) CONGELAMENTO

Os nazistas queriam conhecer mecanismos para tratar a hipotermia. Para isso, mergulhavam os prisioneiros em um tanque com água congelada por mais de três horas ou até a morte.

7 ) VENENO

No campo de concentração de Buchenwald, foram realizados experimentos para pesquisar os efeitos dos venenos nas pessoas. Eles simplesmente adicionavam veneno na comida dos prisioneiros. Muitos morriam instantaneamente.

8 ) ÁGUA DO MAR

No campo de concentração de Dachau, foram realizados experimentos que tinham como objetivo tornar a água do mar potável, misturando-a com outras substâncias. Dos prisioneiros que tiveram que bebê-la como teste, muitos morreram de desidratação.

9 ) CRIANÇAS

Os nazistas, obcecados com a supremacia racial, experimentaram em crianças, com o objetivo de torná-las mais fortes, fazer seu olhos ficarem mais claros e seus traços mais próximos ao padrão ariano.

10 ) SULFONAMIDAS

Os prisioneiros eram infectados com alguma doença como gangrena ou tétano e depois tratados com sulfonamidas, um agente sintético antimicrobiótico. No entanto, as doses excessivas causavam a morte deles. (De historyplay.tv)

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Por que Bolsonaro está sendo acusado de colocar indígenas em risco em meio à pandemia de covid-19

Índia YanomamiDireito de imagemFIONA WATSON/SURVIVAL
Image captionMinistério da Saúde contabiliza até o momento 9.632 casos confirmados de covid-19 entre os indígenas e 198 óbitos, mas números estariam subdimensionados

Enquanto a pandemia do coronavírus avança pelo interior do país, lideranças indígenas acusam o presidente Jair Bolsonaro de não ter tomado as medidas emergenciais necessárias para proteger seus povos da covid-19.

Além disso, dizem que essas comunidades estão ainda mais vulneráveis à pandemia por causa de ações do seu governo anteriores à chegada da doença, como a redução do programa Mais Médicos, o fim das demarcações de terras indígenas e o apoio de Bolsonaro a atividades ilegais praticadas em seus territórios por invasores, como garimpo e extração de madeira.

O Ministério da Saúde contabiliza até o momento 9.632 casos confirmados de covid-19 entre os indígenas e 198 óbitos. Já a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) considera que esses números estão subdimensionados e calcula que já haja 461 mortos e mais de 13 mil infectados nas comunidades.

O monitoramento feito pelos povos contabiliza também indígenas atingidos pela covid-19 que moram fora das aldeias. Há também a possibilidade de dupla contagem em alguns casos, já que a Apib soma os casos confirmados diretamente pelas comunidades aos dados do Ministério da Saúde, que não divulga informações detalhadas sobre as vítimas, como nome ou comunidade a qual pertencia.

Segundo o governo, há 750 mil indígenas, de 305 etnias, vivendo em mais de 5,8 mil aldeias no Brasil hoje. A preocupação entre lideranças dos povos e organizações que apoiam sua causa é ainda maior no caso de comunidades isoladas ou de recente contato com a sociedade: eles afirmam que uma eventual entrada do coronavírus nesses grupos pode dizimar essas populações, que tem um nível de defesa imunológica mais baixo.

Nas últimas semanas, lideranças indígenas conseguiram vitórias no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional para obrigar o governo a adotar ações emergenciais.

Bolsonaro, porém, vetou na quarta-feira (08/07) trechos de uma nova lei que prevê medidas de proteção às comunidades indígenas, como a obrigação de garantir acesso à água potável e a itens de higiene, e a oferta emergencial de leitos hospitalares e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O presidente também vetou a elaboração de planos de contingências voltados especificamente para os povos isolados ou de recente contato com a sociedade.

"O plano do governo é não ter plano algum", crítica Juliana Batista, advogada do Instituto Socioambiental (ISA).

Para exemplificar a importância do planejamento para reagir à pandemia, ela cita a Terra Indígena (TI) Yanomami, a maior do país, uma área que se estende por Roraima e Amazonas, onde vivem 26.780 indígenas.

Xamãs do povo yanomami
Image captionAvanço do coronavírus pelo interior assusta povos indígenas, que acusam governo de não agir para evitar tragédias em aldeias

Além das aldeias, há sete povos isolados dentro desse território, onde a atuação de garimpeiros tem sido crescente. Hoje estima-se que 20 mil invasores trabalhem na exploração ilegal de ouro.

"Tem comunidade dentro da TI Yanomani que é preciso andar cinco dias para chegar à aldeia mais perto, onde tem pista de pouso para tirar de avião um infectado dentro da área. São situações extremas, que se não prevenir, não terá como remediar depois", alerta Batista.

O Conselho Distrital de Saúde Indígena, órgão do Ministério da Saúde, identificou até quinta-feira (9) 80 casos de covid-19 dentro da TI Yanomani.

Apenas nas comunidades de Waikás, há 37 doentes, o que representa cerca de um quinto dos 179 indígenas que vivem nessa região da terra indígena.

Segundo o ISA, é uma das áreas mais afetadas pela atividade do garimpo e o contágio começou com um indígena que viajou em um dos barcos dos garimpeiros.

Na quinta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão contestou que sejam garimpeiros que estejam levando o coronavírus para dentro de comunidades: "A questão da chegada da pandemia nas terras indígenas... Não é por que têm elementos estranhos lá dentro que a pandemia chegou. As senhoras e os senhores têm que entender, na realidade amazônica, que o indígena sai de dentro da sua terra para ir até a cidade, seja para receber algum benefício, da nossa lei orgânica de assistência social, seja porque ele tem que comprar alguma coisa", disse, ao ser questionado por jornalistas.

Juliana Batista, do ISA, reconhece que esse também é um problema, mas culpa novamente a falta de planejamento do governo para evitar esse tipo de contágio.

Vacinação de indígenasDireito de imagemMINISTÉRIO DA SAÚDE
Image captionFila para vacinação de crianças indígenas no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Tocantins

Ela diz que uma terceira forma de contaminação também tem ocorrido por meio de agentes da saúde que não sabem que estão com covid-19 e vão às comunidades sem serem testados antes.

"Temos casos de indígenas que desceram (das aldeias para cidades) em massa para buscar auxílio emergencial. Isso também é falta de informação por parte do governo. São todas medidas que exigem planejamento, articulação governamental", diz Batista.

"O governo tomou algumas atitudes. Houve lugares com distribuição de cestas básicas para as comunidades não se deslocarem para as cidades. Mas não se vê uma medida estruturada. Como vai ser isso a curto, médio e longo prazo?", questiona.

Mortes crescentes entre Xavantes

A situação é tensa também entre os Xavantes, etnia de 23 mil pessoas que vive em uma área fragmentada em nove terras indígenas no Mato Grosso. Já são mais de 200 casos de infecção confirmados e 23 óbitos em decorrência da Covid-19, segundo dados do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei).

Já a Ana Paula Sabino, que atua há 20 anos com os Xavantes e coordena da campanha SOS Xavante A' uwe Tsari, diz que o coronavírus já matou 38 indígenas.

Ela conta que faltam insumos para tratar os doentes e que, por meio de doações, conseguiu mobilizar a compra de medicamentos com auxílio da ONG Expedicionários da Saúde. Além dessa carência, ela reclama que os indígenas não estão sendo orientados sobre o enterro das pessoas falecidas por covid-19, o que fez dessas cerimônias focos de novas contaminações.

"Numa pandemia dessas, você não pode mandar um caixão para a comunidade e achar tudo bem eles abrirem, é um absurdo. É verdade que os índios preferem levar os corpos para as aldeias, querem enterrar nos cemitérios deles, mas cade os protocolos, a orientação sobre como isso deve ser feito de forma segura?", cobra.

Segundo Sabino, entre os mortos havia indígenas que receberam hidroxicloroquina, substância defendida pelo presidente Bolsonaro como forma de tratar a covid-19, mas que não tem sua eficácia para esse fim comprovada cientificamente.

O uso do medicamento no caso de contágio por coronavírus é criticado por muitos médicos devido à possibilidade de causar efeitos colaterais graves que podem até provocar a morte.

"É um governo que está promovendo genocídio nas comunidades indiretamente, com tratamento ruim", critica ela.

Um documento obtido pelo jornal O Globo nesta semana confirmou que a substância tem sido usada em comunidades indígenas. Segundo o jornal, a ata de uma reunião promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) em Roraima no dia 2 de julho mostra que o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, Tércio Pimentel, admitiu que a cloroquina enviada pelo governo faz parte de um kit dado pelo Ministério da Saúde para o tratamento da Covid-19.

Recursos para saúde indígena em queda

Médica cubana deixando o BrasilDireito de imagemORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE
Image captionCubana deixa Brasil com fim da parceria no Mais Médicos; Havana criticou Bolsonaro por questionar 'a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo' dos profissionais

O Ministério da Saúde anunciou em junho que "investiu cerca de R$ 70 milhões em ações específicas de proteção aos indígenas para enfrentamento da covid-19". Os recursos foram usados para a compra de mais de 600 mil Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), insumos em saúde e medicamentos, que foram enviados aos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).

Segundo a pasta, isso inclui "372,7 mil máscaras cirúrgicas e N95, 166,7 mil luvas, 13,4 mil aventais, 16,6 mil toucas, 6 mil frascos de álcool em gel e também mais de 29 mil testes rápidos que garantem a testagem de todos os profissionais que vão entrar nas terras indígenas para atender a população".

No entanto, levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) feito a pedido da BBC News Brasil indica que, mesmo com a crise do coronavírus, o total gasto pelo governo na saúde indígena no primeiro semestre deste ano ficou abaixo da despesa registrada na primeira metade de 2019.

Os dados foram extraídos do Siga Brasil, portal do Senado Federal que permite monitorar os gastos do governo, corrigidos pela inflação. Segundo essa fonte, foram efetivamente gastos com promoção e proteção da Saúde Indígena R$ 698,03 milhões de janeiro a julho do ano passado. Já no primeiro semestre desse ano, foram R$ 660,69 milhões (5,3% a menos).

Olhando o resultado por mês, os dados mostram que em abril e maio, meses em que a pandemia já estava com força no Brasil, essas despesas ficaram bem abaixo da registrada no mesmo período de 2019. Apenas em junho, houve uma alta relevante.

"Demorou muito tempo para o governo reagir e destinar recursos para a saúde indígena enfrentar a pandemia", crítica Leila Saraiva, assessora política do Inesc.

Ela ressalta que os recursos para área já vinham em queda no ano passado. O total efetivamente gasto com saúde indígena em 2019 foi de R$ 1,48 bilhão, 16% a menos da despesa de 2018.

Para Leila Saraiva, o argumento de que faltam recursos usado pelo presidente ao vetar nesta semana trechos da lei que previa medidas emergenciais de proteção aos indígenas é "falacioso".

Ela lembra que o Congresso aprovou um regime fiscal especial para enfrentamento da pandemia que permite aumentar o endividamento e romper o teto de gastos desse ano.

Além da redução dos gastos em saúde indígena, outro fator que, na sua opinião, deixou o atendimento aos povos mais precário nesse momento de pandemia foi a saída dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos.

Logo após a eleição de Bolsonaro no final de 2018, o governo cubano decidiu deixar o programa brasileiro, se antecipando a uma decisão do futuro presidente. Isso porque Bolsonaro sempre atacou a parceria com o governo de Cuba no Mais Médicos.

Como é difícil atrair médicos brasileiros para atuar em territórios mais isolados, cerca de 90% dos profissionais do programa que atendiam em terras indígenas eram cubanos. Uma reportagem da BBC News Brasil mostrou que, após a saída de médicos cubanos, mortes de bebês indígenas cresceram 12%.

STF estabelece prazo para governo agir

Os vetos de Bolsonaro à lei que prevê as medidas emergenciais para os povos indígenas ainda podem ser derrubados pelo Congresso.

O governo, no entanto, já está obrigado a adotar uma série de providências por uma decisão do STF que saiu na quarta-feira (08/07), logo após o presidente vetar parcialmente a nova legislação.

A partir de uma ação apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com apoio de partidos de oposição, o ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou que o governo crie uma Sala de Situação para a gestão de ações de combate à pandemia no caso de povos indígenas em isolamento ou contato recente, no prazo de 72 horas. Deverão participar representantes de comunidades indígenas, da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Defensoria Pública da União (DPU).

Barroso também deu dez dias para o governo apresentar um plano de criação de barreiras sanitárias em terras indígenas, após ouvir a Sala de Situação.

Na decisão, o ministro reconheceu que o governo federal vem tomando iniciativas para mitigar a pandemia entre os povos indígenas.

Jair Bolsonaro, presidente do BrasilDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBolsonaro vetou trechos de uma nova lei que prevê medidas de proteção às comunidades indígenas

"Entretanto, tais ações precisam ser coordenadas e precisam ser complementadas por medidas que não estão em curso. A criação sistemática de barreiras de proteção aos povos em isolamento e de contato recente não está em curso", ressaltou na decisão.

"A assistência à saúde dos inúmeros povos indígenas localizados nas muitas terras indígenas ainda pendente de homologação não está em curso, o que os coloca sob risco de perecimento", destacou ainda, ao acolher o pedido da Apib para reverter a decisão do governo de não garantir a todos os povos indígenas atendimento de saúde especializado.

Barroso determinou também que o governo crie em até 30 dias um Plano de Enfrentamento da Covid-19 para os Povos Indígenas Brasileiros, com a participação das comunidades e do Conselho Nacional de Direitos Humanos. Esse plano deverá conter medidas de contenção e isolamento de invasores em relação a terras indígenas.

Embora o Ministério da Saúde tenha elaborado em março o "Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Novo Coronavírus em Povos Indígenas", o ministro destacou o argumento da Apib de que esse planejamento "expressa meras orientações gerais e não prevê medidas concretas, cronograma ou definição de responsabilidades". Além disso, ele frisou a importância de que as comunidades sejam ouvidas na elaboração dessas medidas.

"Esses pontos (medidas não tomadas pelo governo) só estão sendo percebidos porque os indígenas puderam se manifestar. Está claro, portanto, que tais povos, desde seu ponto de vista, são capazes de identificar providências e medidas, que, se ausentes, podem constituir um obstáculo para a efetividade das ações de saúde já pensadas pela União", acrescentou o ministro.

Professor Edgar Bom Jardim - PE