quinta-feira, 7 de maio de 2020

Coronavírus: os sete tipos de pessoas que inventam e disseminam fake news



Ilustração de pessoas que espalham fake news
Teorias conspiratórias, desinformação e especulações sobre o coronavírus inundaram as redes sociais. Mas quem começa esses rumores? E quem os espalha?
Investigamos centenas de histórias enganosas durante a pandemia. Isso nos deu uma ideia sobre quem está por trás da desinformação - e o que os motiva. Aqui estão sete tipos de pessoas que iniciam e espalham falsidades:
Ilustração de palhaço
piadista
Esperava-se que ninguém fosse enganado por um áudio de WhatsApp que dizia que o governo britânico estava preparando uma lasanha gigante no estádio de Wembley, em Londres, para alimentar os habitantes da cidade. Mas algumas pessoas não entenderam a piada.
Para dar um exemplo um pouco mais sério, uma pessoa criou uma suposta captura de tela de um texto falso do governo que alegava que a pessoa que estava lendo aquilo havia sido multada por deixar a casa muitas vezes. Ela achou que seria engraçado assustar as pessoas que violavam as regras de quarentena.
Depois de incentivar seus seguidores a compartilhar o texto no Instagram, chegou a grupos locais do Facebook, onde foi publicado por moradores preocupados, alguns dos quais levaram a sério.
"Eu realmente não queria causar pânico", dizia o brincalhão, que se recusou a nos fornecer seu nome verdadeiro. "Mas se as pessoas acreditam em uma captura de tela nas redes sociais, precisam realmente reavaliar a maneira como consomem informações na internet".
Ilustração de golpista
golpista
Outros textos falsos supostamente de autoria do governo ou de conselhos locais foram gerados por golpistas que procuram ganhar dinheiro com a pandemia.
Uma dessas fraudes investigadas pela organização de caridade Full Fact, em março, alegou que o governo estava oferecendo pagamentos de ajuda às pessoas e pediu detalhes bancários.
Fotos do texto do golpe foram compartilhadas no Facebook. Como circulou por mensagem de texto, é difícil identificar quem estava por trás.
Os golpistas começaram a usar notícias falsas sobre o vírus para ganhar dinheiro a partir de fevereiro, com e-mails sugerindo que as pessoas poderiam "clicar em um texto sobre a cura do coronavírus" ou sugerindo que eles tinham direito a um reembolso de imposto por causa do surto.
Ilustração de um político
político
A desinformação não vem apenas dos cantos mais obscuros da internet.
Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, questionou se expor os corpos dos pacientes à luz ultravioleta ou injetar alvejante poderia ajudar a tratar o coronavírus. Ele estava especulando.
Mais tarde, ele alegou que os comentários eram sarcásticos. Mas isso não impediu as pessoas de telefonarem para serviços médicos para perguntar sobre tratamento com desinfetante.
Não é apenas o presidente dos EUA. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China promoveu a ideia de que a covid-19 poderia ter sido trazida a Wuhan pelo Exército dos EUA.
As teorias da conspiração sobre o surto foram discutidas no horário nobre na TV estatal russa e em contas no Twitter pró-Kremlin.
Ilustração de homem olhando o laptop
autor de teorias da conspiração
Toda a incerteza sobre o vírus criou um terreno fértil perfeito para as teorias da conspiração.
Uma história falsa de origens obscuras, alegando que o primeiro voluntário a participar de um teste de vacina no Reino Unido havia morrido, circulava em grandes grupos de pessoas contrárias à vacinação no Facebook. Era ficção.
Entrevistas com David Icke, um conhecido criador de teorias conspiratórias britânico, no YouTube, que já foram removidas, também revelaram falsas alegações de que a tecnologia 5G estaria vinculada ao coronavírus.
Icke também apareceu em uma rede de TV de Londres, que violou os padrões de transmissão do Reino Unido. Sua página no Facebook foi posteriormente retirada, segundo a empresa, por publicar "desinformação sobre saúde que poderia causar danos físicos".
As teorias da conspiração levaram a vários ataques de vândalos a torres de 5G.
Ilustração de médico
O 'insider'
Às vezes, a desinformação parece vir de uma fonte confiável - um médico, professor ou funcionário de hospital.
Mas muitas vezes o "insider" não é nada disso.
Uma mulher da cidade de Crawley foi a criadora de um áudio com tom de voz de pânico que descrevia terríveis números de mortes de jovens saudáveis por coronavírus - tudo completamente sem fundamento. Ela alegou ter informações privilegiadas por trabalhar em um serviço de ambulância.
Ela não respondeu aos pedidos de entrevista ou forneceu provas de seu emprego, portanto, não sabemos se ela é realmente uma trabalhadora da área de saúde. Mas sabemos que as alegações em sua mensagem eram infundadas.
Ilustração de mulher olhando o celular
parente
Esse áudio e muitos outros se tornaram virais porque preocupavam as pessoas, que então compartilhavam as mensagens com amigos e familiares.
Por exemplo, Danielle Baker, mãe de quatro filhos, que passou adiante a mensagem por Facebook Messenger "porque vai que é verdade...".
"No começo, fiquei um pouco desconfiada porque foi enviada por uma senhora que eu não conhecia", diz ela. "Encaminhei porque eu e minha irmã temos bebês da mesma idade e também temos filhos mais velhos, e todos nós temos alto risco em nossas casas."
Essas pessoas acham que estão tentando ser úteis e acham que estão fazendo algo positivo. Mas, é claro, isso não torna verdadeiras as mensagens que elas transmitem.
Ilustração de celebridade
celebridade
Não é apenas sua mãe ou tio. As celebridades ajudaram as fake news a se tornarem populares.
A cantora M.I.A. e o ator Woody Harrelson estão entre os que têm divulgado a teoria do coronavírus ligado ao 5G para suas centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.
Um relatório recente do Reuters Institute constatou que as celebridades desempenham um papel fundamental na divulgação de informações erradas online.
Alguns também têm plataformas enormes na mídia tradicional. O apresentador Eamonn Holmes foi criticado por parecer dar alguma credibilidade às teorias da conspiração sobre 5G no programa do canal britânico ITV This Morning.
"O que eu não aceito é a grande mídia imediatamente dizer que isso não é verdade quando eles não sabem que não é verdade", disse ele.
Holmes mais tarde pediu desculpas e a Secretaria de Comunicação do governo "emitiu orientações" para a ITV, considerando os comentários "inadequados".
Ilustrações de Simon Martin. Informações adicionais de Olga Robinson.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bolsonaro é 'ameaça' à luta contra o coronavírus no Brasil, diz revista médica The Lancet


Bolsonaro aparece atrás de bandeira do Brasil e ao lado de segurança com máscaraDireito de imagemEVARISTO SA/AFP
Image captionBolsonaro observa apoiadores que foram ao seu encontro em Brasília em meio a pandemia de coronavírus; editorial do periódico inglês Lancet afirma que brasileiros deveriam dizer 'E daí' para presidente
Um duro editorial publicado nesta quinta-feira (7) por uma das revistas científicas de medicina mais importantes do mundo, a The Lancet, destaca a gravidade da pandemia de coronavírus no Brasil por sua alta taxa de transmissão — mas, ao lado dos alarmantes números no país, o texto aponta que "talvez a maior ameaça à resposta à covid-19 no Brasil seja seu presidente Jair Bolsonaro".
Com título Covid-19 in Brazil: so what? ("Covid-19 no Brasil: e daí?"), fazendo referência a uma fala recente de Bolsonaro sobre a piora do coronavírus no Brasil, o editorial afirma que as declarações e atitudes do presidente brasileiro e as turbulências políticas que levaram à saída recente de dois ministros do governo, Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro, são "uma distração mortal no meio de uma emergência de saúde pública".
O editorial destaca ainda a vulnerabilidade "especialmente das 13 milhões de pessoas morando em favelas, aqueles que estão desempregados e a população indígena do Brasil" diante do coronavírus. A publicação veio primeiro na versão online, mas o editorial faz parte na edição semanal que será publicada no sábado.

Enorme subnotificação

O texto começa afirmando que o coronavírus chegou mais tarde na América Latina, mas que após seu primeiro caso em fevereiro, o Brasil passou a ter o maior número de ocorrências e mortes pela covid-19 na região.
O editorial aponta como preocupante uma possível e "enorme" subnotificação de casos e o fato de o Brasil ter aparecido como o país com a mais elevada taxa de transmissão (2.81) em um estudo recente da universidade inglesa Imperial College envolvendo 48 países.
"Ainda assim, talvez a maior ameaça à resposta à covid-19 no Brasil seja o seu presidente Jair Bolsonaro. Quando na semana passada jornalistas o questionaram sobre o rápido aumento de casos, ele respondeu: 'E daí? Lamento, quer que eu faça o quê?'", diz o editorial, relembrando declaração do presidente no final de abril.
"Ele (Bolsonaro) não só continua semeando confusão, desprezando e desencorajando abertamente as medidas sensatas de distanciamento físico e confinamento introduzidas por governadores e prefeitos, mas também perdeu dois importantes e influentes ministros nas três últimas semanas", completa o editorial, referindo-se à saída dos ex-titulares dos ministérios da Saúde e Justiça.
"Uma perturbação como essa no coração da administração (federal) é uma distração mortal no meio de uma emergência de saúde pública e também um sinal drástico de que a liderança do Brasil perdeu seu compasso moral, se é que já teve algum"
Comerciantes e pescadores em área portuária, na beira do rio, em Belém; vê-se caixas, peixes e garças em voltaDireito de imagemEPA/RAIMUNDO PACCO
Image captionComerciantes e pescadores em Belém, no mesmo dia em que o Pará passou a implementar regras mais rígidas de distanciamento; editorial do Lancet destaca vulnerabilidades da população brasileira diante da covid-19, como parcela de trabalhadores na informalidade
Mas o editorial afirma que, ainda que hipoteticamente esta "lacuna de ações do governo federal" não existisse, o país ainda teria dificuldades pelas fragilidades sociais de sua população - como moradores de favela, com acesso precário à água e com moradias muito adensadas, embora destaque-se que "muitas favelas se organizaram para implementar medidas das melhor maneira possível".
"O Brasil tem um setor de trabalho informal bastante grande, em que a maior parte das fontes de rendimento deixaram de ser opção perante as medidas implementadas (de contenção ao coronavírus). A população indígena já estava sob ameaça séria mesmo antes da chegada da covid-19 porque o governo tem ignorado ou até incentivado a exploração ilegal de minas e de madeira na floresta amazônica."
"Agora, há o risco destes mineiros e madeireiros introduzirem esta nova doença em populações remotas."

'Bolsonaro precisa mudar drasticamente o seu rumo'

O editorial destaca ainda que, embora os principais focos da doença sejam as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, "há sinais de que a infecção está se deslocando para o interior dos Estados, onde estão cidades menores, sem recursos adequados como leitos de terapia intensiva e ventiladores mecânicos."
Por outro lado, o texto do Lancet exalta a mobilização de representantes da sociedade civil, como uma carta aberta liderada pelo fotógrafo Sebastião Salgado e publicada em 3 de maio clamando por proteção aos indígenas; e a atuação da Academia Brasileira de Ciências e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva contra cortes no financiamento da ciência e da assistência social durante o governo Bolsonaro.
"Estas ações trazem esperança. Contudo, a liderança no nível mais elevado do governo é crucial para rapidamente evitar o pior nesta pandemia, como tem sido evidenciado em outros países", finaliza o editorial.
"O Brasil como país deve se unir para dar uma resposta clara ao 'e daí?' do presidente. Bolsonaro precisa mudar drasticamente o seu rumo ou terá de ser o próximo a sair."
Não é a primeira vez que a Lancet publica editoriais sobre o Brasil, e tampouco sobre Bolsonaro.
A revista, fundada em 1823 na Inglaterra, publicou em agosto de 2019 posicionamento intitulado Bolsonaro ameaça a sobrevivência da população indígena no Brasil criticando a ameaça às garantias dos povos indígenas de domínio de suas terras e de acesso à saúde.
Em meio à eleição presidencial de 2018, um editorial da Lancet apresentou em outubro brevemente as propostas dos então candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad para a saúde, concluindo que "as propostas de ambos para a saúde são baseadas em abordagens ideológicas com pouca contribuição de dados clínicos ou sobre saúde pública".
Na edição do relatório Journal Citation Reports 2018, da consultoria Clarivate Analytics, o Lancet apareceu como o segundo periódico com maior fator de impacto (métrica composta por vários indicadores da influência de uma publicação científica) dentre 160 revistas avaliadas na categoria medicina, atrás apenas do New England Journal of Medicine.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Desabafo



Elizabete Costa
Covid-19 - O Órgão mais afetado...
Você percebe o primeiro sintoma, dor de cabeça, depois dor na garganta, mas acha que não é nada, então perde o paladar e tem um desconforto respiratório, vc acha que é ansiedade e então vem a febre 38.3° a partir daí vc decide ir ao médico, chegando no hospital logo na triagem , colocam uma máscara em você, te colocam em observação, colhem exames, te fazem inúmeras perguntas, a sua falta de ar aumenta, vê profissionais trabalhando, um encaminha o exame, outro prepara medicação, até que a falta de ar fica insustentável, monitor começa a alarmar , vc sente o coração bater mais rápido e escuta uma voz dizendo prepara o material vamos entubar, vc começa a sentir um sono ao qual não consegue se manter acordado. A partir daí meu amigo já te sedaram, você não responde mais por vc, está agora nas mãos dos profissionais de saúde, as imagens da tomografia não apresentam nenhuma melhora, enquanto isso sua família te assiste de longe , sem dar um abraço e dizer um eu te amo de pertinho, várias drogas para te manter vivo, os profissionais se empenhando ao máximo. Até que um dia se tem um movimento grande de pessoas perto de você, mas você está em coma , vários ciclos de manobras e medicações para ver o ritmo cardíaco e pressão arterial restabelecido, os profissionais fizeram tudo o que estava no alcance , mas vc já não está mais ali, e seu corpo começa a perder a cor da vida. Hora de conversar com a família, não pode abraçar, não pode se despedir , somente a lembrança , a lembrança de tudo que vc fez e viveu com seus familiares e amigos. Entenda a importância de estar em quarentena, se vc tem a oportunidade de ficar em casa fique!!! Para que não aconteça essa história com vc.😢
Fique em CASA...🙏
Fonte: Faceboook ( Jaciele Interaminense /Zozó Lins )
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Coronavírus: as mutações do Sars-Cov-2 que intrigam cientistas



Ilustração de um coronavírus de pertoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisadores acompanhas mudanças nas estruturas pontudas da cápsula do vírus
Pesquisadores nos EUA e no Reino Unido identificaram centenas de mutações no Sars-Cov-2, o vírus que causa a covid-19.
Mas ainda não está claro o que isso significará para a disseminação do vírus na população e para a eficácia de uma possível vacina.
Vírus normalmente sofrem mutações. A questão é: qual dessas mutações no Sars-Cov-2 realmente altera a gravidade ou infecciosidade da doença?
Pesquisas preliminares nos EUA sugeriram que uma mutação específica - D614G - está se tornando dominante e pode tornar a doença mais infecciosa, mas o estudo ainda não foi revisado por outros cientistas e publicado formalmente.
Os pesquisadores, do Laboratório Nacional Los Alamos, no Novo México, vêm acompanhando as mudanças nas "pontinhas" da cápsula do vírus, que lhe conferem a forma de "coroa", usando um banco de dados chamado Iniciativa Global sobre Compartilhamento de Todos os Dados sobre Influenza (GISAID).
Eles observaram que parece haver algo sobre essa mutação específica D614G que a faz crescer mais rapidamente - mas as consequências disso ainda não são claras.
A equipe de pesquisa analisou dados do Reino Unido de pacientes com coronavírus em Sheffield. Embora as pessoas com essa mutação específica do vírus parecessem ter uma quantidade maior do vírus em suas amostras, os cientistas não encontraram evidências de que elas ficaram mais gravemente doentes ou ficaram no hospital por mais tempo.

'Mutação não é uma coisa ruim'

Outro estudo da University College London (UCL) identificou 198 mutações recorrentes no vírus.
"Mutações em si não são uma coisa ruim e não há nada que indique que o Sars-CoV-2 esteja sofrendo mutações mais rápidas ou mais lentas do que o esperado", afirma François Balloux, um dos autores desse estudo.
"Até agora, não podemos dizer se o Sars-CoV-2 está se tornando mais ou menos letal e contagioso."
Um estudo da Universidade de Glasgow, que também analisou mutações, disse que essas mudanças não representam diferentes cepas do vírus. Eles concluíram que apenas um tipo de vírus está circulando atualmente.
O monitoramento de pequenas alterações na estrutura do vírus é importante para o desenvolvimento de vacinas.
Um exemplo disso é o vírus da gripe, que sofre uma mutação tão rápida que a vacina precisa ser ajustada todos os anos para lidar com a cepa específica em circulação.

Desenvolvimento de remédios

Muitas das vacinas contra covid-19 atualmente em desenvolvimento têm como alvo "pontinhas" diferentes da estrutura externa do vírus - a ideia é que fazer com que o organismo reconheça um elemento único do vírus o ajudará a combater o vírus todo.
Profissional de saúde com roupas de proteção atende pessoa internada em UTI, rostos não são visíveisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMutações podem afetar o desenvolvimento de remédios e vacinas
Mas se essa estrutura estiver mudando, uma vacina desenvolvida dessa maneira pode se tornar menos eficaz.
No momento, tudo isso é teórico. Os cientistas ainda não têm informações suficientes para dizer o que as alterações no genoma do vírus significam.
Lucy Van Dorp, coautora do estudo da UCL, diz que a análise de um grande número de genomas de vírus pode ser algo "inestimável para os esforços de desenvolvimento de medicamentos".
No entanto, diz ela à BBC, "existe um limite para o que os genomas podem ajudar a explicar".
Professor Edgar Bom Jardim - PE