Michelle e o acerco da biblioteca presidencial empilhado no chão do Planalto (Montagem)
Livros raros, que contam a história dos presidente desde que o Brasil deixou de ser monarquia e transformou-se em uma república, estão empilhadados no chão de um corredor do Palácio do Planalto para abrir espaço para a reforma conduzida por Jair Bolsonaro na biblioteca do Palácio do Planalto, onde será criado um gabinete para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com banheiro privativo.
Um vídeo que circula desde a noite deste sábado (15) nas redes sociais mostra os livros, muitos deles antigos, no corredor do Planalto. Ao longe, se vê as reformas conduzidas na biblioteca.
Após o anúncio da reforma para o gabinete da primeira-dama – seis meses após o governo gastar R$ 328,8 mil na montagem e decoração de uma sala para Michelle no bloco A da Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro mandou uma banana para jornalistas.
“A minha esposa faz um trabalho para pessoas deficientes de graça. Arranjei um lugar pra ela trabalhar lá na Presidência, porque é melhor, fica mais perto dos ministros pra despachar. E a verdade é que (inaudível). Estão descendo a lenha que a biblioteca vai diminuir em vez de elogiar a primeira-dama. Quem age dessa maneira merece outra banana”, disse Bolsonaro.
A turma tem uma boa opção para brincar o carnaval em Bom Jardim neste domingo (16). Criado por um grupo de amigos George Ribeiro, Roberto Punaré, Mário Cabral , Lúcio Mário, Jone e Joaquim Freire, Dudu Cabral, Maurício, Osvaldo e outros amantes da folia, o Frango da Madrugada chega aos 26 anos em 2020. O início o Bloco desfilava no início da manhã.O bloco tem hino que foi criado pelo grande Bráulio de Castro. A tradicional feijoada é motivo para iniciar a concentração do bloco carnavalesco neste domingo às 12 horas. O local do encontro é a garagem do jovem Mário Cabral. Na frente do Varonil. Aos 78 anos, com boa cabeça, sempre animado, o cara é do bem. É uma alegria pra toda comunidade continuar com a alegria do seu Mário
Zé do Leite é o homenageado do Carnaval Levino Ferreira, Bom Jardim- PE. O Baile Municipal inicia oficialmente o ciclo do carnaval no município. A Orquestra Bonjardinense fez com maestria a animação do público presente. As famílias compareceram e se divertiram com bom repertório musical, o Clube Varonil bem decorado ficou mais bonito com a presença do Grupo de Idosos e dos Caboclinhos da Baraúnas. Festa bonita, público presente e muito calor. Um desafio a ser enfrentado pelo município.O prefeito João Lira relembrou os tempos em que brincava no Caboclinho do Alto São José. Amanhã, domingo(16) tem o Bloco Frango da Madrugada desfilando nas ruas no final da tarde. A feijoada será de 12 horas na casa de Seu Mário Cabral, o jovem. Veja mais fotos do baile Municipal em LEIA MAIS e assista ao vídeo em https://www.facebook.com/LucioMarioCabral/videos/10218184477498070/
Fotos da Internet (Autores diversos)
Professor Edgar Bom Jardim - PE
Na aldeia onde eu nasci, há 35 anos, a gente costumava pescar no lago, ir atrás de fruta. Aí a cidade cresceu. Veio uma máquina enorme, fizeram loteamento, desmataram tudo.
Naquela época, eu já participava de reuniões com os caciques, mas ia mais para conversar com as mulheres. Quando percebi que estavam retirando nossos direitos ao território, comecei a participar mais.
No passado, todo o vale do Tapajós até o que é hoje a cidade de Santarém (PA) era nosso, do povo indígena munduruku. Tem como dizer a um sabiá que não voe para outra terra porque lá tem dono? Não tem. O mesmo vale para um porcão ou para uma onça. A chegada dos homens brancos é que foi colocando limites.
Quando comecei a me envolver com a nossa luta, a maioria dos caciques não aceitava que as mulheres falassem nas reuniões. Elas tinham que ficar do lado de fora, se abanando, ou com os filhos. Hoje as mulheres pegam no microfone, e hoje os homens veem que as mulheres são quem mais protege.
Quando alguém chama um guerreiro para caçar, ele pega a flecha e vai embora. A mulher, não. Ela tem que ver o que tem que levar para o filho, se vai ficar uma planta, um macaco, um papagaio, se alguém vai ficar com fome. As mulheres pensam no coletivo. Os homens são mais soltos. Nós fomos ensinar isso.
Ensino do branco
Vai fazer um ano que sou estudante. Me mudei para Santarém e entrei na faculdade de direito para entender a lei que os brancos criam, mas que nem eles mesmos respeitam.
Para nós, indígenas, o que vale é a nossa palavra, a palavra do cacique. Não precisa ter papel. Mas, com os grandes projetos na nossa região e a não demarcação das nossas terras, a gente precisa começar a pegar na caneta, escrever no papel e divulgar.
Mesmo sendo uma universidade dentro da Amazônia, ela é muito preconceituosa, muito racista. A universidade foi feita para o branco, não para os povos indígenas. Você nota isso nas falas, nos ensinamentos.
Por isso nós, indígenas, brigamos no Brasil por uma educação diferenciada. O sistema do branco diz que as aulas têm que acontecer na escola. Se uma pessoa que não é professora leva uma criança para a roça para ensinar a plantar, ou vai ao rio ensinar a pescar, o sistema diz que é perda de tempo, que aquilo não serve como ensino.
Mas educação não se ensina só na sala de aula. No rio tem matemática e ciência. Na floresta, também. O ensinamento não é só o que o branco traz no livro.
Mudança para a cidade
Quando fui morar em Santarém com meus dois filhos e marido, levei algumas coisas da minha casa, como algumas galinhas. Eu logo estranhei o espaço, que era muito pequeno. Quem mora na aldeia tem a liberdade de correr ou andar para onde quiser. Numa cidade, você não pode fazer isso, porque tem limite, ali tudo é muro.
Meu filho falou: "Mãe, eu quero comer banana". Lá na aldeia tem um monte de banana estragando. Mas como iríamos trazer banana de lá, a quase 400 km de distância? Então, a gente comprou.
Tínhamos um pouco de recurso. Antes de me mudar para a cidade, fizemos um bingo para me manter lá. Com esse recurso a gente comprava peixe, pagava aluguel, comprava água. Na nossa cultura, a gente não compra água.
Se você for a qualquer casa indígena, tem água, eles te oferecem. Na cidade, não. Se você não tiver recurso para comprar, você não sobrevive.
A gente comeu todas as galinhas. Quando começou a acabar o recurso, comprávamos só ovo, que era barato, e conservas.
Era tão doído quando meus filhos pediam para comer peixe e você não sabia de onde tirar. Na aldeia, os filhos nem precisam pedir. Eles mesmos sabem pescar e assar. Essa dor que a gente sente quando mora na cidade, eu não quero para os meus parentes.
Luta pela terra
Em Santarém, conheci gente do povo warao, da Venezuela. Perguntei à parente — porque para nós eles são parentes — por qual motivo eles tinham saído da sua terra, de seu país, para viver na rua, pedindo esmola. Ela me disse que tinha sido obrigada a sair porque as terras deles foram tomadas. Para que os filhos não morressem de fome, tiveram de vir para cá pedir esmola.
É por esse motivo que lutamos para garantir nossas terras. Se não lutarmos, qual país vai dar terra para gente? Qual país vai botar munduruku, caiapó, yanomami no seu país?
Não fomos nós que invadimos outros países, os países é que estão nos invadindo. E o Brasil ainda está sendo colonizado, esse processo nunca parou de acontecer.
Hoje o governo quer construir uma ferrovia, a Ferrogrão, para levar soja e milho do Mato Grosso até Santarém. Lá, vão encher os navios e mandar para a China e para a Europa.
Onde essa soja vai ser guardada antes de ir para o navio? Em silos e portos na beira do Tapajós. Essa soja cheia de agrotóxico vai contaminar ainda mais o nosso rio. É por isso que eu digo que a Europa, a Ásia e outros países ainda estão massacrando os indígenas.
Contaminação por mercúrio
A mineração nas nossas terras é outra forma de colonização. Ela traz prostituição, droga, doença. Ela contamina os rios e os peixes com mercúrio, e o povo tem de sair da aldeia para ir se curar na cidade.
Sabe quando descobrimos que a gente estava com mercúrio no sangue? Só em 2016, quando um amigo nosso adoeceu.
Ele tem 33 anos e nos ajudou bastante na autodemarcação da terra Sawre Muybu. Ele foi se tratar em São Paulo e recebeu o resultado: estava com alto índice de metal no sangue. Agora ele já não anda mais, a fala dele é bem fraquinha. A última vez que falei com ele... (interrompe e chora)
A gente sabe que, daqui a uns tempos, ninguém mais vai conseguir chegar aos cem anos. A gente sabe que nossas crianças vão ficar doentes e vão morrer. Tem criança que não anda, que está em cadeira de roda. Tem mulheres que não estão engravidando mais, não conseguem.
Os nossos parentes que estão envolvidos com o garimpo e estão defendendo a mineração estão matando seu próprio povo. Quando é só o governo, só os brancos, a gente tem como lutar. Mas, quando nossos próprios parentes estão envolvidos, é muito dolorido.
Já fui até ameaçada de morte por falar contra o garimpo. Mas eu vejo o sofrimento do nosso povo, eu sinto a dor das mulheres, e então eu continuo a falar.
Democracia para os indígenas
Em 2019, falei a 270 mil pessoas em Berlim (em uma das Marchas Pelo Clima). Nunca vi tanta gente loira, branca, de olhos verdes e azuis. Eu disse a eles que, para nós, povos indígenas, nunca existiu democracia.
Belo Monte está aí, apesar dos gritos dos povos indígenas. As usinas de Teles Pires e São Manoel, também. Existiu democracia?
Essas usinas saíram no governo do PT. Bolsonaro, a gente sabia que ele queria nos matar desde o começo. Mas também tem a morte que é silenciosa, por aquele que pega na sua mão dizendo que é seu amigo.
Lutamos muito nesses últimos anos. Eu estava com os guerreiros e guerreiras munduruku que fecharam uma estrada e deixaram a cidade de Itaituba sem combustível. Impedimos que o governo fizesse audiências sobre a exploração de madeira nas florestas nacionais de Itaituba. Já barramos uma audiência sobre a Ferrogrão.
Resgate das urnas sagradas
Mas o momento mais especial que eu já vivi aconteceu em 24 de dezembro de 2019. Foi quando recuperamos urnas sagradas que os arqueólogos tiraram de onde fizeram as hidrelétricas de São Manoel e Teles Pires. Eles levaram as urnas para um museu de Alta Floresta (MT), e muitas delas foram vendidas.
Faz tempo que a gente vinha brigando para tentar recuperar as urnas. Elas são os espíritos dos nossos antepassados: a mãe dos peixes, a mãe das queixadas, a mãe da tartaruga, a mãe do jabuti, a mãe do tracajá.
Depois que elas foram para o museu, coisas ruins começaram a acontecer. Muitas crianças viviam doentes, com febre, diarreia. Meu tio, que é pajé, disse que tínhamos de resolver o problema e atender o que os espíritos estavam pedindo, que era voltar para o local escolhido por eles.
Viajamos por seis dias até Alta Floresta, entramos no museu e conseguimos levar as urnas. Foi um momento histórico.
*Depoimento de Alessandra Korap Munduruku a João FelletEnviado da BBC News Brasil à Terra Indígena Capoto Jarina (Mato Grosso)
A orquestra do Maestro Oséas animará o desfile do Boi da Macuca
O Boi da Macuca realiza, neste sábado (15), sua tradicional prévia nas ruas de Olinda. A concentração do bloco acontecerá na sede da Pitombeira, a partir das 15h, com apresentação do sanfoneiro Benedito da Macuca. Às 18h, a agremiação ganha as principais vias da cidade, com a animação da Orquestra do Maestro Oséas, que conta com um repertório que vai do Frevo ao Forró, reproduzindo clássicos e composições de nomes como os de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Otto, Banda Eddie, Academia da Berlinda e entre outros. Os desfiles do bloco neste ano contam com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
Como de costume, a festa se repete no segundo desfile da agremiação, que está marcado para agitar a segunda-feira de Carnaval, no dia 24 de fevereiro, na sede do Cariri, em Olinda.
Outra tradição que se repete, é a homenagem que a Macuca faz, anualmente, a uma personalidade local ou cultural. Este ano a homenagem será concedida à Dona Djanira Falcão que, de acordo o produtor e organizador Rudá Rocha, se destacava pelo carinho que oferecia ao mundo. “Dona Dejanira nasceu com o talento do aconchego, do abraço sem fim, que abarca todas e todos. Assim como nós, entremeados entre o litoral e o interior, ama carnaval e São João. É por isto e, na verdade, por muito mais do que isto, que dedicamos o Carnaval 2020 a Dejanira Falcão, a querida Dona Dida”, ressaltou Rudá.
FOLIA DE MOMO – Já é tradição: o Boi da Macuca sai, sempre, na segunda-feira de Carnaval, com concentração no Largo do Guadalupe, em frente à sede do Cariri Olindense. O famoso cortejo pelas ruas de Olinda é realizado, ininterruptamente, desde 1989, quando foi fundada a entidade cultural. Durante o São João, a festa acontece em Correntes, com arraial e cortejo pela área rural do município pernambucano.
Serviço *Cortejo do Boi da Macuca na Semana pré-carnaval* Sábado – 15 de fevereiro Concentração com Benedito da Macuca, a partir das 15h, na Sede do Pitombeira Saída às 18h, com a Orquestra do Maestro Oséas Gratuito
*Cortejo do Boi da Macuca no Carnaval* Segunda-feira – 24 de fevereiro Concentração com Benedito da Macuca, a partir das 15h, na Sede do Cariri Saída às 18h, com a Orquestra do Maestro Oséas Gratuito
O general de Exército Walter Souza Braga Netto, que comandou em 2018 a intervenção federal do governo Michel Temer na segurança pública do Rio de Janeiro, foi anunciado como novo ministro chefe da Casa Civil do presidente Jair Bolsonaro, no lugar de Onyx Lorenzoni.
O anúncio foi feito por Bolsonaro no Twitter na tarde desta quinta-feira (13/02). A troca dá mais poder à ala militar do governo, grupo que havia perdido espaço para a ala mais ideológica ao longo do ano passado.
Lorenzoni, que está afastado do seu madato deputado federal (DEM-RS), vai continuar na Esplanada dos Ministérios, assumindo o comando da pasta da Cidadania, no lugar de Osmar Terra, também deputado gaúcho, mas pelo MDB.
Tradicionalmente, a Casa Civil é um dos ministérios mais importantes, atuando na coordenação das demais pastas e na articulação com o Congresso Nacional. No entanto, o órgão vinha sendo esvaziado no governo Bolsonaro desde junho, quando a responsabilidade pela negociação política foi transferida para a Secretaria de Governo, comanda pelo ministro general Luiz Eduardo Ramos.
No início desse mês, a Casa Civil também perdeu para o Ministério da Economia a coordenação do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), responsável por impulsionar obras de infraestrutura por meio de concessões à iniciativa privada.
O esvaziamento da pasta deixou evidente o enfraquecimento de Lorenzoni, que no início era homem forte do governo, tendo inclusive chefiado a equipe que coordenou a transição entre a administração Temer e a gestão Bolsonaro.
Ele perdeu prestígio devido ao desempenho considerado ruim na articulação política com o Congresso, mas o desgaste se intensificou no fim de janeiro, quando Vicente Santini, então secretário-executivo de Lorenzoni, usou um avião da Força Aérea Brasileira para ir da Suíça à Índia, para acompanhar viagem oficial de Bolsonaro — enquanto outros membros da comitiva optaram por voos de carreira. Santini foi exonerado do cargo.
Já Osmar Terra também sofreu desgaste depois que reportagens recentes do jornal O Estado de S. Paulo revelaram que o Ministério da Cidadania, sob seu comando, contratou serviços da empresa de tecnologia Business Technology (B2T), que é investigada pela Polícia Federal por supostos contratos fraudulentos com o governo federal entre 2016 e 2018, quando Temer (MDB) era presidente.
General 'durão'
Colegas de Braga Netto definem o novo ministro como respeitado pela tropa, "durão" e experiente. Quando foi nomeado para comandar a intervenção no Rio, Braga Netto passou a controlar a Polícia Civil, a Polícia Militar, os bombeiros e administração penitenciária do Estado. Naquele momento, ele era líder do Comando Militar do Leste (CML).
A intervenção foi anunciada em fevereiro de 2018 pelo então presidente Temer sem planejamento prévio, o que gerou resistência mesmo dentro das Forças Armadas. Nos pouco mais de dez meses em que o general comandou a segurança pública fluminense, o Estado registrou queda de roubos e aumento das mortes provocadas pela polícia.
A intervenção acabou em 31 de dezembro de 2018 sem que fosse solucionado o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), executada em março daquele ano.
"Fizemos uma choque de gestão muito baseado na meritrocracia. Eu praticamente não aceitei pedidos políticos. Se a pessoa tinha mérito, eu colocava no cargo. Se não tinha mérito, eu não colocava no cargo", disse o general em janeiro de 2019, em entrevista à TV Aparecida, sobre seu período no comando da intervenção.
Na ocasião, o general argumentou que houve aumento do "número de pessoas mortas em confronto com a polícia" porque criminosos reagiam às operações policiais, em vez de se entregar.
"Não é que nós demos autorização para matar, nada disso, simplesmente foi a metodologia empregada. Nós passamos a realizar os patrulhamentos em cima das manchas criminais. Um exemplo: eu sabia muito bem que quarta-feira, (às) tantas horas, aumentava o número de roubo de carro, ou roubo de carga, em determinado lugar, havia essa mancha (de crimes recorrentes). Aí você fazia uma operação conjunta (das polícias estaduais e Forças Armadas)", disse ao canal católico.
"O que ocorre é que o bandido no Rio tinha uma política de enfrentamento irracional. Ele estava às vezes cercado, com armamento pesado, e buscava o confronto. Mas a tropa estava adestrada e tinha muita tropa no local, Polícia Militar, Polícia Civil, o que fosse. Nessa postura irracional do bandido, se ele não se entregava, ele acabava morrendo. Essa (categoria de morte) aí realmente aumentou", completou.
Ao entregar o comando da segurança do Rio, Braga Netto deixou um plano de transição de seis meses para o novo governador do Estado, Wilson Witzel (PSC).
Na avaliação do Observatório da Intervenção, iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam), a atuação das Forças Armadas não trouxe melhorias estruturais para a segurança pública do Rio.
"Durante esses dez meses de 2018, não foram feitos investimentos significativos no combate aos grupos de milícias e à corrupção policial. A modernização da gestão das polícias também não foi priorizada — a renovação se restringiu à compra de equipamentos", destaca relatório do Observatório ao final da intervenção.
"Ao mesmo tempo, práticas violentas da polícia fluminense continuaram e se agravaram. Em vez de modernizar, reformar ou mudar, a intervenção levou ao extremo políticas que o Rio de Janeiro já conhecia: a abordagem dos problemas de violência e criminalidade a partir de uma lógica de guerra, baseada no uso de tropas de combate, ocupações de favelas e grandes operações", diz ainda o documento.
Antes de assumir a intervenção, o próprio general Braga Netto disse que via "com reservas" a atuação das Forças Armadas nos esforços de estabilização da segurança pública urbana.
Durante uma palestra em agosto de 2017 no Centro Cultural Justiça Federal, o militar afirmou que as operações do tipo Garantia de Lei e Ordem (GLO) têm alguma eficácia, mas um alto custo financeiro, social, logístico e até mesmo psicológico para as Forças Armadas, e seriam desnecessárias se os Estados tivessem políticas de segurança pública mais eficientes, segundo reportagem veiculada no portal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Trajetória no Exército
No Exército desde 1975, Braga Netto atuou no Rio durante grande parte da sua carreira. Entre 2002 e 2004, ele foi comandante do 1º Regimento de Carros de Combate, quando o batalhão ainda estava instalado em solo carioca.
Em seu último ano no comando, foi iniciado o processo de transferência do grupo para Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Fora do Rio, Braga Netto comandou, também, a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, em Ponta Grossa, no Paraná.
Nascido em Belo Horizonte, o novo ministro de Bolsonaro é visto entre seus pares como um nome de "forte liderança" e "bem articulado". Parte da articulação pode ser atribuída aos "estágios" na área diplomática feitos pelo militar.
Quando ainda era coronel, Braga Netto ocupou o cargo de adido militar do Brasil na Polônia, entre os anos de 2005 e 2006. Depois, foi promovido a general de divisão ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2009.
Em 2012, passou a ocupar a aditância militar nos Estados Unidos e Canadá — enquanto exercia o cargo em Washington, foi promovido a general de Exército. Pouco depois da promoção, em 2013, foi exonerado para, em maio, assumir a função de diretor de Educação Superior Militar, no Rio de Janeiro.
No mesmo ano, por decreto assinado pela então presidente Dilma Rousseff, o general recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Militar.
Ainda no Rio, Braga Netto foi o responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de ser nomeado para assumir o Comando Militar do Leste.
Um oficial que serve no Rio descreveu Braga Netto à BBC News Brasil como um militar rígido, mas que não compartilha o pensamento "linha dura" de outros generais como Sérgio Etchegoyen, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência durante o governo Temer, ou Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro de Bolsonaro até junho e hoje é rompido com o presidente.