sábado, 1 de fevereiro de 2020

Iemanjá é Branca ou Preta? Por que a divindade de origem africana se transformou em 'mulher branca' no Brasil


Mulher negra observa estátua de IemanjáDireito de imagemALEXANDRE MACIEIRA/RIOTUR
Image captionPara historiadores, imagem ocidentalizada da entidade tem raízes na opressão das religiões dos negros escravizados e se massificou com sincretismo da umbanda
"Dois de Fevereiro, dia da Rainha / Que pra uns é branca, pra nóiz é pretinha", canta Emicida, na música 'Baiana', lançada em 2015, em referência à Iemanjá, divindade cultuada no Brasil como Rainha do mar.
Quase seis décadas depois de o baiano Dorival Caymmi gravar Dois de Fevereiro anunciando querer "ser o primeiro a saudar Iemanjá" na tradicional festa realizada anualmente na orla de Salvador e em dezenas de outras cidades do país, o rapper paulista celebrou a data trazendo para a música o debate que tem crescido nos terreiros de candomblé e umbanda: qual a cor dessa divindade que chegou ao Brasil com as religiões de negros escravizados, mas passou a ser predominantemente representada aqui como uma mulher branca, magra, de cabelos lisos, em um vestido azul?
Para historiadores e seguidores das religiões afrobrasileiras ouvidos pela BBC News Brasil, o que aconteceu com a representação de Iemanjá — orixá associado a rios e mares, símbolo da fertilidade, e que originalmente não era reverenciado em uma forma humana — foi um processo similar ao embranquecimento da imagem de Jesus Cristo.
O Jesus histórico, um homem que viveu há dois milênios no Oriente médio, muito provavelmente era moreno, baixinho e mantinha os cabelos aparados, como os outros judeus de sua época, acreditam especialistas. No entanto, a imagem que se sobrepôs ao longo dos séculos de dominação política e cultural europeia ao redor do mundo é de um homem de pele clara, barbudo, de longo cabelo castanho claro e olhos azuis.
Da mesma forma, entende Helena Theodoro, pesquisadora em história comparada da UFRJ, a imagem de Iemanjá branca tem raízes no processo de colonização do Brasil, que impôs uma visão de superioridade europeia sobre os povos indígenas e africanos. "Houve uma demonização das religiões negras e indígenas a partir do que a Europa situou como sendo civilizado, humano. Nesse contexto, o humano é europeu, branco de olho azul", nota ela.
Quadro de Iemanjá, da artista Valeria Felipe, mostra representação negra de Iemanjá, fora dos padrões de magrezaDireito de imagemREPRODUÇÃO/ACERVO PESSOAL CAROLINA ROCHA
Image captionQuadro de Iemanjá, da artista Valeria Felipe, mostra representação negra de Iemanjá, fora dos padrões de magreza
Essa dinâmica, continua Theodoro, provocou um processo de sincretismo religioso em que os escravos e seus descendentes aproveitavam as datas de festejos de santos católicos para cultuar seus orixás, usando inclusive imagens desses santos. Iemanjá, mãe de grande parte dos orixás, foi sincretizada com várias santas, como Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora dos Navegantes, ambas celebradas em 2 de fevereiro, e Virgem Maria, a mãe de Jesus.
"Foi uma grande luta de Mãe Estela de Oxossi, (falecida em 2018, por décadas ialorixá) do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, que se tirasse as imagens de santo do candomblé. Durante um determinado período isso era necessário porque a gente não podia excercer o nosso culto", lembra Theodoro.
A massificação da imagem de Iemanjá branca, representada em estátuas de gesso, porém, ocorre com o surgimento da umbanda, no início do século passado. Essa religião aprofundou o sincretismo no Brasil, unindo elementos do espiritismo, do cristianismo, do candomblé e também de culturas indígenas.
"Essa imagem de Iemanjá, como mulher branca, nasceu, muito provavelmente, no ambiente da umbanda, uma religião sincrética, surgida num contexto de 'desafricanização' da cultura afrobrasileira", respondeu por email à BBC News Brasil o cantor Nei Lopes, estudioso das culturas africanas e autor de diversos livros como "Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africanos".
"Mesmo porque as modalidades de culto (de matriz africana) mais tradicionais não representam as divindades em forma humana, pois elas são, sobretudo, energias, forças cósmicas", ressalta ainda Lopes.
Casa de Iemanjá, na Praia do Rio VermelhoDireito de imagemTATIANA AZEVICHE/SETUR/GOVERNO DA BAHIA
Image captionCasa de Iemanjá, na Praia do Rio Vermelho

Orixá não tem cor?

Como explica o portal do Museu Afro Brasil, a escravidão de negros, regime de exploração que perdurou no Brasil por mais de três séculos até ser abolido em 1888, "colocou em contato as religiões de diferentes povos africanos, que acabaram por assimilar e trocar entre si elementos semelhantes de suas culturas". Foi nessa mistura que se formaram as religiões afro-brasileiras.
O candomblé "não é um único culto religioso, mas antes uma série de cultos estreitamente aparentados", nota ainda o site. Suas divindades levam os nomes de orixás, inquices e voduns, de acordo com o povo de origem, se ioruba, banto ou jeje, respectivamente. No Brasil, as três formas estão presentes, mas a nomenclatura orixá é que a mais se popularizou.
Diferentemente de Jesus Cristo, descrito no catolicismo como uma encarnação humana de Deus, Iemanjá representa no candomblé uma força da natureza, uma energia. Nesse sentido, o orixá não tem uma cor de pele. Para a historiadora e candonblecista Carolina Rocha, porém, é importante afirmar a negritude de Iemanjá. Segundo ela, representá-la como branca faz parte de um processo de "epistemicídio", conceito usado pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos para se referir à destruição ou inferiorização de conhecimentos, saberes e culturas pelo colonialismo.
"Todas as entidades, símbolos, forças que são cultuadas, apesar de nao terem tido um existência humana propriamente dita, elas têm um origem, têm uma história", afirma a pesquisadora, que está concluindo um doutorado sobre conflitos religiosos contemporâneos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Rocha — que em sua casa tem um quadro de uma Iemanjá negra da artista plastica Valeria Felipe — questiona não só a cor, mas todo a "estética ocidental" presente na imagem mais popular da entidade como uma mulher "super magra, de cabelos lisos". Ela lembra que Iemanjá, assim como outros orixás femininos (yabás) relacionados à água como Oxum e Nanã, representa a fertilidade, a abundância e a transmissão de conhecimento.
"Em termos de religião negra africana, Iemanjá, obviamente, além de ser uma mulher negra, é uma mulher de seios muito fartos, de quadris largos, isso também passa pela prosperidade feminina, pelo símbolo de fertilidade. Então, há um completo apagamento do que significa esse símbolo nessa imagem branca com barriga chapada", crítica.
"É algo muito cruel essa imagem que tem uma capilarização no tecido social imensa e nega uma origem, num projeto de racismo em que a padrão ocidental branco é colocado como o bonito. Parece bobagem falar de estética, mas não é, porque na verdade você está falando de autoestima e sem autoestima você não é nada", reforça.
Procissão em CidreiraDireito de imagemFAUERS
Image captionEm Cidreira, no litoral do Rio Grande do Sul, uma grande procissão em homenagem a Iemanjá e a à Nossa Senhora de Candeias ocorre anualmente na noite de 1º de fevereiro

Resistências ao debate

Carolina Rocha diz que hoje "existe um debate enorme dentro das religiões de matriz africana" sobre a representação da divindade, mas reconhece que "muitas casas (de candomblé e umbanda) não refletem sobre isso".
Em Cidreira, no litoral do Rio Grande do Sul, uma grande procissão em homenagem a Iemanjá e a à Nossa Senhora de Candeias ocorre anualmente na noite de 1º de fevereiro até uma estátua de mais de oito metros de uma mulher branca, de vestido azul e adorno com estrela sobre os cabelos negros escorridos.
"Nossa procissão é a maior do país, reúne em torno de 40 mil, 50 mil pessoas", afirma o presidente da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), Everton Alfonsin.
Questionado pela reportagem sobre como refletia sobre representação branca de uma divindade com origem africana, Alfonsin também lembrou que os escravizados recorriam às imagens e datas festivas católicas para cultuar seus orixás e reconheceu que houve racismo nesse processo. Ele disse, porém, não ver necessidade de uma revisão disso dentro da umbanda.
"A estátua em Cidreira representa Iemanjá sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, não tem nada a ver com a Iemanjá de matriz africana", argumentou, destacando ainda que a divindade não é chamada de orixá na umbanda, mas de caboclo.
Um dos organizadores da procissão à Iemanjá que tradicionalmente parte do Mercadão de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, até Cobacabana, dias antes do reveillon, congregando pessoas de diferentes credos, Hélio Sillman, não vê racismo na representação branca da entidade. Ele, que gerencia a loja Mundo dos Orixás, diz que é "católico, com um pezinho na umbanda".
"Essa discussão não leva a lugar nenhum, se é branco, se é negro, se é isso, se é aquilo. É criar um problema sem ter", diz.
O evento realizado há 17 anos ocorreu apenas dentro do mercadão pela primeira vez em 2019. Segundo Sillman, a prefeitura do Rio não liberou um alvará para a carreata. A cidade é governada pelo evangélico Marcelo Crivella.
Estátua de IemanjáDireito de imagemALEXANDRE MACIEIRA/RIOTUR
Image captionRepresentação de Iemanjá foi processo similar ao embranquecimento da imagem de Jesus Cristo, dizem especialistas

"Convencimento deve vir pela educação"

Pesquisador da afrobaianidade e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Gildeci Leite diz que o debate sobre a cor de Iemanjá está vivo nos terreiros baianos, mas ressalta que ainda hoje predomina a representação branca da entidade na tradicional festa de dois de fevereiro na praia do Rio Vermelho, em Salvador, proporcionalmente a capital mais negra do Brasil.
Numa das pontas dessa praia, há uma estátua da yabá com calda de sereia esculpida em uma pedra de cor clara. Ela está em frente a uma casa dedicada à divindade que abriga uma espécie de altar em que uma grande Iemanjá branca fica rodeada por flores e representações menores de variados tipos, inclusive algumas esculturas negras.
Leite considera fundamental problematizar a atual representação do orixá, mas defende que isso seja feito com respeito às outras representações, de forma devagar. "Eu penso que Iemanjá tem que ter representação negra, mas pra isso eu não preciso depreciar outras representações. Até porque isso tem que ser um processo de educação, de convencimento com encantamento, não com opressão. Já fomos oprimidos demais", afirma.
"Minha mãe biológica ainda associa Iemanjá com Nossa senhora da Conceição. E eu vou dizer que está errado? Não, porque isso é um processo de construção. Já os meus filhos biológicos sabem que Iemanjá é Iemanjá e Nossa Senhora da Conceição é Nossa Senhora da Conceição e que ambas merecem respeito", diz ainda.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Prefeitura de Bom Jardim promove desfile de novas ambulâncias



O prefeito João Lira (PSD) comemorou com fogos e desfile a chegada de duas novas ambulâncias adquiridas pelo município neste 31 de janeiro 2020.  O prefeito também vem construindo passagens molhadas em Lagoa de Cobra. Fez a inauguração da reforma do Pátio de Eventos João Salvino Barbosa e Praça de São Sebastião. Em Umari já está em fase conclusiva a reforma e ampliação da Escola Dr. Moacir Souto Maior e a construção da creche. Bizarra também terá um complexo educacional e artístico. Pindobinha terá a praça reconstruída. O prefeito passou o "trator".
Embora as obras venham acontecendo, o prefeito J. Lira, tem sido bastante criticado por muitos bonjardineses e por segmento da oposição que levanta dúvidas dos valores gasto com as obras anunciadas. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brexit: Reino Unido oficialmente deixou a União Europeia — O que acontece agora?

A member of the public views Union Jack flags in Parliament Square, London, ahead of the UK leaving the EU at 23:00 on Friday, 31 JanuaryDireito de imagemPA MEDIA
Image captionBandeiras do Reino Unido foram colocadas no parlamento para marcar o dia do Brexit
É oficial — o chamado Brexit se concretizou e o Reino Unido deixou a União Europeia (UE).
Foi motivo de celebração para alguns, e de tristeza para outros. O país oficialmente abandonou sua participação na UE às 23h em Londres (20h em Brasília), que corresponde à meia-noite em Bruxelas, a capital da UE.
Uma projeção de um relógio em Downing Street (a sede do governo britânico) marcou a ocasião.
O primeiro ministro Boris Johnson soltou uma declaração e falou de um "começo de uma nova era" para o país e prometeu uma "verdadeira renovação nacional" depois de 47 anos como membros da União Europeia.
Com o divórcio selado, o primeiro capítulo do Brexit se encerra. Mas o próximo apenas começou — ainda há muitos acordos e negociações a serem feitas.


O que vai mudar?

No começo, não muita coisa.
Um período de transição de 11 meses começou e o Reino Unido vai, em geral, seguir as regras da União Europeia.
As grandes mudanças vão começar quando a transição terminar. Mas a UE é, a partir de agora, um clube com 27 membros, e não 28.
Em outras palavras, o Reino Unido continua por enquanto sendo um único mercado e mantendo as regras alfandegárias. Isso significa que as regras de comércio e livre circulação de bens e serviços continuam as mesmas durante o período de transição. A liberdade de movimentação para pessoas continua a mesma e a Suprema Corte da União Europeia ainda tem jurisdição sobre o país por enquanto.
Mas não vai mais haver representantes britânicos no Parlamento Europeu nem ministros britânicos nas reuniões da UE onde são tomadas as grandes decisões.
Boris Johnson speaking at a pro-Brexit rallyDireito de imagemPA MEDIA
Image captionBoris Johnson foi um dos maiores defensores do Brexit no referendo de 2016
A partir de agora, o Reino Unido tentará fechar um novo acordo econômico com a União Europeia e com outros países.
O presidente americano Donald Trump já acenou para a construção de um acordo de comércio "massivo" com o Reino Unido.
Cidadãos britânicos não são mais cidadãos europeus, mas ainda podem viajar livremente pelos países do bloco. O mesmo vale para os europeus no Reino Unido.
Mas depois do período de transição, que o Reino Unido diz que terminará em 31 de dezembro de 2020, as regras de imigração vão mudar para os cidadãos do Reino Unido e da UE.
Os 3,5 milhões de cidadãos da UE no Reino Unido terão até junho de 2021 para fazer um pedido de residência. Mas se não houver um acordo sobre isso entre o bloco e o Reino Unido, o prazo para ficarem no país é o fim deste ano.
Os 1,3 milhões de britânicos na UE terão que fazer um pedido de residência.
Depois da transição, o Reino Unido está planejando um sistema de imigração baseado em pontos, que vai afetar todo mundo, quer seja da UE ou não.

O que acontece agora?

O Reino Unido e a União Europeia vão usar os próximos 11 meses para negociar um novo tipo de relacionamento. Poucas pessoas do lado da UE acham que isso é tempo suficiente, incluindo a presidente da comissão da UE, Ursula von der Leyen.
A UE quer um acordo de livre comércio que estabelecer os termos para troca de mercadorias, padrões de contratação, regras ambientais e outras questões entre o bloco e o país.
Novos acordos de segurança, viagem e imigração precisam ser assinados.
Acordos de comércio costumam durar anos, então se os dois lados chegarem ao fim de 2020 sem um acordo, é possível que o Brexit seja um rompimento seco, sem termos para as relações comerciais. Se isso acontecer, o Reino Unido pode ter aumento nos preços dos alimentos e disrupção na distribuição de remédios e outros produtos.
O comércio seria feito de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio, o que significa existência de taxas e importação e exportação.

Como o país chegou a essa situação?

O Reino Unido se juntou à Comunidade Econômica Europeia em 1973 e tive um referendo apoiando essa decisão dois anos depois.
Conforme o bloco cresceu e se tornou o que é hoje a União Europeia, ele se tornou um bloco não apenas econômico, mas político.
Entre alguns políticos, cresceram as objeções à ideia de "união cada vez mais próxima com os povos da Europa", que foi acordada pela UE em 1992.
Mas deixar a UE se tornou uma possibilidade só quando o Partido Conservador decidiu fazer uma votação sobre o assunto. A saída ficou conhecida como Brexit.
Um referendo aconteceu em 23 de junho de 2016. O "deixar" ganhou por uma pequena margem, com 51,9% dos votos válidos contra 48,1% de pessoas votando "ficar".
But it was not until the Conservative Party decided to hold a new public vote that leaving the EU became a possibility. That became known as Brexit.
Se seguiram três anos de difíceis negociações sobre os termos do divórcio, com o governo britânico tendo dificuldade em concordar com o Parlamento sobre um acordo de saída.
Theresa May, pictured here with Donald Tusk former president of the European CouncilDireito de imagemPA MEDIA
Image captionTheresa May (à direita) não conseguiu fechar um acordo de saída
Houve várias trocas de primeiros-ministros até que Boris Johnson ganhou a eleição antecipada de dezembro de 2019, lhe dando os números no Parlamento para aprovar um acordo.

O que é o acordo de saída?

Os pontos principais discutem como o Reino Unido vai pagar a multa de 39 bilhões de libras por sair; torna inefetiva a lei que admitiu o país no bloco, substituindo-a pela lei sobre o período de transição e propõe um plano para garantir um acordo sem problemas entre a Irlanda, que continua sendo parte da UE, e a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido.
O acordo também garante os direitos dos cidadãos da UE vivendo no Reino Unido, criando um comitê para monitorar seu tratamento.
De acordo com a legislação britânica sobre o acordo de saída, extender os 11 meses de transição é proibido.

A saída do Reino Unido da UE fará muita diferença para o bloco?

O Reino Unido era um dos mais importantes membros do bloco, e um dos principais contribuintes econômicos ao lado da Alemanha e da França. O país fazia uma contribuição anual de cerca de 7,8 bilhões de libras para a UE. Então quando o pagamento terminar, no final de 2020, haverá uma diminuição significativa nas finanças do nloco.
A forte contribuição do país às políticas de segurança e relações internacionais do bloco eram muito bem recebidas pelos outros países e com certeza farão falta.
Nenhum outro país do Reino Unido está planejando sua própria versão do Brexit — na verdade vários países tentam entrar.
Para o Reino Unido e a União Europeia, os próximos meses são centrais, mas as relações nunca mais serão as mesmas. "Qualquer que seja o acordo que estabeleçamos, o Brexit sempre será uma questão de redução de danos", disse Michel Barnier, o negociador-chefe do Brexit na União Europeia.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Manuscrito histórico sobre a origem da Tradicional Festa de São Sebastião, em Bom Jardim, por Américo Sedícias




São Sebastião

Bom Jardim, a partir de hoje, celebra a sua tradicional Festa de São Sebastião, comemorada anualmente pela Igreja Católica.


Foi o glorioso filho da cidade francesa de Narbona, martirizado em Roma, no ano de 288 da era cristã. É venerado na capela da Avenida Manoel Augusto, cujos primórdios desta homenagem datam de 1926, conforme os seguintes dados históricos: “O estio de 1925, trouxe para a população de Bom Jardim séria apreensão, em virtude dos casos de peste bubônica notificados pela saúde pública, em vários sítios do município, na sua parte Noroeste, com os limites de Orobó.”.

O espírito religioso do povo fazia-o invocar São Sebastião, considerado defensor dos cristãos, contra as epidemias. Uma capela tendo o santo como orago seria erigida se a moléstia não se propagasse à cidade. Era o conterrâneo e saudoso Napoleão Gonçalves Souto Maior, chefe de grande família e católico prático, que assim se manifestava, aliado à inesquecível e piedosa jovem Otília Engrácia de Oliveira, Filha de Maria, promotora do novenário com seus irmãos: Anísio Oliveira e José Wilson, ainda Celso Ferreira, Mariano Sabino, Abdias Cunha, Severo Farias, Joaquim Mendes, Josefa e Dina Borges, e tantos outros, pioneiros da festa ensaiada pela primeira vez a 02 de fevereiro de 1926.

Exerceram piedosa e inteligente influência, principalmente entre os seus coabitantes da cidade baixa. Houve certo desentendimento com a autoridade paroquial da época, até certa rivalidade entre os habitantes da cidade alta, não obstante foram aqueles cruzados heroicos os principais criadores das celebrações que até nossos dias continuam sob a gratidão de todo o povo da cidade e de todos os que chegam de fora, igualmente participantes dos mesmos anseios que abraçam toda a família cristã.

Segundo o manuscrito deixado por Otília Oliveira, sob a guarda do seu irmão Anísio Oliveira, ou de seu sobrinho Irineu Wilson, não foi celebrada Missa, que seria a primeira da festa, ansiosamente esperada por todos aqueles dedicados e piedosos conterrâneos, componentes da Comissão Organizadora, no entanto, realizou-se uma romaria sob cânticos sacros, até à Rua João Pessoa ou Manoel Augusto (Rua da Palha), onde ficara assinalado o lugar para a construção da capela prometida.

Mais propício foi o ano de 1927, quando houve autorização episcopal para celebrar a Missa festiva, o que não se deu em 1928, que ficou limitado ao novenário musicado e regido pelo saudoso musicista João Gercino (Janjão), nosso conterrâneo.

Em 1929, num altar erigido em frente à residência de Otília Oliveira (Tila), foi celebrada a Missa, pelo Padre Severino Mariano, atualmente Bispo da Diocese de Pesqueira.

Em 1930, ano em que recorda a segunda grande enchente do Rio Tracunhaém, fazendo ruir grande parte da Rua da Palha, já se construíra a capela de São Sebastião, havendo novenário e Missa cantada, porém na Matriz.

Em 1931, realizou-se a festa, se bem não haja menção no manuscrito de Tila Oliveira, que deixou de existir em 1933, legando a Bom Jardim, sua terra natal, o mais dignificante exemplo de católica praticante.

Convém recordar, que a imagem primeira da capela fora oferta do Sr. Artur Gonçalves Souto Maior, de saudosa memória, sendo batizada em 02 de fevereiro de 1933, ano em que foram juízes da festa o ilustre casal Severino Vieira de Miranda e sua consorte Ana Miranda.

Neste ano de 1964, os bonjardinenses assistem a 37ª comemoração festiva a São Sebastião, agora com a sua capela renovada, apresentando em toda sua contextura, não só a demonstração piedosa dos que contribuíram para o seu novo aspecto, mas, realçada pelos canteiros que a emolduram, tal qual o arrebol que se expande, iluminando as consciências e marcando ali o refúgio do bem e da verdade.

Forasteiros, amigos da cidade que vos saúda, sede bem-vindos. Estabelecei nestes dias o contato amigo com a gente da terra que há tantos anos vos acolhe com relativa hospitalidade.

Neste ambiente pródigo em relações que se alicerçam, se refazem e se renovam, sob os motivos da grande Festa, nestes últimos anos organizada sob a direção intelectual e material dos incansáveis Irineu Wilson, Milton Barros e seu irmão Rinaldo Barros, numa admirável atuação demonstrativa do querer bem a sua terra.

Encerrando este período, mencionamos o bonançoso adeus com que o passado prefeito Severino Ferreira dos Santos, coroou a sua administração embelezando a capela com a interessante pracinha que a defronta.

Américo Sedícias, Bom Jardim 1964.

Américo de Souza Sedícias, bonjardinense, filho de José Ferreira Sedícias e Lídia da Mota Silveira, nasceu no dia 30 de junho de 1894. Falecer no dia 05 de abril de 1968, aos 74 anos. Desde bem jovem, começou a trabalhar no DCT (Departamento de Correios e Telégrafos), exercendo sua função nas cidades pernambucanas de Custódia, Surubim, Vertentes e Bom Jardim. Começou como estafeta e, pelos seus próprios esforços, foi conquistando postos, até chegar à chefia da Agência Postal Telegráfica. Gostava de escrever sobre temas variados, sobretudo, de caráter regional, focalizando a terra e as necessidades do Nordeste, o trabalho e suas vinculações com a riqueza do campo. Gostava de literatura, crônicas ligeiras e dedicava-se à poesia lírica. Colaborava para o Jornal Diário de Pernambuco e a Revista Presente de Natal, além de atuar como redator do “22 de Setembro”, “Elo Bonjardinense” e o “Literário”. Participou de vários movimentos, que engrandeciam Bom Jardim. Ouvia mais e falava pouco. Tinha caráter ponderado, sensato e sincero. Autodidata, estudou até a 4ª série. De modéstia impar, se dedicava ao lar, ao trabalho e frequentava a igreja.

Produção: Pastoral da Comunicação / Colaboração: Célia Sedícias / Paróquia de Sant’Ana Bom Jardim – Pernambuco.
Por  Matriz de Sant'Ana

Programação completa da 94ª Festa do Glorioso Mártir São Sebastião

TEMA – “PÃO EM TODAS AS MESAS”

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, aproxima-se mais uma Festa do Glorioso Mártir São Sebastião, que testemunhou sua fé dando sua vida e derramando seu sangue por causa da Verdade que salva e liberta: Jesus, Nosso Senhor.
Durante o novenário, que começa no dia 24 de janeiro e se encerra no dia 02 de fevereiro de 2020, vamos refletir sobre o seguinte tema: “Pão em todas as mesas”, que é o mesmo do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que será realizado na Arquidiocese de Olinda e Recife - PE, de 12 a 15 e novembro deste ano. O Papa afirma: “A Eucaristia nos reconcilia e nos une, alimenta a vida comunitária, e gera gestos de generosidade, perdão, confiança e gratidão, significa ação de graças, nos educa à primazia do amor e a prática da justiça e da misericórdia”.
Todos estão convidados a participar ativamente desta grande festa religiosa. Venha participar com toda sua família. Sua presença nos alegra.

Pe. Severino Fernandes de Moura - Pároco


HOMENAGEM DE HONRA

Sumo Pontífice Papa Francisco
Exmo. Revmo. Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo Diocesano
Exmo.  Revmo. Dom Frei Severino Batista de França – Bispo Emérito
Exmo.  Revmo. Dom Jorge Tobias de Freitas – Bispo Emérito
Revmo.  Pe. Severino Fernandes de Moura – Pároco
Revmo. Pe. Eduardo José da Silva – Vigário Paroquial

JUÍZES DA FESTA

Luiz Gustavo Cabral da Costa Batista, Joaquim Henrique de Lima Batista, José Bento de Lima Batista

JUÍZA DA BANDEIRA

Ana Paula Timóteo de Lima

JUIZ DO ANDOR DE SÃO CRISTOVÃO

José Isaac Barbosa da Silva

JUÍZES DO ALTAR DE SÃO SEBASTIÃO

Famílias Brito e Nascimento

JUÍZES DO ANDOR DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE

Lenice Pereira Salvador de Sousa, Edson Pereira Justino da Silva, Ednilson Pereira Justino da Silva, Edna Pereira Justino da Silva Arruda, Diogo Ferreira da Silva, Edinice Pereira Justino da Silva, Breno Gomes de Sousa, Brenda Evellyn Justino de Sousa, Erica Simone Justino da Silva, Luiz Monte da Silva, Erick Luiz da Silva, Vanessa Juniara de Sousa e Fábio Miguel da Silva

JUÍZES DO ANDOR DE SÃO SEBASTIÃO

José Hernandes Barbosa de Miranda Barros, Rita de Cássia Nascimento de Santana Barros e Mariana Santana de Miranda Barros

PROGRAMAÇÃO RELIGIOSA

Dia 24/01/2020 – Sexta-feira

05h30 – Alvorada festiva e repique de sinos
18h30 – Procissão da Bandeira, saindo da residência dos Juízes da Festa, na Vila Noelândia
19h30 – Início do Novenário e Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores das Ruas: Manoel Augusto, Israel Fonseca, Avenida José Moreira de Andrade, Dr. Osvaldo Lima, Tabelião Manoel Arnóbio Souto Maior e Derby
Responsável: Manuel Pereira
Tema: A Assembleia Eucarística, pão para todas as mesas

Dia 25/01/2020 – Sábado

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Comunidades Rurais: Açudes, Aroeiras I, Aroeiras II, Altos I, Altos II, Balança, Baraúna, Barroncos Mãe Rainha, Barroncos de Santa Luzia, Barroncos de São Lourenço, Bizarra, Bom Fim, Campestre, Camará de Baixo, Camará de Cima, Chã do Arroz, Correntes, Córrego do Feijão, Encruzilhada, Espera, Feijão I, Feijão II, Freitas, Gruta de Chuva, Independência, Jurema, Lagoa Comprida, Lagoa da Casa I, Lagoa da Casa II, Medo, Paquevira I, Paquevira II, Pedra Fina, Piabas, Pindoba, Pindobinha, Pitombeira, Quatis, Ribeiro Seco, Sapucaia, Torto I, Torto II, Várzea Alegre e Umari
Responsáveis: Catequistas e Evangelizadores
Tema: Evangelho Dominical
Gesto Concreto: Feijão e Fubá

Dia 26/01/2020 – Domingo

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores das Ruas: Nova Descoberta, José Bezerra, José Gomes Cabral, Dr. Carlos Santana
Responsáveis: Luzinete Leandro, Ítalo, Ana Lúcia e Graça Leal
Tema: Evangelho Dominical
Gesto Concreto: Arroz e Macarrão

Dia 27/01/2020 – Segunda-feira

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores das Ruas: Alto do Paraíso, José Ferreira Sedícias, Alto de São José, Manoel Maravilha e Dr. Paiva
Responsáveis: Miriam Ferreira, Lúcia Gomes e Gustavo Gomes
Tema: A Palavra de Deus, pão para todas as mesas
Gesto Concreto: Açúcar e Café

Dia 28/01/2020 – Terça-feira

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores das Ruas: Etelvino Souto Maior, Cel. Joaquim Gonçalves, Tabelião Manoel Arnóbio Souto Maior, Praça Barão de Lucena, Beneditinas da Virgem Maria, Jerônimo Heráclio, Bela, Dirceu Borges e Alto do Carmo
Responsáveis: Bernadete de Paula e Juliana Borges
Tema: O memorial do sacrifício de Cristo
Gesto Concreto: Bolacha e Leite em Pó

Dia 29/01/2020 – Quarta-feira

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Prefeitura Municipal do Bom Jardim e Secretarias
Responsáveis: Prefeito e Secretários
Tema: A Espiritualidade Eucarística: convite para cear com o Senhor
Gesto Concreto: Kitut e Pescada

Dia 30/01/2020 – Quinta-feira

08h00 às 15h00 – Adoração ao Santíssimo Sacramento, na Capela de São Sebastião
19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores dos Bairros: Itagiba, Cohab e Loteamento Bom Fim
Responsáveis: Lenice Pereira, Zita de Paula, Lúcia, Flora e Lourdes
Tema: A dimensão social e profética da ceia e Jesus
Gesto Concreto: Óleo e Vinagre

Dia 31/01/2020 – Sexta-feira

19h00 – Novena
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Moradores do Bairro Noelândia
Responsáveis: Josefa Mariza, Juçara Mota e Socorro Farias
Tema: A Eucaristia e Maria: o Magnificat o “Pão em todas as mesas”
Gesto Concreto: Margarina e Doce

01/02/2020 – Sábado
“Noite dos Motoristas”

18h30 – Procissão conduzindo a Imagem de São Cristóvão, saindo da Encruzilhada, rumo à Capela de São Sebastião
19h00 – Novena, Acolhida e Bênção dos Condutores de Veículos
19h30 – Celebração da Eucaristia
Noiteiros: Motoristas, Mototaxistas, Ciclistas
Tema: Evangelho Dominical
Gesto Concreto: Materiais de Higiene Pessoal

02/02/2020 – Domingo / DIA DA FESTA

05h30 – Alvorada e repique de sinos
09h00 – Missa Solene
15h30 – Celebração da Santa Missa, presidida pelo Exmo. Revmo. Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo Diocesano
16h30 – Procissão conduzindo as Imagens de São Sebastião e Nossa Senhora da Saúde, percorrendo as principais ruas da cidade, seguida de sermão de encerramento

03/02/2020 – Segunda-feira

19h00 – Recitação do Santo Terço
19h30 – Celebração da Eucaristia, Bênção de São Brás e Entrega da Bandeira aos Juízes do ano 2021
Gesto Concreto: Itens para Bebê

Comissão Organizadora

Pe. Severino Fernandes de Moura, Pe. Eduardo José da Silva, Izabel Paulino, Josina Maria, Laurinete Alves, Lenice Pereira, Bruno Araújo, Neves Canto, Gleyson Barbosa, Gustavo Gomes, Cristina Arruda, Anthony Queiroz, Mariza Barbosa e Assis Rodrigues

Apoio: Pastorais, Grupos, Movimentos e todo Povo de Deus

Agradecimentos: Participantes, Juízes da Festa, Patrocinadores, Pregadores, Ministérios, Prefeitura Municipal, Polícia Militar e Civil, Café Santa Clara, PASCOM, Rádio Cult FM, Blogs, Sites e Hildelbrando.com

Patrocínio: Café Santa Clara e Produtos Frisco, Comércio Local

Convide sua família, seus amigos e venha participar conosco!
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Carnaval de Bom Jardim

Prefeitura de Bom Jardim convoca representantes de blocos e eventos carnavalescos para reunião nesta quarta-feira, dia 29/01/2020, às 19, no Centro Cultural Professora Marineide Braz. O encontro objetiva pensar, organizar o carnaval, ouvir demandas sobre a programação. A prefeitura vai expor suas metas para folia ndeste ano.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre

Foto da favela de Santa Marta no Rio de Janeiro.
Foto da favela de Santa Marta no Rio de Janeiro.APU GOMES (AFP)

Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade social realizado pela Oxfam.

O levantamento também revelou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Além disso, mostra que os super ricos (0,1% da população brasileira hoje) ganham em um mês o mesmo que uma pessoa que recebe um salário mínimo (937 reais) - cerca de 23% da população brasileira - ganharia trabalhando por 19 anos seguidos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Segundo Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, o Brasil chegou a avançar rumo à correção da desigualdade nos últimos anos, por meio de programas sociais como o Bolsa Família, mas ainda está muito distante de ser um país que enfrenta a desigualdade como prioridade. Além disso, de acordo com ela, somente aumentar a inclusão dos mais pobres não resolve o problema. "Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo", diz. "Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base", explica.

América Latina

Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia propõe mudanças como uma reforma tributária. "França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média", explica ela. "Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos". Outra coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas. "Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se espantam com o assunto", diz. "A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma".
A aprovação da PEC do teto de gastos, de acordo com Katia Maia, é outro ponto importante. Para ela, é uma medida que deveria ser revertida, caso o país realmente deseje avançar na redução da desigualdade. "É uma medida equivocada", diz. "Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área". Para ela, mais do que controlar a quantidade do gasto, é preciso controlar o equilíbrio orçamentário e saber executar o gasto.
Além das questões econômicas, o cenário político também é importante neste contexto. "Estamos atravessando um momento de riscos e retrocessos", diz Katia Maia. "Os níveis de desigualdade no Brasil são inaceitáveis, mas, mais do que isso, é possível de ser mudado".
Professor Edgar Bom Jardim - PE