quinta-feira, 11 de julho de 2019

Facebook está patenteando as suas emoções


Por: Ethel Rudnitzki, Rafael Oliveira | Infográficos: Ana Karoline Silano
“O Facebook ajuda você a se conectar e compartilhar com as pessoas que fazem parte da sua vida.” É essa mensagem que aparece na sua tela ao se fazer o login na rede social – ou antes de criar a sua conta, se você não for um dos 130 milhões de brasileiros que usam o Facebook.
Mas, além de se conectar com amigos e família, ao criar uma conta ou logar na plataforma, você está compartilhando suas informações com a empresa. O uso dos dados pessoais sempre esteve descrito nos Termos de Utilização e na Política de Dados – para quem tivesse paciência de lê-los. Mas a extensão e as consequências desse uso só começaram a vir à tona com o escândalo da empresa Cambridge Analytica, que mostrou como dados de usuários do Facebook foram usados na segmentação de anúncios para a campanha eleitoral de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Um estudo inédito da pesquisadora Débora Machado, da Universidade Federal do ABC (UFABC), revela que o uso de informações pessoais pode ir além. O Facebook tem tecnologias suficientes para saber o que estamos sentindo em cada momento que logamos na plataforma. E mais: a partir disso, pode moldar as nossas emoções em benefício próprio.
A pesquisadora buscou patentes e pedidos de patente registrados pela Facebook Inc. nos Estados Unidos entre 2014 e 2018, encontrando quase 4.000. Entre elas, refinou a pesquisa para aquelas que só diziam respeito à rede social e depois selecionou 39 com potencial de modulação do comportamento do usuário. Destas, cerca de 15% tinham a análise de emoções como parte fundamental do funcionamento – vale lembrar que nem todas se tornaram patentes de fato. “Por mais que aquela tecnologia não esteja sendo utilizada, ou não vá ser utilizada, aquele é um conhecimento que a empresa adquiriu”, explica Débora.
Durante um mês, a Pública analisou algumas patentes sobre modulação de comportamento e adaptação do conteúdo apresentado no feed de notícias para entender como as tecnologias do Facebook podem detectar as emoções dos usuários e o que elas podem fazer com essas informações. A reportagem descobriu 130 invenções da Facebook Inc. com a palavra “emotion” e/ou “feeling” (emoção e sentimento, respectivamente) – uma parcela pequena do total de 3.081 patentes efetivamente registradas desde sua criação, em 2004. O levantamento revelou que 65% (85) das patentes que tratam de emoções foram registradas a partir de 2015, quando a plataforma patenteou a tecnologia da ferramenta “Reactions”, aquelas “carinhas” que demonstram sua reação a um texto – sinal de que desde então o interesse da plataforma por reações emocionais só aumentou.

Das reactions ao reconhecimento facial

Em fevereiro de 2016, o Facebook lançou as reactions com a ajuda de psicólogos e psiquiatras da Universidade Berkeley, nos Estados Unidos, e de Matt Jones, ilustrador da Pixar que fez a animação Divertidamente.
A ferramenta permite que o usuário reaja com cinco diferentes emoções às publicações na rede social. Além do tradicional “curtir”, a plataforma oferece as reações “amei”, “haha”, “uau”, “triste” e “grr”. A intenção era “fornecer ao usuário mais maneiras para ele expressar suas reações às postagens de uma maneira fácil e rápida”, conforme declarou o desenvolvedor de produto Sammy Krug durante o lançamento mundial da ferramenta. “Ao longo do tempo esperamos aprender como as diferentes reações podem ser ranqueadas diferentemente pelo feed de notícias para fazer um melhor trabalho em mostrar para as pessoas as histórias que elas mais querem ver”, completou.
Ao mesmo tempo que lançava as reactions, a empresa registrou diversas patentes com diferentes tecnologias para captar e modular as emoções dos usuários.
O reconhecimento facial, sensor de teclado e análise de informações linguísticas são alguns exemplos de como a empresa vislumbra fazer isso. “A maioria das patentes cita um uso de todos os sensores do celular”, diz Débora. “Fala-se bastante de reconhecimento facial, fala-se bastante de reconhecimento de voz. Fala-se também de uma análise da forma que você digita e de sensores como giroscópio, que consegue identificar em qual posição o celular está, a rapidez que você tira ele do bolso, a iluminação ao redor.”
Uma das patentes analisadas pela Pública se chama “Técnicas para a detecção de emoção e entrega de conteúdo” e foi registrada em fevereiro de 2014. A ferramenta identifica o sentimento que o usuário expressa a cada publicação que ele vê. Para captar isso, o aplicativo pode usar a câmera do dispositivo e reconhecer a expressão facial do usuário e a interação com o post (curtida, reação, compartilhamento ou comentário). Com a emoção reconhecida, o aplicativo leva em conta a informação para apresentar as próximas publicações. No texto da patente há um exemplo: “se um usuário for identificado como entediado, um conteúdo engraçado poderá ser mostrado a ele”.
IMAGEM DO FUNCIONAMENTO DA PATENTE “TÉCNICAS PARA A DETECÇÃO DE EMOÇÃO E ENTREGA DE CONTEÚDO”, REGISTRADA PELA FACEBOOK INC. (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
Outra patente, chamada “Determinando características de personalidade do usuário a partir de sistemas de comunicação na rede social”, descreve uma tecnologia capaz de identificar informações emocionais do usuário a partir do conteúdo das suas mensagens de texto. Ou seja, a ferramenta lê o que você escreve e interpreta, permitindo que a rede social obtenha informações linguísticas de um aplicativo de mensagens – que pode se aplicar ao Messenger, chat privado do Facebook ou ao “Direct” do Instagram – e as registre junto ao perfil do usuário com classificações como extroversão, sociabilidade, conscientização e estabilidade emocional. “Usando características de personalidade ao selecionar conteúdos, a rede social aumenta a probabilidade de que o usuário interaja favoravelmente com o conteúdo”, diz a descrição da patente.
Se você costuma enviar mensagens a seus amigos se lamentando de estresse, cansaço ou frustrações, ao usar essa tecnologia a plataforma poderá interpretar que você está emocionalmente instável e moldar os conteúdos que combinem com esse estado emocional.
PATENTE “MELHORANDO MENSAGENS DE TEXTO COM INFORMAÇÃO EMOCIONAL” PERMITE QUE A REDE SOCIAL DETERMINE INFORMAÇÕES EMOCIONAIS A PARTIR DA DIGITAÇÃO DO USUÁRIO (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
Outra tecnologia registrada pelo Facebook também detecta emoções nas mensagens de texto, através do teclado do dispositivo. A patente “Melhorando mensagens de texto com informação emocional” permite que a plataforma identifique o ritmo, a pressão e a precisão da digitação do usuário e associe isso a uma característica emocional. Então, a ferramenta pode apresentar a mensagem escrita de maneira a combinar com o que você está sentindo. Se você está digitando rapidamente, a plataforma poderia, por exemplo, alterar a fonte e deixar os caracteres mais aproximados, transmitindo a mensagem visual de pressa.
A política de dados do Facebook especifica algumas das ferramentas utilizadas para a coleta de informações dos usuários, incluindo “informações de e sobre os computadores, telefones, TVs conectadas e outros dispositivos conectados à web que você usa e que se integram a nossos Produtos”, além de “acesso à sua localização GPS, câmera ou fotos”. Tecnologias como reconhecimento facial, coleta de metadados de publicações, monitoramento de acesso da plataforma também são citadas.
O usuário pode decidir não permitir isso, entretanto. Mas, segundo Débora, “inibir o uso dessas ferramentas deixa a sua experiência nessas plataformas cada vez mais restritas”, e isso funciona como um incentivo à permissão mais ampla. Ela cita o exemplo da câmera: se você restringir o acesso do Facebook à câmera do seu celular, não será mais possível tirar fotos e vídeos e publicar na plataforma.
Por sua vez, a empresa apresenta essa informação com a justificativa de “melhorar a experiência do usuário”, “Pesquisar e inovar para o bem social” e “Promover segurança e integridade”, nos seus Termos de Serviço.

Sorria. Você está sendo “modulado”

Diferente da manipulação, a modulação ocorre de maneira sutil e personalizada através de algoritmos que coletam dados dos usuários. “Você não precisa enganar a pessoa, você não precisa dar informações falsas ou dar a entender uma coisa sendo que a verdade é outra. Você na verdade está direcionando ela, orientando ela em uma certa direção, ao mesmo tempo que dá a sensação de que ela está caminhando livremente para onde ela quiser”, explica a pesquisadora Débora Machado, que analisou 39 patentes de ferramentas que modulam o comportamento.
Um exemplo de patente que pode ser considerada útil para a modulação de comportamento se chama “Filtrando comunicações relacionadas a emoções indesejadas em redes sociais”. A invenção associa emoções a diversas interações dos usuários na plataforma – comentários, mensagens, publicações, curtidas etc. Aquelas interações que forem associadas a emoções consideradas “desejadas” serão reforçadas, e as que forem consideradas “indesejadas” serão preteridas. Como exemplos de emoções indesejadas, a patente cita luto, culpa, raiva, vergonha e medo.
Para incentivar o seu bom humor, a rede social pode exibir no feed de notícias publicações às quais você reagiu positivamente no passado. A patente cita como exemplo a lembrança de ações anteriores do usuário. Isso já acontece quando o Facebook sugere posts que comemoram um aniversário ou relembram uma publicação antiga – mas não há indícios de que isso é associado ao seu estado de humor.
DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DA PATENTE “MELHORANDO MENSAGENS DE TEXTO COM INFORMAÇÃO EMOCIONAL” (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
A consequência dessa patente, explica a pesquisadora, é que o Facebook pode, através do feed de notícias, privilegiar uma amizade em detrimento de outra ou dar preferência a certos tipos de publicações para determinados sentimentos. E isso não necessariamente corresponde aos interesses do usuário. “Eu identifico que a plataforma está mais interessada em deixar o usuário mais interativo, ou fazer ele executar uma ação específica. Eu não acho que a plataforma está muito preocupada se o que leva ele a comprar um produto, por exemplo, é ele estar triste ou estar feliz”, constata Débora.
DE MANEIRA PARECIDA COM OS EXEMPLOS DA PATENTE “FILTRANDO COMUNICAÇÕES RELACIONADAS A EMOÇÕES INDESEJADAS EM REDES SOCIAIS”, O FACEBOOK RELEMBRA ANIVERSÁRIO DE POSTAGENS POSITIVAS NO FEED DE NOTÍCIA DOS USUÁRIOS (FACEBOOK/REPRODUÇÃO)

Emoção é dinheiro

Saber quais são as emoções dos usuários é útil para anunciantes. Os anúncios são a principal fonte de renda do Facebook, representando US$ 14,91 bilhões no primeiro semestre de 2019 – 98,8% da receita. Das 130 patentes com a palavra “emoção” registradas pela plataforma, 109 (84%) contêm também a palavra “propaganda” (advertise) em suas descrições.
EM AUDIÊNCIA NO SENADO AMERICANO, O CEO DO FACEBOOK MARK ZUCKERBERG, EXPLICA COMO O FACEBOOK CONTINUA GRATUITO: “SENADOR, NÓS FAZEMOS ANÚNCIOS”
“As características de personalidade inferidas são armazenadas junto aos perfis do usuário e podem ser usadas para mirar, ranquear e selecionar versões de produtos [para oferecer ao usuário] e muitas outras funções”, define uma dessas patentes.
Outras são mais explícitas. A patente “Sinais negativos para segmentação de anúncios” descreve uma ferramenta que registra interações negativas de usuários com certos conteúdos, por exemplo, a expressão de emoções tristes ou bravas, comentários ruins, reação de ira, e cria uma lista de itens com os quais o usuário não se relaciona bem – uma “lista negra”, ou blacklist, no linguajar da patente – e que não devem ser mostrados ao usuário.
Procurada, a empresa afirmou que não comenta a cobertura específica de suas patentes ou razões para registrá-las. “O Facebook usa uma estratégia de patentes que não cobre apenas tecnologia usada nos produtos e serviços do Facebook, mas inclui também diferentes tipos de tecnologia. Por essas e outras razões, as patentes nunca devem ser entendidas como uma indicação de planos futuros.”
Além disso, reforçaram que não oferecem aos anunciantes a opção de direcionar anúncios com base na emoção das pessoas.
O publicitário e vice-presidente executivo da agência WMcCann, Márcio Borges, autor de dissertação sobre reações e engajamento em posts publicitários no Facebook, confirma que a segmentação por emoções não é disponível ao anunciante. “Hoje você não compra isso, mas o Facebook pode usar essas informações como forma de maximizar os resultados.” Atualmente, os anunciantes recebem a segmentação de público com base em comportamentos e interesses identificados pela rede social. “No fundo, essa informação vem pautada pelas reações, mas nós não compramos a segmentação por emoção.”
PARA PUBLICAÇÃO DE ANÚNCIOS NO FACEBOOK É POSSÍVEL SEGMENTAR O PÚBLICO POR IDADE, LOCALIZAÇÃO E INTERESSES (FACEBOOK/REPRODUÇÃO)
A análise das patentes pela reportagem vai na contramão do discurso pela saúde mental promovido pelo Facebook e da promessa de Mark Zuckerberg de estar trabalhando para que os usuários passem menos tempo na rede. As patentes relacionadas a emoções registradas pela marca indicam interesse de prender o usuário o máximo de tempo possível na rede. “Eu entendo que a partir do momento que você cria uma tecnologia que faz de tudo para o usuário ficar ativo e interagindo dentro dela, isso significa que você quer que essa pessoa esteja lá interagindo a maior quantidade de tempo possível”, afirma Débora.
Os próprios botões “curtir” do Facebook e “amei” do Instagram funcionam de maneira a prender o usuário à plataforma. Quando você posta um conteúdo e recebe uma curtida, o sistema nervoso é estimulado com a produção de dopamina, assim como quando você usa uma droga.
Algumas patentes de emoção analisadas pela Pública falam claramente em tecnologias capazes de garantir a permanência do usuário na rede social. É o caso da invenção “Apresentando conteúdos adicionais para um usuário de redes sociais baseado em uma indicação de tédio”, registrada em janeiro de 2015. A ferramenta permite que uma rede social identifique níveis de tédio – como recarregamento do feed de notícias e baixa interação com publicações – e iniba essa sensação. “A rede social apresenta conteúdos alternativos através do feed de notícias ao usuário com indicativo de tédio para encorajá-lo a interagir com os conteúdos”, explica o texto da patente.
De maneira parecida, a ferramenta “Reactions” também pode funcionar de maneira a incentivar a permanência do usuário na plataforma, segundo o publicitário Márcio Borges. “Quando você olha as reações, são quatro positivas ou neutras e duas negativas. É como se fosse padronizada matematicamente uma rede predominantemente positiva, porque você tem mais maneiras de expressar positividade do que manifestar negatividade. A própria maneira com a qual os botões estão dispostos, a ordem que eles vêm, também vêm do campo da positividade para a negatividade. As primeiras opções são positivas e as últimas negativas”, diz

Para a pesquisadora Débora Machado, o escândalo da Cambridge Analytica só empurrou o Facebook a buscar mais maneiras de estudar o comportamento. “A partir do momento em que as pessoas se preocupam mais com o que elas divulgam sobre sua própria vida, a rede também tem que encontrar outras formas de coletar informações diversas sobre o que você está sentindo ou pensando, para poder identificar qual a melhor hora de te direcionar algum conteúdo ou te levar a realizar alguma ação específica que seja vantajosa para o modelo de negócio da plataforma ou para o objetivo final do anunciante”, afirma.



Questionado pela Pública sobre a permanência dos usuários, o Facebook respondeu que trabalha para que eles “tenham conexões significativas” dentro da plataforma e que desenvolve ferramentas para que eles tenham controle sobre a quantidade de tempo que passam nela. “Queremos que o tempo gasto no Facebook seja positivo para as pessoas. No último trimestre de 2018, por exemplo, fizemos alterações para mostrar menos vídeos virais. No total, as alterações que fizemos em 2018 reduziram o tempo gasto no Facebook em cerca de 50 milhões de horas todos os dias”, afirmou a empresa em nota.
www.cartacapital.com.br/sociedade/como-o-facebook-esta-patenteando-as-suas-emocoes/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Não esqueça dos inimigos dos trabalhadores

Fonte: Ivan Moraes 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Vereador de Bom Jardim radicaliza e faz serviço de responsabilidade da prefeitura na Vila Paraná, distrito de Bizarra

Inversão de papéis:Ação do vereador confronta lentidão da prefeitura em solucionar os problemas da comunidade. A medida pode acirrar mais a rivalidade política entre os poderes. Confira a publicação na página do vereador.

Lenilson Do Posto


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pernambuco lança Programa Propriedade Legal


A iniciativa visa emitir mais de 65 mil títulos de propriedade. Foto: Hélia Scheppa/SEI
A iniciativa visa emitir mais de 65 mil títulos de propriedade. Foto: Hélia Scheppa/SEI
O governador Paulo Câmara lançou, quarta (10), o Programa Propriedade Legal. Com um investimento de mais de R$ 19 milhões, a iniciativa visa emitir mais de 65 mil títulos de propriedade para habitações urbanas e rurais em todo o Estado. Serão beneficiadas mais de 270 mil pessoas em 100 municípios pernambucanos, abrangendo todas as 12 regiões de desenvolvimento. O objetivo é evitar conflitos pela posse do imóvel e da terra. 

O governador definiu o programa como um desafio importante, necessário e justo. "Por meio dele, vamos ter condições de dar a garantia da escritura para a pessoa saber que aquele pedaço de chão, aquela casa, vai poder ser passada para os seus filhos e seus netos. E quem produz na agricultura familiar também vai ter, na escritura, a garantia de conseguir melhorar sua produção tendo acesso ao crédito”, declarou. Afirmou, ainda, que nos primeiros quatro anos de mandato, entregou cerca de 40 mil escrituras. "Agora, com esse novo método de trabalho, vamos entregar mais de 65 mil. Eu vou ter a honra, como governador de Pernambuco, de em oito anos entregar mais de 100 mil escrituras em todo o Estado”, acrescentou.

O novo projeto de regularização fundiária integra políticas públicas de três órgãos estaduais: Pernambuco Participações e Investimentos S.A (Perpart), Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) e Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe). Além de garantir a regularização das propriedades, também proporcionará às famílias beneficiadas maior facilidade na obtenção de crédito e na transmissão das terras. "Cada um dos nossos órgãos tinha seus planos de regularização fundiária. O que fizemos foi integrar as equipes para gerar uma maior sinergia, que potencializa a capacidade de execução das políticas públicas. Esse produto que apresentamos hoje garante, para milhares de pernambucanos, o direito à posse da sua propriedade", afirmou o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto.

Estiveram presentes à solenidade a vice-governadora Luciana Santos; o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco Eriberto Medeiros; secretários estaduais; deputados estaduais; prefeitos; a presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetape) Cícera Nunes; o presidente da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) Bruno Lisboa; o presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe) Altair Correia; e o presidente da Pernambuco Participações e Investimentos S/A (Perpart) Adaílton Feitosa.
Com informação de Diario de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Frio é resultado do aquecimento global


Mulher em clima frioDireito de imagemPEXELS
Image captionTuíte do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, no último domingo reacendeu polêmica sobre efeito das mudanças climáticas; BBC News Brasil conversou com especialistas em clima
"Só por curiosidade: quando está quente a culpa é sempre do possível aquecimento global e quando está frio fora do normal como é que se chama?".
O questionamento acima foi feito por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), em sua conta oficial no Twitter no último domingo, 7 de julho, em meio a uma onda de frio que fez as temperaturas caírem no Sul e no Sudeste do Brasil.
Na rede social, a opinião dividiu os usuários. Para os apoiadores do parlamentar, o comentário reforça a tese de que o aquecimento global não existe. Já seus críticos apontaram para desinformação sobre o assunto.
Não é a primeira vez que Carlos Bolsonaro coloca em xeque o aquecimento global. Ele e os outros filhos do presidente têm um histórico de críticas e deboche quanto ao tema.
Logo após ser eleito, o próprio Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris, mas voltou atrás na decisão. O tratado, assinado por 195 países, quer reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), um dos vilões por trás do aquecimento global, segundo a comunidade científica. Pelo acordo, o Brasil deverá reduzir em 37% suas emissões até 2025 e chegar a 43% em 2030.
Coincidentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também recorre ao Twitter para fazer comentários semelhantes. Ele retirou o país do pacto global pelo clima em junho de 2017.
Em janeiro deste ano, por conta de uma onda de frio intensa que atingiu o Meio-Oeste dos Estados Unidos, Trump tuitou a pergunta: "Se o mundo está ficando mais quente, por que, então, está fazendo tanto frio nos EUA"?
Como Trump e Carlos Bolsonaro, muitas pessoas acreditam ser exagerada ou mesmo falsa a preocupação com o aquecimento global.
Mas, segundo explicam especialistas em clima ouvidos pela BBC Brasil, a suposição de que dias muito frios comprovam a inexistência do aquecimento global é errada. Pelo contrário, eles reforçam a certeza, compartilhada por boa parte da comunidade científica, de que esse fenômeno existe e vem nos afetando de forma cada vez mais intensa.
"Essa fala de Carlos Bolsonaro é muito comum entre os negacionistas (aqueles que negam o aquecimento global). Mas é resultado de uma confusão - intencional ou não - entre os conceitos clima e tempo", diz à BBC News Brasil Alexandre Köberle, pesquisador do Grantham Institute na Universidade Imperial College London, uma das mais prestigiosas do Reino Unido.

'Confusão de conceitos'

Esses dois conceitos têm significados diferentes na meteorologia.
Segundo Koberle, o tempo se refere às condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto - a onda de frio que fez no Sul e Sudeste do Brasil no último fim de semana é um exemplo disso.
O clima, por outro lado, é um panorama mais prolongado e completo dos padrões de tempo. Ele se refere às condições que prevalecem em uma região ou em toda a Terra, e pode ser estudado com uma análise das tendências históricas.
Sendo assim, quando falam em clima, os cientistas estão se referindo à situação do planeta todo, ao longo do tempo. Ou seja, mesmo que esteja fazendo mais frio que a média em uma região específica, o mundo como um todo está, na média, mais quente - é isso que apontam centenas de estudos feitos por cientistas no mundo todo ao longo de décadas.
Esse aquecimento da temperatura média da Terra - que cientistas creditam aos gases de efeitos estufa produzidos por ação humana - provoca eventos climáticos extremos, desde inundações na África até seca no Brasil, passando por invernos muito mais rigorosos na América do Norte.
"Ou seja, estamos falando de grandes flutuações. E esses eventos climáticos tendem a ficar cada vez mais frequentes e exagerados", explica Köberle.
Em sua página na internet voltada para crianças, a Agência Espacial Americana (Nasa) dá um exemplo simples para deixar clara a diferença entre os dois conceitos: um dia chuvoso na cidade de Phoenix (capital do Estado americano do Arizona) não muda o fato de que o Estado do Arizona tem uma clima seco.
A Nasa também explica que devemos esperar tempos frios mesmo que as temperaturas do planeta estejam aumentando de forma geral.
"O caminho até um mundo mais quente terá muitos episódios de tempos extremamente quentes e extremamente frios", diz o site da agência.
Isso porque as mudanças climáticas alteram a forma como correntes marítimas, correntes de vento e outros fenômenos meteorológicos funcionam ao redor do mundo, gerando eventos meteorológicos extremos - tanto de frio quanto de calor.
O aquecimento do Ártico, por exemplo, pode fazer com que as correntes de vento polar gelado se desloquem para o sul, causando ondas de frios em lugares onde elas não costumavam ocorrer.
Esse aquecimento, dizem, leva o oceano, livre de gelo, a liberar mais calor. Isso, em contrapartida, enfraquece a circulação de ar frio sobre o Ártico e permite que ele escape para o sul.
"Quando o Ártico está quente, tanto temperaturas frias como fortes nevascas são mais frequentes comparadas com quando o Ártico está frio", disse um estudo publicado na revista científica Natures Communications no ano passado.
"Também descobrimos que, durante o período de aquecimento acelerado, quando o calor do Ártico chega à troposfera superior e parte inferior da estratosfera entre o meio e o final do inverno, o tempo severo de inverno tem se intensificado."
O deslocamento para o sul de ar gelado polar, conhecido como vórtice polar, já vinha sendo noticiado por estudos anteriores. "Em vez de circular sobre o hemisfério norte em uma trajetória regular e previsível, esse vento de alta altitude ziguezagueia sobre os Estados Unidos, o Atlântico e a Europa", diz um estudo publicado em Phys.Org em 2013.
Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionBolsonaro chegou a ameaçar retirar o Brasil do Acordo de Paris, mas voltou atrás

Recordes de temperatura máxima

Além disso, como lembra à BBC News Brasil Martin Beniston, ex-diretor do Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de Genebra, na Suíça, e um dos maiores especialistas sobre clima no mundo, desde os anos 80, os dias com recorde de temperatura máxima têm sido muito mais frequentes do que os dias com recorde de temperatura mínima.
"Diversos estudos apontam que o mundo ficou 1 grau Celsius mais quente no último século. Em alguns países do mundo, como na Suíça, essa variação chegou a 3 graus Celsius", diz.
"Se analisarmos as últimas décadas, percebemos que os dias com recorde de temperatura máxima vêm acontecendo com muito mais frequência do que os dias com recorde de temperatura mínima. Também são mais prolongados".
Koberle diz que havia uma campanha em andamento, apoiada por parte dos especialistas em clima, para que o termo global warming ("aquecimento global", em português) fosse substituído pelo termo global weirding ("estranhamento global", ou seja, de que o clima estaria ficando cada vez mais 'estranho').
O objetivo seria evitar confusões como a que foi compartilhada pelo vereador, que associa ondas de frio à inexistência do aquecimento global.
Indústria liberando fumaçaDireito de imagemPEXELS
Image captionGases de efeito estufa são considerados um dos principais vilões do aquecimento global

Ação humana

Mas como os cientistas sabem que o aquecimento global vem sendo causado pela ação humana?
Para chegar a essa conclusão, diz Beniston, especialistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) realizaram um amplo estudousando modelos matemáticos em que analisaram o impacto de fenômenos naturais, como erupção de vulcões ou o El Niño (aquecimento das águas no Pacífico), no aumento da temperatura média global.
"Eles constataram que o aquecimento registrado pela Terra no último século não seria possível única e exclusivamente por causa desses eventos naturais", explica Beniston.
Entre as ações humanas que costumam a ser relacionadas ao aquecimento estão a queima de combustíveis fósseis, a poluição industrial e a difusão da atividade pecuária.
O último relatório do IPCC recomendou limitar o aquecimento do planeta em 1,5 grau Celsius em relação ao período pré-industrial. Caso contrário, o mundo viveria uma catástrofe climática
Professor Edgar Bom Jardim - PE