sexta-feira, 5 de julho de 2019

Mundo:a rede de falsários que explora imigrantes haitianos no Brasil



Foto ilustrativa de homem negro assinando documentosDireito de imagemDPU
Image captionA certidão verdadeira demora seis meses, enquanto a falsa sai em uma semana, apurou a BBC News Brasil

A Polícia Federal brasileira está investigando uma rede de falsários cuja especialidade é fraudar documentos para um dos grupos de imigrantes mais vulneráveis no país: os haitianos.
Em nota à BBC News Brasil, a corporação disse que as investigações ainda estão andamento. A reportagem apurou que pessoas acusadas de vender certidões falsas para haitianos já foram presas pela PF nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
A imigração de haitianos para o Brasil era pequena antes de 2010. Naquele ano, o país caribenho foi devastado por um terremoto de sete pontos de magnitude, que deixou entre 200 e 316 mil mortos.
O Haiti é hoje o país mais pobre do hemisfério ocidental, segundo o Banco Mundial. Em 2017, o PIB per capita do país era de apenas US$ 765 dólares - para efeito de comparação, a cifra no Brasil era de US$ 9.812 dólares naquele ano.
A ação dos falsários resultou em prisões de imigrantes. Só em abril, ao menos oito deles foram detidos pela Polícia Federal em Curitiba (PR), depois de apresentar certidões falsas para as autoridades brasileiras.
O número - incomumente alto - chamou a atenção da PF na capital paranaense, e um procedimento foi criado para auxiliar haitianos que suspeitem ter sido alvo dos falsários.
"Tendo em vista o grande número de haitianos que apresentaram certidões consulares falsas para solicitação de autorização de residência, e presumindo-se que, em sua maioria, foram vítimas de falsários, a Polícia Federal em Curitiba providenciou o formulário de solicitação voluntária de cancelamento de RNM (Registro Nacional Migratório)", disse a PF em nota à reportagem da BBC News Brasil.
"Esse formulário serve para que voluntariamente o imigrante que apresentou Certidão Consular falsa, sem conhecimento da falsidade ou em dúvida a esse respeito, regularize sua situação imigratória, sem necessidade de abertura de procedimento administrativo de cassação de autorização de residência por fraude", continua o texto da PF.
Os haitianos detidos acabaram liberados depois para responder ao processo em liberdade, segundo a defensora pública Carolina Balbinott, da Defensoria Pública da União (DPU) - mas o processo criminal continua em andamento.

Duas mulheres imigrante de costas
Image caption'A comunidade haitiana já tem uma série de dificuldades', diz defensor público, que defende petição para que governo abra mão da necessidade dos documentos de filiação

Os documentos - supostamente falsos - apresentados pelos imigrantes estão sendo periciados no momento, disse Balbinott à BBC News Brasil. O grupo é formado por homens e mulheres, todos adultos.
A certidão consular é um dos documentos necessários para a regularização dos haitianos no Brasil.
Segundo apurou a BBC News Brasil, as prisões dos haitianos começaram a acontecer quando os responsáveis pelo setor de imigração na PF em Curitiba perceberam o modus operandi dos fraudadores, e identificaram diferenças mínimas que distinguem as certidões falsas das verdadeiras - um carimbo ligeiramente diferente, por exemplo.
Agora, as certidões entregues anteriormente estão passando por uma espécie de pente fino na PF.
Para evitar que o problema continue acontecendo, a DPU fez no dia 10 de maio deste ano uma petição aos ministros Sergio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) pedindo que este tipo de certidão não seja mais exigido dos imigrantes haitianos.
A certidão verdadeira é emitida pelo Setor Consular da Embaixada do Haiti, em Brasília. Pode ser pedido por correio, e custa cerca de R$ 60. Já a versão falsificada é bem mais cara (R$ 150 a R$ 300).
Então por que recorrer à falsificação? Rapidez. Enquanto o original leva até seis meses para ficar pronto, o falso pode ser obtido em uma semana.

'Eles chamavam de despachante'

A defensora pública Balbinott diz que alguns dos haitianos detidos - agora representados por ela - se referiam aos falsários como "despachantes". "A gente não sabe como começou (o trabalho dos falsários), mas a princípio essas pessoas começaram a fornecer o documento num prazo muito mais curto", diz ela.
"Os imigrantes se referiam a esses falsários como 'despachantes'. Era algo que explorava a dificuldade que os imigrantes tinham de acessar os documentos oficiais. Um mercado ilícito e lucrativo", diz a defensora.
Sem regularizar a situação no Brasil, dificilmente um imigrante haitiano consegue emprego por aqui, diz Carolina Balbinott. "Muita gente não aceita o passaporte haitiano (para contratar)", diz.
As dificuldades não são só de emprego: alugar um imóvel ou até abrir conta em banco pode ser difícil só com o passaporte.
Fedo Bacourt, de 42 anos, é coordenador da União Social dos Imigrantes Haitianos, em São Paulo (SP). Segundo ele, alguns bancos dificultam a abertura de contas para pessoas que dispõe apenas de um número de protocolo - embora a lei municipal paulistana garanta esse direito. Bacourt é haitiano e mora em São Paulo há quase seis anos.
"O que acontece é que, quando a empresa quer contratar um imigrante, ela o ajuda a conseguir abrir a conta", diz ele. A mesma coisa com os aluguéis, diz Bacourt. É difícil para um imigrante que possui apenas com um número de protocolo alugar um imóvel - a entidade coordenada por Bacourt ajuda os associados a fechar os contratos.

Como haitianos se registram

Os imigrantes haitianos têm duas formas de se registrar assim que chegam ao Brasil.
A primeira - e mais recomendada - é chamada de "autorização de residência por acolhida humanitária". Hoje, é regulada por um documento chamado Portaria Interministerial nº 10 de 2018, assinada ainda durante o governo de Michel Temer (MDB).
Nesse caso, o imigrante recebe um documento regular com validade imediata. E, após dois anos, pode pedir a residência por tempo indeterminado no Brasil, desde que tenha permanecido no país e consiga provar que tem um "meio de vida lícito". Um emprego, por exemplo.

HaitianosDireito de imagemSECOM/PR
Image captionOs imigrantes que suspeitam que suas certidões sejam falsas precisam procurar a PF

A segunda forma é a solicitação de refúgio. "Nesse caso, o imigrante não recebe de imediato a carteirinha, chamada CRNM (Carteira de Registro Nacional Migratório). Ele recebe um número de protocolo, numa folha de papel. Um documento muito precário", diz o defensor público da União João Chaves.
"Para regularizar a situação, o imigrante precisará passar por uma entrevista com o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), que tem uma fila gigante, e pode demorar anos para acontecer", diz ele. "O refúgio nunca é a primeira opção para o imigrante", diz Chaves.
O problema é que a solicitação do primeiro tipo - a acolhida humanitária - depende de alguns documentos: um passaporte válido e um documento que demonstre a filiação (os nomes do pai e da mãe) do imigrante. O passaporte haitiano, ao contrário do brasileiro, não traz essa informação.
"O documento da filiação pode ser uma certidão de nascimento haitiana, desde que esteja traduzida e legalizada, algo difícil de fazer e caro. E pode ser uma certidão consular, emitida pela representação do Haiti no Brasil". É este último documento que os haitianos obtinham com os "despachantes".
Os imigrantes que suspeitam que suas certidões sejam falsas precisam procurar a PF para fazer o cancelamento da CRNM antiga e regularizar a situação, orienta a corporação.
"A abertura de procedimento administrativo por fraude é pública e divulgada no site da Polícia Federal, podendo vir a causar danos à imagem do imigrante, ficando definitivamente em seus registros. Dessa forma, a solicitação voluntária de cancelamento evita esse transtorno", diz a nota da PF.
"Orientamos que a solicitação de cancelamento voluntária seja feita o quanto antes, pois todas as solicitações de residência realizadas até agora estão em revisão, e uma vez constatada a fraude iniciaremos o procedimento de cassação de residência", continua o texto.

Moro e Ernesto Araújo podem resolver problema

Para tentar resolver de forma definitiva o problema - e evitar que mais imigrantes sejam enganados por falsários - a Defensoria Pública da União enviou no dia 10 de maio uma petição aos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). O pleito é de que os ministros alterem a Portaria Interministerial para excluir a necessidade dos documentos de filiação.
"Não faz sentido a lei dispensar a entrega de documentos do Haiti, e a portaria, que é uma norma feita pelos ministérios, exigir esse documento", diz João Chaves.

Haitianos no Acre em 2013Direito de imagemCONECTAS
Image captionMudança nas normas pode evitar que situações como a de Curitiba se repitam. Na foto, imigrantes haitianos no Acre, em 2013

"A comunidade haitiana já tem uma série de dificuldades, e o Brasil reconheceu a acolhida humanitária. O Haiti foi o único país beneficiado por essa decisão do governo brasileiro, e é importante que a gente garanta o que está previsto na lei", diz o defensor. "Estamos agora aguardando as respostas dos ministérios", diz ele.
A petição é assinada por Chaves, por Carolina Balbinott, pelo defensor Ronaldo de Almeida Neto e pelo chefe da DPU, Gabriel Faria Oliveira. Até o momento, não há resposta dos ministérios, segundo João Chaves.

'Certidão de nascimento não é um documento universal'

Jean Katumba Mulondayi, 40 anos, é natural do Congo e mora há três anos no Brasil. Ele é presidente da ONG África do Coração, que presta assistência a imigrantes em São Paulo (SP). Ele explica que nem todos os países dão a mesma relevância que o Brasil a documentos como a certidão de nascimento.
"No meu país, você nasce e recebe uma certidão. Mas depois você pode perder, não tem problema. Você já nasceu, já está vivo", diz ele.
"Mas quando você chega ao Brasil, a certidão vale mais que pai e mãe", diz.
"Tem alguns documentos que são universais, outros que não são. O passaporte é um documento universal. A certidão de nascimento, não. Tem países em que as pessoas nascem e simplesmente não recebem esse documento", diz.
"E tem outra coisa. O que é a situação de refúgio? É alguém que está fugindo do país dele. Nem sempre dá para exigir destas pessoas todos os documentos. 'Eu vou fugir. Mas espera um pouquinho, vou ali procurar os meus documentos, porque no Brasil vou precisar", diz Katumba.
Abdulbaset Jarour chegou da Síria em 2014, também trabalha na África do Coração. Segundo ele, até existem organizações no Brasil que ajudam os imigrantes a conseguir a documentação necessária - mas esse trabalho não atinge a todos os imigrantes. E viver sem documentos é algo complicado no Brasil.
"Você sofre até chegar aqui, e quando chega num país novo, quer os mínimos direitos. Abrir uma conta em banco, arrumar emprego. Não é um privilégio, queremos apenas um olhar específico para esse caso. Quando largamos tudo e deixamos tudo para trás, é por causa de uma situação grave e generalizada", diz ele.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Juízes devem seguir exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade,palavras do Papa Francisco



O líder da igreja católica, o papa Francisco, divulgou em seu Twitter uma mensagem pedindo para todos que integram a justiça operarem com integridade para combater as injustiças. “(Juízes) sua independência deve ajudá-los a serem isentos do favoritismo e de pressão que possa contaminar suas decisões”, disse o pontífice.
O vídeo foi postado nesta quinta-feira 4 e monstra imagens de julgamentos enquanto Francisco aconselha membros da justiça. “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade.”

Imediatamente seguidores do líder religioso associaram a mensagem do Papa com os atuais escândalos envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro e os procuradores da operação Lava Jato. O site The Intercept Brasil divulgou conversas entre o ex-juiz e integrantes do Ministério Público nas quais a acusação trocava informações e dados com o magistrado, algo proibido pela lei.
“O Moro precisa ver isso”, disse um seguidor em resposta ao Papa. Outro seguidor marcou o ministro no post. “Aê Sérgio Moro, a máxima autoridade do catolicismo na Terra tem uma mensagem procê. Vem cá, rapidão.”
Essa não é a primeira vez que o papa se pronuncia sobre acontecimentos no Brasil. Em maio deste ano, o líder enviou uma carta ao ex-presidente Lula pedindo coragem para o petista não desanimar.
“Tendo presente as duras provas que o senhor ultimamente, especialmente a perda de alguns entes queridos – sua esposa Marisa Letícia, seu irmão Genival Inácio e, mais recentemente, seu neto Arthur de somente 7 anos -, quero lhe manifestar minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”, diz a carta.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 2 de julho de 2019

Ministro Moro é chamado de Juiz Ladrão na Câmara Federal


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participou nesta terça-feira, 2, de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para falar sobre o vazamento de conversas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol.
Pouco depois das 21h30, o clima esquentou na Comissão da Câmara quando o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) chamou Moro de “juiz ladrão, porque ele teria “corrompido o processo” que condenou Lula.
Assista ao vídeo aqui: https://www.facebook.com/esquerdaonline/videos/2886039124803624/UzpfSTEwMDAwMDg1Nzc1NzQxNjoyNDA4OTQzNjEyNDc3NTQw/
Depois de um dia de oscilação entre momentos de tensão e provocação com horas de relativa calmaria, foi o que bastou para a sessão virar uma enorme confusão, próxima do pugilato
Com informação de www.politica21.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

João Campos será entrevistado na Rádio Jornal Limoeiro


O deputado federal João Campos (PSB/PE), será entrevistado nesta quarta-feira(03/07), às 10 horas, no programa  Super Manhã da rádio Jornal Limoeiro, AM 660. Luís Correa, conduzirá a entrevista que vai abordar a reforma da previdência, os municípios e outros temas da conjuntura política nacional e regional. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Marco do Artesanato representa Bom Jardim na Fenearte 2019



Ao longo de doze dias, a Fenearte receberá 5 mil expositores distribuídos em 800 espaços em uma área de 30 mil m². Com investimento de R$ 5,5 milhões, o evento vai gerar cerca de 2,5 mil vagas de empregos temporários e tem uma expectativa de superar a movimentação financeira de R$ 43 milhões da edição passada. A Fenearte espera atrair mais de 300 mil visitantes e é oportunidade de negócios, informação, conhecimento e muita diversão. Marco vai ficar no stande  do PAB representando Pernambuco  e nossa cidade. A maior feira de artesanato da América Latina acontece no período de 03 a 14 de Julho.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A gravidez pode explicar por que doenças autoimunes afetam mais as mulheres?


Ilustração de mulher gravidaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisa aponta que, durante a gravidez, a placenta envia 'mensagens' para o sistema imunológico
Nosso sistema imunológico deve nos defender de agentes infecciosos externos, mas, às vezes, algum fator faz com que ele ataque nosso próprio corpo e cause doenças conhecidas como "autoimunes".
Os médicos já identificaram mais de 80 enfermidades desse tipo, como lúpus, esclerose múltipla, artrite reumatoide e Tireoidite de Hashimoto - e muitas delas são difíceis de identificar.
Elas também suscitam muitas perguntas, como, por exemplo, por que doenças autoimunes são mais comuns em mulheres do que em homens?
Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 80% dos pacientes com esse tipo de doença são mulheres, segundo a Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins.
Não há consenso sobre as causas, mas em estudo publicado em junho na revista científica Trends in Genetics (Tendências da genética, em tradução livre), Melissa Wilson, bióloga evolutiva da Universidade do Estado do Arizona, e outros quatro pesquisadores apontam para "hipóteses da compensação pela gravidez" (PCH, em sigla do inglês).
Glóbulos blancos atacando a vírus.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO sistema imunológico deve nos defender de patógenos e parasitas

Sinais da placenta

Durante a gestação, a placenta envia sinais ao sistema imunológico para que ele restrinja sua atividade e não identifique o feto como um corpo estranho a ser atacado.
Ao longo da história, o sistema imunológico das mulheres evoluiu para receber esses sinais e "facilitar a sobrevivência da gestante na presença de uma placenta invasiva e uma gravidez imunologicamente desafiadora", escrevem os cientistas em seu estudo.
Ou seja, o sistema de defesa é "reprimido" para não atacar a placenta, mas, ao mesmo tempo, permanece alerta para continuar protegendo o corpo de agentes infecciosos.
Em cem anos, a taxa de gravidez caiu de uma faixa que variava entre 8 e 12 filhos por mulher para menos de uma criança em alguns países (no Brasil, segundo o IBGE, a taxa de fecundidade foi de 1,77 filho por mulher). Parte da queda é atribuída ao acesso crescente a métodos contraceptivos.
Mas o que acontece se o sistema imunológico permanecer anos esperando pelos sinais da placenta?
Dois pares de cromossomos XDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMelissa Wilson acredita que os dois cromossomos X do 23º par de mulheres têm a ver com as diferenças em seus sistemas imunológicos em relação aos homens

Sistema acelerado

A hipótese da equipe de pesquisadores é que, se a mulher não conceber ou desenvolver uma placenta que envie sinais, "o sistema imunológico pode se tornar agressivo demais, acelerado demais", explica a revista Atlantic em um artigo sobre o estudo.
"Ele começa a procurar por coisas para atacar e que não sejam perigosas - essa é a maneira como as doenças autoimunes aparecem", acrescenta.
Mas, segundo o estudo, a placenta ou a falta dela não são os únicos fatores que influenciam a incidência de doenças autoimunes.
A bióloga Melissa Wilson conta à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, que chegou ao conceito da "compensação da gravidez" ao estudar os cromossomos X e Y (aqueles que diferenciam o sexo). Ela notou que eles evoluíram ao mesmo tempo que a placenta em animais mamíferos.
"Tenho me perguntado por muito tempo se eles estão relacionados diretamente", disse.
Os seres humanos têm 23 pares de cromossomos. O par de número 23 nas mulheres é XX e, nos homens, XY.
"O cromossomo X é o mecanismo genético que permite que haja diferenças sexuais também nas funções imunológicas", explica Wilson.
Por ter dois cromossomos X, as mulheres podem ter doses únicas moduladas (de genes relacionados à imunidade) em comparação aos homens, explica Wilson, o que permitiria que o sistema imunológico da mãe respondesse à placenta.
Células cancerosas sendo atacadas por linfócitos.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUma das hipóteses do estudo é que as mulheres que não engravidam teriam menor risco de câncer, mas faltam dados para comprovar a suspeita
"Acreditamos que o cromossomo X seja aquele modulador e que ele e a placenta podem explicar juntos as diferenças das doenças autoimunes em homens e mulheres", diz a cientista.

Ausência de fundamentação

Por outro lado, o cientista David Hafler, professor de neurologia na Escola de Medicina da Universidade Yale, nos EUA, afirma que a hipótese da compensação pela gravidez é promissora, mas ainda faltam dados que sustentem o conceito.
Wilson concorda com as lacunas apontadas. "Nossa hipótese é que mulheres que nunca engravidaram teriam um risco maior de sofrer de doenças autoimunes", disse ela à BBC News Mundo. "E uma das coisas que gostaríamos de pesquisar, quando tivermos acesso aos dados, é se o número de gestações é usado para prever o risco de doenças autoimunes."
Outro ponto da hipótese dos pesquisadores seria que as mulheres que não engravidam teriam um risco menor de ter câncer, "porque seus sistemas imunológicos permaneceriam altamente vigilantes ao esperarem pela placenta".
De todo modo, ela afirma que a hipótese não implica que ter muitos filhos, como resultado da evolução, seja a melhor forma de agir. Segundo a bióloga, a pesquisa "não serve para nos dizer qual é o melhor caminho para uma mulher", e sim para entender melhor as doenças autoimunes.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE