segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Enquetes do Senado batem recorde após eleições, mas têm pouco efeito prático no Congresso


Teclas com sinais positivo e negativoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEnquetes do Senado receberam 7,67 milhões de votos, dos quais 4,9 milhões apenas entre 1º de outubro e 11 de novembro
Em maio de 2015, o senador Magno Malta (PR-ES) apresentou um projeto para sustar a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que autoriza a celebração de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Como ocorre com toda proposta do Senado, foi aberta uma consulta na internet para que cidadãos pudessem dizer se concordam ou não.
Em mais de cinco anos no ar, a enquete no site do Senado havia recebido 1.045 votos - 620 contra e 425 a favor. Veio, então, a eleição presidencial e a votação na consulta online sobre o projeto explodiu.
Ao longo de pouco mais de uma semana, a enquete recebeu dezenas de milhares de votos. Hoje, já passam de 456 mil, dos quais 428 mil contra o projeto. Na escolha presidencial, apoiado por Malta, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente do País.
O número de acessos à consulta do Senado foi tão grande que, na semana após a eleição, o site ficou instável e saiu do ar algumas vezes.
Parte da explicação para o aumento desta e de outras votações foram correntes de WhatsApp e posts em outras redes sociais mobilizando pessoas a votarem sobre os temas tratados por elas.
Não é a primeira vez que isso acontece: sempre que a discussão sobre um assunto polêmico esquenta e há algum projeto sobre ele em tramitação no Senado, surgem correntes de mobilização para que as pessoas votem nas respectivas enquetes.
Na semana após a eleição, também viralizaram as enquetes do projeto sobre a criminalização da "apologia ao comunismo", do fim do auxílio-moradia para juízes, senadores e deputados, da realização de um plebiscito sobre a revogação do Estatuto do Desarmamento, da classificação da ocupação de propriedades privadas por movimentos sociais como terrorismo e do projeto Escola Sem Partido.
Neste ano, por exemplo, as enquetes receberam 7,67 milhões de votos, dos quais 4,9 milhões apenas entre 1º de outubro e 11 de novembro.
"Essas pesquisas tendem a ganhar bastante tração especialmente num período eleitoral. Para muitas pessoas, o interesse pela política é sazonal, segue a lógica de temporadas", diz Carlos Affonso Souza, diretor do ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro).
"As pessoas vivem em hibernação política e despertam mais próximo do período de eleição. E pautas do Congresso acabam ganhando atenção", explica Souza.
Mas, afinal, para que servem estas enquetes? Elas têm algum efeito prático na tramitação de leis ou são apenas mais um campo de batalha na internet?

Participação em enquetes cresceu com a eleição

As enquetes sobre projetos legislativos fazem parte do site e-Cidadania, portal dentro do site do Senado, criado após os protestos de junho de 2013.
"O senado aprovou algumas medidas para mostrar à população que estava ouvindo o clamor do público, e o site foi uma delas", afirma Alisson Bruno Dias de Queiroz, coordenador do e-Cidadania.
O e-Cidadania permite, por exemplo, que os cidadãos façam comentários sobre projetos de lei que serão alvo de audiências públicas - dos quais uma pequena parcela chegam a serem lidos nas reuniões. Também permite que a população sugira projetos de leis.
As enquetes são inegavelmente sua face mais popular e a que costuma atrair a maior participação - que vem aumentando de forma expressiva desde 2016.
Na semana após o segundo turno deste ano, por exemplo, o e-Cidadania chegou a receber 17 mil acessos simultâneos - em média, são de 300 a 400. "Há alguns picos ao longo do ano, mas este foi o maior de todos", diz Queiroz.
"Eu mesmo recebi muitas enquetes pelo WhatsApp no grupo da família, do condomínio, e outras pessoas me disseram que o mesmo aconteceu com elas. Esse aplicativo costuma ser o principal motor."
O coordenador do e-Cidadania avalia que "o terreno já estava fértil para a circulação de mensagens de teor político. E, com o fim da votação, talvez não houvesse mais o que falar da eleição em si e a atenção tenha se voltado para os projetos."
Souza destaca que o Congresso, por meio de sua função legislativa, tem um enorme poder de transformação social, e que "suas pautas que dizem respeito a família, sexualidade, religião e exercício de direitos fundamentais, tendem a ganhar bastante tração, especialmente num período eleitoral".
Resultado de enquete no site do SenadoDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionEnquete havia recebido pouco mais de mil votos em cinco anos no ar, e, após eleição, participação explodiu
"Parte da população vê a eleição como uma oportunidade de renovação e mudança no País, e as enquetes acabam funcionando como um referendo sobre programas e as ideias de determinado candidato."
Mas, na prática, essas votações não são um referendo (quando a população vai às urnas para ratificar ou rejeitar uma proposta legislativa) porque seu resultado não tem nenhum efeito decisivo sobre se um projeto será ou não de fato aprovado.
Ou seja, servem apenas como um termômetro para os senadores saberem o que está chamando atenção dos cidadãos e como eles estão se posicionando.

Resultados distorcidos

No entanto, o sociólogo Danilo Cersosimo, diretor do instituto de pesquisas Ipsos, ressalta que estes votos talvez não sejam a melhor forma de medir a opinião popular.
Não há, por exemplo, qualquer controle sobre a amostragem das pessoas que respondem às perguntas para garantir que seja representativa da população como um todo, como ocorre com pesquisas de opinião, que devem atender a critérios técnicos para garantir que a parcela de pessoas ouvidas corresponda ao conjunto total dos cidadãos.
Não raro as enquetes acabam sendo respondidas de forma desproporcional por pessoas de determinados grupos: faixas etárias, classes sociais, grupos políticos.
"O resultado vai ser distorcido, porque esse tipo de enquete tem um recorte muito específico, que não é condizente com o perfil da população brasileira", afirma Cersosimo.
"Se quem divulga é militante, você gera um problema ainda mais grave que o desvio amostral, porque só um grupo vai participar e você não dá chance para que todos sejam representados."
Plenário do SenadoDireito de imagemJEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
Image captionTodo projeto que tramita no Senado tem uma enquete atrelada a ele
Há uma limitação da própria plataforma, já que parte da população não tem acesso à internet. E, com as campanhas de divulgação promovidas por determinados grupos, uma votação pode ser influenciada por quem defende certa posição, transformando-se mais em uma forma de pressão do que de manifestação de opinião pública como um todo.
Souza, do ITS-Rio, diz que a experiência de mais de uma década dos brasileiros com votações online favorece "esse tipo de organização para gerar artificialmente um determinado resultado".
"Sabemos que a internet é craque em promover essas situações. É possível orquestrar para dar enorme votação para um lado ou outro", diz Souza.
Segundo Cersosimo, o que mais gera preocupação é a maneira como isso é utilizado. "Em certo sentido, esse tipo de enquete tem a função de criar engajamento. Mas não pode determinar a condução de política pública ou influenciar a pauta da casa", diz o diretor da Ipsos.
De fato, um dos efeitos mais frequentes de um pico de votação em uma enquete é chamar atenção para projetos que muitas vezes estão parados e colocá-los na pauta do Congresso.
Tuíte de Elza SoaresDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionCampanhas por meio de redes sociais influenciam nos resultados
A PEC 106/2015, de autoria do senador Jorge Viana (PT-AC), de redução do número de parlamentares, teve um pico de acesso há dois anos. Hoje tem 1,8 milhão de votos a favor e 10 contra.
"Quando teve esse boom, um senador viu e pediu a relatoria do projeto, que estava aguardando designação havia sete meses, estava engavetado. Então, no mínimo, fez o projeto andar um pouco", afirma Queiroz.
Parte do pico de votação foi resultado de um boato espalhado por redes sociais: mensagens enganosas pediam votos e afirmavam que a PEC tinha o objetivo de reduzir o salário dos senadores - o que não é verdade, ela lida apenas com a questão da quantidade de assentos na Casa.
"As enquetes podem parecer algo que não tem utilidade, mas, no fim das contas, têm sim, nem que seja para resgatar um tema esquecido e renovar o debate em torno dele", diz Queiroz.
O coordenador do e-Cidadania ainda destaca que projetos de lei sugeridos por cidadãos, as chamadas ideias legislativas, caso recebam mais de 20 mil apoios, são transformados em sugestões que são apreciadas pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Um senador é designado como relator e é debatido se ela deve ser transformada em projeto de lei.
"Uma ideia legislativa sobre a regulamentação da maconha passou por esse processo e, depois de muito debate, virou um projeto de lei que hoje tramita no Senado para regulamentar o uso medicinal", exemplifica Queiroz.

Enquetes divulgam dados de quem opina

Há milhares de enquetes em andamento no site do Senado - uma para cada projeto atualmente em tramitação. Desde o lançamento do e-Cidadania, 6.955 propostas legislativas já receberam ao menos um voto.
"As enquetes são criadas automaticamente, sempre que um projetos de lei, emenda à constituição, medida provisória, decreto legislativo ou projeto de resolução é apresentado no Senado", explica Queiroz.
O site da Câmara costumava ter enquetes parecidas, mas o sistema está atualmente fora do ar, segundo a Casa, devido a problemas técnicos.
Para votar nas matérias que estão em tramitação no site do Senado, é preciso fazer um cadastro, com nome, e-mail e Estado de residência, ou usando seu login em outra rede social. A ideia é evitar votos repetidos ou feitos por robôs.
"São pessoas de verdade, porque o site tem mecanismos que impedem a atuação de robôs para influenciar o resultado", diz Queiroz.
O que muita gente não sabe é que os dados pessoais de quem participou são publicados em um arquivo PDF no site quando a enquete é encerrada. Assim, é possível saber nome, e-mail de quem votou e como a pessoa se posicionou.
"Não é um documento sigiloso. A forma como as enquetes exibem os dados é campo fértil para datamining (coleta de dados) e exploração de dados pessoais de forma altamente sensível", alerta Souza.
"Quanto mais polêmica a enquete, mais sensível é o posicionamento do indivíduo", diz Souza.
"Se quero criar um grupo de pessoas favorável ao armamento, tem ali os dados de centenas de pessoas. Isso é gravíssimo, e ninguém está falando dessa questão da privacidade."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 11 de novembro de 2018

A música bonjardinense perde Cládio Barros

Foto:Três músicos, três irmãos: Lúcio, Leonardo e Cláudio.

Filho do saudoso Maestro Luiz Gonzaga de Oliveira, Cláudio Barros de Oliveira, faleceu aos 46 anos de idade no final da manhã deste domingo 11 de novembro 2018. Cláudio era  casado, pai, músico, membro do Grêmio Lítero Musical Bonjardinense, Maestro do Coral Divinas Vozes, membro do  grupo Terço dos Homens, fundador da Troça Carnavalesca Quero uma Mulher, um músico  ativo, muito  solicitado em todos os eventos de Bom Jardim e região. Um domingo triste para a música de Bom Jardim. Membro de uma família de músicos, Cláudio, nasceu com a genética de Luiz Orobó e Levino Ferreira. Fez muitos amigos em  sua trajetória profissional. Promoveu nossa cultura musical.
O corpo de Cláudio Barros está sendo velado em sua residência na Rus Dr. Paiva , Centro da cidade. O sepultamento será nesta segunda-feira (12), às 15 horas no cemitério da  cidade.  A família enlutada agradece a solidariedade e o comparecimento de todos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ótima ideia para preservar o ambiente do planeta Terra

A Austrália, já começou a testar uma rede de drenagem com malha, para que os plásticos e outros resíduos poluentes não cheguem aos rios e ao mar.



Professor Edgar Bom Jardim - PE / Mulher Ecológica

Brasil:Por que Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho, que Bolsonaro quer extinguir


Getúlio VargasDireito de imagemPLANALTO
Image captionVargas criou o ministério para intermediar relações entre trabalhadores e empresários, função até então do Ministério da Agricultura
Caso seja confirmada a extinção do Ministério do Trabalho no governo de Jair Bolsonaro, conforme anunciou o presidente eleito nesta semana, será a primeira vez em 88 anos que o país não terá uma pasta na área, desde que Getúlio Vargas (1882-1954) a criou após chegar ao poder.
Hoje, esse ministério é responsável por elaborar diretrizes para geração de emprego e renda, além de emitir documentos e fiscalizar as relações trabalhistas no Brasil, investigando denúncias de trabalho escravo e infantil e o cumprimento da legislação por parte das empresas. Mas sua criação teve outro propósito.
Quando surgiu, em 26 de novembro de 1930, a ideia era que a pasta fosse responsável por intermediar as relações entre trabalhadores e empresários, até então sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura.
"Era uma política alinhada com o que se pensava então sobre o papel do Estado como um mediador das relações entre grupos e indivíduos", explica Renan Pieri, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e do Insper.
"Vargas dá um golpe de mestre e assume a dianteira deste processo, estatizando estas relações."
A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi uma das primeiras iniciativas de Vargas ao assumir o governo por meio de um golpe, após a Revolução de 1930, que culminou com a deposição do então presidente Washington Luís (1869-1957) e o impedimento de que seu sucessor, Júlio Prestes (1882-1946), assumisse o cargo, dando fim à República Velha.
A pasta foi batizada de "ministério da Revolução" por Lindolfo Collor (1890-1942), seu primeiro titular e avô do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
"Essa revolução se refere a uma ruptura com a velha oligarquia agrária por meio da criação de um Estado positivista, a instauração de um modelo legal e burocrático que passa a organizar as relações sociais por meio do monopólio da força através de um sistema normativo", diz Marcelo Nerling, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP).
"O Estado passa a ser o protagonista, baseado na crença de que é possível mudar a realidade social por meio de normas criadas de cima para baixo."
Nerling explica que não havia na época no Brasil um Estado como conhecemos hoje. "A administração pública só começa a se organizar a partir da década de 1930. Até então, as principais forças do país estavam concentradas nos municípios, comandados por coronéis. Era um modelo descentralizado e patrimonialista, em que não se separava o público do privado."

Qual foi o impacto da criação do Ministério do Trabalho?

Uma das primeiras medidas do novo ministério neste sentido foi criar uma nova regulamentação da atividade sindical, com critérios para a criação de sindicatos.
Entre as novas regras, estava haver uma única representação para profissionais de uma categoria dentro de uma mesma região, um mínimo de 30 membros, com ao menos dois terços de brasileiros, veto a qualquer manifestação política e ideológica, punições a empresários que impedissem a sindicalização dos trabalhadores e a aprovação da entidade pelo ministério - até então, não se dependia de autorização do governo.
O ministro Collor declarava na época que enxergava os sindicatos como uma forma de mediar os conflitos e tinha como objetivo trazer estas organizações para a órbita do novo ministério para que passassem a ser controladas pelo Estado.
"Vargas queria que os sindicatos se tornassem satélites do governo, politizando as relações entre empresas e trabalhadores", diz Pieri.
Na época, o Brasil ainda era um país extremamente rural, mas havia uma indústria nascente, que ganha força em reação ao crescente impedimento de importar produtos da Europa a partir da Primeira Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, a abolição da escravatura lançou um grande contigente de mão de obra ao mercado enquanto houve simultaneamente uma chegada massiva de imigrantes a partir do fim do século 19, facilitada pela Constituição de 1891, que, ao mesmo tempo, consagrou o direito de livre associação.
Surge, assim, uma classe de trabalhadores urbanos e de profissionais liberais, e se formam os primeiros movimentos sindicais, que foram reconhecidos e regulamentados em lei ao longo da primeira década do século 20, primeiro para os trabalhadores agrícolas e, depois, para os urbanos.
"Com a formação de uma economia de mercado, foi natural a formação de sindicatos especializados para representar os trabalhadores", diz Pieri.
Ao mesmo tempo, nas questões relativas a direitos, o regime de Vargas buscava atender reivindicações históricas dos trabalhadores, alinhado com a ideia da outorga dos direitos trabalhistas pelo Estado.
"Vargas havia acompanhado o que ocorreu na Rússia a partir de 1917 com a revolução, quando, em meio ao conflito entre capital e trabalho, o proletariado assumiu o poder. Então, ele, que era um capitalista, sabia aonde isso poderia acabar", diz Nerling.
"Vargas sabia que, se os trabalhadores fizessem greve atrás de greve para reivindicar direitos, poderiam quebrar o capital. Ele opta por chamar para si a responsabilidade de regular estas relações, cria leis que vinculam os cidadãos. Entrega os anéis para não perder os dedos."

O que mudou a cada Constituição?

O ministério teve sob Vargas uma atividade legislativa intensa. Foram lançadas medidas importantes, como a criação da carteira profissional (precursora da atual carteira de trabalho e previdência social), a regulamentação do trabalho feminino e infantil e o estabelecimento de juntas de conciliação de conflitos entre patrões e empregados, que seria um embrião da Justiça do Trabalho, criada pela Constituição de 1934 e que passaria a atuar a partir de 1941.
Homem segurando carteira de trabalhoDireito de imagemCAMILA DOMINGUES/ PALÁCIO PIRATINI
Image captionMinistério criou a carteira profissional, precursora da atual carteira de trabalho e previdência social
Também se destaca a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, que mudaram o sistema previdenciário do país. Ainda seriam instituídos o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas e o descanso semanal, as férias remuneradas e a indenização por dispensa sem justa causa.
Uma das iniciativas de maior peso foi a instituição em 1943 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou as leis trabalhistas existentes até então. O dia em que recebeu a sanção presidencial, 1º de maio, passaria a ser o Dia do Trabalho, feriado celebrado até hoje em todo o país.
As décadas após a primeira era Vargas foram marcadas por diversas mudanças nas leis e direitos trabalhistas.
Em 1946, a Assembleia Constituinte convocada após o fim da ditadura, acrescentou novos pontos como o direito à greve e o descanso remunerado aos domingos e feriados.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) surge em 1966, já durante o regime militar, para proteger o trabalhador demitido sem justa causa com uma conta aberta em seu nome, vinculada a seu contrato de trabalho, na qual são depositados mensalmente o correspondente a 8% do salário.
A Constituição de 1967 instituiu a aplicação da legislação trabalhista a empregados temporários, a proibição de greve em serviços públicos e atividades essenciais e o direito à participação do trabalhador no lucro das empresas, entre outras medidas.
A partir da Constituição de 1988, passam a ser previstos medidas de proteção contra demissões sem justa causa, o piso salarial, a licença maternidade e paternidade, o veto à redução do salário, a limitação da jornada de trabalho a oito horas diárias e 44 horas semanais e proibição de qualquer tipo de discriminação quanto a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. Também foi criado o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), destinado em parte ao custeio do Programa de Seguro Desemprego.
"São políticas criadas e geridas dentro do Ministério do Trabalho, por ele oferecer um corpo técnico e orçamento dentro do governo para discutir essas relações, mas que têm muito mais a ver com o ambiente político de cada época, a pressão popular por mudanças e cada governo do que com o órgão em si", avalia Pieri.
O economista destaca que a partir dos anos 1990, a pasta assume um papel cada vez mais de fiscalização do cumprimento das normas e leis trabalhistas e na gestão de recursos como os do FGTS e do FAT.

E se o ministério acabar?

Se sua extinção se confirmar, não será a primeira vez que o Ministério do Trabalho será fundido com outras áreas.
Ao surgir em 1930, a pasta também era responsável por indústria e comércio. Em 1960, passa ser Ministério do Trabalho e Previdência Social. Torna-se puramente Ministério do Trabalho em 1974. Em 1990, volta a incorporar a Previdência.
Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionPresidente eleito anunciou a extinção do Ministério do Trabalho
Dois anos depois, passa a ser o Ministério do Trabalho e da Administração Federal e, em 1999, do Trabalho e Emprego. Em 2015, vira mais uma vez Ministério do Trabalho e Previdência Social, até, em 2016, tornar-se novamente apenas Ministério do Trabalho.
Ao tratar do tema, Bolsonaro já declarou em entrevistas que o trabalhador terá de"decidir entre menos direito e emprego ou todos os direitos e desemprego". "Os encargos trabalhistas fazem com que se tenha aproximadamente 50 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade", disse à rádio Jovem Pan.
Pieri avalia que, com o anúncio do fim da pasta, surge uma "incerteza jurídica" sobre quem exercerá os papéis que hoje cabem ao ministério. "Isso é uma questão mais importante do que se terá ou não um status de ministério, que é algo secundário."
Nerling discorda e acredita que a transformação da pasta em uma secretaria sinaliza quais serão as prioridades do novo governo.
"Isso representa uma mudança de paradigma. Quando você dá a uma área status de ministério, diz que as políticas públicas nesta área serão priorizadas. Em um governo, a tomada de decisões ocorre em camadas, e a alteração de status precariza o cumprimento das competências que hoje cabem ao ministério, retira força e abala a eficácia de suas políticas", diz Nerling.
"Ao dizer que se deve escolher entre trabalho e direitos, o presidente eleito diz que os direitos são um problema, mas isso só é um problema para o capital. Se antes o Estado se posicionava para garantir os direitos dos trabalhadores, agora, ele pesa a mão para o outro lado e passa a priorizar o capital."
Por sua vez, Pieri destaca que, com a Reforma Trabalhista, passou a prevalecer sobre as leis trabalhistas a negociação entre sindicatos e empresas.
"O fim do ministério pode sinalizar um novo tempo em que o Estado não mais intermedia a relação entre capital e trabalho. Isso teria no futuro o efeito de despolitizar os sindicatos", diz Pieri.
"Será necessário entender o que o presidente quis dizer com o fim do ministério. Significa um relaxamento da fiscalização e que o governo não está mais pensando nestes problemas ou apenas uma mudança burocrática? Bolsonaro não pode dar uma canetada e tirar direitos, mas temos de debater se alguns benefícios previstos na lei de fato beneficiam o trabalhador."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Conhece as aventuras do facebook?


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Conhecer os lugares do facebook é uma boa aventura. Não se surpreenda com as armadilhas. Há uma quantidade de pessoas tentando resolver seus problemas com papos amargurados. Os ressentimentos explodem e desenham dizeres nada simpáticos. No entanto, os homens gostam de tergiversar e sacudir fora seus lixos.Há solitários que não se resolvem e buscam atirar suas flechas. Não se preocupe. Os psicopatas moram em muitas vizinhanças. Usam máscaras, parecem cavalheiros, tocam suas agressões com espadas vindas do medieval. Na política, a coisa ferve. O antipetismo possui um largo espaço e há quem não suporte Jair. Os duelos ferem a dignidade. Não suporto certas suposições. As doenças cativam os vingativos e seduzem.
É um mundo que se anuncia duro, que inquieta famílias, destrói afetos, regeneram prepotências. Basta observar bem e notar que escravocratas ressurgem. Alguns se mostram desenganados. Exigem a volta de poderes, simulam ilusões, querem lugares especiais. Voltam ao passado com um cinismo exuberante. Pedem desculpas. Pouca adianta. Freud compreenderia seus atos falhos. Não sou Freud, mas chego perto de figuras extravagantes e jogo, no abismo, suas energias  negativas. Não é à toa que se fala em pós-verdade. O mundo está perplexo, fundando religiões delirantes. Conheço gente que diz que Jair foi enviado por Deus. Puxa! O negócio é pesado.
Não ouso detonar o face. Ando por ele, recebo solidariedades, encontro-me com amigos. É pedagógico. Escrevo reflexões, mando abraços, pinto críticas. O homem é um animal cheio de dificuldade. As lacunas traem e alguns não conseguem vê-las. E as drogas servem para quê? Um vinho leva os mais espertos a construir argumentos inesperados. A coca é violenta. Monta esquizofrenias. Tudo parece um ensaio de espetáculos nunca vistos. Não vou dizer que tudo é inútil. A história tem a marca da incompletude, agonias do pecado original, deuses atordoados. A sociedade globalizada gosta do superficial e não dispensa arrogância. Subestima o medo.
O face está na história. Não pertence a Vênus. É criatura muita sofisticada. Diverte, provoca suspiros, distrai. Seria vazio pensar que tudo pode ser refeito numa utopia angelical. É neurose ler afirmações nada lúcidas. os próximos não amar seus próximos. Há mensageiros do bem que desconhecem os templos. As maldades estão em discursos profanos que se vestem do sagrado. Não é fácil. O livre arbítrio lembra Tomás de Aquino e o destino, o grande Agostinho. Há figuras que ficam. Isso não significa o fim da mediocridade. Ela não desaparecerá. Os contrapontos costuram paraísos e vulcões. Não desamine e elogie o abraço. A loucura é uma invenção e mora também no facebook
A astúcia de Ulisses.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 10 de novembro de 2018

Educação:Presidenta do Inep: “Lamento leituras equivocadas. Não é o Governo que manda no Enem”


"Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu picumã!". A frase em Pajubá —dialeto falado pela comunidade LGBT— fazia parte no último domingo de uma das questões da prova de linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujo objetivo era o de testar os conhecimentos dos estudantes sobre o conceito de dialeto.
Apesar de a linguagem LGBT ser apenas um exemplo para abordar uma questão técnica, ela gerou a insatisfação de muitas pessoas, que acusaram a prova de "doutrinação esquerdista" e de ser mais um exemplo de que as escolas brasileiras estão impregnadas da "ideologia de gênero" —uma expressão criada por grupos católicos que se popularizou como um movimento entre os que discordam da abordagem sobre diversidade sexual e debate sobre papéis e estereótipos de gênero. Os defensores da expressão fazem uma leitura conservadora de uma visão educacional que pressupõe que cada indivíduo tem o direito de escolher o próprio gênero, sem que ele seja definido, necessariamente, pelo sexo biológico.
Entre os críticos do Enem e desta questão em específico está o presidente eleito Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, em uma entrevista para o apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, o militar reformado compartilhou sua percepção sobre a última edição do maior vestibular do país. “Ninguém quer acabar com o Enem, mas tem que cobrar ali o que realmente tem a ver com a história e cultura do Brasil, não com uma questão específica LGBT. Parece que há uma supervalorização de quem nasceu assim", disse. Em seu Twitter, um dia depois, ele declarou ainda que o modelo atual do Enem "não funciona" e afirmou que “não devemos fabricar militantes”. Nesta sexta, voltou à carga no Facebook: “Pelo amor de Deus, esse tema, a linguagem particular daquelas pessoas, o que a gente tem a ver com isso? Quando a gente vai ver a tradução, um absurdo”, disse ele. “Pode ter certeza que não vai ter uma questão daquela no ano que vem. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes.”
Mas qual, de fato, é  a interferência do Governo na prova que permite a entrada de estudantes em mais de 500 universidades públicas e privadas brasileiras?
Nenhuma, segundo Maria Inês Fini, presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a autarquia responsável pela realização do Enem. "Não é o Governo que manda na prova", explicou Fini ao EL PAÍS na segunda-feira. A elaboração das questões é de responsabilidade exclusiva da área técnica. “O Inep tem uma diretoria específica de técnicos consagrados que com a ajuda de uma série de educadores e professores universitários de todas as regiões do país elaboram a prova”, disse ela. Maria Inês Fini, que foi cotada para ser ministra da educação no Governo de Bolsonaro,explica que o Inep, por ser uma autarquia governamental, é "alinhadíssimo com o Ministério da Educação", mas a prova é de responsabilidade total do instituto, o que reserva a ele autonomia para elaborar as questões sem intervenção direta do Governo.
"Em momento algum houve qualquer perspectiva de doutrinação, de valorização de uma posição em detrimento da outra", diz ela. "Eu só lamento que algumas leituras tenham sido equivocadas, mas cada pessoa, cada leitor do mundo faz uma interpretação do texto da maneira como quer, não é? Com a sua cultura, com seus valores e com as suas ideologias", completa. Ela afirma que a prova é uma oportunidade para os jovens brasileiros para que eles possam interagir com a tipologia de muitos autores diferentes. Na prova do domingo, havia do hino nacional a textos a respeito de celíacos.
Para Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP e pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional, questões como a do Pajubá, por exemplo, têm uma importância porque refletem uma realidade que já existe na sociedade. Mas isso gera incômodo em quem tem dificuldade em reconhecer a inclusão. "Na verdade, essa expressão ideologia de gênero, que eles inventaram, trata-se de reconhecer a existência de determinadas camadas e ninguém vai mudar a sua orientação sexual ou identidade de gênero porque conheceu", disse o professor.

Polêmicas constantes

Esta não é a primeira vez que a prova desperta polêmicas. Nos últimos anos, com o aumento do acirramento político no país e a organização de movimentos conservadores, a educação tem sido alvo de uma guerra ideológica. Em 2017, por exemplo, a Justiça Federal suspendeu provisoriamente um item do edital do Enem que zerava automaticamente redações que, entre outras coisas, violassem os direitos humanos. Isso aconteceu após uma ação civil movida pela Associação Escola Sem Partido - uma iniciativa de pais e estudantes para combater a "contaminação político-ideológica" que eles acreditam haver nas escolas brasileiras. 
Questão da Prova de Linguagens do Enem 2018
Questão da Prova de Linguagens do Enem 2018REPRODUÇÃO
Essa perspectiva de que há um aparelhamento ideológico na educação brasileira também faz parte da plataforma defendida pelo presidente eleito, que tem no próprio Escola Sem Partido uma de suas bandeiras. Entre as metas do novo Governo para a área está o revisionismo sobre a ditadura e um incentivo para que estudantes e pais vigiem os professores em suas aulas. Também há a meta de "expurgar Paulo Freire", um dos principais pedagogos do mundo, das escolas. Esses posicionamentos causam preocupação entre os que defendem o Enem como parte de uma política de democratização do Ensino Superior.
Talita Amaro, cofundadora do maior cursinho popular sem mensalidades do Brasil, o Curso Mafalda, teme que o exame corra riscos de sofrer uma mudança radical na gestão de Bolsonaro. “Em se tratando de um Governo com as tendências já observadas durante a campanha, a depender da direção do Inep e do Ministério da Educação, acho que corremos o risco de termos uma prova enviesada”, disse a estudante de direito da USP que se inscreveu no curso com sua nota do Enem 2017 e já está em sua quarta graduação. Amaro, que realiza o Enem desde 2008, afirma que a prova "é bastante plural ideologicamente e reflete a produção científica em si". Ela observa também que, com o aumento da adesão de universidades federais ao exame, o conteúdo cobrado dos participantes tem sido mais conteudista e menos interpretativo.
Para o professor Alavarse, o Enem poderia sofrer alterações de forma indireta no novo Governo, a depender do que for determinado na Base Nacional Comum do Ensino Médio, um documento que estabelece o currículo mínimo para a última etapa do ensino básico. Para ele, a proposta, que segue em discussão, introduzirá mudanças no conteúdo do que é ensinado, o que pode acarretar em modificações também no exame. "Nós não sabemos qual será a matriz de referência da prova porque não sabemos o que será a Base Nacional do Ensino Médio”, diz. "O futuro do Enem está numa encruzilhada."
brasil.elpais.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE