quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Saúde:Vacina do futuro será autoaplicável e ‘enviada pelo correio’, apontam cientistas


Teste em laboratórioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAplicação de vacina poderá ser feita sem o auxílio de um profissional no futuro, diz estudo
Imagine só a seguinte situação: você quer tomar uma vacina contra a gripe. Mas em vez de procurar o posto de saúde mais próximo, ou mesmo aquela clínica particular que vai cobrar um valor considerável pelo procedimento, você faz uma compra on-line, recebe a dose e uma seringa com microagulha pelo correio e aplica em si mesmo o produto.
Simples? Sim. Impossível? Na verdade, não.
Pelo menos é isso que querem mostrar cientistas da área de imunologia.
Um grupo de 14 pesquisadores de universidades americanas, canadenses e israelenses publicou nesta quarta-feira um artigo no periódico científico Science Advances explicando a tecnologia - que, no estudo, foi feita para uma cepa letal de gripe, mas que na vida prática poderia ser aplicada a outros tipos de vacinas.
Os pesquisadores criaram um medicamento para injeção intradérmica - ou seja, na pele, entre a derme e a epiderme -, o que facilita muito o esquema self-service: essa aplicação é fácil e pode ser feita mesmo que a pessoa não tenha nenhum conhecimento médico.
A maioria das vacinas hoje é aplicada com injeção subcutânea, que atinge camadas mais profundas do tecido e, por isso, só pode ser administrada por alguém com conhecimento médico.
As vacinas contra a gripe, por exemplo, são aplicadas no músculo deltoide, que recobre o ombro. Para adultos, usa-se uma agulha que pode chegar a 3,8 centímetros de comprimento.
O método desenvolvido pela equipe atingiu bons resultados tanto em furões - usados para verificar a eficácia dos medicamentos - quanto em humanos, mesmo quando foi testada uma das variedades mais nocivas do vírus da gripe.
O procedimento, conforme explica o artigo, é todo feito sem o auxílio de um profissional.
Pelo mecanismo, o aplicador utiliza uma microagulha que, a partir da pele, pode penetrar nos tecidos profundos ou vasos sanguíneos.
"Um dia, isto pode ser enviado pelo correio para autoadministração. Isso poderia aliviar grandemente as multidões em centros de saúde no caso de um surto ou de uma pandemia", afirmam os cientistas no estudo.
O artigo ainda lembra que, mais do que mutirões para aplicar vacinas, um grande desafio enfrentando em períodos críticos, de pandemias, é justamente a produção e a distribuição das vacinas - e a autoaplicação facilitaria a disseminação dos agentes imunológicos na população.

Vacinas turbinadas

Para melhorar a qualidade das vacinas, os cientistas têm utilizado adjuvantes - aditivos, ou melhor, agentes químicos que tornam as tornam mais eficazes -, que aumentam a resposta imunológica do organismo.
O bioquímico Darrick Carter, do Instituto de Pesquisas de Doenças Infecciosas de Seattle, nos Estados Unidos, combinou três tecnologias para obter um produto eficiente e seguro. Sempre, ressalta-se, por meio da tal microagulha.
Vacina tradicionalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA maioria das vacinas hoje é aplicada com injeção subcutânea, que atinge camadas mais profundas do tecido e, por isso, só pode ser administrada por alguém com conhecimento médico
Carter utilizou ainda uma técnica alternativa ao uso do vírus inativado, a chamada vacina recombinante, para produzir uma resposta imunológica ainda mais forte.
Por fim, o pesquisador fez com que fosse aplicado, junto à vacina, um adjuvante à base de um lipídio que pode aumentar sua eficácia - pelo menos este foi o resultado observado em furões.
Depois de testada em animais, a vacina contra a gripe foi utilizada em 100 humanos. Não foram registrados efeitos adversos e os resultados foram positivos.
De acordo com os pesquisadores, o sucesso do teste permite um planejamento para que, num futuro próximo, seja realidade a ideia de a população receber um pacote com vacina e dispositivo para aplicação intradérmica com facilidade, pelo correio.

Reforço na produção de vacinas

Também hoje, o periódico especializado Vaccine publicou uma pesquisa que pode ser um avanço na outra ponta da questão das vacinas: a produção.
Os cientistas descobriram uma maneira, utilizando feixes de laser, para medir rapidamente a infectividade viral (a capacidade de um agente de causar infecção) no desenvolvimento e na produção das vacinas.
Isso significa melhorar a efetividade dos medicamentos, "acertando" com mais destreza a carga viral da vacina.
VírusDireito de imagemLUMACYTE
Image captionOutro estudo publicado nesta semana procura aperfeiçoar a medição da infectividade viral para dar mais celeridade à produção de vacinas
No artigo, os pesquisadores, das empresas Thermo Fisher Scientific e LumaCyte, mostram como o laser possibilita que cientistas analisem rapidamente as vacinas virais. Com a maior precisão, a ideia é que o desenvolvimento de medicamentos seja acelerado, com um grau de eficácia mantido.
"Muitas vacinas utilizam o próprio vírus para a criação de uma resposta imunológica no corpo. Assim, a medição da concentração dos vírus infecciosos é crítica para a segurança e eficácia das doses", explicam os cientistas.
A quantificação viral durante uma doença, enquanto ela é manifestada, é muito importante: afinal, atrasos na produção e distribuição da vacina podem ter efeitos sérios no dia a dia das pessoas.
Em geral, hoje em dia, essa medição é feita por meio do que se chama "teste de placas de lise". Isso significa que amostras da vacina são colocadas em uma superfície pequena e, por meio de observação microscópica, analisa-se a disseminação - ou não - do vírus. Um processo, portanto, menos acurado e menos ágil do que a novidade proposta.
Os cientistas acreditam que, com o novo método, gargalos do processo sejam eliminados. E, em breve, vacinas mais eficazes estejam disponíveis para males como ebola, zika vírus e influenza, a gripe.

Gripe

A maior dificuldade na imunização contra a gripe é a rápida mutação das cepas do vírus, que mudam praticamente a cada nova temporada de vacinação.
Cientistas, entretanto, têm trabalhado para que, em breve, esteja disponível uma vacina "universal" contra a doença - o que eliminaria a necessidade, por exemplo, de campanhas anuais de imunização, como ocorre no Brasil, sobretudo focadas na população mais idosa.
Estudo publicado no ano passado na revista Scientific Reports mostra que uma das estratégias que vêm sendo testadas pelos cientistas é a criação de uma vacina que combata a "raiz" do vírus da gripe, em vez do vírus de modo geral. Isto faria com que toda a árvore genealógica do agente infeccioso fosse combatida.
Menina toma vacinaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMaior dificuldade na imunização contra a gripe é a diferença entre as cepas do vírus, que estão em mutação constante
Esta é a ideia de pesquisadores do centro médico da Universidade de Rochester, instituição localizada ao norte de Nova York, nos Estados Unidos.
Para explicar o conceito, os cientistas envolvidos no projeto fazem uma analogia com uma flor comum. Eles afirmam que há uma proteína, chamada hemaglutinina, que tem a capacidade de cobrir o exterior do vírus da gripe. Esse efeito é semelhante ao de uma flor: há o talo e a cabeça, o caule e as pétalas.
Até então, as vacinas são todas focadas na cabeça, ou seja, a parte do vírus que acaba sendo a mais exposta - e, consequentemente, aquela que mais muda evolutivamente, no esforço para escapar das defesas imunológicas.
Os cientistas utilizaram supercomputadores para analisar as sequências genéticas dos vírus da gripe H1N1 em circulação entre humanos desde 1918. Em laboratório, o vírus foi manipulado e juntado com anticorpos humanos. O software de computador encontrou variações evolutivas no vírus tanto na cabeça quanto no caule - mas, segundo os cientistas, a variação observada na cabeça sempre foi muito maior.
"Uma vacina contra a gripe universal baseada no caule seria mais amplamente protetora do que as que usamos agora, mas essa informação deve ser levada em conta à medida que avançamos com pesquisa e desenvolvimento", afirma o professor de microbiologia e imunologia David J. Topham, um dos autores da pesquisa.
"É muito mais difícil promover as mutações no caule do vírus, mas não é impossível."

Dados

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo com intensas campanhas de vacinação ao redor do mundo, estima-se que 1 bilhão de pessoas, em todo o mundo estejam infectados com o vírus da gripe. Os casos graves estão entre 3 a 5 milhões por ano - que causam de 300 mil a 500 mil mortes decorrentes da doença.
Nos Estados Unidos, as vacinas existentes ainda hoje protegem de 40% a 70% da população, também de acordo com dados da OMS.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Conflitos no Brasil:'Estamos todos aterrorizados', diz amiga de venezuelano linchado em Boa Vista

Venezuelana prepara comida para o filho na ruaDireito de imagemAFP
Image captionNo fim de semana, 4 ônibus enviados a Roraima por uma igreja evangélica de Caracas deixaram a cidade com mais de 200 venezuelanos
"Não quero mais arriscar a minha vida aqui", diz Valéria (nome fictício), que fugiu da crise na Venezuela há quatro meses para tentar recomeçar a vida no Brasil. "É lamentável. Mas prefiro voltar para os problemas de lá do que viver assustada e com medo de ser atacada aqui", afirma a venezuelana à BBC News Brasil, pedindo para não ser identificada.
Valéria decidiu deixar o Brasil após o linchamento, na quinta-feira passada, de seu amigo e conterrâneo José Antonio González, de 21 anos, em Boa Vista, capital de Roraima. Ele estava em um mercado e foi acusado de ter furtado itens das prateleiras, num episódio que resultou em uma dupla tragédia, com sua morte e a do brasileiro Manoel Siqueira de Sousa.
Sob gritos de "pega, ladrão!", o venezuelano saiu correndo e foi perseguido por um grupo de brasileiros. Manoel Siqueira de Sousa, que estava de bicicleta, conseguiu alcançá-lo e, segundo a Polícia Civil de Roraima, tentou imobilizar o venezuelano. González sacou uma faca e golpeou Manoel no pescoço, ferindo-o fatalmente.
Uma multidão revoltada espancou o venezuelano até a morte, e depois arrastou seu corpo até a frente do acampamento onde vivia - um conjunto de barracas precárias ao lado de um dos abrigos para venezuelanos em Boa Vista, o Jardim Floresta.
Fronteira do Brasil com a Venezuela em PacaraimaDireito de imagemJÚLIA CARNEIRO/ BBC NEWS BRASIL
Image captionMais de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal em Roraima para regularizar sua situação migratória no Brasil desde 2015.
O episódio voltou a aumentar a tensão entre brasileiros e venezuelanos em Roraima, apenas três semanas após os ataques de moradores de Pacaraima a acampamentos formados pelos estrangeiros nas ruas da cidade, precipitado pelo assalto e espancamento de um comerciante por um grupo de imigrantes.
A cidade fronteiriça é porta de entrada para os migrantes que chegam ao Brasil por terra. De acordo com a Polícia Federal, de 2015 até agosto deste ano, mais de 75 mil venezuelanos procuraram a Polícia Federal em Roraima para regularizar sua situação migratória no Brasil, com pedidos de refúgio ou residência.

Segunda fuga

Assim como em Pacaraima, onde a violência levou mais de mil imigrantes a cruzarem a fronteira de volta para o país vizinho, o temor gerado pelo linchamento em Boa Vista levou novas levas de imigrantes a retornarem.
No fim de semana, quatro ônibus enviados a Roraima por uma igreja evangélica de Caracas deixaram a cidade com mais de 200 venezuelanos que viviam no entorno e dentro do abrigo Jardim Floresta, e deixaram o local em meio à tensão.
"As pessoas foram embora muito assustadas, chorando muito. Foram por medo. Não era o que queriam fazer. Era o que viram como alternativa", conta a Irmã Telma Lage, coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima (CMDH), que atende venezuelanos que chegam ao Estado desde 2015.
"Todo mundo ficou com o coração partido de vê-los sair", relata.
Fronteira do Brasil com a VenezuelaDireito de imagemJÚLIA CARNEIRO/ BBC NEWS BRASIL
Image captionGoverno enviou reforços da Força de Segurança Nacional para Roraima; tropas ficam ao menos até o fim de outubro
Após a violência em Pacaraima, o governo enviou reforços da Força Nacional para Roraima e publicou um decreto de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) autorizando a atuação do Exército na segurança pública da fronteira e da capital. Nesta semana, novo decreto estendeu o prazo para permanência das tropas até dia 30 de outubro.
Enquanto isso, o governo de Nicolás Maduro vem fazendo pronunciamentos conclamando venezuelanos a retornarem ao país e afirmando que estão deixando a Venezuela para serem "humilhados".
De acordo com uma venezuelana recém-chegada ao Brasil, tem se disseminado entre os imigrantes em Roraima a informação de que o governo chavista está oferecendo incentivos. A BBC News Brasil não conseguiu contato com a Embaixada da Venezuela em Brasília nem com o Consulado em Boa Vista para confirmar a informação.

Planos frustrados de uma vida melhor

Valéria contesta a versão de que o amigo estivesse roubando e cobra evidências em vídeo. "Há venezuelanos que vieram roubar, mas ele não estava roubando", afirma. "Ele foi comprar pão, e ainda tentou mostrar o recibo quando começaram a acusá-lo."
"Não é justo. Viemos para cá atrás de uma vida melhor, para ajudar nossas famílias, e acabamos pagando pelos erros que alguns cometem", lamenta.
Segundo Valéria, José Antonio chegara ao Brasil havia oito meses buscando trabalho para enviar dinheiro para que a mãe, doente, pudesse comprar comida e medicamentos na Venezuela. Vinha fazendo serviços de jardinagem e morava na rua, no aglomerado de barracas formado no entorno do abrigo. Ela o descreve como um rapaz amigável, prestativo. "Sempre que lhe pediam ajuda ele atendia. Ele era um menino, não merecia essa morte."
Brasileiros protestam contra venezuelanosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasileiros fizeram protestos e até queimaram objetos de venezuelanos contra a entrada deles no país
Ela própria chegou ao Brasil há quatro meses, pelo mesmo motivo que "todos os venezuelanos", segundo diz: fugir da situação de seu país, buscar uma melhor qualidade de vida para sua família e ganhar dinheiro para mandar para casa, ajudando os parentes que ficaram.
Segundo a agência da ONU para Migrações, 2,3 milhões de venezuelanos já deixaram o país, fugindo de uma inflação fora de controle e da falta de alimentos, remédios e produtos básicos.
Valéria vinha conseguindo reconstruir a vida aqui, ganhando diárias como faxineira e vivendo de aluguel com a filha e o marido. Chocada após a morte do amigo, está arrumando as malas para voltar. Já não tem coragem de mandar a filha para a escola, com medo de represálias, e está sempre na expectativa de poder ser "atacada e golpeada" apenas por ser venezuelana.
"Estamos todos aterrorizados de que aconteça algo", diz.

Comoção por brasileiro 'querido por todos'

A Polícia Civil de Roraima abriu dois inquéritos para apurar as circunstâncias de morte do brasileiro e do venezuelano. Em nota, transmite a versão da proprietária do mercado, que teria visto o venezuelano "pegando vários produtos das prateleiras e saindo sem pagar".
A polícia acrescenta que as investigações iniciais do episódio "revelam que são muito comuns furtos nos supermercados daquela região praticados por venezuelanos e que após a criação do abrigo naquela área dos crimes desta natureza aumentaram exponencialmente", sem, no entanto, amparar a informação em estatísticas.
Criança toma vacina ao cruzar a fronteira da Venezuela com o BrasilDireito de imagemAFP
Image captionNúmero de vagas em abrigos deve passar de 5 mil para 6.500
Manoel de Sousa, de 35 anos, conhecido como Manel ou Manelzinho, era o caçula de seis irmãos e ganhava a vida como pintor. Sua cunhada, a faxineira Ana Cristina Coelho de Freitas, de 44 anos, afirma que quando ele derrubou o venezuelano, caíram no chão os itens que ele teria roubado do mercado: uma sacola de pão e duas latas de leite condensado.
Ela diz que Manoel morava na mesma rua do mercado, em uma casa simples com quintal aberto e um banheiro do lado de fora, e costumava ajudar venezuelanos que viviam nos arredores. Deixava tomarem banho no banheiro externo, descansarem sob a sombra de sua mangueira e oferecia água gelada.
"Ele tinha pena, né? Ajudava eles demais e acabou sendo morto pelo venezuelano. Acabou indo embora. Tomamos um choque. Ele era querido pelo bairro todo", diz Cristina.
"E aí a população foi para cima e deu em cima do venezuelano. Eram mais de 20. O venezuelano não deveria ter matado o meu cunhado, nem ninguém deveria ter matado o venezuelano. Todos nós somos seres humanos", diz.
A família vai participar de uma manifestação convocada para o próximo domingo pedindo um fim à violência em Boa Vista.

Tensão acirrada após mortes

Segundo a Irmã Telma Lage, os dias seguintes às duas mortes foram de muita tensão no acampamento em volta do abrigo Jardim Floresta, onde José Antonio vivia.
Na madrugada de sexta para sábado, venezuelanos relataram que o acampamento foi atacado, e Irmã Telma reforça a versão, afirmando que uma moto passou pelo local fazendo disparos contra as barracas. A tensão continuou a aumentar no sábado, com a comoção gerada pelo enterro de Manoel de Sousa. Após o cortejo, ela diz que um grupo de brasileiros fez um protesto em frente ao abrigo.
"Gritavam 'assassinos!' 'justiça!', dirigindo-se às pessoas no abrigo. É claro que a situação é muito crítica, muito delicada, mas como podem acusar ou pedir justiça àquelas pessoas? Não se pode condenar um povo todo por causa de uma pessoa", diz.
No fim de semana, ônibus enviados por igrejas da Venezuela chegaram à região do acampamento de madrugada e saíram levando cerca de cem pessoas, no sábado, e outras 104, no domingo. De acordo com o G1, os veículos teriam sido fretados pelo governo Maduro.
Famílias venezuelanas em PacaraimaDireito de imagemAFP
Image captionVenezuelanos relatam medo de ficar no Brasil e querem voltar para o país de origem
Ao ver os ônibus partindo, Irmã Telma diz que a sensação é de que o Brasil está falhando. "Quando não conseguimos garantir a segurança de pessoas que estão sob a nossa tutela, o Brasil está falhando", afirma.
Ela lembra que o Brasil não é o país que mais recebe venezuelanos, estando longe de países como Colômbia, Peru e Equador. "Não estamos fazendo o nosso dever de casa como país que acolhe", considera.
O cientista político Bruno Magalhães, pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, ressalta a importância de se filtrar os números e não confundir o fluxo de entrada no país com o número de pessoas que ficam.
A ONU estima que pelo menos 50 mil venezuelanos teriam se fixado no Brasil até abril deste ano, o que representa 2% do êxodo do país. Mais de 870 mil estariam na Colômbia, e cerca de 400 mil, no Peru.
Sobre os novos episódios de violência em Boa Vista, Magalhães destaca a reação desmedida dos moradores, que não apenas lincharam José Antonio González, como exibiram seu corpo diante do acampamento de venezuelanos, em sinal de ameaça.
"Por que está ficando tão habitual usar qualquer fagulha para invadir abrigos e expulsar pessoas?", questiona.
Para Magalhães, a situação pode estar relacionada a uma "xenofobia latente" - em que a população se sentiria autorizada a cometer violência contra imigrantes por causa de precedentes estabelecidos pelo Estado. Ele lembra a tentativa da Polícia Federal de deportar 450 venezuelanos do Brasil no fim de 2016, que acabou sendo impedida pela Justiça.
De janeiro a novembro daquele ano, entretanto, o órgão já deportara 445 venezuelanos "após cobrança da sociedade roraimense", como noticiou à época a DW Brasil. "Agora tivemos pessoas de Pacaraima expulsando venezuelanos. De onde tiraram esse exemplo?", pondera.

'Fila anda' com interiorização

Major Tássio de Oliveira, chefe da Comunicação da Operação Acolhida - ação conjunta do governo federal, ONGs e organizações internacionais - afirma que os episódios de violência causam preocupação. Mas diz que o trabalho da Força Tarefa Humanitária não pode ser pautado pelo clima de tensão.
Oliveira diz que duas linhas de ação prioritárias no momento convergem para reduzir a vulnerabilidade dos imigrantes que têm vivido nas ruas. A primeira é aumentar o número de vagas em abrigos, que de cerca de cinco mil deve passar a 6.500 com a construção de dois novos espaços; e a segunda é o foco na política de interiorização de venezuelanos para outras regiões do país.
A recente onda de violência em Pacaraima levou o governo a acelerar os planos. Até a semana passada, 1.507 venezuelanos foram transferidos para outros Estados. Nesta semana, outros 392 seguem em dois voos para cidades de Esteio e Canoas, no Rio Grande do Sul. À medida que esses imigrantes deixam os abrigos, as vagas são liberadas para outros vivendo nas ruas.
"Estamos trabalhando para dirimir os efeitos dessa crise humanitária, principalmente em Roraima, que é o Estado mais afetado. É claro que não vamos resolver os problemas em um passe de mágica, mas com planejamento e organização a situação está melhorando aos poucos. Estamos tirando as pessoas das ruas e obtendo resultados positivos com o processo de interiorização. Continuamos trabalhando", diz Oliveira.
Pablo Mattos, oficial de relações institucionais da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em Roraima, diz lamentar o episódio de violência e se solidarizar com as vítimas e seus familiares, mas afirma que por ora não haverá mudanças na estratégia de ajuda humanitária em Roraima.
"É difícil opinar porque cada pessoa tem sua razão específica para retornar ou não (para o seu país). Claro que sempre há coisas que podem ser melhoradas, mas a resposta brasileira tem sido um modelo de boa prática para a região, tanto na fronteira e no acolhimento quanto na interiorização", considera.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Orobó 90 anos: Zé Francisco da Silva, o melhor e maior Prefeito da história do município

11 de setembro é a Data Magna do Município de Orobó-PE, distante 110 Km da capital de Pernambuco. Nesta cidade nasceu José Francisco da Silva, agricultor, professor da Escola Radiofônica, sindicalista, Ministro do Superior Tribunal do Trabalho em Brasília, presidente do Círculo dos Trabalhadores Cristãos, Presidente da CONSEF, Assessor do Governador Miguel Arraes, Diretor do Hospital de Orobó,  sem dúvidas o prefeito mais atuante da história de Orobó.

Homem simples, honesto, político amigo do povo, grande gestor público. Na sua administração realizou grandes obras: Construiu 110 salas de aulas, construiu o Ginásio Leonardo Pimentel, Escola Paulo Freire, deu apoio aos estudantes universitários, realizou grandes capacitações permanentes durante todo ano letivo em parceria com universidades e outras instituições, desenvolveu método de pesquisa envolvendo educação e comunidades, desenvolveu método para aferir os níveis do ensino e da aprendizagem no município, deu apoio as fruticultores, implantou agroindústria, deu apoio ao pequeno produtor, impulsionou a produção no campo.

Zé Francisco também impulsionou vendas no comércio local fazendo compras da prefeitura  em Orobó, desenvolveu a geração de novas oportunidades de trabalho, pagou sempre em dia aos funcionários públicos, deu apoio aos transportes comunitários das comunidades, reduziu consideravelmente a mortalidade infantil, conseguiu doar dezenas de aparelhos auditivos, construiu milhares de metros de calçamentos em Orobó, Matinadas, Serra de Capoeira, Umburetama, ladeira da subida do Campestre, Chã do Rocha, Feira Nova, fez saneamento básico em toda cidade acabando com a peste das muriçocas existente, melhorou estradas, deu apoio aos torneios comunitários, criou grupo de idosos, Fez o encontrão da juventude, Encontrão das comunidades, feira de saúde, fez reforma em diversos postos de saúde nas comunidades rurais, implantou dessalinizadores, fez a Vila Mariápolis, fez o matadouro, melhorou o sistema de abastecimento de água integrando ao sistema de Pedra Fina, Criou a Casa do Artesanato, impulsionou o grupo de mulheres do frivolité, fez a reforma do posto de saúde da cidade, trouxe diversos programas de mutirões para tirar documentos de RG, Profissional, fazer exames médicos, desenvolveu as festas do São João nas comunidades, fez o portal da entrada da cidade atendendo ao pedido da comunidade, melhorou o acesso ao publico dos serviços de assistência social, deu apoio aos programas e parcerias com o Banco do Nordeste, ajudou na reforma e construção de casas populares na zona rural para dezenas de famílias carentes. Orobó viveu um tempo de paz, respeito e cidadania. Ao terminar o tempo de sua gestão, deixou a prefeitura com salários dos funcionários em dia, sem débitos com fornecedores e com dinheiro nos cofres públicos municipais. 

José Francisco da Silva continua plantando cidadania em Orobó. Um exemplo de vida pública. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Nova Pesquisa confirma Paulo Câmara na frente, diz Folha de PE


governador Paulo Câmara (PSB) cresceu cinco pontos percentuais e aparece isolado na liderança, na segunda pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto de Pesquisas SociaisPolíticas e Econômicas (IPESPE), em parceria com a Folha de Pernambuco. Na disputa pelo Governo do EstadoPaulo aparece com 35%, seguido do senador Armando Monteiro Neto (PTB), que oscilou um ponto percentual dentro da margem de erro, chegando a 25%. O levantamento foi feito entre os dias 6 e 8 de setembro.

A pesquisa ouviu 800 entrevistados, usando uma metodologia face a face, e contempla critérios de sexo, idade, instrução, renda e pela condição do município. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95,45%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os números de protocolo BR-05453/2018 e PE-05575/2018.
primeira pesquisa realizada pela parceria IPESPE/Folha ocorreu entre os dias 11 e 13 de agosto, servindo como base comparativa para o levantamento atual. O número de indecisos aumentou de 8% para 11%, enquanto o número de Brancos e Nulos caiu, de 27% para 23%.

O candidato do Pros, o ex-deputado federal Maurício Rands oscilou negativamente dentro da margem de erro e aparece com 2%. O ex-prefeito de Petrolina, Julio Lossio (Rede), também oscilou negativamente, surgindo com 2% das intenções de voto no estudo mais recente. A candidata do Psol, Dani Portela, registrou apenas 1%. Já Ana Patrícia Alves (PCO), que não apareceu na primeira escuta, obteve 1% das menções.

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Pesquisa Ipespe/FolhaPE indica corrida apertada para Senado
O detalhamento desta pesquisa o leitor poderá conferir na edição, desta quarta-feira (12), na Folha de Pernambuco. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE