quarta-feira, 28 de março de 2018

Tempos de Ditadura:após tiros e sob tensão, Lula encerra caravana em Curitiba horas depois de discurso de Bolsonaro na cidade

Lula na caravana pelo ParanáDireito de imagemRICARDO STUCKERT
Image captionEm caravana pelo Paraná, ônibus da caravana de Lula chegou a ser atingido por tiros
Poucas horas depois de a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Curitiba, ainda sob abalo pelo ataque que atingiu com ao menos três tiros dois ônibus da comitiva, era tensa a atmosfera para o que deveria ser a festa de encerramento da turnê pelo Sul do pré-candidato do PT.
No comício do petista, as mensagens de aposta em Lula eleito presidente em 2018 dividiram espaço com acusações contra os agressores.
Um cartaz grande pendurado na Praça Santos Andrade dizia: "Aqui não é Bagé", em referência aos protestos com os quais a caravana foi recebida, dias antes, na cidade gaúcha. Ali, ruralistas e manifestantes bloquearam a passagem da comitiva com caminhões e tratores, em um prenúncio dos sucessivos episódios de hostilidade que viriam nos dias seguintes.
As caravanas de Lula começaram pelo Nordeste como uma maratona para tentar reforçar a popularidade do petista, mas tiveram passagem conturbada pelo Sul do país.
Na viagem pela região, que começou pelo Rio Grande do Sul, passou por Santa Catarina e agora se encerra no Paraná, a caravana de Lula recebeu ovadas, pedradas e assistiu a confrontos entre manifestantes anti-Lula e militantes petistas.
Mais cedo, nesta quarta-feira, a animosidade contra a presença do petista se expressava em camisetas, pixulecos e cartazes no Aeroporto Internacional de Curitiba. O ato era para recepcionar o pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) - que disputou as atenções com Lula na capital paranaense antes de seguir caminho para uma agenda em Ponta Grossa, no interior do Estado.
Sobre um carro de som com a faixa "Lula ladrão: Em Curitiba só na prisão", Bolsonaro abriu seu discurso fazendo referência aos ovos jogados contra os ônibus e integrantes da caravana:
"Aqui não tem mortadela - aqui tem ovo!", gritou para uma plateia de seguidores, acenando com uma caixa de ovos em suas mãos, com a estrela vermelha do PT e um desenho de Lula vestido como presidiário estampado na embalagem.
O encerramento do ato de Bolsonaro no aeroporto se deu com uma convocação para que todos os presentes de reunissem na chamada Praça do Homem Nu e de lá partissem juntos para fazer oposição ao ato petista no centro de Curitiba, marcado para as 17h.
"Vamos enfrentar os vermelhos que vão estar na Praça Santos Andrade", disse um locutor no carro de som antes de terminar o evento.
Bolsonaro recebido por fãs no aeroporto
Image caption"Aqui não tem mortadela - aqui tem ovo!", gritou Bolsonaro no aeroporto
Outros adversários do petista na corrida presidencial repudiaram o ataque contra o pré-candidato. Geraldo Alckmin, do PSDB, que ensaiou uma crítica ao dizer, ainda na terça-feira, que o "PT colhe o que planta", tuitou nesta quarta-feira que "toda forma de violência deve ser condenada" e pediu que as autoridades apurem e punam os autores do ataque.

Pedras, tiros e pneu furado

Na noite de terça-feira, a caravana deixou o município de Quedas do Iguaçu, no interior do Estado, e se dirigia para Laranjeiras do Sul quando passageiros do ônibus que carregava jornalistas ouviram o que imaginaram ser pedras jogadas contra o veículo. Alguns quilômetros depois, o ônibus foi obrigado a parar porque os pneus começaram a murchar.
Haviam sido atingidos por "miguelitos", objetos pontiagudos colocados nas vias para furar pneus de veículos. Foi então que perceberam as perfurações na lataria do veículo. O ônibus da imprensa fora atingido por dois tiros, e o que carregava convidados da caravana petista, por um disparo. O terceiro veículo, onde estava Lula, não foi atingido.
Marcio Macedo, vice-presidente nacional do PT e coordenador das caravanas de Lula pelo Brasil, afirma que todos ficaram abalados.
"Claro que a gente se assustou. Foram tiros com a intenção de acertar. Poderiam ter atingido o presidente (Lula) ou qualquer um de nós", conta Macedo. "Graças a Deus não houve nenhum incidente mais grave e vamos seguir com o planejamento de encerrar a caravana hoje em Curitiba, em paz e harmonia."
Na segunda-feira, durante passagem da comitiva por Francisco Beltrão, no Paraná, seguranças do ex-presidente foram acusados de agredir um repórter do jornal O Globo.
Dois dias antes, em Chapecó (SC), o ex-deputado federal petista Paulo Frateschi foi atingido por um objeto durante um confronto entre militantes pró e contra Lula que deixou mutilada parte de sua orelha.
Caravana de Lula em Curitiba
Image captionConcentração de manifestantes favoráveis ao ex-presidente Lula na capital paranaense
Pesquisas de opinião apontam Lula como o pré-candidato à Presidência com maior intenção de votos nas eleições de 2018. Em segundo lugar, está Bolsonaro.
Na segunda-feira, o TRF-4 negou recurso da defesa de Lula e confirmou a condenação em segunda instância do ex-presidente a 12 anos e um mês de prisão pelo caso do tríplex do Guarujá. Em tese, assim, o ex-presidente já estaria inelegível pela lei da Ficha Limpa.
Uma eventual prisão do petista depende agora de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que marcou para o dia 4 de abril a sessão para julgar o habeas corpus preventivo pedido pela defesa.
A pressão pela decisão dos ministros da Suprema Corte se soma à tensão em Curitiba, berço da Lava Jato, com panfletos distribuídos na rua afirmando que "O Brasil é maior que o STF".

Ato no Paraná

À medida que se aproximava o horário do ato petista, grupos anti-Lula começaram a se deslocar em direção à praça, alguns vistos carregando caixas de ovos.
No início da noite, antes mesmo que o ex-presidente chegasse ao ato, a situação na praça começou a ficar mais tensa. Um grupo de manifestantes anti-Lula se aproximou dos militantes petistas e começou a bradar "Lula na cadeia". Eles foram chamados de fascistas pelos militantes pró-Lula.
Agentes da Tropa de Choque e da Cavalaria da PM se colocaram entre os manifestantes para evitar confronto aberto.
Caravana de Lula em Curitiba
Image captionClima de tensão substituiu atmosfera festiva

Disputa de narrativas

Desde terça-feira, a assessoria de imprensa do ex-presidente e os assessores do governo do Paraná disputam versões sobre as condições de segurança da comitiva. A equipe de Lula afirmou ter pedido escolta policial ao Estado, o que teria sido negado pelo secretariado do governador Beto Richa (PSDB). Já o governo paranaense nega que tenha sido pedido um reforço na segurança.
"Nós planejamos isso há muito tempo e passamos todo o nosso cronograma para as autoridades de segurança do Estado. Isso foi previamente combinado. Queremos garantir a segurança de todos que estarão na praça. Queremos que o Estado cumpra o seu dever constitucional de garantir o direito da sociedade de se manifestar livremente", disse Marcio Macedo.
Em nota, a assessoria do governo do Paraná afirmou que "não houve qualquer pedido formal de escolta da caravana do ex-presidente nem ao próprio ex-presidente, embora ele tenha esta prerrogativa. Tanto é que o paradeiro dele é incerto e não sabido".
Um inquérito da Polícia Civil do Paraná vai apurar o ataque contra a caravana.
Com Informação da BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 27 de março de 2018

Mesmo com atendimento precário Caixa registra lucro líquido recorde de R$ 12,5 bilhões em 2017

*Foto:Edgar S. Santos
A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido recorde de R$ 12,5 bilhões, em 2017. O crescimento em relação a 2016 chegou a 202,6%. O lucro líquido recorrente alcançou R$ 8,5 bilhões, aumento de 106,9% em 12 meses.

Segundo o banco, houve redução nas despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) em 4,2% e crescimento nas receitas com prestação de serviços em 11,5%, totalizando R$ 25,0 bilhões.

O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, considera que o resultado excelente é consequência da melhor alocação de capital em todas as operações do banco, além do fortalecimento da gestão do risco dentro da empresa. O índice de inadimplência encerrou o ano com redução de 0,6 ponto percentual em 12 meses, alcançando 2,25%, abaixo da média de mercado (de 3,25%).

“A nossa estratégia neste ano de 2017 foi trazer sempre uma melhoria, o fortalecimento da nossa governança, melhoria da eficiência, assegurando a rentabilidade, por mais que tenhamos mantido nossa carteira de crédito com ligeira queda”, disse Occhi.
Ao final de 2017, a carteira de crédito da Caixa alcançou saldo de R$ 706,3 bilhões, apresentando leve redução de 0,4% em 12 meses, e manutenção da participação de mercado em 22,4%, a maior carteira entre as instituições brasileiras. “Esse desempenho ocorreu devido à retração de 15,3% na carteira comercial e foi compensado pelo crescimento de 6,3% das operações de habitação e 5,2% das operações de saneamento e infraestrutura. Essas evoluções estão em linha com o Plano de Capital da Empresa”, disse o banco.

Crédito imobiliário

Mantendo a liderança no mercado imobiliário, com 69% de participação, a carteira imobiliária da Caixa obteve saldo de R$ 421,7 bilhões. Os créditos concedidos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), representam R$ 237,6 bilhões, queda de 2,6% sobre o ano anterior.

O vice-presidente de finanças da Caixa, Arno Meyer, informou que, apesar do saque das contas inativas do FGTS no ano passado, a redução dos recursos concedidos pelo fundo (2,6%) foi baixa. “Novas entradas fizeram com que o fundo caísse bem pouco”, avalia. Foram contratadas 482 mil novas unidades habitacionais pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, somando R$ 57,8 bilhões. O pagamento de benefícios sociais, sobretudo Bolsa Família, foi de R$ 28,7 bilhões, alta de 1,5% em 12 meses.

Ativos e despesas de pessoal

Em dezembro, a Caixa possuía R$ 2,2 trilhões em ativos administrados, avanço de 1,9% em 12 meses. Os ativos próprios totalizaram R$ 1,3 trilhão, um crescimento de 0,4% em 12 meses.

As despesas de pessoal alcançaram R$ 22,4 bilhões no ano, avanço de 6,6% em 12 meses, impactadas pelo acordo coletivo e pelos planos de demissão voluntária, que geraram despesas não recorrentes de R$ 863,0 milhões, com o desligamento de 6,9 mil empregados.

O presidente da Caixa espera, para 2018, uma repetição do bom resultado de lucro recorrente registrado em 2017, investindo em redução das despesas e melhoria das receitas em prestação de serviços. “Os resultados orgânicos virão, principalmente, da melhor otimização do capital, do crescimento da carteira de crédito. Acredito muito na eficiência do banco”, declarou.
Com Informações da FPE.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Religião:Por que a data da Páscoa varia tanto? Entenda como ela é determinada


Vitral com Cristo ao centroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image caption'A astronomia está no coração do estabelecimento da data', diz astronômo no Observatório Real de Greenwich, em Londres
A Páscoa chegou mais cedo neste ano. Será celebrada no dia 1º de abril, enquanto, no ano passado, isso ocorreu no dia 16 do mesmo mês.
Na verdade, desde 2008, essa festa foi comemorada sempre em dias diferentes, com o domingo de Páscoa variando a cada ano entre os dias 23 de março e 24 de abril.
Mas por que não há uma data fixa para a Páscoa?
Segundo afirmava Beda, o Venerável, religioso inglês que viveu no século 7, a Páscoa se dá no primeiro domingo depois da primeira lua cheia após o equinócio da primavera no hemisfério norte (20 de março, em 2018).
"A astronomia está no coração do estabelecimento da data para a Páscoa. (A data) depende de dois fatos astronômicos - o equinócio da primavera e a lua cheia", disse Marek Kukula, astronômo no Observatório Real de Greenwich, em Londres.
Trata-se de um "feriado móvel", e isso se dá graças ao sistema complexo que foi desenvolvido para tentar calcular a Páscoa (e a Páscoa Judaica) a partir do céu, acomodando calendários diferentes.
A data mais frequente para a Páscoa nas igrejas ocidentais tem sido 19 de abril, mas o evento já chegou a cair até em 25 de abril.
Lua CheiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA data da Páscoa varia, entre outras razões, na tentativa de harmonizar os calendários lunares e solares
O nosso calendário não combina exatamente com os ciclos astronômicos.
"Durante milhares de anos vêm sendo feitos cálculos e ajustes na tentativa de coincidir os calendários artificiais com a astronomia. Mas, exatamente pela falta de uma combinação precisa entre eles, são necessários cálculos complexos para se determinar o dia exato do equinócio e da lua cheia", acrescentou Kukula.
Apesar da famosa briga da Igreja Católica com Galileu, em 1633, por divergências em relação aos estudos de astronomia do físico, os religiosos sempre souberam que era preciso calcular as datas para a Páscoa e os dias santos - e que para isso era necessário recorrer ao estudo dos astros.
Com esse objetivo, a Igreja Católica construiu seu primeiro observatório em 1774.

Mistura

O complicado sistema de determinação da data da Páscoa é resultado da combinação de calendários, práticas culturais e tradições hebraicas, romanas e egípcias.
O calendário egípcio era baseado no Sol, prática adotada primeiramente pelos romanos e posteriormente incorporada pela cultura cristã. O judaísmo baseia o calendário hebraico parcialmente na Lua, e o islamismo também utiliza fases da Lua.
A data da Páscoa varia não somente pela tentativa de harmonizar os calendários lunares e solares, mas também há outras complicações que acabam interferindo, como o fato de diferentes vertentes do cristianismo usarem fórmulas distintas em seus cálculos.
Em 1582 foi criado o Calendário Gregoriano, adotado e promovido pelo papa Gregório para fazer com que a Páscoa caísse mais cedo e fosse mais fácil de ser calculada. Esse é o calendário que usamos até hoje.
Papa Gregório 13Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGregório 13 introduziu o calendário gregoriano, ainda usado no mundo ocidental
Segundo a Bíblia, a morte e ressurreição de Jesus, os eventos celebrados pela Páscoa, ocorreram na época da Páscoa Judaica.
A Páscoa Judaica era celebrada na primeira lua cheia depois do equinócio da primavera no hemisfério norte.
Mas isso levou os cristãos a celebrar a Páscoa em diferentes datas. No fim do século 2, algumas igrejas celebravam a Páscoa junto com a Páscoa Judaica, enquanto outras marcavam a data no domingo seguinte.
No ano 325, a data da Páscoa foi unificada graças ao Concílio de Nicéia.
A Páscoa passaria a ser no primeiro domingo depois da primeira lua cheia que ocorresse após o equinócio da primavera (ou na mesma data, caso a lua cheia e o equinócio ocorressem no mesmo dia).

Domingos diferentes

Mesmo assim, tradições e culturas diferentes continuaram fazendo cálculos distintos para a data.
Um exemplo se deu na Inglaterra, no ano de 664. No reino de Northumbria, o rei Oswiu e sua esposa celebravam a Páscoa em domingos diferentes. O rei observava a tradição irlandesa, e a rainha, a romana. Ela era originária de uma parte do reino que tinha sido evangelizada segundo as tradições romanas, enquanto a cidade natal do rei Oswiu seguia a tradição irlandesa.
Em consequência, um certo ano o rei celebrou a Páscoa em um domingo, mas a rainha ainda estava no período da quaresma. Para acertar a data, o rei convocou um sínodo (assembleia de religiosos) na cidade de Whitby.
Papa Francisco celebra missa de domingo de PáscoaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA data mais frequente para a Páscoa nas igrejas ocidentais tem sido 19 de abril
Na defesa da tradição irlandesa, estava o bispo Colman de Lindisfarne. São Wilfrid, um nativo de Northumbria treinado em Roma, defendeu a tradição romana.
"Em um ponto crucial do debate, ele mencionou São Pedro, o guardião das chaves do paraíso, que as recebeu do próprio Cristo. E o rei Oswiu, que presidia o sínodo, ficou muito impressionado", disse Michael Carter, membro do Patrimônio Histórico Inglês.
Com isso, a decisão foi tomada a favor da tradição romana.
"O Sínodo de Whitby garantiu que a Igreja na Inglaterra passasse a adotar a prática ocidental padrão. Isso significou a unificação da celebração do mais importante evento do calendário cristão pela igreja inglesa, o dia da ressurreição de Cristo. Isso persistiu no país (...) até a Reforma Anglicana, quando a Inglaterra rompeu com o padrão religioso e cultural da Europa", acrescentou Carter.

Ortodoxos

As tradições ortodoxas dentro do cristianismo continuaram usando o Calendário Juliano em vez de aceitar a reforma do calendário imposta pelo papa Gregório.
As igrejas ortodoxas, portanto, continuaram a celebrar a Páscoa e o Natal em datas diferentes das tradições ocidentais ou romanas.
Mas isso pode mudar? O papa Tawadros 2º de Alexandria, líder da Igreja Ortodoxa Copta, espera que as diferentes vertentes do cristianismo consigam chegar a um acordo sobre essa importante questão.
Pouco depois de reunir-se com ele, Justin Welby, arcebispo da Cantuária (o equivalente ao papa para a Igreja Anglicana), divulgou uma notícia surpreendente em janeiro deste ano: depois de muitos séculos de desacordo, surgiram novas esperanças de que a data da Páscoa possa ser uma data que todos os cristãos celebrem juntos.
Concílio de NicéiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO Concílio de Nicéia acertou muitas disputas centro da igreja, incluindo a data da Páscoa
"Durante nossa visita ao Vaticano, em 2013, o papa Tawadros falou novamente sobre o tema com o papa Francisco em Roma", disse o bispo Angaelos, bispo geral da Igreja Ortodoxa Copta na Grã-Bretanha.
"Parece haver uma disposição entre parte das lideranças da Igreja Cristã para pelo menos avaliar esta possiblidade."
No entanto, ele admite que o caminho parece ser longo. "A dificuldade é que todos precisam sacrificar algo, pois cada um de nós tem o seu próprio jeito de calcular a Páscoa e calculamos assim por séculos", disse.
Ainda não há um cronograma e o bispo Angaelos afirma que a "tarefa é monumental". "Estamos falando a respeito com muita gente, muitas culturas diferentes, igrejas diferentes e líderes religiosos diferentes. Será uma tarefa monumental. Mas a ideia está lá."
E o que os astrônomos acham de uma Páscoa unificada? "De certo modo, a astronomia ficaria fora da equação", disse Marek Kukula.
"Ainda seria necessário regular o calendário - você ainda precisaria ter anos bissextos e ajustar segundos - mas a Páscoa deixaria de ser um feriado móvel e isto tornaria bem mais simples coisas como o planejamento de feriados escolares. Entretanto, se as pessoas vão querer fazer isso ou não, passa por uma questão religiosa."
E, levando em conta toda a história por trás da data, o debate sobre a questão ainda poderá se estender por muito tempo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 26 de março de 2018

Bom Jardim presente na IV Conferência Estadual de Cultura de Pernambuco

Professor Edgar S.Santos e Edilene Gomes representaram Bom Jardim na IV CEC-PE.
“É uma sensação de felicidade e, porque não, de dever cumprido realizar esta última etapa da IV Conferência Estadual de Cultura (IV CEC-PE), que reuniu desde o ano passado, em 26 pré-conferências regionais e setoriais, mais de duas mil pessoas para discutir um tema nobilíssimo: aprovar um Plano Estadual de Cultura (PEC) para Pernambuco. Quero dizer que, uma vez aprovado, esse documento fecha a estruturação do nosso Sistema de Cultura do Estado que, junto com o Funcultura, um dos maiores fundos de incentivo à cultura do país, e o pleno funcionamento dos nossos três Conselhos de Cultura, indicará os rumos que iremos tomar nas políticas culturais de Pernambuco nos próximos dez anos”, foram com essas palavras que o secretário estadual de Cultura, Marcelino Granja, definiu a realização da Plenária Final da IV CEC-PE, que aconteceu nos últimos dias 23, 24 e 25 de março, no Centro de Formação e Lazer do Sindsprev (Recife).
Jan Ribeiro/CulturaPE
Jan Ribeiro/CulturaPE
Delegados do Poder Público e da Sociedade Civil participaram das decisões 
O encontro contou com a participação de 222 delegados, oriundos de 58 municípios pernambucanos, e serviu para ajustar/aprovar a proposta final do PEC. Na noite da sexta-feira (23), os participantes puderam se credenciar e conhecer, na solenidade de abertura, a organização e metodologia de trabalho adotada para a Plenária Final da IV CEC-PE. Assim como vinha acontecendo nas pré-conferências regionais e setoriais, os delegados, eleitos nesses encontros preparatórios, foram divididos em quatro grupos de trabalhos (GT’s) e, ao longo do sábado (24), debateram e sugeriram edições/supressões/adições às ações e objetivos estratégicos presentes numa versão do Plano Estadual de Cultura resultante da sistematização das discussões e propostas formuladas em cada pré-conferência.
Os GTs contaram com a mediação de representantes da Secult-PE e da Fundarpe e ficaram agrupados a partir dos oito eixos do PEC: 1) Patrimônio Cultural e Memória e Territórios, e Territorialidade e Políticas Afirmativas, mediado por Jacira França e Wellington Lima (Fundarpe); 2) Desenvolvimento Simbólico da Cultura e Economia da Cultura, mediado por Tarciana Portella e Jorge Clésio (Secult-PE); 3) Pesquisa e Formação Artístico-Cultural e Cultura e Educação, mediado por Teresa Amaral e Luciana Lima (Secult-PE); 4) Cultura e Comunicação, e Gestão, Infraestrutura e Participação, mediado por Zezo Oliveira e Sílvio Lira (Secult-PE).
Jan Ribeiro/CulturaPE
Jan Ribeiro/CulturaPE
O processo da Conferência envolveu quase 2 mil pessoas, de todas as regiões do estado 
Aos grupos, era permitido propor duas novas ações estratégicas para cada eixo temático que estivesse discutindo, que, por sua vez, poderiam ser validadas ou não na Plenária-Geral. “É de suma importância o caráter democrático adotado nesse plano, sobretudo, na maneira participativa que ele vem sido construído, ouvindo a população, ouvindo os produtores, ouvindo os artistas. Essa construção conjunta é o que há de mais saudável para democracia. Na verdade, democracia é isso: um processo aberto e transparente que envolva tanto o poder público quanto os agentes da cadeia produtiva do Estado”, disse o músico, compositor e poeta Alexandre Revoredo, delegado do Agreste Meridional, sobre as discussões dos GT’s.
No início da noite do sábado (24), e com o término das atividades dos GTs, os delegados formaram a Plenária-Geral, a fim de apresentar e validar as ações estratégicas do PEC. Coube aos relatores de cada GT mostrarem o que foi discutido nos grupos. Nessa etapa, os delegados não podiam criar novas ações, só editar e suprimir as propostas dos GT’s.
Jan Ribeiro/CulturaPE
Jan Ribeiro/CulturaPE
Silvana Meireles, secretária executiva de Cultura, coordenou a IV Conferência Estadual 
O primeiro a se apresentar foi o GT1 (Patrimônio Cultural e Memória e Territórios, e Territorialidade e Políticas Afirmativas), sob a relatoria da delegada Ivone Gomes. Tanto o eixo 1 quanto o eixo 8 foram aprovados, com pequenas alterações e acréscimos nas ações estratégicas. “Esse é um momento de revisão e condensação das ideias. Acompanhei os debates nos grupos durante todo o dia, e quero ressaltar que todos vocês fizeram um trabalho excelente e, para nossa alegria, deram contribuições significativas ao nosso Plano Estadual de Cultura. Resta-nos agradecer a confiança que vocês depositaram em nossa gestão”, disse o secretário Marcelino Granja, que conduziu a votação da plenária junto à presidente da Fundarpe, Márcia Souto, e à secretária-executiva estadual de Cultura, Silvana Meireles.
A Plenária-Geral continuou na manhã do domingo (25), com a discussão dos GT’s 3 (Pesquisa e Formação Artístico-Cultural e Cultura e Educação), relatoria de Williams Santana e Juliana Aguiar; 2 (Desenvolvimento Simbólico da Cultura e Economia da Cultura), relatoria de Eduardo Manuel; e 4 (Cultura e Comunicação, e Gestão, Infraestrutura e Participação), relatoria de Miguel Farias.
Após um debate acalorado sobre os diversos temas que perpassam as ações e os objetivos estratégicos do PEC – os delegados podiam solicitar até quatro destaques para manifestar suas opiniões/observações sobre cada eixo temático em questão, uma versão final do documento foi aprovada para ser submetida ao Conselho de Políticas Culturais do Estado. ”Temos aqui quase pronto o primeiro Plano Estadual de Cultura de Pernambuco. Aprovamos, na plenária da IV CEC-PE, a proposta final do documento que seguirá agora para o Conselho de Políticas Culturais, responsável por validar suas propostas, antes do encaminhamento à Assembleia Legislativa, quando, então, o PEC se tornará uma lei. Isso é um marco importantíssimo para o Estado e, consequentemente, para as nossas políticas culturais, que sairão dessa lógica de eventos, de descontinuidades e incertezas, para ter um planejamento. Com isso, a gente vai fortalecer a cultura pernambucana e o seu Sistema Estadual de Cultura, que agora tem seu CPF: três conselhos, um Funcultura e, em breve, o Plano Estadual de Cultura consolidado”, disse secretária-executiva estadual de Cultura, Silvana Meireles.
Jan Ribeiro/CulturaPE
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A presidente da Fundarpe, Márcia Souto, destacou os próximos passos para implementação do Plano 
Já a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, destacou que “chegamos ao final da IV CEC-PE com um documento muito importante, o Plano Estadual de Cultura, um planejamento que servirá para os próximos dez anos. Contamos com a participação/contribuição de artistas/produtores de todas linguagens e de vários fazedores de cultura de todo o Estado, uma vez que as nossas discussões para contruí-lo atingiram mais de 75% dos municípios pernambucanos. Isso demonstra nossa preocupação em dar conta da dimensão do patrimônio cultural do Estado, que é grandioso, rico, diverso e precisa estar estampado nesse plano. Agora, vamos nos empenhar em sua implementação e acompanhar de perto o debate no Conselho de Políticas Culturais, a fim de fechar os últimos detalhes desse plano e partir para o trabalho”.
Delegado da IV Conferência, o poeta Zecarlos do Pajeú, de Tabira, registrou em verso a conquista popular:
Construímos o Plano de Cultura que o Estado da gente precisava.
Nossos povos são donos das receitas
Das histórias de rostos culturais,
Nossos sonhos de alguns anos atrás
Já saíram das rotas mais estreitas,
Vinte e seis conferências foram feitas,
Passo a passo a gente caminhava,
Nossa gente heróica, pura e brava
Outra vez revelou sua bravura.
Construímos o Plano de Cultura que o Estado da gente precisava.
Com informações de cultura.pe.gov.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE