sábado, 25 de novembro de 2017

Universidades públicas deveriam cobrar mensalidade de alunos ricos?

Praça do Relógio na USP
Image captionPara apoiadores do fim da gratuidade nas universidades públicas, não é correto que toda a sociedade financie os estudos dos jovens de classes mais altas; já os oponentes dizem que medida não seria suficiente para resolver a crise | Foto: Marcos Santos/USP Imagens
As universidades públicas brasileiras atravessam forte crise financeira. Exemplo mais gritante, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro vem atrasando pagamento de salários há dois anos.
Em meio a esse quadro, voltou ao debate a proposta de cobrar mensalidade de alunos de maior renda. Em relatório divulgado nesta semana, o Banco Mundial defende a medida, argumentando que universidade pública brasileira é ineficiente e injusta.
Para seus economistas e outros apoiadores do fim da gratuidade, não é correto que toda a sociedade financie os estudos dos jovens de classes mais altas. Já os que se opõem à cobrança dizem que ela não seria suficiente para resolver a crise e propõem aumentar impostos sobre os mais ricos para financiar a educação.
Entenda abaixo os principais argumentos contra e a favor da mudança.

É justo acabar com o ensino gratuito?

O principal argumento contra a gratuidade é que a maioria dos alunos da rede pública está entre os brasileiros de renda mais alta, que em tese poderiam pagar.
Dados do IBGE mostram que, em 2005, 80% dos graduandos das universidades públicas estavam entre os 40% de maior renda no país. Medidas como a instituição da política de cotas reduziram esse percentual, mas esses alunos continuam sendo a maioria - eram 61% do total em 2015. Já a participação da base da pirâmide (40% mais pobres) passou de 8% para 22% no período.
"Nosso país é incrivelmente desigual. Cobrar (pelo ensino superior) pode ser um instrumento bastante eficaz de distribuição de renda", acredita o economista Sergio Firpo, professor do Insper.
Defensor da gratuidade, o economista Fábio Waltenberg, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), considera que instituir a cobrança nas instituições públicas seria mexer em "um sistema que funciona bem". Segundo ranking do jornal Folha de S.Paulo, entre as 30 melhores universidades do país, apenas duas são privadas.
Quadro negro
Image captionBanco Mundial defendeu ampliação do Prouni e Fies | Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Para ele, há outras maneiras de cobrar mais das parcelas de maior renda do país, como o retorno da tributação de lucros e de dividendos, criar um imposto sobre fortunas e aumentar a taxação de heranças.
Waltenberg lembra que o sistema tributário brasileiro é regressivo - ou seja, arrecada proporcionalmente mais dos pobres. Isso ocorre porque a maior parte do valor arrecadado não vem de impostos diretos sobre renda e propriedade, que pesam mais sobre os ricos, mas daqueles cobrados da produção e do consumo.
"Se a regressividade é de fato um problema, por que não atacar sua fonte primária, que é o próprio sistema tributário? Sem isso, o discurso contra a universidade pública parece ideológico", crítica.
Estudo da economista Maria Eduarda Tannuri-Pianto, professora da Universidade de Brasília, em parceria com Carlos Renato Castro, gerente de Estudos Econômico-Fiscais do Tesouro Nacional, indica que o ensino superior público não beneficia apenas os mais ricos.
Eles estimaram como se dá a transferência de renda para os beneficiários dessas universidades. Segundo esses cálculos, feitos a partir dos impostos recolhidos por cada grupo de renda, há uma transferência dos segmentos renda mais alta para os graduandos de classe média. Já os mais pobres acabam não se beneficiando, pois poucos conseguem chegar às instituições públicas, ressalta Tannuri-Pianto.
Para ela, o melhor não seria criar mensalidades para graduandos, mas permitir outras formas de autofinanciamento das universidades públicas que hoje não são autorizadas, como cobrar por mestrados profissionalizantes para quem já está no mercado de trabalho. "Não precisar ser o governo financiando tudo", disse.
Professora fala em sala de aula
Image captionDados do IBGE mostram que, em 2015, 61% dos graduandos da rede pública estavam entre os 40% de brasileiros de maior renda | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Cobrança seria complicada e criaria obstáculos para os mais pobres?

Dentro da sua proposta de cobrança de mensalidade, o Banco Mundial recomenda que o governo amplie oferta de bolsas (programas como o Prouni) e empréstimos (programas como o Fies) para garantir acesso de alunos de renda menor ao ensino superior público.
Para Waltenberg, isso criaria novos problemas administrativos e não garantiria a entrada dos mais pobres.
"(Haveria a) necessidade de criar estruturas novas para cobrar alunos, para definir quem paga e quanto, para autorizar entrada e saída de salas de aula de alunos adimplentes e inadimplentes", exemplifica.
Na sua avaliação, expandir o Fies não resolveria o problema das classes mais baixas porque pessoas de menor renda possivelmente ficariam com medo de assumir essas dívidas sem garantia de que terão depois rendimento para pagar.
"A cobrança afastaria ainda mais da universidade as classes mais desfavorecidas - cujos orçamentos já são apertados - e mercantilizaria de vez a universidade pública, um dos poucos espaços ainda relativamente ao abrigo da lógica de mercado", acrescenta.
Estudantes participam de cerimônia de formatura
Image captionPaíses como Austrália e Inglaterra permitem a realização dos chamados empréstimos com amortizações contingentes à renda (ECR)
A favor da cobrança na rede pública, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Pedro Meyer diz que há um sistema que evita esse problema - os empréstimos com amortizações contingentes à renda (ECR), adotados em países como Austrália e Inglaterra.
Ela está no momento licenciado para estudar o modelo australiano na Australian National University. Nele, os graduados pagam depois de formados pelos cursos públicos, ao longo de anos, mas apenas caso atinjam uma renda mínima. Além disso, a cobrança é proporcional ao que o ex-aluno ganha, de modo que os que alcançam rendas maiores pagam taxas mais elevadas.
Outra característica importante desse sistema é que não há prazo para quitar a dívida e é garantido o perdão do saldo devedor após algumas décadas ou na morte. Segundo Meyer, isso serve como um "seguro" para o estudante mais pobre não ficar com medo de assumir uma dívida que talvez não consiga pagar depois.
O modelo não garante receita imediata para as universidades, mas os ganhos aumentam ao longo dos anos, conforme mais alunos se formam. Se a cobranças fossem feitas no Brasil de forma proporcional à renda dos formados, usando uma taxa equivalente a metade das alíquotas de imposto de renda, Meyer calcula que seria possível gerar, nos dez primeiros anos, de R$ 5 bilhões a R$ 9 bilhões extras para a rede de ensino federal (a depender da evolução do número de formados).
Em um cenário de forte restrição fiscal, o pesquisador considera que esses recursos seriam importantes para complementar o financiamento público, permitindo expandir a oferta de vagas nas universidades.
"Quem tem curso superior tende a auferir salários maiores ao longo da vida. É justo que toda a população pague integralmente pelo ensino superior, ao qual uma minoria tem acesso e para quem o mercado de trabalho tende a compensar financeiramente o esforço feito para obter o diploma?", questiona.

Cobrar matrícula resolveria crise das universidades?

Os que se opõem à cobrança também argumentam que as matrículas não resolveriam a crise financeira, já que os custos não estão relacionados apenas a ensino, mas incluem também pesquisa e outros serviços que atendem a população, como hospitais universitários.
"A não ser que as mensalidades fossem altíssimas e pagas por todos os alunos", afirma Waltenberg.
Texto em parede de prédio da UERJ diz:
Image captionPara Banco Mundial, universidade pública brasileira é ineficiente e injusta | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Já Sérgio Firpo concorda que cobrar pelos cursos de graduação não soluciona tudo, mas diz que "ajuda".
"É preciso também mudar as regras para financiamento de pesquisa, permitindo que as universidades públicas façam parcerias com empresas, fundações. São soluções complementares", diz.
Especialista em educação, o colunista do jornal O Globo Antonio Gois calcula que apenas um pequena parcela dos estudantes poderia pagar mensalidade sem acesso a bolsas ou empréstimos. A medida seria insuficiente para cobrir o financiamento das universidades, mas poderia gerar recursos para atender melhor os de menor renda, acredita.
"Dados que tabulei na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2015 mostram que, se aplicássemos no setor público os mesmos critérios de distribuição de bolsas do ProUni, a maioria (58%) dos matriculados em universidades mantidas por governos seriam elegíveis ao benefício de uma bolsa integral, por ter renda média familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo", escreveu em março.
"Outros 27% poderiam se candidatar a uma bolsa parcial, por terem renda per capita entre 1,5 e três salários mínimos. Ou seja, sobrariam apenas 15% de estudantes que, pelos critérios do ProUni, poderiam pagar uma mensalidade integral", concluiu.
Já o Banco Mundial defende que, além de cobrar matrículas, as universidades procurem aumentar sua eficiência, cortando gastos. O relatório aponta que os estudantes de instituições públicas custam, em média, de "duas a três vezes mais" que os de universidades privadas.
"Entre 2013 e 2015, o custo médio anual por estudante em universidades privadas sem e com fins lucrativos foi de aproximadamente R$ 12.600 e R$ 14.850, respectivamente", estima o órgão, a partir de dados do Ministério da Educação. Já nas federais essa média ficou em R$ 40.900, enquanto nas estaduais foi de R$ 32.200, indica o mesmo cálculo.
Waltenberg questiona essas comparações, já que em geral as públicas investem mais em pesquisa, enquanto a maioria das particulares se concentra em ensino de graduação. Segundo ele, isso infla estimativas de gastos por aluno na universidade pública.".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Torcida do Flamengo criou polêmica com Sport no Rio

Um simples treinamento gerou polêmica na manhã desta sexta-feira (24), no Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro. O “problema” é que num dos campos do Centro de Treinamento do Flamengo estava o Sport, com Daniel Paulista e seus comandados realizando a última movimentação antes de encarar o Fluminense, neste sábado (25), no Maracanã. O que era para ser um simples trabalho terminou com diversas queixas dos torcedores flamenguistas nas redes sociais pelo fato de a diretoria ter cedido o espaço para o Sport.
Com Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo:ataque no Egito: atentado contra mesquita deixa mais de 230 mortos no Sinai; o que se sabe até agora

MesquitaDireito de imagemEPA
Image captionEgito luta contra insurgência islâmica na região, um conflito que se intensificou desde 2013
Um ataque com bomba e tiros a uma mesquita no Egito deixou ao menos 235 mortos e 100 feridos, segundo a mídia estatal do país.
Testemunhas disseram que o atentado ocorreu enquanto eram feitas as preces de sexta-feira no templo Al-Rawda, em Bil al-Abed, cidade na região do Sinai, no nordeste do país, localizada a 211km da capital, Cairo.
Segundo testemunhas, dezenas de homens chegaram ao local em veículos 4x4 e o bombardearam antes de abrir fogo contra os fiéis. Eles ainda teriam incendiado veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao templo.
"Eles atiravam conforme as pessoas saíam da mesquita", disse um morador da área à agência de notícias Reuters. "Eles estavam atirando contra as ambulâncias também."
Ainda não se sabe de fato quem está por trás deste atentado. Por enquanto, nenhum grupo assumiu sua autoria. Mas militantes ligados ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico foram responsáveis por diversos ataques recentes a forças de segurança e igrejas cristãs nesta Província do país.

'Força bruta'

Reunião do governo egípcioDireito de imagemEPA
Image captionO presidente do país prometeu reagir com 'força bruta'
O presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, declarou três dias de luto e, após se reunir com autoridades para debater o incidente, disse que reagiria com "força bruta". Relatos dão conta que o bombardeios foram realizados nas montanhas ao redor de Bir al-Abed.
"O que está ocorrendo é uma tentativa de impedir nossos esforços de lutar contra o terrorismo, de destruir nossos esforços para impedir um plano terrível de acabar com o que resta de nossa região", disse Sisi em um pronunciamento na TV.
O chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, condenou o ataque como um "crime aterrorizante que mostra que o Islã não tem culpa por aqueles que seguem uma ideologia extremista terrorista".
O presidente americano, Donald Trump, afirmou se tratar de um ato "horrível e covarde", enquanto a premiê britânica Theresa May se disse "chocada com o ataque revoltante" e expressou suas condolências às famílias das vítimas, assim como fez o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.

Insurgência

Mapa
O Egito luta contra uma insurgência islâmica nesta região, um conflito que se intensificou desde 2013.
Este ataque um dos ataques mais letais do tipo na história recente do país e deixou muito nos Egito em choque. Fotos do local mostram fileiras de corpos dentro do edifício.
"Essa é a primeira vez que fiéis dentro de uma mesquita foram vítimas", afirma Sally Nabil, da BBC News no Cairo. "O número de mortos é sem precedentes para um ataque assim."
O jornalista explica que militantes operam no norte do Sinai há vários anos e têm como alvo principalmente membros das forças de segurança do país.
Centenas de policiais, soldados e civis foram mortos nos últimos anos, a maioria em ataques realizados pelo grupo Província do Sinai, que é ligado ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI).
Em setembro, ao menos 18 policiais foram mortos em um ataque a um comboio nesta região promovido por este grupo.
Acredita-se que seu objetivo seja assumir o controle desta parte do Egito para transformá-la em uma província sob o controle do EI.

'Hereges'

Interior da MesquitaDireito de imagemAFP
Image captionAlvo do ataque seriam apoiadores das forças de segurança egípcias
Em relatos, locais são citados mencionando que seguidores do sufismo, uma corrente mística do Islã, se reúnem com frequência nesta mesquita. Alguns grupos jihadistas, inclusive do EI, consideram essas pessoas hereges.
O chefe da polícia religiosa do EI disse em dezembro passado que os sufistas que não se "arrependessem" seriam mortos, depois de o grupo extremista decapitar dois idosos que seriam clérigos dessa religião.
O Península do Sinai já matou dezenas de pessoas em ataques contra cristãos coptos, uma minoria religiosa, em outros pontos do país, e reivindica a autoria do atentado a bomba que derrubou um voo comercial que sobrevoava o Sinai em 2015, matando as 224 pessoas a bordo.
A região em que o grupo opera está em estado de emergência desde outubro de 2014, quando 33 membros de forças de segurança foram mortos em um ataque do qual o grupo assumiu a autoria. No atentado mais recente, há militares entre as vítimas.
"A frequência dos ataques lança dúvidas sobre a eficácia das operações contra o grupo", afirma Nabil.
"Mesmo que o Exército divulgue volta e meia comunicados se dizendo vitorioso em partes do Sinai, parece não haver um fim à vista para a batalha em curso entre militares e militantes." BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Sarau do Mota Silveira

Convite
Data: 01/12/2017
Início: 19 horas
Local: Quadra da escola
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

EREM Mota Silveira na Capital da Cultura

Excursão pedagógica ao Recife antigo com estudantes dos primeiros anos A, B e C.






Publicação de Mota Silveira

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Paulo Henrique da Silva, da EREM Justulino Ferreira Gomes é destaque no Programa Jovens Senadores



Na manhã desta quinta-feira (23) o secretário de Educação do Estado, Fred Amancio, recebeu em audiência os vencedores dos programas Jovens Senadores e Jovens Embaixadores. Participaram da solenidade parentes, amigos, professores e gestores de escolas. Na ocasião, Amancio entregou brindes e certificados aos classificados do 10º Concurso de Redação do Senado Federal e dos representantes do estado no intercâmbio nos Estados Unidos.
O 10º Concurso de Redação do Senado Federal/Jovem Senador, que teve o tema “Brasil Plural: para falar de intolerância”, mobilizou 11.528 estudantes em todo estado. Destas, 101 foram inscritas e três foram escolhidas. O projeto leva o vencedor para Brasília para que possa vivenciar o trabalho dos senadores. A representante de Pernambuco será a estudante Willyane Fernanda Barbosa, da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Professor Antônio José Barboza dos Santos, que ganhou o programa com a redação “O Mal da Ignorância”.
“Eu resolvi me inscrever no programa porque me destaco nas redações e queria tentar uma coisa diferente. Sempre gostei de política e até já participei da Conferência da Juventude em Brasília. Saber como se faz as leis, conhecer a rotina dos senadores e ver as votações será muito interessante”, disse Willyane. O segundo lugar ficou com Paulo Henrique da Silva, da EREM Justulino Ferreira Gomes, com a redação “Conhecer Eu Para Acabar com a Intolerância”. Já o terceiro lugar foi para Estevão Teixeira Gomes, da EREM Beberibe, com a redação “Bendita Geni”.
No Jovens Embaixadores, da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, houve um registro de 1966 inscrições. Um recorde para o programa. Dois estudantes da Rede Pública Estadual foram selecionados para participar do projeto que irá proporcionar a interação com jovens da sua idade, atividades culturais, de responsabilidade social e de empreendedorismo e liderança e fazer apresentações sobre o Brasil.Abraão José da Silva, da EREM Santos Dumont, e Alice Aurora de Melo, da Escola de Aplicação Ivonita Alves Guerra, foram os selecionados para participar do intercâmbio. “Já tinha tentado duas vezes e essa era minha última chance para entrar no programa. Isso empodera as pessoas, incentiva os estudantes a entender que por meio do seu esforço é possível conseguir o que queremos” afirmou Alice.
“Estou muito ansioso para ter essa experiência. Participar desse projeto vai mudar minha visão de mundo e vai proporcionar várias oportunidades profissionais. Isso também me deixa muito motivado para continuar fazendo o trabalho voluntário” expressou Abraão José.


Fred Amancio parabenizou os estudantes e falou do sentimento de poder proporcionar essas oportunidades para os estudantes. “Nós ficamos muito contentes porque conseguimos perceber que não estamos formando apenas jovens que têm conhecimentos em algumas matérias, mas que estamos formando cidadãos preparados para a vida. Isso mostra o quanto estamos preocupados para que entrem nas universidades e sigam no mercado de trabalho. Esses programas mostram que todos estão preparados para enfrentar qualquer desafio” relatou.
Com informações da Secretaria de Educação PE.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Huck para presidência em 2018. Quem é o grupo que pode lançar o apresentador global?


Luciano Huck
Image captionO movimento se divide em relação à uma possível candidatura de Huck | Foto: Tv Globo/Divulgação

Um encontro improvável. É assim que integrantes do movimento Agora! definem sua composição, que abrange gente como o economista Humberto Laudares, assessor parlamentar do senador Tasso Jereissati (PSDB),o ex-secretário de Justiça da gestão Dilma Rousseff (PT) Beto Vasconcelos, o herdeiro do grupo Iguatemi Carlos Jereissati Filho e o líder indígena Anapuaka Tupinambá.
Fundado no ano passado, o Agora! diz ter por missão encontrar uma agenda de propostas de políticas públicas com as quais pudessem concordar tanto esquerdistas quanto liberais. Uma ideia ousada em tempos de intensa polarização. Não é por isso, no entanto, que o grupo tem chamado a atenção.
Recentemente, o apresentador da Globo Luciano Huck ingressou no movimento, o que provocou rumores sobre uma possível candidatura presidencial dele. Embora nada esteja ainda decidido e, oficialmente, o movimento trate a possibilidade com cautela, integrantes do Agora! debatem abertamente a possibilidade e já há divisões internas em relação ao assunto.

Patrícia Ellen, Leandro Machado, Ilona Szabó
Image captionPatrícia Ellen, Leandro Machado e Ilona Szabó começaram o grupo no ano passado

O grupo foi idealizado pelo cientista político Leandro Machado, pela especialista em segurança Ilona Szabó, próxima ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e pela empresária Patrícia Ellen, que foi sócia da consultoria McKinsey & Company.
Participam ainda Rafael Poço, cofundador da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva; o diretor do grupo educacional Somos, Eduardo Mufarej; a presidente do grupo Todos Pela Educação, Priscila Cruz; o secretário de Assuntos Estratégicos de Michel Temer, Hussein Kalout, e o analista político João A. de Castro Neves, da Eurasia Group.
Apesar da amplitude de posicionamentos políticos, a maioria é composta de homens, brancos e ricos - ou de classe média alta - entre 30 e 40 anos.
Em entrevista à BBC Brasil, Leandro Machado reconheceu o problema e disse que o Agora! está trabalhando para aumentar sua diversidade.
"Na verdade o que todos temos em comum é o acesso à educação", diz Patrícia Ellen, que se formou na USP (Universidade de São Paulo) e mora em Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, mas nasceu no Campo Limpo.

Patricia Ellen
Image captionPatrícia Ellen é um das cofundadoras do grupo

"Você percorre uma distância de 20 quilômetros e a expectativa de vida sobe 20 anos. É uma desigualdade com a qual nos preocupamos muito e uma das nossas principais diretrizes é combatê-la", conta.
Com a bandeira da redução da desigualdade, o grupo tem algumas premissas básicas, mas ainda não fechou sua agenda completa de propostas. Os assuntos são discutidos um a um e a ideia é ter uma lista de proposições concretas, não um compêndio de boas intenções ou princípios.
"A discussão hoje é muito superficial. As pessoas falam em Estado Mínimo, mas o que é isso? Não aderimos a conceitos prontos. Sim, queremos aumentar a eficiência do Estado, mas ele não pode ser mínimo na segurança pública, na educação - precisa garantir educação de qualidade para todos", explica Machado.
Boa parte dos membros é formada ou trabalhou em instituições internacionais renomadas. O advogado Ronaldo Lemos, o economista Tomás Lopes Teixeira e a advogada Celina Beatriz Bottino, por exemplo, têm mestrado pela Universidade de Harvard, nos EUA. A econonomista Mônica de Bolle é PhD pela London School of Economics, na Inglaterra. O executivo Rafael Benke já passou pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
A ideia, segundo o fundador Leandro Machado, é encampar o discurso da renovação política, mas trazendo para o debate pessoas preparadas, e não "aventureiros". "Ninguém é político, mas todos têm histórico de atuação política. Renovação só pela renovação pode ser pior, se vier uma pessoa despreparada ou mal intencionada", afirma.
Ronaldo Lemos concorda: "Pessoas que participaram a vida inteira da busca de soluções, não gente que estava em casa jogando videogame e de repente resolveu virar político".

Ter ou não ter candidato

Aventureiro, aliás, é uma categoria na qual Machado não encaixa Luciano Huck. "Ele é pessoa que tem uma experiência grande em lidar com pessoas, e é muito bem visto e querido pelo público", diz Leandro.
Huck se aproximou do movimento através de membros como Ilona Szabó - que foi uma das roteiristas do filme "Quebrando o Tabu", dirigido por Fernando Grostein Andrade, irmão de Luciano.
A entrada do apresentador da Globo foi muito discutida entre os membros do movimento.

Luciano Huck
Image captionO apresentador Luciano Huck se tornou membro do Agora! recentemente | Foto: Movimento Agora!

"Ficamos na dúvida se fazia sentido trazer uma pessoa tão conhecida, sobre o tipo de associação que poderia ser feita. Mas entendemos que ele está realmente interessado nos nossos princípios e propostas de atuação", afirma Ellen.
Era um temor do Agora! desde o começo que o debate sobre propostas fosse sequestrado pela discussão de candidaturas majoritárias, especialmente com a chegada de Huck. Nas próximas semanas, os membros vão deliberar sobre o assunto, o que vai definir os rumos do grupo. É muito possível que haja baixas, especialmente entre os esquerdistas do Agora!.
O produtor cultural Alê Youssef se adiantou ao debate e deixou o grupo nesta semana, incomodado com a associação frequente entre Huck e o movimento.
Casado com a atriz Leandra Leal, Youssef faz parte do time do programa Esquenta! e já foi apresentador na GloboNews. Criador do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, ele também participou da criação da Rede Sustentabilidade, do qual se desligou posteriormente.

Integrantes do Agora!
Image captionO Agora! se reúne mensalmente |Foto: Divulgação

No texto que mandou ao grupo anunciando sua despedida, ele afirma que a associação com Huck - que era amigo pessoal de Aécio Neves e apoiou sua candidatura em 2014 - pode comprometer o caráter plural e diverso do grupo.

Torre de Babel

A posição oficial do movimento é de que Huck é "só mais um".
"O Luciano é um membro como todos os outros. Se ele decidir se candidatar, o apoio do Agora! será discutido. Tudo depende se ele irá se comprometer com nossa agenda", diz Leandro Machado.
"Nosso foco não é a [eleição] majoritária. Queremos concentrar nossos esforços na renovação do Legislativo", afirma o advogado Ronaldo Lemos, co-fundador e um dos principais articuladores do movimento.
Membros do Agora!, no entanto, têm participado das conversas de Huck com o presidente do PPS, Roberto Freire. De acordo com a Folha de S.Paulo, o namoro poderia levar até mesmo a uma mudança de nome do PPS, que adotaria o termo Agora!. Além do PPS, Rede e Livres (antigo PSL) iniciaram conversas com o grupo.
A ideia original do movimento é ser suprapartidário - os integrantes interessandos em se lançar candidatos se encaixariam em legendas diferentes.
"São os partidos que estão abertos ao diálogo. Não vamos aderir às ideologias partidárias. Vamos ter uma agenda, nossas propostas, e a ideia é que nossos candidatos possam levar essa programação à sua candidatura", diz Patrícia Ellen.
Para integrantes da ala mais à esquerda, o Agora! sofre por não entender o funcionamento da política brasileira. Pode acabar usado como massa de manobra. O PPS estaria usando a ingenuidade do grupo para colocá-lo a serviço de sua própria agenda de renovação, segundo um deles, que pediu anonimato.

Como surgiu o Agora!

Machado, Ellen e Ilona já se conheciam por causa de sua atuação no setor de políticas públicas - Ilona é presidente do Instituto Igarapé, que atua na área de segurança e política de drogas; Leandro criou o Cause, consultoria sobre causas sociais para organizações e marcas; e Patrícia liderou a Prática de Setor Público e Social no Brasil da McKinsey & Company.
Quando perceberam que o Brasil não estava sendo representado por membros do governo em diversos congressos internacionais sobre políticas públicas, decidiram se juntar.
"Então começamos a pensar em como poderíamos atuar para mudar esse quadro", diz Machado.
Os três chamaram alguns conhecidos que também atuavam nesse sentido e fizeram uma lista de nomes de pessoas que admiravam e que poderiam contribuir com experiência e conhecimento.
Cada um foi ligando para um e o movimento atingiu o número de 50 membros. Em reunião na semana passada, novos integrantes foram aceitos. Hoje o Agora! tem 90 pessoas.
Para participar é preciso se comprometer a doar pelo menos dois anos de sua vida ao serviço público. Quem tem condições - a maioria - também está contribuindo financeiramente, já que o grupo ainda não começou a arrecadar dinheiro externamente.
Alguns doam milhas para as viagens dos membros para os encontros, outros fornecem os espaços para reuniões, outros dão dinheiro - é o caso de Luciano Huck, que também contribuiu.
Os valores ainda não foram divulgados, mas Ellen diz que o movimento preza pela transparência e que terá uma planilha detalhando as contribuições.

Trabalho de base

O grupo fez sua primeira reunião de "escuta" em São Paulo na semana passada. Entender onde se situa a opinião pública e ouvir as pessoas é um dos cinco pilares de atuação - os outros são "pensar", "falar", "engajar" e "agir".
Em um Centro Cultural na divisa entre o Campo Limpo e o Capão Redondo, na periferia da cidade, Patrícia Ellen apresenta o grupo.
Também está presente o professor e historiador Thiago Rocha de Paula, que foi candidato a vereador em Santo André em 2016, pelo PV, e deve ser uns dos nomes do movimento para as eleições proporcionais.
Convidado por Leandro Machado para o grupo, ele conta que recebeu a ligação para uma das reuniões sem saber muito do que se tratava. "Cheguei lá no apartamento e tinha o cara que aparece no jornal, um monte de cara conhecida e gente da TV. Pensei: que que eu tô fazendo aqui?", conta, rindo.
Hoje ele é um dos principais articuladores do trabalho de base do Agora! e foi um dos responsáveis por trazer outros membros que não moram nas áreas mais ricas da capital.

Thiago Rocha
Image captionUm dos membros que deve sair candidato às proporcionais é Thiago Rocha de Paula | Foto: Movimento Agora!

Patrícia pede para as cerca de 20 pessoas na sala votarem em qual assunto querem discutir.
Entre uma lista existente, moradores do bairro grudam post-its em "educação", "redução da desigualdade" e "segurança pública".
Depois de uma hora de desabafos sobre os problemas da educação no país, a mediadora faz uma pausa.
"Falamos dos problemas, mas agora vamos todos fechar os olhos e pensar qual é a educação que a gente quer, qual nosso sonho para a educação no Brasil", disse Ellen.

Reunião no Campo Limpo
Image captionReunião feita com moradores do Campo Limpo é parte de um dos pilares de atuação do movimento: a "escuta" | Foto: Movimento Agora!

A maior parte não entra no clima e fica de olho aberto, ligeiramente sem graça. Mas todos compartilham suas ideias.
Parte do Agora! é fã de meditação: o economista Fabio Toreta, além de estar no movimento, também é voluntário do Awaken Love, iniciativa do guru hinduísta Sri Prem Baba.
No próximo fim de semana, o movimento participará de uma mesa no II Congresso Internacional de Felicidade, em Curitiba, onde Prem Baba também fará palestra.

Estudo e discussão

O método de discussão usado no encontro de escuta, segundo Patrícia, é parecido com o que o grupo usa em suas reuniões mensais.
Para organizar a agenda de propostas com pessoas de posições políticas tão amplas, um grupo – em geral de pessoas que já trabalharam com o assunto - é responsável por pesquisar um tema e apresentar os problemas para o movimento.
Os integrantes fazem leituras e pesquisas prévias e discutem as soluções presencialmente.
O foco é a análise de políticas públicas e a polarização é evitada.
"A gente nunca discutiu se foi ou não foi golpe. O grupo foi criado depois do impeachment, justamente porque vimos que algo precisa ser feito sobre a situação do país e a polarização não estava levando a nada", afirma Ronaldo Lemos. "São todos voluntários, que estão abertos ao diálogo."
O grupo evita também avaliações pessoais sobre figuras como presidente Michel Temer ou o deputado federal Jair Bolsonaro.
Um dos últimos temas analisados foi a Reforma da Previdência.
"Embora as pessoas tenham discordado sobre os meios, chegamos ao consenso que é necessária uma reforma. E como? Acabando com privilégios de diversos setores. A reforma precisa ser eficiente e justa", diz Ellen.
Já sobre reforma trabalhista, por exemplo, ainda não houve consenso - há quem apoie as alterações implementadas por Temer e quem veja perda de direitos aos trabalhadores.
Leandro Machado diz que ter uma agenda concreta de propostas é a garantia de que o grupo - que tem empresários com interesses próprios entre os membros - não se tornará um grande lobista de interesses pessoais.
Ronaldo Lemos reconhece que será um desafio fazer campanha política sem apresentar respostas fáceis e slogans populares - correndo o risco de alienar tanto a esquerda quanto a direita.
"Queremos menos marketing e mais enfrentamento da realidade. Não é fácil, mas não podemos subestimar a capacidade de entendimento das pessoas", diz.
Professor Edgar Bom Jardim - PE