sábado, 19 de novembro de 2016

Cabral e o jogo de cartas marcadas


As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) que deram origem à operação Calicute mostram que o recebimento de propinas de empresas e o repasse ao grupo do ex-governador do Rio Sérgio Cabral era feito pessoalmente pelos chamados operadores financeiros da quadrilha. Em entrevista ao G1, investigadores contaram que quatro operadores recebiam dinheiro e colocavam em mochilas antes de depositá-los em bancos ou adquirirem bens como lanchas ou joias.
Outra prática utilizada pelo grupo, segundo o MPF, foi o recebimento de dinheiro vivo acomodado em carros. As investigações mostram, por exemplo, Wagner Jordão, assessor do então subsercretário de Obras do Rio, Hudson Braga, sendo pego pelo emissário da empreiteira Andrade Gutierrez nas proximidades da Secretaria Estadual de Obras. A pasta fica no prédio conhecido como Banerjão, no Centro do Rio. Enquanto, o veículo dava a volta no quarteirão, Jordão colocava o dinheiro em mochilas.
As investigações indicam que, por, pelo menos, cinco vezes, entre 2010 e 2011, Rafael Campelo, responsável indicado pela empreiteira Andrade Gutierrez para acompanhar as obras do chamado PAC das favelas, na comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, agiu assim para entregar a propina ao grupo. Os pagamentos totalizaram R$ 1,876 milhão. Campelo revelou o esquema em depoimentos ao MPF homologados pela Justiça.
A PF e o MPF analisam documentos para saber se outra forma de recebimento de propina acontecia através do escritório de advocacia da mulher de Sérgio Cabral, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Durante os dois governos de Cabral, no Rio, entre 2008 e 2014, o escritório de Adriana Ancelmo firmou contrato com concessionárias de serviços públicos como o Metrô, CEG, Oi e Light. Juntas, elas repassaram pouco mais de R$ 17 milhões.
"Temos certeza, pelo que temos até o momento, de que isso já é o iceberg. Não estamos diante de um indício. Pelas pessoas investigadas e o alcance dos negócios temos uma estrutura formada e a certeza de como atuava a quadrilha", afirmou o procurador José Augusto Vagos, um dos integrantes da Força-tarefa Rio da Lava-Jato.
Os procuradores que integram a Força-tarefa entendem que essa prática atingiu todas as empresas que participaram das grandes obras de infra-estrutura realizadas no Rio durante o governo Cabral.
"Todos eles sabiam que era um jogo de cartas marcadas. Logo no primeiro mês de mandato, o então, governador Cabral se reuniu com representantes de empreiteirase explicou que o pagamento de propinas seria uma espécie de compromisso", diz Vagos.
Terno de R$ 22 mil apreendido
Segundo os procuradores, esse pagamento constante de propinas ao ex-governador resultou numa vida de luxo financiada por dinheiro sujo. Em sua ordem judicial, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal determinou nas buscas que fosse apreendido qualquer objeto com valor superior a R$ 10 mil. Os policiais federais encontraram uma nota fiscal referente a um terno de Sérgio Cabral que custaria R$ 22,5 mil da marca Ermenegildo Zegna. O terno foi apreendido.
O mesmo aconteceu com vestidos de Adriana Ancelmo. A ex-primeira-dama chegava, segundo os procuradores, a dividir o closet por marcas importadas. Os policiais apreenderam ainda joias de Adriana Ancelmo. Apenas uma delas foi avaliada em R$ 150 mil.
Próximos passos
Diante de tanto material apreendido e dos depoimentos tomados na quinta (17) na Superintendência da PF, no Centro do Rio, os procuradores da Força-tarefa esperam concluir a denúncia nos primeiros dias de dezembro, antes do recesso que tem início em menos de um mês, no dia 16.
Procurados, os advogados de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo não retornaram às ligações. Já os defensores de Wagner Jordão e de Hudson Braga não foram encontrados para comentar o caso.
O Metrô Rio disse que encerrou o contrato com o escritório de Adriana Ancelmo em 2014. A CEG informou que o escritório da ex-primeira dama cuida apenas de processos trabalhistas. Já a  Light disse que o escritório de Adriana Ancelmo recebe o mesmo valor de outros advogados que prestam serviços à empresa. A Oi não quis se pronunciar. G1.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

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Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Nossa Lua e a Matriz de Sant'Ana em Bom Jardim

Tudo é Super Especial
Foto: Risomary Souto Maior - 14/11/2016
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 13 de novembro de 2016

Vamos comer batata


Alimento delicioso que te faz emagrecer. Aprenda como seguir essa dieta sensacional! Confira!

Apesar do nome adocicado, a batata- doce pode ser uma grande aliada da dieta. Mas tem que dosar a quantidade ingerida: em excesso, ela até engorda! "O ideal é consumir 50 gramas por dia, o que corresponde a uma batata-doce pequena", alerta a nutricionista Catarina Stocco. Para aproveitar todos os nutrientes desse tubérculo, principalmente suas fibras, prepare-o cozido e com a casca. A batata-doce também pode ser assada ou substituir a batata-inglesa em pratos como sopa, purê e saladas.

Por que ela ajuda a emagrecer?
"A batata-doce é um carboidrato complexo de baixo índice glicêmico, ou seja, sua absorção pelo organismo é mais lenta, liberando aos poucos a glicose na corrente sanguínea. Isso faz com que o corpo produza menos insulina, hormônio responsável pelo aumento da fome e pelo acúmulo de gordurinhas indesejáveis", diz Catarina. Além disso, tem muita fibra, o que ajuda a ficarmos saciadas por mais tempo. E ainda dá energia extra para malhar e aguentar a rotina puxada.

Siga o cardápio e elimine até 4 kg
O programa da nutricionista Catarina Stocco permite o consumo de 1.200 calorias diárias e inclui a batata-doce uma vez por dia. Lembre-se de adotar alguma atividade física em sua rotina.
 fonte:dica-truques
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Inimigos de Bom Jardim invadem terrenos públicos e depredam o patrimônio de todos os bonjardinenses

População de Bom Jardim pede ação das autoridades.


Em recente ida à Promotoria de Justiça de Bom Jardim, o Prefeito Miguel Barbosa,  esteve conversando com Promotor de Justiça, Dr. Jaime Adrião, sobre a  Ação Civil Administrativa que trata da demissão dos funcionários contratados no período pós eleição.  O prefeito irá responder as demandas da Justiça e do Ministério Público. Segundo determicação da Justiça, o prefeito poderá ser multado, ter contas reprovadas e ficar inelegível temporariamente se não cumprir com o que  foi solicitado.

Na ocasião, dentre outros assuntos  a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, abordou sobre as invasões e depredações que vem acontecendo em diversas praças, ruas, terrenos, nas margens da pista e do rio em nossa cidade. O Ministério Público e a Justiça já receberam denúncias e irão tomar as medidas cabíveis contra os invasores e a administração. 

Os oportunistas que invadem as áreas públicas  serão penalizados, podendo inclusive responder a processo, ter prisão decretada, conforme o dano causado  ao patrimônio e a imagem do município. A qualquer momento a polícia será acionada. As obras iniciadas poderão ser demolidas imediatamente.

No início da tarde desta sexta-feira, 11 de novembro de 2016, moradores da Avenida José Moreira de Andrade, denunciaram na prefeitura duas invasões que estavam ocorrendo na Praça do Cais, local onde há uma obra para ser concluída pelo município.  O Secretário de Infraestrutura irá notificar os invasores. Caso não obedeçam a determinação do município, serão autuados pela polícia e pela caneta dos homens da Lei.

Outro Grande problema que vem ocorrendo em Bom Jardim- PE, depois das eleições de 02 de outubro, é o furto de televisores, computadores e outros  equipamentos  de duas escolas municipais recém inauguradas. O Ginásio do Povoado de Freitas, também sofreu a ação diabólica de vândalos. A Polícia Civil foi notificada e investiga ambos os casos.

Revoltada, a população de Bom Jardim, espera uma atuação firme das autoridades do município, do Juiz e do Promotor. 

Foto: Portal Bom Jardim
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

De Serra ao papa: como críticas a Trump puseram autoridades mundiais em 'saia justa'


Papa FranciscoImage copyrightAFP
Image captionO papa é uma das autoridades que criticou Trump duramente e que agora precisará "engoli-lo"
A surpreendente vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana criou uma situação desconfortável para diversas autoridades mundiais que, durante a campanha fizeram duras críticas ao então candidato republicano.
Isso porque, mesmo antes de se mudar para a Casa Branca - a posse será apenas em janeiro -, Trump já forçou uma moderação nos pronunciamentos de quem antes batera pesado nele.
Uma galeria que vai do Papa Francisco ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, José Serra. E que se viu de mãos atadas por causa do protocolo.
Confira abaixo algumas das guinadas no discurso:

Papa Francisco

Antes: Em fevereiro, durante uma visita ao México, o pontífice foi taxativo ao comentar a repercussão dos ataques de Trump a imigrantes latinos, sobretudo os mexicanos, o que incluiu a proposta de construir um muro na fronteira com o país.
Francisco questionou a fé de Trump ao dizer que "uma pessoa que pensa apenas em construir muros em vez de pontes não é cristã".
Agora: Pelo Twitter, o papa, por meio de um de seus porta-vozes, felicitou Trump pela vitória e disse desejar que ele faça um governo "verdadeiramente produtivo".
O chanceler britânico, Boris JohnsonImage copyrightREUTERS
Image captionBoris Johnson precisou morder a língua para saudar vitória de Trump

Boris Johnson, ministro britânico das Relações Exteriores

Antes: Há um ano, quando ainda era deputado federal e não tinha se transformado no principal cabo eleitoral do "Brexit" - a saída do Reino Unido da União Europeia - Johnson reagiu com sarcasmo afiado quando o bilionário, dias depois dos ataques que mataram mais de 100 pessoas em Paris, defendeu uma moratória da imigração muçulmana para os EUA.
Até porque, em seu pronunciamento, Trump afirmou que áreas de Londres "tinham se tornado perigosas demais por causa dos muçulmanos" - Johnson foi duas vezes prefeito da capital britânica.
"A única razão pelo qual não vou a algumas partes de Nova York é que posso encontrar Donald Trump."
Agora: Além de uma mensagem de congratulações, o hoje chanceler britânico disse estar "aguardando com expectativas a oportunidade de trabalhar com ele (Trump)".

François Hollande, presidente da França

Antes: Durante uma entrevista coletiva em agosto, em Paris, Hollande disse que a oratória de Trump "fazia até americanos terem vontade de vomitar".
Agora: "Saúdo-o, como é natural que dois chefes de nações democráticas o façam".
O presidente da França, François HollandeImage copyrightAFP
Image captionHollande disse que declarações de Trump geram ânsia de vômito até em americanos

Matteo Renzi, primeiro-ministro da Itália

Antes: Renzi foi um dos poucos líderes mundiais que tomaram partido publicamente em relação à corrida presidencial nos EUA - apoiou a candidatura de Hillary Clinton.
"Trump representa a política do medo. A política não é apenas uma questão de gritar e criar divisões", disse o premiê no mês passado, quando visitou Washington.
Agora: "Desejo-lhe sucesso. A amizade entre Itália e Estados Unidos é sólida."

Donald Tusk, presidente do Conselho da União Europeia

Antes: O polonês, que chefia a principal instância de decisão da UE, fez piada com o xará. "Um Donald já é mais do que suficiente."
Depois: "Minhas congratulações sinceras. É mais importante do que nunca fortalecermos as relações transatlânticas (entre a UE e os EUA)."
José Serra, ministro das Relações ExterioresImage copyrightAFP
Image captionJosé Serra chegou a torcer publicamente por Hillary

José Serra, ministro brasileiro das Relações Exteriores

Antes: "Todos os que querem o bem do mundo devem apoiar a Hillary. A vitória de Trump seria um pesadelo." Foi o que chanceler brasileiro disse em junho, em uma entrevista ao jornal Correio Braziliense.
Agora: "A gente só tem pesadelo dormindo. Agora, tendo resultado da eleição, num sistema democrático, vamos olhar os interesses do nosso país. Acreditamos que, de ambos os lados, prevalecerá a determinação de reforçar relações entre Brasil e Estados Unidos. Fonte:BBC BRASIL 
"Professor Edgar Bom Jardim - PE

Diploma inútil? Por que tantos brasileiros não conseguem trabalho em suas áreas


Com tantos graduados no mercado, muitos não conseguem exercer suas profissõesImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionCom tantos graduados no mercado, muitos não conseguem exercer suas profissões

Milhares de jovens pelo Brasil enfrentam todos os anos o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), prova que pode garantir a entrada deles na universidade. Os estudantes apostam na graduação para começar uma carreira. No entanto, muitos dos que pegam o diploma hoje não conseguem exercer sua profissão.
A culpa não é só da crise econômica, que levou o desemprego a 11,8% no terceiro trimestre deste ano, segundo o IBGE, mas do perfil dos recém-formados. Eles se concentram em poucas áreas e, quando buscam uma vaga, percebem que não há tanto espaço para as mesmas funções.
Essa análise foi feita pelo economista e professor da USP Hélio Zylberstajn, a partir de um cruzamento de dados do Censo do Ensino Superior e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho.
Os números de 2014, os mais recentes disponíveis, mostram que 80% dos formandos estudavam em seis ramos: comércio e administração; formação de professor e ciências da educação; saúde; direito; engenharia e computação. Ao olhar o que faziam os trabalhadores com ensino superior, o professor notou que os cargos não existiam na mesma proporção dos diplomas.
Um bom exemplo é o setor de administração que, em 2014, correspondia a 30% dos concluintes. Apesar da fatia expressiva, apenas 4,9% dos trabalhadores com graduação eram administradores de empresa. Outros 9,4% eram assistentes ou auxiliares administrativos, função que nem sempre exige faculdade.
"As pessoas fazem esses cursos, mas evidentemente não há demanda para tantos advogados ou administradores. Elas acabam sendo são subutilizadas", diz Zylberstajn.
O professor também diz que o número total de graduados seria superior ao que o mercado brasileiro pode suportar. De acordo com o Censo do Ensino Superior, em 2014, um milhão de pessoas saíram das salas de aula. Em 2004, eram 630 mil.

Mais gente no ensino superior

Mas o que levou esse número a crescer tanto?
A multiplicação das instituições privadas, ao lado da maior oferta das bolsas do Prouni e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), facilitaram o acesso dos brasileiros à graduação. De 2000 a 2014, a quantidade de instituições dessa natureza aumentou 15%. Outro fator, dizem os entrevistados, é cultural: no país, a beca é sinônimo de status.
"A gente despreza o técnico e supervaloriza o superior. É uma tradição ibérica. Como por muito tempo foi uma coisa da elite, passou a ser considerado um meio de ascender socialmente", afirma Zylberstajn.
Para a professora Elisabete Adami, da Administração da PUC-SP, esse objetivo está ligado à ideia de que o diploma basta para ganhar mais.
Ela diz que deu aulas em faculdades privadas de São Paulo e notava o desejo de seus alunos de melhorar de vida.
"Na sala, tinha três que eram carteiros, muitos motoboys, o pessoal que trabalhava em lojas. O que eles queriam ali? Subir."

Rodolfo Garrido foi fazer faculdade de engenharia porque queria ganhar maisImage copyrightARQUIVO PESSOAL
Image captionRodolfo Garrido foi fazer faculdade de engenharia porque queria ganhar mais

Rodolfo Garrido pensava nisso quando largou o ensino técnico para entrar em uma faculdade privada. Ele ganhava R$ 2.600 como programador de produção em uma metalúrgica. Como engenheiro, diz, seu salário poderia subir para R$ 4.000.
Com a oportunidade do financiamento estudantil, decidiu apostar.
"Já trabalhava na área, então só juntei os estudos. Para poder me graduar e ter um salário melhor, poderia ganhar o dobro. Quando surgiu o incentivo do governo, comecei a pesquisar, porque antes era uma bolada."
Depois de três semestres, teve que deixar as aulas porque ficou desempregado.
Segundo a diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP, Tania Casado, a crença de Rodolfo é endossada por pesquisa. Elas indicam salários maiores para empregos de nível superior. Mas A a professora faz uma ressalva: os estudos são feitos com quem já está trabalhando nesses cargos.
"Os dados são verdadeiros, só que é preciso lê-los corretamente. O fato de você fazer uma faculdade não significa que vai para um vaga desse tipo."
Os motivos pelos quais Rodolfo escolheu engenharia também ajudam a explicar a concentração dos estudantes em seis áreas, que incluem saúde, direito e computação. São profissões tradicionais, teoricamente mais estáveis e bem pagas. Além disso, são as mais oferecidas pelas instituições privadas, responsáveis por 87,4% da educação superior no país.
"As pessoas vão para faculdades pagas, que têm cursos de menor custo, como Direito e Administração", diz o professor Hélio Zylberstajn.
Eles são mais baratos porque não usam outros equipamentos a não ser a sala de aula. Cursos de Química, por exemplo, exigem laboratórios e substâncias controladas.
Outro fator para decisões tão parecidas seria a pouca idade com que os brasileiros escolhem uma profissão.
"É uma meninada de 17, 18 anos, que faz Administração porque o pai fez, ou porque acha legal ser CEO", diz a professora Elisabete Adami, da PUC-SP.

Evelyn queria ser administradora de empresas, mas trabalha como assistente administrativaImage copyrightARQUIVO PESSOAL
Image captionEvelyn queria ser administradora de empresas, mas trabalha como assistente administrativa

Aceitar o que tiver

Com tantos professores, administradores e advogados no mercado, muita gente tem dificuldade de conseguir um bom cargo na sua área. Às vezes o jeito é aceitar vagas que pedem apenas ensino médio.
Quando Evelyn Maranhão se formou, em 2011, pensava que seria administradora de empresas. Cinco anos e muitas negativas depois, trabalha como assistente administrativa. Ela registra pedidos e lança horas-extras no sistema de uma empresa de manutenção predial.
"Achei que ia lidar com estatística, relatório, análises, e, na verdade, faço o que uma secretária faria. Imaginava que estaria na tomada de decisões."
Há quem nem consiga exercer sua profissão.
Antes de cursar enfermagem, Vivian Oliveira trabalhava com eventos. Mesmo depois da formatura, continua organizando congressos, feiras e festas. Nesse meio tempo, diz, mandou incontáveis currículos, mas não foi chamada para entrevistas. Só foi contratada por uma clínica, onde ficou um ano.
"Até há vagas, mas como não tenho muita experiência, eles não chamam."
Para a enfermeira, o fato de não ter estudado em uma universidade conceituada prejudicou sua trajetória "Se surgir uma posição no (hospital Albert) Einstein, vai entrar alguém de faculdade renomada. Vi que meus colegas buscam fazer pós em lugares reconhecidos, porque colocam esse nome no currículo."

Formada em enfermagem, Vivian trabalha com eventosImage copyrightARQUIVO PESSOAL
Image captionFormada em enfermagem, Vivian trabalha com eventos

Faculdade renomada

A falta de experiência e a formação em instituições pouco prestigiadas são os principais empecilhos que os formandos enfrentam nos processos de seleção, diz Luciane Prazeres, coordenadora de Recursos Humanos da agência de empregos Luandre.
Prazeres relata que muitos profissionais chegam no mercado sem ter feito estágio porque precisavam trabalhar para pagar os estudos. E alguma experiência na área é sempre requisitada pelos empregadores.
"A maioria são recepcionistas, operadores de call center que buscam o oposto do que estão fazendo. Mas, se ele não sai do mercado para fazer estágio, é difícil conseguir uma oportunidade."
Segundo ela, é comum que, ao abrir um posto, as empresas peçam candidatos formados em determinada universidade.
Professora na PUC-SP, Elisabete Adami diz notar essa diferença ao ver que seus alunos saem empregados do curso.
"Pega estudantes da PUC, da FGV, do Insper, da USP...eles não estão tão sem trabalho. O pessoal de faculdades de segunda linha não encontra espaço e vai ter que fazer uma pós para complementar a formação."
Para Adami, houve uma proliferação de escolas com menos qualidade, que entregariam profissionais deficientes.
"Esses conglomerados pagam, em média, R$ 17 a hora-aula. Que tipo de professor você vai ter?"
No entanto, pondera, a estrutura ruim não é sempre sinônimo de profissionais mal-preparados. Só que, nesses ambientes, eles são mais frequentes do que em instituições de ponta.
"Sai gente boa, mas por conta própria, porque são esforçados."
Entre uma graduação ruim e uma boa formação técnica, diz Adami, ela aposta na segunda.
"Essa mania de ser o primeiro da família a se formar é uma ilusão, mas é forte no Brasil. É algo secular. Na França e na Alemanha, você não tem esse percentual de jovens na universidade."

Proliferação de faculdades levou à formação de profissionais deficientes, diz professoresImage copyrightTHINKSTOCK
Image captionProliferação de faculdades levou à formação de profissionais deficientes, diz professores

Ensino técnico

O ensino técnico é citado pelos entrevistados como uma opção interessante.
Hélio Zylberstajn, da USP, diz que o ensino é negligenciado e faz falta para o país. O professor sugere que disciplinas ligadas ao ensino técnico sejam incluídas na grade curricular do ensino médio, e não em institutos, como acontece hoje.
"Estamos carentes de técnicos. No ensino médio, deveríamos formar mão de obra em cooperação com as empresas."
Esse tipo de formação é uma possibilidade que deve ser analisada antes da decisão definitiva pelo ensino superior, diz Tania Casado, do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP.
"É preciso olhar para o lado e ver que há muitas posições não preenchidas, porque as pessoas não têm estudo específico. Os jovens precisam saber disso ao se lançarem em um curso."
Se a escolha for pelo ensino superior, Casado diz que o estudante não deve conhecer apenas a profissão, mas as ocupações que ela abrange. Um graduado em Medicina, por exemplo, pode tornar-se um gestor de plano de saúde. Da mesma forma, alguém formado em Administração pode tornar-se um consultor.
Além de analisar as alternativas que o mercado oferece, aconselha a diretora, o candidato deve olhar para si e escolher algo com o que se identifique. Se depois quiser mudar de área, a transição não tem que ser dolorosa. Nem sempre uma nova faculdade é necessária, afirma. Às vezes uma especialização ou cursos livres são suficientes.
"Carreira é isto: olhar o entorno e se olhar, o tempo inteiro. E saber que, à medida que você vai evoluindo, pode haver outros interesses, o que é bom. É preciso se preparar para esses interesses, mas não necessariamente isso passa por uma graduação." Fonte:Ingrid Fagundez
Professor Edgar Bom Jardim - PE