Mostrando postagens com marcador Politica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Politica. Mostrar todas as postagens

sábado, 25 de novembro de 2017

#AgoraÉQueSãoElas: Marina Silva, a incômoda presença


Muitas vezes já me perguntaram se sofri preconceito, na política, por ser mulher e negra. Sempre busquei respostas que combatessem o preconceito sem reforçá-lo. A política tem desses incômodos, que são explorados com habilidade e oportunismo por quem não está interessado no diálogo nem tem amor à democracia, mas tem interesse apenas em vencer disputas por qualquer meio.
Algumas causas – e as pessoas que as representam – sofrem de modo mais intenso essas tentativas de silenciar, tornar invisível para sequer enxergar, rotular para não precisar argumentar, ou ridicularizar para não ter que considerar. É o que acontece na maioria das vezes com as causas das mulheres e o olhar feminino sobre os assuntos contemporâneos, incluindo as questões da política, que tem que se afirmar vencendo preconceitos que de tão antigos até parecem naturais.
Mas há também uma força e sabedoria da mulher para enfrentar essas guerras. É o que tenho procurado usar como defesa. Desde a campanha eleitoral de 2014, em que enfrentei um volume gigantesco de ataques caluniosos, tenho recebido uma crítica insistente de que que estou “sumida”, calada ou omissa no debate dos problemas nacionais. Entretanto, todos os dias participo do debate público com os meios que disponho, principalmente minhas páginas na internet e nas redes sociais.
O mais interessante é que nas poucas vezes em que alguém publica minha opinião, sou criticada pelo “aparecimento repentino” e acusada de oportunismo. E se a chance de dizer minha opinião for em algum fórum de destaque internacional, isso parece deixar os críticos ainda mais irritados. Em abril desse ano, fui convidada para fazer a palestra de abertura da Brazil Conference, organizada por alunos brasileiros das universidades de Harvard e do MIT. A ampla cobertura dos principais jornais do país e do exterior não foi suficiente para evitar que o discurso do sumiço se repetisse algumas vezes naquele mesmo dia.
É possível e legítimo que algumas pessoas desconheçam o que faço como professora, ativista socioambiental e dirigente de um recém-criado partido político, a Rede Sustentabilidade. Mas me parece que não é disso que se trata. Há uma ação deliberada de silenciar e ocultar, certamente porque grande parte das causas que defendo incomodam a alguns segmentos muito zelosos de seu suposto poder de controle e intimidação.
Estamos em uma época em que o debate político é conturbado e fortemente influenciado pela indústria de notícias falsas. Existe um novo modelo de produção e disseminação das chamadas “fake news”. No final, são negócios: a calúnia tem rentabilidade, mesmo sendo eticamente condenável. Quanto mais sensacionalista a notícia é, melhor para os que lucram politicamente e financeiramente com esse tipo de negócio espúrio. Assim, a busca por audiência coloca os parâmetros éticos de ponta cabeça, em uma espécie de vale tudo por popularidade e dividendos eleitorais.
Quando as novas tecnologias são usadas para atualizar velhos preconceitos, não são poucos os rótulos e adjetivos depreciativos que aparecem, como vejo em minhas páginas na internet, alimentados por perfis falsos, anônimos e robôs. Por trás deles existem pessoas operando, bloqueando a livre interação e o debate democrático de ideias.
Tão grave e preocupante quanto o que acontece nas mídias sociais é o que acontece na política institucional. Durante a votação e discussão do Código Florestal, em 2011, estive no Congresso para pedir aos deputados que evitassem os retrocessos na legislação ambiental brasileira. Da tribuna, o deputado relator acusou meu marido de “fraudar contrabando de madeira”, sob aplausos daqueles que defendiam a anistia aos crimes ambientais. Assistindo do plenário, como cidadã e sem mandato parlamentar, não pude responder diretamente. Sofri o ataque sem ter direito de resposta.
O subtexto daquela acusação leviana era mais evidente que o texto principal, ao passar a ideia de que meu compromisso com as causas socioambientais não era genuinamente meu, e de que por trás deveria haver algum homem que me manipulava.
Mas em reação à menção mentirosa e caluniosa, não tive dúvidas. Entrei com uma representação no Ministério Público Federal pedindo a investigação das acusações que haviam sido proferidas contra meu marido. Se havia crime, a justiça poderia comprovar. Não houve nenhuma surpresa quando o parecer da Procuradoria Geral da República descartou a denúncia da existência de qualquer fato delituoso que pudesse ser investigado.
Tentam aviltar minha trajetória de vida e meu trabalho de décadas comprometido com a agenda socioambiental fazendo repetidamente o uso dessa mentira na internet. Perante os “donos da verdade”, pouco importa o trabalho das instituições da Justiça atestando que “não há um único elemento que confira votos de verossimilhança aos fatos noticiados”.
A participação das mulheres na política, por sua forma singular de perceber o mundo e por seu lugar de fala, pode ajudar a conter e diminuir esses casos de abuso, violência, assédio e desrespeito.Mas mesmo ocupando funções públicas não estamos imunes a isso. Quando fui eleita senadora pela primeira vez, em 1994, houve uma tentativa de folclorização debochada do meu mandato como ex-seringueira recém-chegada em Brasília, por parte dos eternos incomodados com o que não é espelho.
Convivo com esse mal-estar da invisibilidade, ou da visibilidade ridicularizada, há muito tempo. E sei, por experiência própria, como a violência contra as mulheres na política representa uma ameaça séria e crescente para a democracia. A crise de representação da política está diretamente atrelada à interdição de outras vozes e discursos na esfera pública, em uma tentativa carrasca de pintar de herética o surgimento de toda palavra nova.
Quando o poder deixa de ser exercido com as pessoas para ser exercido sobre elas, deturpa-se a própria natureza da atividade política. Quando o desapreço pelo exercício da alteridade disputa instaurar-se como regra, abre-se  o perigoso caminho pelo qual marcham, sem escrúpulos, os que se arvoram o direito de decretar destinos, eliminar as diferenças, usurpar a construção coletiva e cumulativa da verdade.
Recuperar o espaço do debate democrático na perspectiva do diálogo é um desafio urgente do nosso tempo. E nós mulheres temos um papel importante a cumprir nessa direção. Por mais que preguem nosso sumiço, nossa persistente e incômoda presença é a melhor forma de não compactuar com aqueles que tentam reduzir a singularidade de nossa forma de ajudar a inventar e dar sentido ao mundo, à mesmice de suas vontades.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Huck para presidência em 2018. Quem é o grupo que pode lançar o apresentador global?


Luciano Huck
Image captionO movimento se divide em relação à uma possível candidatura de Huck | Foto: Tv Globo/Divulgação

Um encontro improvável. É assim que integrantes do movimento Agora! definem sua composição, que abrange gente como o economista Humberto Laudares, assessor parlamentar do senador Tasso Jereissati (PSDB),o ex-secretário de Justiça da gestão Dilma Rousseff (PT) Beto Vasconcelos, o herdeiro do grupo Iguatemi Carlos Jereissati Filho e o líder indígena Anapuaka Tupinambá.
Fundado no ano passado, o Agora! diz ter por missão encontrar uma agenda de propostas de políticas públicas com as quais pudessem concordar tanto esquerdistas quanto liberais. Uma ideia ousada em tempos de intensa polarização. Não é por isso, no entanto, que o grupo tem chamado a atenção.
Recentemente, o apresentador da Globo Luciano Huck ingressou no movimento, o que provocou rumores sobre uma possível candidatura presidencial dele. Embora nada esteja ainda decidido e, oficialmente, o movimento trate a possibilidade com cautela, integrantes do Agora! debatem abertamente a possibilidade e já há divisões internas em relação ao assunto.

Patrícia Ellen, Leandro Machado, Ilona Szabó
Image captionPatrícia Ellen, Leandro Machado e Ilona Szabó começaram o grupo no ano passado

O grupo foi idealizado pelo cientista político Leandro Machado, pela especialista em segurança Ilona Szabó, próxima ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e pela empresária Patrícia Ellen, que foi sócia da consultoria McKinsey & Company.
Participam ainda Rafael Poço, cofundador da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva; o diretor do grupo educacional Somos, Eduardo Mufarej; a presidente do grupo Todos Pela Educação, Priscila Cruz; o secretário de Assuntos Estratégicos de Michel Temer, Hussein Kalout, e o analista político João A. de Castro Neves, da Eurasia Group.
Apesar da amplitude de posicionamentos políticos, a maioria é composta de homens, brancos e ricos - ou de classe média alta - entre 30 e 40 anos.
Em entrevista à BBC Brasil, Leandro Machado reconheceu o problema e disse que o Agora! está trabalhando para aumentar sua diversidade.
"Na verdade o que todos temos em comum é o acesso à educação", diz Patrícia Ellen, que se formou na USP (Universidade de São Paulo) e mora em Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, mas nasceu no Campo Limpo.

Patricia Ellen
Image captionPatrícia Ellen é um das cofundadoras do grupo

"Você percorre uma distância de 20 quilômetros e a expectativa de vida sobe 20 anos. É uma desigualdade com a qual nos preocupamos muito e uma das nossas principais diretrizes é combatê-la", conta.
Com a bandeira da redução da desigualdade, o grupo tem algumas premissas básicas, mas ainda não fechou sua agenda completa de propostas. Os assuntos são discutidos um a um e a ideia é ter uma lista de proposições concretas, não um compêndio de boas intenções ou princípios.
"A discussão hoje é muito superficial. As pessoas falam em Estado Mínimo, mas o que é isso? Não aderimos a conceitos prontos. Sim, queremos aumentar a eficiência do Estado, mas ele não pode ser mínimo na segurança pública, na educação - precisa garantir educação de qualidade para todos", explica Machado.
Boa parte dos membros é formada ou trabalhou em instituições internacionais renomadas. O advogado Ronaldo Lemos, o economista Tomás Lopes Teixeira e a advogada Celina Beatriz Bottino, por exemplo, têm mestrado pela Universidade de Harvard, nos EUA. A econonomista Mônica de Bolle é PhD pela London School of Economics, na Inglaterra. O executivo Rafael Benke já passou pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
A ideia, segundo o fundador Leandro Machado, é encampar o discurso da renovação política, mas trazendo para o debate pessoas preparadas, e não "aventureiros". "Ninguém é político, mas todos têm histórico de atuação política. Renovação só pela renovação pode ser pior, se vier uma pessoa despreparada ou mal intencionada", afirma.
Ronaldo Lemos concorda: "Pessoas que participaram a vida inteira da busca de soluções, não gente que estava em casa jogando videogame e de repente resolveu virar político".

Ter ou não ter candidato

Aventureiro, aliás, é uma categoria na qual Machado não encaixa Luciano Huck. "Ele é pessoa que tem uma experiência grande em lidar com pessoas, e é muito bem visto e querido pelo público", diz Leandro.
Huck se aproximou do movimento através de membros como Ilona Szabó - que foi uma das roteiristas do filme "Quebrando o Tabu", dirigido por Fernando Grostein Andrade, irmão de Luciano.
A entrada do apresentador da Globo foi muito discutida entre os membros do movimento.

Luciano Huck
Image captionO apresentador Luciano Huck se tornou membro do Agora! recentemente | Foto: Movimento Agora!

"Ficamos na dúvida se fazia sentido trazer uma pessoa tão conhecida, sobre o tipo de associação que poderia ser feita. Mas entendemos que ele está realmente interessado nos nossos princípios e propostas de atuação", afirma Ellen.
Era um temor do Agora! desde o começo que o debate sobre propostas fosse sequestrado pela discussão de candidaturas majoritárias, especialmente com a chegada de Huck. Nas próximas semanas, os membros vão deliberar sobre o assunto, o que vai definir os rumos do grupo. É muito possível que haja baixas, especialmente entre os esquerdistas do Agora!.
O produtor cultural Alê Youssef se adiantou ao debate e deixou o grupo nesta semana, incomodado com a associação frequente entre Huck e o movimento.
Casado com a atriz Leandra Leal, Youssef faz parte do time do programa Esquenta! e já foi apresentador na GloboNews. Criador do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, ele também participou da criação da Rede Sustentabilidade, do qual se desligou posteriormente.

Integrantes do Agora!
Image captionO Agora! se reúne mensalmente |Foto: Divulgação

No texto que mandou ao grupo anunciando sua despedida, ele afirma que a associação com Huck - que era amigo pessoal de Aécio Neves e apoiou sua candidatura em 2014 - pode comprometer o caráter plural e diverso do grupo.

Torre de Babel

A posição oficial do movimento é de que Huck é "só mais um".
"O Luciano é um membro como todos os outros. Se ele decidir se candidatar, o apoio do Agora! será discutido. Tudo depende se ele irá se comprometer com nossa agenda", diz Leandro Machado.
"Nosso foco não é a [eleição] majoritária. Queremos concentrar nossos esforços na renovação do Legislativo", afirma o advogado Ronaldo Lemos, co-fundador e um dos principais articuladores do movimento.
Membros do Agora!, no entanto, têm participado das conversas de Huck com o presidente do PPS, Roberto Freire. De acordo com a Folha de S.Paulo, o namoro poderia levar até mesmo a uma mudança de nome do PPS, que adotaria o termo Agora!. Além do PPS, Rede e Livres (antigo PSL) iniciaram conversas com o grupo.
A ideia original do movimento é ser suprapartidário - os integrantes interessandos em se lançar candidatos se encaixariam em legendas diferentes.
"São os partidos que estão abertos ao diálogo. Não vamos aderir às ideologias partidárias. Vamos ter uma agenda, nossas propostas, e a ideia é que nossos candidatos possam levar essa programação à sua candidatura", diz Patrícia Ellen.
Para integrantes da ala mais à esquerda, o Agora! sofre por não entender o funcionamento da política brasileira. Pode acabar usado como massa de manobra. O PPS estaria usando a ingenuidade do grupo para colocá-lo a serviço de sua própria agenda de renovação, segundo um deles, que pediu anonimato.

Como surgiu o Agora!

Machado, Ellen e Ilona já se conheciam por causa de sua atuação no setor de políticas públicas - Ilona é presidente do Instituto Igarapé, que atua na área de segurança e política de drogas; Leandro criou o Cause, consultoria sobre causas sociais para organizações e marcas; e Patrícia liderou a Prática de Setor Público e Social no Brasil da McKinsey & Company.
Quando perceberam que o Brasil não estava sendo representado por membros do governo em diversos congressos internacionais sobre políticas públicas, decidiram se juntar.
"Então começamos a pensar em como poderíamos atuar para mudar esse quadro", diz Machado.
Os três chamaram alguns conhecidos que também atuavam nesse sentido e fizeram uma lista de nomes de pessoas que admiravam e que poderiam contribuir com experiência e conhecimento.
Cada um foi ligando para um e o movimento atingiu o número de 50 membros. Em reunião na semana passada, novos integrantes foram aceitos. Hoje o Agora! tem 90 pessoas.
Para participar é preciso se comprometer a doar pelo menos dois anos de sua vida ao serviço público. Quem tem condições - a maioria - também está contribuindo financeiramente, já que o grupo ainda não começou a arrecadar dinheiro externamente.
Alguns doam milhas para as viagens dos membros para os encontros, outros fornecem os espaços para reuniões, outros dão dinheiro - é o caso de Luciano Huck, que também contribuiu.
Os valores ainda não foram divulgados, mas Ellen diz que o movimento preza pela transparência e que terá uma planilha detalhando as contribuições.

Trabalho de base

O grupo fez sua primeira reunião de "escuta" em São Paulo na semana passada. Entender onde se situa a opinião pública e ouvir as pessoas é um dos cinco pilares de atuação - os outros são "pensar", "falar", "engajar" e "agir".
Em um Centro Cultural na divisa entre o Campo Limpo e o Capão Redondo, na periferia da cidade, Patrícia Ellen apresenta o grupo.
Também está presente o professor e historiador Thiago Rocha de Paula, que foi candidato a vereador em Santo André em 2016, pelo PV, e deve ser uns dos nomes do movimento para as eleições proporcionais.
Convidado por Leandro Machado para o grupo, ele conta que recebeu a ligação para uma das reuniões sem saber muito do que se tratava. "Cheguei lá no apartamento e tinha o cara que aparece no jornal, um monte de cara conhecida e gente da TV. Pensei: que que eu tô fazendo aqui?", conta, rindo.
Hoje ele é um dos principais articuladores do trabalho de base do Agora! e foi um dos responsáveis por trazer outros membros que não moram nas áreas mais ricas da capital.

Thiago Rocha
Image captionUm dos membros que deve sair candidato às proporcionais é Thiago Rocha de Paula | Foto: Movimento Agora!

Patrícia pede para as cerca de 20 pessoas na sala votarem em qual assunto querem discutir.
Entre uma lista existente, moradores do bairro grudam post-its em "educação", "redução da desigualdade" e "segurança pública".
Depois de uma hora de desabafos sobre os problemas da educação no país, a mediadora faz uma pausa.
"Falamos dos problemas, mas agora vamos todos fechar os olhos e pensar qual é a educação que a gente quer, qual nosso sonho para a educação no Brasil", disse Ellen.

Reunião no Campo Limpo
Image captionReunião feita com moradores do Campo Limpo é parte de um dos pilares de atuação do movimento: a "escuta" | Foto: Movimento Agora!

A maior parte não entra no clima e fica de olho aberto, ligeiramente sem graça. Mas todos compartilham suas ideias.
Parte do Agora! é fã de meditação: o economista Fabio Toreta, além de estar no movimento, também é voluntário do Awaken Love, iniciativa do guru hinduísta Sri Prem Baba.
No próximo fim de semana, o movimento participará de uma mesa no II Congresso Internacional de Felicidade, em Curitiba, onde Prem Baba também fará palestra.

Estudo e discussão

O método de discussão usado no encontro de escuta, segundo Patrícia, é parecido com o que o grupo usa em suas reuniões mensais.
Para organizar a agenda de propostas com pessoas de posições políticas tão amplas, um grupo – em geral de pessoas que já trabalharam com o assunto - é responsável por pesquisar um tema e apresentar os problemas para o movimento.
Os integrantes fazem leituras e pesquisas prévias e discutem as soluções presencialmente.
O foco é a análise de políticas públicas e a polarização é evitada.
"A gente nunca discutiu se foi ou não foi golpe. O grupo foi criado depois do impeachment, justamente porque vimos que algo precisa ser feito sobre a situação do país e a polarização não estava levando a nada", afirma Ronaldo Lemos. "São todos voluntários, que estão abertos ao diálogo."
O grupo evita também avaliações pessoais sobre figuras como presidente Michel Temer ou o deputado federal Jair Bolsonaro.
Um dos últimos temas analisados foi a Reforma da Previdência.
"Embora as pessoas tenham discordado sobre os meios, chegamos ao consenso que é necessária uma reforma. E como? Acabando com privilégios de diversos setores. A reforma precisa ser eficiente e justa", diz Ellen.
Já sobre reforma trabalhista, por exemplo, ainda não houve consenso - há quem apoie as alterações implementadas por Temer e quem veja perda de direitos aos trabalhadores.
Leandro Machado diz que ter uma agenda concreta de propostas é a garantia de que o grupo - que tem empresários com interesses próprios entre os membros - não se tornará um grande lobista de interesses pessoais.
Ronaldo Lemos reconhece que será um desafio fazer campanha política sem apresentar respostas fáceis e slogans populares - correndo o risco de alienar tanto a esquerda quanto a direita.
"Queremos menos marketing e mais enfrentamento da realidade. Não é fácil, mas não podemos subestimar a capacidade de entendimento das pessoas", diz.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

CONSCIÊNCIA NEGRA - Heloísa Helena: “Todas as estatísticas oficiais mostram histórias de vidas destruídas pela cor da pele”


Hoje é Dia da Consciência Negra e dia também de celebrar o sonho de liberdade que não conseguiram soterrar em Dandhara, Acotirene, Zumbi, Republica de Palmares, Marias, Zés, Marinas, Cidas, Igbonans, Helcias, Carlos, Arísias e milhares mais, que seguem enxugando lágrimas e lutando corajosamente pela liberdade de viver com dignidade as suas legítimas escolhas.
A vida já nos ensinou que na nossa vida pessoal esquecer o passado é terapêutico, pois se não o podemos modificar o deixemos lá, mas na vida em sociedade é absolutamente diferente! Lembrar o passado é mecanismo essencial para não repetir no presente suas malditas perversidades e não cometer a injustiça da impunidade pela não reparação das atrocidades provocadas.
É nossa obrigação histórica superar hoje as novas versões dos grilhões que isolam e aprisionam, do ferro em brasa que marca e discrimina, dos chicotes das humilhações, de todas as novas modalidades dos mesmos mecanismos de imposição de sofrimento e humilhação, pois é exatamente isso que todas as estatísticas oficiais mostram nas histórias de vidas destruídas pela cor da pele. Pela cor da pele??? Sim!! Isso devia nos assombrar, como pode em 2017 esse horrendo comportamento pessoal e institucional ainda persistir?! Portanto, lembrar e lutar para não permitir a perpetuação de tão vergonhosas e abomináveis atrocidades.
redesustentabilidade.org.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Marina Silva é entrevistada na REDE TV nesta sexta

Mariana Godoy Entrevista recebe Marina Silvanesta sexta-feira (10). Não perca, às 23h, ao vivo!


Professor Edgar Bom Jardim - PE

"Pode um demagogo como Jair Bolsonaro se tornar o próximo presidente?", questiona o semanário



O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), potencial candidato a presidente nas eleições de 2018, ganhou as páginas da revista britânica The Economist que chega às bancas e aos assinantes neste fim de semana. Para a publicação, no entanto, ele não é um "Messias", como sugere o segundo sobrenome dele, mas, sim, um "menino muito travesso". "Pode um demagogo como Jair Bolsonaro se tornar o próximo presidente?", questiona o semanário, que traz uma foto do parlamentar com um grande sorriso.

A área de chegadas do Aeroporto Internacional de Belém (PA) foi escolhida pela reportagem para dar o clima de emoção de centenas de apoiadores, que aguardavam Bolsonaro monitorados por policiais. Alguns carregavam bandeiras com o slogan já escolhido para a campanha: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Outros usavam camisetas do filme "O Poderoso Chefão", com o rosto dele no lugar do de Marlon Brando. "Quando o candidato, finalmente, emerge pelas portas deslizantes, a multidão avança, esforçando-se para vê-lo. Enquanto os guarda-costas o escoram, a multidão persegue Bolsonaro como se ele fosse um herói de volta à casa", ilustra.

A visita a Belém é um ato precoce na campanha de Bolsonaro para conquistar as eleições presidenciais em outubro de 2018, de acordo com a The Economist. Assim a revista o descreve: um nacionalista religioso, ex-capitão do Exército, anti-homossexual favorável às armas e apologista de ditadores que torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985.

Bolsonaro, cita a revista, ataca a elite política exposta na Operação Lava Jato, e a mensagem ressoa. Se as eleições fossem realizadas hoje, um oitavo dos brasileiros votaria no deputado do PSC do Rio, segundo o Ibope. Com isso, ficaria em segundo lugar, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem o apoio de um terço do eleitorado.

Bolsonaro e Lula se enfrentariam num segundo turno. O apelo do deputado do PSC, no entanto, pode desaparecer à medida que a economia se recupera de uma recessão e os eleitores prestam mais atenção às eleições. "Mas seu posto de segundo lugar diz muito sobre o clima turbulento entre os brasileiros", avalia o veículo britânico. Uma escolha entre Bolsonaro e o ex-presidente, que foi condenado por um tribunal de primeira instância por corrupção, "seria realmente sombria". Lula recorre.

Trump brasileiro

Bolsonaro espera ser um Donald Trump brasileiro. Sua retórica é ainda mais indecorosa, de acordo com a revista. Em 2016, ele dedicou o voto de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff ao "torturador-chefe" da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Em 2014, disse a uma congressista que não a estupraria: "Você não merece". Para o semanário, Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, fala pouco sobre o que faria como presidente, além de restaurar o direito e a ordem. Recentemente, admitiu em uma entrevista ter um "entendimento superficial" de economia.

O potencial candidato possui algumas opiniões convencionais, como a de realizar uma reforma gradual da cara Previdência Social brasileira. Outras, são menos convencionais, como liberar leis de controle de armas e restringir o investimento chinês no Brasil. A The Economist conta que a opinião pública se tornou mais militante e que a influência do conservadorismo tem mostrado crescimento.

Em setembro, exemplifica, o Banco Santander encerrou abruptamente uma exposição de arte em Porto Alegre, no sul do País, que incluía uma pintura que mostrava que alguém fazendo sexo com um animal. "Ativistas disseram que a instituição promoveu blasfêmia e bestialidade."

Cerca de mil pessoas se juntaram a uma "marcha cristã para o Brasil" em 16 de outubro, em São Paulo. Alguns empunhavam bandeiras que exigiam que os militares assumissem o País. Bolsonaro, que foi batizado no rio Jordão no ano passado, atrairá o apoio dos evangélicos. Eles constituem o quinto da população, de acordo com o recenseamento realizado em 2010 - três décadas antes, eram um em cada 15.

A raiva com a economia, o crime e a corrupção aumentarão o apoio a Bolsonaro, prevê a publicação. Apesar de uma recente recuperação do crescimento econômico, a taxa de desemprego ainda está alta, em 12,4%, e a pobreza está aumentando. A taxa de homicídio está subindo. Michel Temer, o atual presidente, sobrevive no cargo apenas porque o Congresso rejeitou duas vezes os recursos dos promotores para julgamento por corrupção. Sua aprovação é de 3%. Apenas 13% dos brasileiros pensam que a democracia funciona bem; um terço queria outro golpe. Quase 60% deseja um presidente de fora de um dos três maiores partidos.

Preço pago

Bolsonaro tem uma carreira de 26 anos no Congresso e é agora membro do Partido Social Cristão, que tem apenas 11 dos 513 assentos na Câmara dos Deputados. Ele paga um preço: o dinheiro público para campanhas e horários na televisão e no rádio é distribuído de acordo com a participação dos partidos no Congresso.

"Mas o dinheiro tornou-se menos importante, uma vez que as reformas recentes limitaram as despesas de campanha e proibiram as doações corporativas", comenta a reportagem. O potencial candidato se orgulha de gastar apenas R$ 1 milhão em sua campanha (em 2014, Dilma gastou 300 vezes mais).

Ele está apostando nas mídias sociais: tem 4,8 milhões de seguidores no Facebook, mais do que qualquer outro político brasileiro, e publica vários vídeos por dia, muitos dos quais são vistos por mais de 1 milhão de pessoas. Sua campanha está bem organizada, na avaliação da The Economist. Em Belém, ele contratou mulheres para lidar com qualquer manifestante feminina que pudesse aparecer; enviar homens para enfrentá-las poderia produzir uma cobertura de imprensa negativa.

"Bolsonaro é o único candidato honesto que temos", explica Bárbara Lima, uma voluntária de 27 anos. "Não há provas de que ele é racista ou homofóbico." Os mais antigos lembram a ditadura militar com carinho. "Minha infância foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu tinha liberdade, segurança e saúde", lembra Tom Meneses. "Então, os socialistas chegaram ao poder". Apesar da fúria e nostalgia, as probabilidades vão contra Bolsonaro se tornar presidente. Um terço dos brasileiros se nega a votar nele no primeiro turno.

À medida que a economia melhora, menos podem apostar em uma presidência radical, considera a revista. O sistema eleitoral de duas rodadas torna difícil para os extremistas ganharem; em uma segunda volta, a maioria moderada se desvia para o concorrente mais convencional.
Fonte:DP.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Condenado: Bolsonaro vai pagar indenização de R$ 150 mil



A Sexta Câmara Cível do Rio de Janeiro manteve a condenação do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a pagar R$ 150 mil de indenização por declarações contra homossexuais durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, exibido em março de 2011. Ainda cabe recurso da decisão da segunda instância.

Bolsonaro havia recorrido da decisão da 6ª Vara Cível do Fórum de Madureira, dada em 2015, que o condenou, por danos morais, a pagar a indenização ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, do Ministério da Justiça. A decisão da Justiça baseou-se em ação civil pública ajuizada pelos grupos Diversidade Niterói, Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à Homofobia e Arco-Íris de Conscientização.

Durante o programa na TV Bandeirantes, Bolsonaro disse que nunca lhe passou pela cabeça ter um filho gay porque os seus tiveram boa educação e um pai presente. "Então, não corro esse risco”, afirmou o deputado na ocasião.

A Agência Brasil procurou a assessoria do parlamentar, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Outras condenações

Em agosto, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, por unanimidade, decisão da primeira instância que condenou o Bolsonaro a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais à também deputada Maria do Rosário (PT-RS).

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) havia condenado Bolsonaro por ter dito, em 2014, que Maria do Rosário não mereceria ser estuprada por ser “muito feia”, não fazendo seu “tipo”. As declarações foram dadas na Câmara dos Deputados e também em entrevista a um jornal.

Em outubro, a 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro condenou Bolsonaro ao pagamento de indenização, por danos morais, no valor de R$ 50 mil, por ofensas aos quilombolas, durante discurso em evento no Rio.

No processo, é citado trecho dito pelo parlamentar na palestra no Clube Hebraica do Rio, no dia 3 de abril deste ano. “Eu fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano gastos com eles. Recebem cesta básica e mais material e implementos agrícolas.”

Com informação do Diário de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

De aborto à privatização: o que pensa o conselheiro para assuntos econômicos de Bolsonaro


Adolfo Sachsida, de 45 anos, é doutor em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e advogado. Trabalha como pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento, e se transformou numa espécie de conselheiro para assuntos econômicos do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
O economista diz ter mantido encontros semanais com o presidenciável, nos quais, segundo afirma, Bolsonaro "ouve bastante". Nas conversas, falam em descomplicar o sistema tributário, privatizar para melhorar a competitividade das empresas nacionais, independência do Banco Central, revisar a política de subsídios e créditos e ampliar o comércio internacional, bem como os programas sociais.
Sachsida se define como um "liberal econômico com valores conservadores" que compartilha os ideais de Edmund Burke (1729-1797), considerado um dos fundadores do pensamento "conservador moderno". Mas o que isso significa na prática?
Ele explica que é veemente contra o aborto. Também é contrário à liberação do consumo de drogas, ainda que afirme entender os argumentos de quem pensa diferente dele.


Adolfo Sachsida em manifestação anti-Lula com boneco inflável batizado de Pixuleco
Image captionSachsida participou de manifestações anti-governo em 2015 e em 2016 | Foto: Arquivo Pessoal/Facebook

Sobre união homoafetiva, diz, não há o que opinar, porque já é permitida por lei. É a favor da Escola Sem Partido, movimento que critica a "doutrinação ideológica" nas escolas.
Em termos econômicos, Sachsida é a favor da abertura e da ampliação do comércio internacional. "O Brasil ainda é um país muito fechado", avalia.

Anti-China

E é a relação comercial com outros países, em especial a China, um dos poucos pontos de discórdia com Bolsonaro.
O parlamentar, diz o economista, é anti-China - ele tem, de fato, usado as redes sociais para criticar as relações do Brasil com o país asiático.
Em outubro, por exemplo, Bolsonaro publicou no Twitter: "Terras agricultáveis, subsolo, hidrelétricas, portos, frigoríficos… a China está comprando não NO Brasil, mas O Brasil…"
Sachsida, por sua vez, acredita que a China é um parceiro comercial fundamental nos tempos atuais para qualquer país. "Ele (Bolsonaro) tem uma visão mais geopolítica, mas é a favor dos acordos bilaterais", afirma.


Post do Facebook de Adolfo em 18 de julho de 2017, no qual mostra estampa da camiseta que comprou com um sinal de proibido na foice e no martelo, símbolos do comunismo
Image captionAdolfo Sachsida é a favor de privatizar empresas nacionais para aumentar a competitividade | Foto: Reprodução/Facebook

Outro tópico de discórdia que surgiu nas conversas foi o sistema de tributação brasileiro. O presidenciável queria, assim como o presidente americano Donald Trump prometeu em sua campanha, reduzir os impostos pagos no Brasil.
Sachsida, contudo, argumentou que a situação fiscal do país é grave. E, apesar de também ser a favor de uma redução da carga tributária, defende que a medida não pode ser tomada de imediato.
O economista diz nunca ter discutido taxar mais os mais ricos, mas diz que ele e Bolsonaro concordam sobre a necessidade de reduzir a complexidade do regime tributário. "Não significa tributar mais, mas manter o nível atual. Se possível, lá na frente, reduz", explica.

Bolsa Família e privatização

Uma das propostas que Sachsida apresentou a Bolsonaro foi rever os programas de subsídios e créditos que impactam em cerca de R$ 700 bilhões os cofres públicos.
"Temos que avaliar esses programas para manter somente o que está dando certo, e o restante poderia ser usado para fortalecer os programas sociais, como o Bolsa Família", explica, emendando que o deputado gostou da ideia.
Para o conselheiro, o Bolsa Família é um programa com princípios liberais porque dá o dinheiro diretamente ao beneficiário. Ele se diz favorável, por exemplo, aos programas de voucher - o mais comum é o escolar, no qual o governo emite um certificado de financiamento e entrega diretamente aos pais que podem, então, colocar a criança na escola privada que quiserem.
A ideia dos vouchers foi concebida em 1955 por Milton Friedman, economista ganhador do Nobel. Fora dos Estados Unidos, países como Chile e Suécia também adotaram sistemas semelhantes, mas a ideia não é consenso e atrai muita controvérsia.


Adolfo Sachsida
Image captionSachsida diz compatilhar das ideias de Edmund Burke (1729-1797), um dos pais do pensamento "conservador moderno" | Foto: Arquivo pessoal

Considerada tabu por muitos, a privatização não é, segundo Sachsida, tema proibido nem rejeitado. "A gente está bastante alinhado nesse tema. O importante é gerar competição."
Questionado sobre ser necessário privatizar, por exemplo, a Petrobras, ele diz: "Tecnicamente, a Petrobras não é só uma, mas dezenas de empresas", admitindo a possibilidade caso haja alguma alguma companhia do grupo alcançasse uma performance melhor ao abrir o capital ou ser vendida. "É necessário ter estratégia para isso, para privatizar da melhor forma."
Na opinião do economista, é fundamental manter o tripé macroeconômico que combina uma política de câmbio flutuante com metas fiscais e metas de inflação.
Para isso, o ideal, diz ele, seria ter um presidente do Banco Central escolhido pelo presidente com mandato fixo. "Ele só seria destituído do cargo se não cumprisse as metas."
Sachsida afirma ainda que a atual equipe do Ministério da Fazenda e do Banco Central "é muito boa", e deveria ser mantida. Ele já verbalizou isso a Bolsonaro que, segundo conta, não aparentou ter objeções.
"Para ser honesto, o bom tem que ser mantido", justifica.

Cargo em um eventual governo



Ilan Goldfajn
Image captionSachsida elogia o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn (foto), e defende a manutenção dele no cargo | Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil

Questionado sobre almejar algum cargo na Fazenda ou se faria parte da equipe econômica de algum governo, o pesquisador afirma que o cargo exige um perfil discreto - e admite não ter esse perfil.
"Minhas opiniões são muito claras, algumas pessoas gostam e outras odeiam. Para ser da Fazenda, não pode ter blog. Eu tenho, tenho canal no YouTube..."
Em julho do ano passado, Sachsida chegou a ser nomeado como assessor especial do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE). A indicação acabou cancelada horas depois, antes que ele - que também é filiado ao DEM - tomasse posse. Em debates realizados em seu canal no Youtube, o economista já questionou o que chama de "doutrinação ideológica" feita por professores.
"A esquerda quer doutrinar os nossos alunos. O professor de português, ao invés de dar aula de português, fica falando que tal partido é bom, tal partido é ruim. (...) Mas eles falam que tudo tem ideologia. Como se o aluno fosse obrigado a ser doutrinado desde pequeno", disse em um dos vídeos.
O economista conta que se aproximou de Bolsonaro a pedido de um amigo, Bernardo Santoro, do Instituto Liberal. Isso aconteceu quando o PEN (Partido Ecológico Nacional) começou a flertar com o parlamentar e, a pedido dele, mudou de nome, passando a se chamar Patriota.
A pedido de Santoro, Sachsida montou um grupo de 11 economistas que semanalmente trocam ideias sobre economia com o deputado. O plano agora é organizá-las por escrito.
Ele diz que não cobra para conversar sobre economia com Bolsonaro, com quem diz se encontrar fora do expediente. Afirma ainda não ser "professor" do deputado. "Quero debater ideias. Tenho obrigação de devolver para a sociedade o que aprendi", justifica.
O pesquisador do Ipea tem doutorado em economia pela UnB, e fez pós-doutorado na Universidade do Alabama (EUA). Lecionou economia na Universidade do Texas e foi consultor, por um curto período, do Banco Mundial para Angola.

Críticas

Bolsonaro tem sido criticado por não dominar assuntos econômicos. Em diferentes ocasiões, ele disse que, em um eventual governo seu, "quem vai cuidar da economia será o futuro ministro da Fazenda".
Em entrevista recente à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV, o deputado foi questionado sobre tripé macroeconômico. "Quem vai falar de economia por mim é minha equipe econômica no futuro", respondeu. "Se exigem de mim a questão da economia, então teriam de exigir entendimento de medicina, (pois) eu vou indicar o ministro da Saúde."
Perguntado se já transformou o parlamentar num liberal, Sachsida responde: "Ele está no caminho".
Para o economista, o estilo de Bolsonaro se parece com a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher: "Ela era dura, clara em relação ao que pensava e tinha uma pauta econômica liberal".
 Fonte:BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE