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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Senado aprova reforma trabalhista: saiba o que pode mudar para os trabalhadores


Senadores em sessão nesta terçaDireito de imagemAGÊNCIA SENADO
Image captionSessão que votou a reforma trabalhista no Senado nesta terça-feira

Em mais uma evidência do caos político que o país atravessa, a reforma trabalhista foi aprovada pelo Senado em uma sessão marcada por bate-boca, gritaria e protesto de senadoras de oposição, que por mais de 6 horas ocuparam a mesa diretora da Casa, atrasando a apreciação da matéria.
Ao final, por 50 votos a favor e 26 contra, o governo de Michel Temer conseguiu a aprovação de texto idêntico ao que já havia passado na Câmara, evitando assim que a proposta tivesse que passar por novo crivo dos deputados. Os senadores rejeitaram três destaques e o texto segue agora para sanção do presidente.
Para o Planalto, isso era fundamental para demonstrar força e ganhar fôlego em outra batalha: tentar impedir que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a julgar o presidente, alvo de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva.
A reforma aprovada é considerada fundamental pelo governo para "flexibilizar e modernizar" as leis trabalhistas, com objetivo de incentivar a criação de empregos. Críticos das mudanças dizem que ela precariza as condições de trabalho e não vai gerar novas vagas, já que isso dependeria na verdade de aumentos dos investimentos e consumo.
Com a aprovação no Senado, resta apenas que Temer sancione a reforma para que ela entre em vigor. O presidente, porém, prometeu vetar pontos polêmicos da nova legislação ou alterá-los por meio de medidas provisórias (propostas de lei que entram em vigor imediatamente, mas dependem depois de aprovação do Congresso para continuarem valendo). O compromisso foi feito justamente para evitar que os senadores aprovassem alterações no texto, provocando o retorno do texto à Câmara.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, porém, disse nas redes sociais que vai barrar qualquer medida provisória que Temer enviar ao Congresso para aterar a nova legislação trabalhista.
Um dos pontos que Temer prometeu alterar é a flexibilização para que mulheres grávidas possam trabalhar em lugares insalubres. Derrubar essa mudança no Senado foi a principal reivindicação das sete senadoras que ocuparam a mesa diretora - Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Ângela Portela (PT-ES), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lídice de Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e Kátia Abreu (PMDB-TO).
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, chamou o protesto das senadoras de "ditadura", ao impedir o funcionamento da Casa, e chegou a mandar apagar as luzes do plenário.
O projeto de lei aprovado, bem mais amplo que a proposta originalmente encaminhada pelo governo em dezembro, altera mais de cem pontos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
Confira abaixo alguns destaques da reforma que segue para sanção de Temer.

Acordos no lugar da lei

A reforma aprovada no Congresso prevê que alguns parâmetros da relação trabalhista possam ser negociados diretamente entre empresas e trabalhadores em acordos que prevalecerão sobre a lei.
Atualmente, muitos acordos entre trabalhadores e empregados têm sido anulados na Justiça do Trabalho, o que gera insegurança jurídica, segundo o governo. A reforma quer restringir a interferência do judiciário apenas a aspectos formais desses acordos, impedindo os magistrados de analisar se seu conteúdo está bem equilibrado entre as duas partes.
Críticos dessa mudança dizem que a reforma não traz medidas para fortalecer os sindicatos, o que deixará os trabalhadores como elo mais fraco na negociação dos acordos.
Entre os pontos que poderão ser negociados, caso a reforma entre em vigor, está a possibilidade de reduzir o intervalo mínimo de descanso e alimentação de uma hora para meia hora no caso de jornadas de mais de seis horas.
Outra possibilidade será a de combinar a divisão dos 30 dias de férias em até três períodos, bem como troca de dias de feriado.
Se a nova legislação entrar em vigor, será possível ainda que empregados e trabalhadores negociem diretamente plano de cargos e salários e o pagamento de participação dos lucros.
Nesse caso, também poderá ser alvo de acordo a prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho.
A proposta também permite acordar jornadas de até 12 horas de trabalho seguidas de 36 horas de descanso - esse é um dos pontos que Temer indicou que vai alterar, para que a jornada só possa ser fixada em acordo coletivo (não em acordos individuais).
Mudanças e inovações nos contratos de trabalho
A reforma cria um tipo de contrato novo no Brasil: o trabalho intermitente, conhecido no exterior como "zero hora". Nesse caso, o trabalhador é convocado sob demanda, com antecedência mínima de três dias, e recebe por hora trabalhada, não tendo garantia de uma jornada mínima.
A mudança não estava na versão do governo e foi incluída pelo relator da reforma na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Segundo ele, esse regime possibilitará a formalização de trabalhadores que hoje trabalham sem contratos, por exemplo no setor de serviços (bares, festas, etc).

Manifestantes contra reformaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPropostas de reforma trabalhista e da terceirização provocaram protestos e ainda levantam muitas dúvidas entre trabalhadores

"A expansão da variedade de contratos para incluir o 'zero hora' no Reino Unido tem tido impactos negativos diminuindo a renda do trabalhador, assim como na produtividade, o que é potencialmente ruim para a economia", disse à BBC Brasil o professor do departamento de Direito de Cambridge Simon Deakin, especialista no impacto de leis trabalhistas sobre emprego e renda.
Temer indicou que editará uma medida provisória dando mais salvaguardas aos trabalhadores nesse tipo de contrato, como fixar uma quarentena de 18 meses para evitar o risco de migração de contratos por tempo indeterminado para contrato intermitente.
A proposta aprovada também prevê a regulamentação do teletrabalho (trabalho à distância). O contrato deverá especificar quais atividades poderão ser feitas de casa, assim como definir como se dará a e manutenção de equipamentos para uso do empregado no home office. O controle do trabalho será feito por tarefa.
Segundo Marinho, "o teletrabalho proporciona redução nos custos da empresa e maior flexibilidade do empregado para gerenciar o seu tempo", além de contribuir para reduzir o congestionamento nas cidades.
A reforma também prevê que trabalhadores autônomos que trabalhem com exclusividade para um empregador não possam ser considerados empregados da empresa. Hoje, é comum que trabalhadores peçam na Justiça o reconhecimento do vínculo empregatício nesses casos. O governo se comprometeu em editar uma medida provisória prevendo que o contrato do trabalhador autônomo não poderá prever nenhum tipo de cláusula de exclusividade, sob pena de configuração de vínculo empregatício.
Já o contrato de jornada parcial, que hoje é limitado a 25 horas semanais sem possibilidade de horas extras, poderá ter dois novos formatos, se a reforma entrar em vigor: duração máxima de 30 horas semanais sem horas extras ou 26 horas, mas com possibilidade de mais 6. O argumento é que a mudança dessas regras favorece a contratação formal de jovens, idosos e mães.
A ampliação da duração máxima do contrato temporário, prevista na proposta de reforma enviada ao Congresso em dezembro, acabou sendo aprovada já na nova lei da terceirização, de março deste ano, passando de seis meses para nove meses.
O contrato com duração determinada serve a atividades sazonais, que não exigem contrato permanente, ou à substituição de trabalhadores em licença. Críticos da extensão consideram que nove meses é uma duração exagerada para atender a essas finalidades e temem que empresas optem por contratar mais temporários em vez de servidores permanentes.

Fim do imposto sindical

A reforma também prevê o fim do imposto sindical obrigatório - pela lei atual, o valor equivalente à remuneração de um dia de trabalho, descontado uma vez ao ano. Segundo o relator, a medida visa acabar com sindicatos de "fachada e pelegos".

Terminal vazioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionTerminal de ônibus ficou inoperante durante greve de trabalhadores contra reformas do governo

Opositores da mudança, porém, argumentam que a retirada da contribuição precisa ser gradual, para permitir a adaptação dos sindicatos, ou que seja criada outra fonte de recursos. O governo sinalizou que vai adotar a proposta de extinção gradativa.
O imposto sindical obrigatório cobrado de empresas e trabalhadores somou R$ 3,9 bilhões em 2016, que foram distribuídos para cerca de 11 mil sindicatos de empregados e 5 mil patronais.

Ações judiciais

A reforma também traz mudanças nas ações trabalhistas. O projeto de lei prevê, por exemplo, que o trabalhador será obrigado a comparecer às audiências na Justiça do Trabalho (hoje pode faltar a três) e arcar com todas as custas do processo, caso perca a ação - hoje, ele não pagava os advogados contratados pela parte contrária. Além disso, o advogado do empregado terá que definir exatamente o que está pedindo (valor da causa).
Quem agir de má-fé no processo - alterar a verdade dos fatos ou gerar resistência injustificada ao andamento do processo, por exemplo - poderá ser punido com multa de 1% a 10% da causa, além de indenização para a parte contrária.
"Pretende-se com as alterações sugeridas inibir a propositura de demandas baseadas em direitos ou fatos inexistentes. Da redução do abuso do direito de litigar advirá a garantia de maior celeridade nos casos em que efetivamente a intervenção do Judiciário se faz necessária, além da imediata redução de custos vinculados à Justiça do Trabalho", escreveu o deputado Marinho em seu relatório.

Grávidas

A reforma flexibiliza a possibilidade de trabalho de grávidas em locais insalubres - hoje isso é proibido e a empresa precisa realocar a funcionária.
Pelo projeto de lei, gestantes ficam proibidas trabalhar em locais com nível máximo de insalubridade, mas poderão atuar em locais com nível médio e baixo, a não ser que apresentem atestado médico. O governo se comprometeu a inverter o princípio, para que o trabalho seja permitido nessas condições caso a trabalhadora apresente atestado médico autorizando.
Além disso, a reforma também prevê que mulheres demitidas terão prazo máximo de 30 dias após o desligamento para informar a empresa caso estejam grávidas. Hoje não há prazo.

Terceirização

Lei sancionada em março pelo presidente Michel Temer ampliou a possibilidade de terceirização para qualquer atividade exercida pelas empresas.
A reforma trabalhista estabelece salvaguardas para o trabalhador terceirizado, como uma quarentena para impedir que a empresa demita o empregado efetivo para recontratá-lo como terceirizado - isso só poderá ser feito após 18 meses da demissão, segundo a proposta.
O texto prevê também que o terceirizado deve ter as mesmas condições de trabalho dos empregados efetivos, como atendimento em ambulatório, alimentação, segurança, transporte, capacitação e qualidade de equipamentos.

Tempo de deslocamento

O tempo gasto pelo empregado entre sua casa e a empresa não contará mais como tempo de trabalho. A legislação anterior contabiliza como jornada a ser remunerada o deslocamento fornecido pelo empregador para locais de difícil acesso ou não servido por transporte público. Segundo Rogério Marinho, isso desestimula as empresas a fornecerem transporte para seus funcionários.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 11 de julho de 2017

O muro podre do PSDB



A reunião de 15 integrantes da cúpula do PSDB na noite desta segunda-feira (10) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, na Zona Sul da cidade, durou pouco mais de 4 horas, terminando no início da madrugada desta terça (11). As lideranças discutiram a manutenção ou não de apoio ao governo de Michel Temer (PMDB) e também a direção do partido na questão da denúncia por corrupção passiva contra o presidente.
Os caciques tucanos, porém, adiaram a definição sobre o desembarque do governo. Nova reuniões devem ser marcadas para esta terça ou para quarta-feira (12).
O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu, ao deixar o local, que o partido está desembarcando do governo Temer. “O que eu tenho dito não é consenso, mas o que eu estou observando é que o partido por si mesmo está desembarcando independentemente do meu controle e da minha vontade”, afirmou, ao deixar o Palácio dos Bandeirantes.
Ele antecipou também que o partido deverá fazer uma renovação total de seus quadros em agosto, durante convenção para a eleição da Executiva.

Encontro

A reunião acontece após o presidente ter sido denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva, e o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), relator da denúncia contra Temer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na Câmara, dar parecer favorável ao prosseguimento do caso.
O Palácio dos Bandeirantes é a residência oficial do governador de São Paulo e o encontro teria sido articulado por Geraldo Alckmin. A assessoria do PSDB estadual disse que o evento não é institucional.
Tasso afirmou que o partido não definiu uma posição quanto à denúncia contra Temer na CCJ.
O líder da bancada na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que, na CCJ, o partido deverá votar pela admissibilidade da denúncia, com 5 votos a favor e 2 contrários. “Por maioria, deve votar pela admissibilidade. A bancada deve votar por 5 a 2 pelo acolhimento da denúncia do procurador”, disse.
Participaram também da reunião de caciques tucanos, entre outros, os governadores Marconi Perillo (GO), Reinaldo Azambuja (MS), Pedro Taques (MT) e Geraldo Alckmin (SP); os senadores Aécio Neves (MG), José Serra (SP), Paulo Bauer (SC) e Cássio Cunha Lima (PB); o ex-senador José Aníbal (SP); o prefeito de São Paulo, João Doria, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Desembarcar do governo Temer significaria entregar os cargos em quatro ministérios comandados por tucanos: Aloysio Nunes, ministro de Relações Exteriores; Bruno Araújo, ministro de Cidades; Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo; e Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos.

Alckmin



Durante inauguração de delegacia em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, nesta segunda, Alckmin comentou o encontro. "A reunião não é para decidir se deixa ou não o governo. Isso só quem pode fazer é a Executiva do partido. É uma reunião de conversa, conversa entre a direção partidária, governadores, líderes. Não será tomada nenhuma decisão. É apenas uma avaliação", disse.

Com informações do G1
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Relator vota pela aceitação de denúncia contra Temer; entenda peso da decisão


Michel TemerDireito de imagemAFP/GETTY
Image captionCorreligionário de Temer, relator Sérgio Zveiter recomendou aceitar denúncia

O deputado federal Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), relator do processo sobre Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, se posicionou nesta segunda-feira a favor do prosseguimento da ação contra o presidente.
Zveiter avaliou que o pedido da Procuradoria Geral da República para que Temer seja julgado no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção é válido - decisão que amplia a pressão sobre o presidente, mas ainda pode ser revertida.
Em seu relatório, Zveiter afirma que a delação da JBS apresentou "indícios suficientes" que justificam que a ação avance.
"Não é fantasiosa a acusação; é o que temos e deve ser apurada", afirmou.
Segundo Zveiter, o encontro entre Temer e o empresário Joesley Batista, em março, trouxe à tona "sólidos indícios" de que o presidente tenha cometido delitos. A gravação do encontro foi entregue pelo dono da JBS à Procuradoria como parte de seu acordo de delação premiada.
O deputado afirmou, porém, que sua decisão não implica a condenação do presidente, mas sim o prosseguimento da ação para que a verdade seja conhecida e que ele possa se defender.
Concluída a leitura do relatório, deputados da CCJ debaterão seu conteúdo a partir da quarta-feira.
Cada um dos 66 membros da comissão poderá falar por até 15 minutos. Mas o governo tenta acelerar a análise, para que a Câmara vote antes do recesso parlamentar, que vai de 18 a 31 de julho.
O Palácio do Planalto avalia que a demora para concluir a votação desgasta ainda mais Temer e reduz suas chances de êxito.
Por enquanto, segundo um levantamento do jornal O Globo, 21 deputados da CCJ disseram que votarão pela aceitação da ação contra Temer, e dez afirmaram que se manifestarão contra. Outros 35 deputados se disseram indecisos ou não responderam.
O resultado da votação na CCJ será definido por maioria simples.

Sérgio Zveiter (PMDB-RJ)Direito de imagemAG. CÂMARA
Image captionZveiter disse que acusação "não é fantasiosa"

Partido dividido

O relatório de Zveiter representa uma importante derrota para o governo - vários deputados avaliam que o texto influenciará a decisão final da Casa.
O parecer dificulta ainda a tarefa de Temer ao demonstrar que nem mesmo seu partido, o PMDB, está unido em torno de sua permanência.
Muitos parlamentares peemedebistas têm sinalizado que podem abandonar Temer à medida que surjam novas denúncias contra o alto escalão do governo.
O baixo índice de aprovação do presidente - 7%, segundo a última pesquisa do Datafolha - também estimula as deserções.
Nas últimas semanas, um dos mais influentes congressistas da legenda do presidente, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), passou a defender abertamente a saída de Temer.
A postura fez com que o PMDB o retirasse da liderança do partido no Senado, mas pode encorajar outros congressistas da sigla a seguir o mesmo caminho.

Sessão da CCJ da CâmaraDireito de imagemAG. CÂMARA
Image captionBase deve trocar parlamentares para garantir votos pró-Temer na CCJ

Trocas na comissão

O relatório contrário a Temer também deve reforçar a movimentação entre partidos da base para substituir membros da comissão que possam votar contra o presidente.
Embora a votação na CCJ não seja definitiva, muitos deputados acreditam que seu resultado será referendado pelo plenário.
Por isso, o governo tem redobrado os esforços na comissão.
Em entrevista à BBC Brasil em junho, o vice-líder do PMDB na Câmara Darcísio Perondi disse que o Planalto usaria "todas as armas" para vencer a votação, o que incluía substituir membros na CCJ.
As substituições foram criticadas nesta segunda por alguns deputados removidos da comissão por seus partidos.
Perondi afirmou que o governo também poderia demitir indicados políticos de deputados rebeldes e direcionar recursos para Estados cujas bancadas apoiassem o presidente.
A própria escolha de Zveiter como relator foi um mau sinal para o governo.
Auxiliares do presidente tentavam emplacar algum deputado mais próximo do governo - caso do deputado ruralista Alceu Moreira (PMDB-RJ) -, mas o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), optou por um nome mais neutro.

Joesley BatistaDireito de imagemREUTERS
Image captionDelação de Joesley Batista é base de ação contra o presidente

Próximos passos

Após o debate na CCJ, os deputados votarão o relatório. Se o governo obtiver a maioria dos votos, será elaborado um novo parecer que represente a posição vitoriosa.
Este documento será então levado ao plenário da Câmara.
Para que a denúncia contra o presidente avance, são necessários os votos de 342 deputados (dois terços da Casa).
Temer barra a iniciativa se a soma de abstenções e votos a seu favor alcançar 172.
Se a Câmara votar pela aceitação da denúncia e o STF resolver julgar Temer, ele será afastado por até seis meses, prazo para a conclusão do julgamento.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), assumiria nesse período e teria de convocar eleições indiretas caso o STF condene o presidente.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Como os 57 deputados investigados na Lava Jato pretendem votar sobre julgamento de Temer



Michel TemerDireito de imagemAFP
Image captionCâmara dos Deputados está apreciando denúncia contra o presidente por corrupção passiva

Quando Dilma Rousseff teve seu processo de impeachment analisado pelo Congresso, 80% dos deputados federais que estavam sendo investigados pela Operação Lava Jato votaram contra a petista.
Pouco mais de um ano depois, a Lava Jato parece ter perdido peso no cálculo dos deputados sobre o possível afastamento de outro presidente da República.
A partir de um levantamento do jornal O Globo sobre como cada deputado diz que votará no pedido da Procuradoria Geral da República para que Temer seja julgado por corrupção, a BBC Brasil identificou quais deles são investigados na Lava Jato.
Entre os 165 deputados que disseram ao jornal que votarão pela aceitação da denúncia contra Temer, 16 são alvos de inquéritos na operação.
O número supera o total de deputados investigados que anunciaram voto contrário à denúncia: 11. Ao todo, 67 deputados disseram ao Globo que votarão contra a denúncia.
A maioria dos 57 deputados investigados (53%) não respondeu como pretende votar - entre eles, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumiria em caso de afastamento de Temer.
Para que a denúncia contra o presidente prossiga, são necessários os votos de 342 deputados (dois terços do total). Temer barra a iniciativa se a soma de abstenções e votos a seu favor alcançar 172.
Se a Câmara votar pela aceitação da denúncia e o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir julgar Temer, ele será afastado por até seis meses, prazo para a conclusão do julgamento.
Maia assumiria nesse período e teria de convocar eleições indiretas caso o STF condene o presidente.

'Estancar a sangria'

A aparente dissociação entre os votos dos deputados e seu envolvimento na Lava Jato pode indicar que os parlamentares vêm perdendo a esperança de conseguir barrar a operação, diz Bruno Brandão, diretor no Brasil da ONG Transparência Internacional.
Ele lembra que, na véspera do impeachment de Dilma, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi gravado em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado defendendo "mudar o governo para poder estancar essa sangria" atribuída à Lava Jato.
Para Brandão, muitos congressistas apoiaram o impeachment apostando nessa mesma tese.
"Mas agora talvez o cálculo esteja mudando, porque o governo não conseguiu estancar a sangria e o custo político de apoiar Temer está mais oneroso", afirma.
Segundo uma pesquisa do Datafolha feita no fim de junho, só 7% dos brasileiros avaliam o governo Temer como bom ou ótimo. Já os que consideram a gestão ruim ou péssima somam 69%.

Plenário da Câmara dos DeputadosDireito de imagemAFP
Image captionDos deputados federais investigados pela Lava Jato, 80% votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff

Lava Jato avança no Congresso

De fato, desde a posse de Temer, a Lava Jato avançou ainda mais sobre o Congresso - o que, para Brandão, revela que a Polícia Federal e o Ministério Público "se mostraram independentes o suficiente para resistir às tentativas de sabotagem".
Quando o impeachment de Dilma foi votado, 23 deputados federais eram investigados pela operação. Hoje são 57.
Antes o PP respondia pela ampla maioria dos deputados investigados: 17.
O partido segue na liderança do ranking, com 22 deputados investigados, mas outras siglas ganharam espaço na lista, como PT (12), PSDB (4), DEM (4) e PMDB (4).
O avanço da Lava Jato entre congressistas do PT, maior partido de oposição ao governo, ajuda a explicar o alto número de votos anti-Temer entre os deputados na mira da operação.
Todos os deputados petistas investigados na Lava Jato disseram que votarão contra o presidente, enquanto grande parte dos investigados de outras siglas ainda não manifestaram sua posição.

Medo de 2018

Para Brandão, da Transparência Internacional, muitos congressistas da base governista relutam em apoiar Temer com medo de serem contaminados por sua impopularidade e punidos nas urnas em 2018.
Para esses congressistas, diz Brandão, a substituição de Temer por Rodrigo Maia pode parecer vantajosa, pois traria alguma renovação sem alterar a essência do governo.
Ele diz que muitos parlamentares da base temem que, diante da fragilização de Temer, cresçam as cobranças por eleições diretas para substituí-lo, o que poderia abrir o caminho para um candidato da oposição.
A troca de Temer por Maia, segundo Brandão, "reduziria esse risco".
"Maia é uma opção que não tem o mesmo custo político que a defesa de Temer e mitigaria o risco da volta de um governo petista."
Mas a estratégia pode não funcionar a depender da reação popular, diz Brandão.
"A constatação de que seria mais do mesmo com Maia reforçaria o anseio da sociedade pela convocação de eleições."
No fim das contas, ele diz que muitos deputados decidirão sobre o destino de Temer "em modo de sobrevivência e autodefesa", calculando qual cenário lhes será mais vantajoso.
Para Brandão, o pêndulo tem se movido na direção de Maia à medida que líderes de partidos governistas sinalizam que poderiam apoiá-lo.
Na quinta, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que Maia tem condições de "juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o país".
"O que atrai apoio não é o poder, é a perspectiva do poder", diz Brandão.
"Já se percebe uma movimentação clara entre os políticos para se cacifar com quem poderá ser o próximo presidente."
Professor Edgar Bom Jardim - PE