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terça-feira, 7 de junho de 2016

Janot mira caciques do PMDB e pede prisão de Renan, Sarney e Jucá

José Sarney e Renan Calheiros
José Sarney e Renan Calheiros: alvos de Janot


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu ir para cima da cúpula do PMDB, o partido do presidente interino Michel Temer, e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) as prisões dos senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), este presidente do Senado, e do ex-presidente da República José Sarney.
As informações foram divulgadas em primeira mão pelo jornal O Globo e confirmadas pela TV Globo, segundo quem Janot pediu também da prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara. De acordo com a GloboNews, os pedidos foram feitos há duas semanas e desde então se encontram sob análise do relator da Operação Lava Jato no STF, Teori Zavascki.
A ação de Janot é uma aposta na força daOperação Lava Jato diante de políticos altamente influentes e trata-se, também, de uma iniciativa que abre um território inexplorado. Ao longo das últimas décadas o chamado "PMDB do Senado" figurou em diversos escândalos, mas nunca foi efetivamente abalado pelas investigações.
O Globo cita como fonte um interlocutor de ministros do STF e confirma que Janot também pediu o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado, utilizando argumentos semelhantes aos que levaram à suspensão do mandato de Cunha como presidente da Câmara. A informação havia sido divulgada pelo jornal Valor Econômico na semana passada.
No caso de Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, em razão de sua idade (86 anos), segundo informação da Folha de S. Paulo.
Os pedidos de prisão têm como base as gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o trio de peemedebistas. Nos áudiso, os senadores e o ex-presidente José Sarney discutiam meios de barrar as investigações.
Renan defende mudanças na lei da delação premiada; Sarney sugere a escalação de dois advogados, Cesar Asfor Rocha e Eduardo Ferrão, para conversarem com Teori Zavasck; e Jucá afirma que o impeachment de Dilma Rousseff seria parte de uma estratégia para conter a Lava Jato
As suspeitas são consideradas pelos investigadores mais graves do que os motivos que levaram à prisão do senador Delcídio do Amaral, em novembro. Segundo a fonte citada pelo Globo, Delcídio teria tentado manipular a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró enquanto Sarney, Renan e Jucá planejavam bloquear a Lava Jato.
Desde o surgimento dos áudios, foi confirmada a notícia de que Sergio Machado assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, já homologado pelo STF. Três de seus filhos também estariam negociando os termos com os investigadores para entregar detalhes do esquema de corrupção.
Nos depoimentos, Machado afirmou que teria distribuído 70 milhões de reais em propinas para Sarney, Renan, Jucá e outros políticos do PMDB, como os senadores Edison Lobão e Jader Barbalho, nos 12 anos em que esteve na Transpetro.
As denúncias vão ao encontro das suspeitas de Janot sobre o PMDB. No início de maio, ele pediu ao STF a ampliação do inquérito-mãe da Lava Jato para incluir novos alvos. No texto, o PMDB é apontado como um dos dois “eixos centrais” da “organização criminosa”investigada por atuação na Petrobras e em outros órgãos públicos – o outro eixo seria o PT. 
Em nota, Renan Calheiros disse que, apesar de não ter tido acesso aos fundamentos que embasaram o pedido, considera tal iniciativa “desarrazoada, desproporcional e abusiva". O advogado de Romero Jucá e de Sarney, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse à Agência Brasil que ainda não tomou conhecimento do pedido de prisão de seus clientes.
* Carta Capital Com informações da Deutsche Welle e da Agência Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Relação entre políticos, partidos, governantes e empreiteiras e a inaceitável cultura da corrupção institucionalizada.

A ONU, por meio do seu Programa para o Meio Ambiente, o PNUMA, escolheu como tema para o Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, o combate ao tráfico de animais silvestres. Esse nefasto comércio destrói a biodiversidade, ameaça a integridade dos ecossistemas e provoca prejuízos sociais e econômicos, especialmente para nações ricas em biodiversidade como o Brasil. Além disso, coloca em risco a vida de muitas pessoas, tanto as que se dedicam ao combate desse crime como as populações locais que são ameaçadas por seus esquemas violentos.
Vale a pena ler o relatório publicado pela ONU intitulado “O aumento do crime ambiental” (The Rise of Environmental Crime). Estima-se que o custo anual do crime ambiental está crescendo e alcançou a incrível cifra de 258 bilhões de dólares em 2015, tendo aumentado 26% em relação ao ano anterior. O estudo destaca a preocupação com o enfraquecimento das leis e da governança ambiental como um dos fatores que tem favorecido o aumento do crime.
Infelizmente, o Brasil tem colaborado para essas terríveis estatísticas globais. Temos assistido com enorme tristeza o fortalecimento da cultura do crime ambiental nos últimos anos. A associação entre políticos e segmentos empresariais refratários aos princípios da sustentabilidade socioambiental resultou na aprovação de leis que propiciaram a impunidade dos crimes ambientais no país. Os exemplos mais chocantes foram a aprovação do novo Código Florestal e a chamada Medida Provisória da grilagem na Amazônia.
O Novo Código Florestal reduziu em quase 60% a área de floresta que deveria ser restaurada, pois havia sido destruída ilegalmente segundo o Código Florestal anterior. Com essa medida, 29 milhões de hectares deixaram de ser recuperados, com elevados prejuízos para a biodiversidade, à proteção dos recursos hídricos, à conservação dos solos e para o equilíbrio climático. Além disso, manteve a possibilidade de que outros 88 milhões de hectares de florestas venham a ser desmatados, agora legalmente.
A Medida Provisória da Grilagem, a famosa MP 458 de 2009, criou um “jeitinho” para que sejam privatizados 80% das terras públicas que haviam sido apropriadas irregularmente na Amazônia, o equivalente a 67 milhões de hectares.
Agora, a Operação Lava-Jato está descortinando a vergonhosa relação entre políticos, partidos, governantes e empreiteiras e a inaceitável cultura da corrupção institucionalizada, praticada há décadas pelos partidos tradicionais e fortemente impulsionada pela aliança PT-PMDB-PP. E o que isso tem a ver com o crime ambiental? Tudo! Essa aliança funciona com base em obras financiadas com recursos públicos aprovados a “toque de caixa”, sem a devida transparência. Muitas dessas obras foram realizadas atropelando os processos constitucionais estabelecidos para o Licenciamento Ambiental. Durante anos eles escolheram a legislação ambiental como o vilão para o atraso das obras, com o uso desse discurso para conseguir desviar a atenção da sociedade para os processos espúrios e corruptos que eram engendrados ao redor de várias delas.
Um dos exemplos mais ilustrativos disso é a hidrelétrica de Belo Monte, cuja história está sendo desvendada e começando a ser contada pela Lava-Jato. Segundo as investigações, parte dos recursos do empreendimento foi destinado ao propinoduto do PT e do PMDB, num total de 75 milhões de reais para cada.
As delações, permeadas de pessoas ligadas ao alto escalão do governo, bem como de seis diretores de estatais e empresas privadas, revelam que montanhas e montanhas de recursos públicos foram desviados para uma parte da elite dirigente dos partidos envolvidos nesses esquemas de desvios.
Não é preciso muito esforço para encontrar as digitais desses mesmos líderes políticos nas leis ambientais que favoreceram a impunidade do crime ambiental. Hoje, fica visível a teia de interesses que se beneficiou do mesmo sistema político-econômico dirigido pelos que estão sendo denunciados na Justiça.
Agora, a ação desses mesmos grupos volta-se para um dos elementos centrais da governança ambiental que é o processo de licenciamento, como é o caso da Proposta de Emenda Constitucional 65. Pode-se ver muitos dos implicados nas investigações agindo com ímpeto para aprovar novas leis que acabam com as regras e critérios de defesa da população e do meio ambiente. Há evidentes interesses de algumas empreiteiras, que não querem adotar cuidados sociais e ambientais em seus empreendimentos.
Cada vez mais torna-se necessária uma nova correlação de forças, na qual a sociedade tenha o poder de superar a estagnação e os retrocessos políticos, econômicos, sociais e ambientais que foram impostos ao país nos últimos anos. Essa capacidade de fazer escolhas e tomar decisões estratégicas – sem a pressão do lucro imediato – só é possível com debate franco e democrático, aberto a todos e não restrito a grupos de interesses específicos e nem sempre legítimos.
A ONU mostra a necessidade de frear a desmontagem das leis e o enfraquecimento da governança ambiental, para impedir o crescimento vertiginoso do crime ambiental no mundo. Já o enunciado da COP 21 demonstra que, no âmbito de cada país, a transição para uma economia sustentável requer mais do que fórmulas bem desenhadas. No Brasil, inclui-se a necessidade de libertar as instituições públicas do sequestro criminoso a que foram submetidas. Nossa esperança repousa no tripé: justiça, direito à informação e cidadania ativa.
Se  conseguirmos o que a opinião pública chama de “passar o Brasil a limpo”, natureza e humanidade agradecerão penhoradas.
http://marinasilva.org.br/artigo-ambiente-brasil/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

País só sai da crise com eleição presidencial ainda este ano, diz Joaquim Barbosa



Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quinta-feira (14)
Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quinta-feira (14)(Fellipe Sampaio/SCO/STF/VEJA)
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou por meio de sua conta no Twitter que o Brasil só sairá da crise "com eleições presidenciais ainda este ano". O ex-ministro do STF fez as afirmações em duas mensagens postadas em sua rede social na manhã deste sábado.
Barbosa citou em suas mensagens a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 das mais importantes economias mundiais, e mandou um recado direto à presidente afastada Dilma Rousseff e ao presidente interino Michel Temer.
"OCDE diz o que eu venho dizendo em palestras: só sairemos dessa crise com eleições presidenciais ainda este ano. Disse-o em 22/4 e 12/5", tuitou o ex-ministro. "Para que isso ocorresse, dois ilustres brasileiros teriam que renunciar aos seus interesses pessoais e pensar no país: D Rousseff e M Temer."
Dilma foi afastada da presidência no dia 12 de maio, por decisão do Senado. Ela vai ficar afastada por, no máximo, 180 dias, período em que será conduzido o processo de impeachment por crime de responsabilidade atribuído à petista.
O governo interino de Michel Temer vem sendo alvo de frequentes críticas e constrangimentos. Nesta segunda-feira, o jornal americano The New York Times questionou em editorial o compromisso do peemedebista de acabar com a corrupção e pediu medidas concretas do novo governo e sua equipe para combater as irregularidades. Uma destas medidas é extinguir a imunidade de parlamentares e de ministros, descrita no texto como "injustificável".
(Veja com Estadão Conteúdo)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Gravações inéditas mostram conversas entre Machado, Sarney e Jucá.

Áudios inéditos mostram que o ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que teve acordo de delação premiada homologado pela Justiça nesta quarta-feira (25), manteve conversas com políticos do PMDB na qual especulam sobre o até então possível afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Em dezembro do ano passado, Machado foi alvo de buscas na operação Lava Jato. Ele confessou aos investigadores que, depois disso, teve medo de se tornar alvo de delatores e revelou que tinha medo de ser preso. A essa altura, o Supremo Tribunal Federal já havia autorizado prisões de pessoas condenadas em segunda instância, e Machado decidiu gravar conversas com políticos importantes.

Machado começou, então, a marcar encontros – um deles com o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que estava em recuperação depois de ter sofrido uma queda.
A Sarney, Machado afirmou que a única solução para a crise política era Dilma sair do poder. Os dois também falaram sobre a possível saída do atual presidente em exercício Michel Temer.

No diálogo, eles chegam a especular o nome que poderia vencer eleições presidenciais e criticam as nomeações feitas pelo governo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As críticas também são feitas ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato na Justiça Federal do Paraná.
As gravações contêm, ainda, conversa de Machado com o senador Romero Jucá(PMDB-RR), na qual o parlamentar fala sobre o posicionamento do PSDB em relação ao processo de impeachment de Dilma.
Neste trecho gravado entre fevereiro e março, os dois especulam sobre política e dizem que Dilma Rousseff vai acabar caindo, especialmente depois de o seu marqueteiroJoão Santana ter sido preso. Eles dizem acreditar que Michel Temer também.
MACHADO –  Estamos num momento, numa quadra, presidente, complicadíssima.
SARNEY –  Eu não vejo solução nenhuma.
MACHADO – Só tem uma solução, presidente: é ela sair.
SARNEY – Ah! Sim.
MACHADO – A única solução que existe. E ela vai sair por bem ou por mal  porque economia nenhuma não vai aguentar.
SARNEY –- Não. Ela vai sair de qualquer jeito.
MACHADO – Qualquer jeito.
SARNEY – Agora não tem jeito. Depois desse negócio do Santana não tem jeito.
MACHADO –  Vai sair do Michel, o que é o pior.
SARNEY – Michel vai sair também.
A conversa continua com especulações sobre quem venceria uma eventual eleição. Eles dizem que no final  quem vai assumir a presidência será o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mostrando que os dois não tinham ideia do que estava prestes a ocorrer na política. A conversa foi em março. Cunha teve o afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal antes mesmo de Dilma ser afastada com o processo de impeachment.
MACHADO – Saindo o Michel, e aí como é que fica? Quem assume?
SARNEY – [...] Eleição. E vai ter muito, umJoaquim Barbosa desses da vida.
MACHADO – Ou um Moro... O Aécio pensa que vai ser ele, não vai ser não.
SARNEY – Não, não vai ser ele, de jeito nenhum!
MACHADO – E quem que assume a presidência, se não tem ninguém?
SARNEY – O Eduardo Cunha.
MACHADO – E ele não vai abrir mão de assumir, não.
SARNEY –- Não... No Supremo não tem . Não tem ninguém que tenha competência pra tirá-lo. Só se cassarem o mandato dele. Fora daí, não tem. Como é que o Supremo vai tirar o presidente da Casa?

Possíveis eleições
Numa conversa entre Machado e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o agora ex-ministro do Planejamento relata como teria convencido o PSDB a aderir ao impeachment. Até então, o partido era favorável a esperar decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julga as irregularidades nas contas de campanha de Dilma e Temer.
Se a chapa for condenada, haverá novas eleições. Na época, esta era vista pelos tucanos como a melhor saída para a crise. Jucá disse que alertou que ninguém conseguiria ganhar eleição defendendo reformas necessárias, mas impopulares, para sair da crise econômica.
JUCÁ – Falar com o Tasso, na casa do Tasso. Eunício, o Tasso, o Aécio, o Serra, o Aloysio, o Cássio, o Ricardo Ferraço, que agora virou psdbista histórico. Aí, conversando lá, que é que a gente combinou? Nós temos que estar junto para dar uma saída pro Brasil (inaudível). E, se não estiver, eu disse lá, todo mundo, todos os políticos (inaudível), tão f***, entendeu?  Porque (inaudível) disse: 'Não, TSE, se cassar...'. Eu disse: 'Aécio, deixa eu te falar uma coisa: se cassar e tiver outra eleição, nem Serra, nenhum político tradicional ganha essa eleição, não. (inaudível) Lula, Joaquim Barbosa... (inaudível) Porque na hora dos debates, vão perguntar: 'Você vai fazer reforma da previdência?' O que que que tu vai responder? Que vou! Tu acha que ganha eleição dizendo que vai reduzir aposentadoria das pessoas? Quem vai ganhar é quem fizer maior bravata. E depois, não governa, porque a bravata, vai ficar refém da bravata, nunca vai ter base partidária...' (inaudível) Esqueça!

Neste outro trecho, Sarney e Machado reclamam que Dilma insiste em permanecer no governo diante da crise política e econômica. Sarney diz que não só empresários e políticos devem pagar pelos malfeitos na Petrobras, mas o governo também.
SARNEY - Ela não sai.(...) Resiste... Diz que até a última bala.
MACHADO - Não tem rabo, não tem nada.
SARNEY - Acha que não tem rabo. Tudo isso foi ... é o governo, meu Deus! Esse negócio da Petrobras. São os empresários que vão pagar, os políticos! E o governo que fez isso tudo?
MACHADO - Acabou o ‘Lula presidente’.
SARNEY - O Lula acabou. O Lula, coitado, ele está numa depressão tão grande.
MACHADO - O Lula. E não houve nenhuma solidariedade da parte dela.
Eles também criticam as nomeações feitas pelo governo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato.
SARNEY – E com esse Moro perseguindo por besteira.
MACHADO – Presidente, esse homem tomou conta do Brasil. Inclusive, o Supremo fez porque é pedido dele. Como é que o Toffolil e o Gilmar fazerm uma p*** dessa? Se os dois tivessem votado contra, não dava. Nomeou uns ministro de m*** com aquele modelo.
SARNEY – Todos.

A conversa continua e eles reclamam que ninguém se manifesta contra as decisões de Sérgio Moro, criticam as decisões da Justiça que estão combatendo a corrupção e classificam a situação como uma “ditadura da Justiça”.

MACHADO – Não teve um jurista que se manifestasse. E a mídia tá parcial assim.  Eu nunca vi uma coisa tão parcial. Gente, eu vivi a revolução [...]. Não tinha esse terror que tem hoje, não. A ditatura da toga tá f***.
SARNEY – A ditadura da Justiça tá implantada, é a pior de todas!
MACHADO – E eles vão querer tomar o poder. Pra poder acabar o trabalho.

Na conversa, Machado demonstra o grau de dissimulação a que estava disposto para conseguir que sua delação fosse aceita pelos procuradores. Ele, que estava grampeando a propria conversa com Sarney, pede que o ex-presidente marque um encontro com Renan em um lugar livre de grampos.
MACHADO –  Faz uma ponte que eu possa, que é melhor porque tá tudo grampeado. Tudo, essas coisas. Isso é ruim.
As gravações feitas por Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney, com o senador Romero Jucá e com o presidente do Senado Renan Calheiros conhecidas até agora são dominadas por um assunto: as tentativas de barrar a operação Lava Jato e obstruir a Justiça.
Segundo investigadores, no entanto, o tema principal da delação premiada é outro: os desvios de dinheiro da Transpetro para políticos ao longo de mais de dez anos. Isto será conhecido em detalhe à medida que forem divulgados os depoimentos de Sérgio Machado, quando ficará claro porque tanta preocupação com o que Machado tem a dizer.
Preocupação com depoimentos
As gravações feitas por Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney, com o senador Romero Jucá e com o presidente do Senado Renan Calheiros conhecidas até agora são dominadas por um assunto: as tentativas de barrar a operação Lava Jato e obstruir a Justiça.
Segundo investigadores, no entanto, o tema principal da delação premiada é outro: os desvios de dinheiro da Transpetro para políticos ao longo de mais de dez anos. Isto será conhecido em detalhe à medida que forem divulgados os depoimentos de Sérgio Machado, quando ficará claro porque tanta preocupação com o que Machado tem a dizer.
Outro lado
A assessoria do ex-presidente José Sarney disse que, enquanto ele não tiver acesso às gravações, não vai poder falar especificamente de cada assunto. Em nota à imprensa, o ex-presidente disse que é amigo de Sérgio Machado há muitos anos, que as conversas foram marcadas pela solidariedade, e que usou palavras que pudessem ajudar Machado a superar as acusações que enfrentava.
Sarney também disse lamentar que as conversas privadas tenham se tornado públicas, porque os diálogos podem ferir outras pessoas.

O senador Romero Jucá disse que considera que apenas uma reformulação da política e a valorização de quem não tem crime poderá construir uma saída para o Brasil. Segundo ele, o país esta vivendo uma crise de representatividade, e que era sobre isso que ele queria tratar na reunião referida nos diálogos.

Em relação ao ex-senador Delcídio, Renan disse que ele acelerou o processo de cassação, cujo desfecho é conhecido. O senador afirmou ainda que não pode ser responsabilizado por considerações de terceiros e que suas opiniões sobre aprimoramentos da legislação foram públicas.
A defesa de Sérgio Machado voltou a dizer que os autos são sigilosos e que, por isso, não pode se manifestar sobre o teor das gravações.
A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff alegou que a petista jamais pediu qualquer tipo de favor que afrontasse o princípio da moralidade pública.
O Instituto Lula declarou que o diálogo citado é fruto de mais um vazamento ilegal, que confirma o clima de perseguição contra o ex-presidente. O Instituto afirmou ainda que a conversa não traz nada contra o ex-presidente, que Lula sempre agiu dentro da lei e que, por isso, não tem nada a temer. G1.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Encruzilhadas: direita, esquerda, amarelo, vermelho, verde…

Há debates políticos que pareciam pertencer ao século passado. Quem apostava na divisão esquerda/ direita era, muitas vezes, ridicularizado. As medidas, agora, são outras. As conversas devem ser atualizadas ? O muro caiu, a Guerra Fria se despiu, a coca-cola está em toda parte, a China se veste com o capitalismo. De repente, os debates ganham espaços junto com as cores. Há uma badalada releitura do mundo? Ser vermelho chama atenção e ódio. E  os que gostam de amarelo e verde e decretam seu amor incondicional pela pátria? Freud redefiniria a infantilização de intelectuais que se localizam nas revistas de Pato Donald? A política virou palco de ressentimentos. As linguagens se aproximam e as denúncias negam a chegada do paraíso. A encruzilhada está no meio do caminho. As pedras se foram.
O cinismo não desiste, lembra fantasmas, serviço secretos, psicopatias aceleradas. É difícil analisar sentimentos, histerismos, apagar raivas. Tropeça-se em tecnologias de escutas. Ontem, hoje, amanhã. Quando surgirá um novo dia? As pessoas mudam no ritmo das manchetes de jornais. A produção da desconfiança quebra afetos, desilude justiças, não consegue perseguir o futuro. Há esconderijos que protegem as autoridades e saberes que desviam o olhar. A confusão não cessa, pois é raro conhecer alguma coisa que não esteja contaminada. A epidemia revela o apodrecimento da política e a perplexidade quase universalizada. A palavra golpe multiplica-se na forma e no conteúdo, abandonando os dicionários, as constituições, animando-se com desfavores ou ocultando disputas.
Não sei o que virá. Fico até com receio de escrever. Lamento tantas vacilações, dramas, inocências, culpas. A democracia se distancia e elegemos figuras nada saudáveis. Os partidos estão partidos e se especializam em assaltar cofres e garantir sucesso nas conspirações. Como tudo se resolverá é uma pergunta fatal? A pátria amada nunca dormiu em berço esplêndido. As minorias não apreciam reviravoltas. Sustentam seus privilégios, admiram monopólios, buscam apoios internacionais. Os sinais de violência assombram e alguns não observam que a fome e as desigualdades estão soltas. A balança não tem equilíbrio, desde a época da colônia. Socializar, dividir, firmar direitos são pecados capitais.Costumo dizer que a história é a construção da possibilidade.A história não possui um sentido único. Ela é envolvida também pelos projetos de políticos ou mentiras sacralizadas.
Não está fixa, é vizinha do purgatório, dos altos dízimos que acompanham o jogo do mercado Há lutas entre os grupos e as palavras se tornam definitivamente ambíguas. Num território de vulcões não dá para neutralizar o fogo , nem destruir os suspenses. Marcaram-se cronologias, esqueceram que o inesperado apronta surpresas, que os telefones são espiões. A quantidade de escutas é imensa. Já pensou quando divulgarem todas? Acho impossível. Simone de Beauvoir dizia que ” Cada um ama sua cada uma”. Quem se prepara para viver a instabilidade? Não sei. As superfícies estão cheias de lixos e os labirintos, de espelhos. Não há fórmula mágica. Sobram frustrações e desprezos. O serviço de meteorologia divulga que as nuvens estão pesadas.Os santos cumprem promessas. Articulam uma reunião para acalmar os deuses pessimistas. Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Novos áudios revelam conversas entre Sérgio Machado e Sarney

Na conversa, Sarney promete tentar interferir nas investigações da Lava Jato / Foto: ABr
Na conversa, Sarney promete tentar interferir nas investigações da Lava Jato
Foto: ABr
JC Online

Novas conversas gravadas pelo ex-presidente da TranspetroSérgio Machado trazem à tona promessa feita pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) para tentar interferir no andamento das investigações da Operação Lava Jato, segundo revelou o Jornal Folha de São Paulo. Este já é o terceiro áudio vazado com conversas entre Machado e peemedebistas.
Nas gravações feitas pelo próprio ex-presidente da Transpetro,Sarney fala em evitar que o caso de Machado seja transferido à sede da Polícia Federal, em Curitiba, e consequentemente caia nas mãos do Juíz Sérgio Moro. Segundo os áudios, gravadas em março, Sarney já apresentava preocupação com uma possível delação de Sérgio. "Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falam com ele em delação premiada", afirma o ex-presidente da república.
Machado esclarece na conversa que há insinuações daProcuradoria-Geral da República (PGR) por uma delação. Sarney continua o diálogo e afirma "temos é que conseguir isso (o pleito de Machado). Sem meter advogado no meio". Machado concorda.
Ao fim da conversa, Machado pede que Sarney volte a entrar em contato com ele em outro horário e local para reunião entre eles e Renan Calheiros.
Em nota, Sarney afirmou desconhecer o teor das conversas e, por isso, não ter como "responder às perguntas pontuais".
Nesta terça-feira (24), Machado fechou delação premiada com o Supremo Tribunal Federal (STF) após serem divulgados também conversas entre ele, Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Romero Jucá deixa Ministério do Planejamento a partir desta terça. E os demais envolvidos?

O ministro Romero Jucá, do Planejamento, anunciou nesta segunda-feira (23) que vai se licenciar do ministério a partir desta terça-feira (24). Embora tenha anunciado "licença", ele afirmou que "tecnicamente" vai pedir exoneração porque voltará a exercer o mandato de senador pelo PMDB-RR.
Jucá disse que enviará um pedido de manifestação ao Ministério Público Federal, a fim de que o órgão avalie se cometeu algum tipo de crime em relação às conversas gravadas entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
O jornal "Folha de S.Paulo" informou nesta segunda-feira que, em diálogo com Sérgio Machado, Jucá sugere um "pacto" para tentar barrar a Operação Lava Jato. Mais cedo, em entrevista coletiva, Jucá havia dito que não tinha nada a temer não pretendia deixar o comando do ministério.
"Eu vou me licenciar, mas tecnicamente vou pedir exoneração", declarou Jucá. Segundo ele, até que o Ministério Público apresente um parecer, ele permanecerá afastado e recomendará que, durante a "licença", o secretário-executivo Dyogo Oliveira responda pelo Ministério do Planejamento.
"Como há certa manipulação das informações, eu pedi ao meu advogado, doutor Kakay, que prepare um documento, e nós estamos dando entrada hoje [segunda] à tarde para que tenhamos posição do Ministério Público Federal, se há ou não irregularidade, crime, na conversa. Na medida em que colocar este documento lá no Ministério Público Federal, vou conversar com o presidente Temer e vou pedir licença do ministério enquanto o Ministério Público não se manifestar", disse
Depois de um pronunciamento do MP, Jucá disse que aguardará decisão do presidente em exercício, Michel Temer, sobre se irá querê-lo de volta ao governo ou não. Caso Temer decida pela volta do ministro, terá de renomeá-lo.
"Eu sou presidente nacional do PMDB, sou um dos construtores deste novo governo e não quero de forma nenhuma deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa prejudicar o governo. Enquanto o Ministério Público não se manifestar, eu aguardo fora do mistério o posicionamento. Se ele se manifestar dizendo que não há crime, que é o que eu acho, caberá ao presidente Michel Temer me reconvidar. Se não, ele vai discutir o que vai fazer", disse.
Segundo informou o Blog do Camarotti, a "licença" anunciada por Jucá foi uma saída honrosa para o ministro. De acordo com o  Blog, que menciona interlocutores do presidente em exercício, Jucá não voltará, e Temer já busca outro nome para ministro do Planejamento.
O ministro fez o anúncio depois de acompanhar o presidente em exercício Michel Temer e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) na visita ao Senado para entregar ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a proposta que altera a meta fiscal do governo. A proposta, que necessita de aprovação do Congresso, prevê um déficit de R$ 170,5 bilhões, o que representa o maior rombo da história nas contas do governo.
A fala do ministro foi tumultuada porque deputados e outros manifestantes gritavam contra Jucá e o governo de Michel Temer no Salão Azul do Senado.
Apontando para as pessoas que gritavam contra ele, Jucá chegou a mencionar "babaquices" e "manifestações". "Para evitar babaquices como esta e manipulações do PT, nós vamos fazer enfrentamento onde precisar fazer. Não temos medo de cara feia, nem de gritaria. Principalmente de gente atrasada, gente irresponsável, que quebrou o país. Faremos enfrentamento e vamos aguardar manifestação do MPF, porque estou consciente de que não cometi irregularidade", afirmou.
Jucá disse que, embora tenha anunciado o afastamento, atuará pela aprovação da proposta na Comissão Mista de Orçamento, na tarde desta segunda-feira, e no plenário do Congresso, nesta terça, já na condição de senador. "Vou ajudar a aprovar meta hoje na comissão e amanhã no plenário", declarou.  "A ideia é que amanhã a gente possa aprovar o primeiro movimento da nova equipe econômica, que é dar realidade às contas públicas", afirmou Jucá.
Renan Calheiros
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, após o encontro com Temer e os ministros, que antecipou para a manhã desta terça a sessão do Congresso que votará o projeto de alteração da meta fiscal, que estava marcada para a tarde. "O presidente pediu para nós agilizarmos a apreciação", afirmou.
Renan Calheiros afirmou que tratará o governo Temer "da mesma forma" como tratou o governo da presidente afastada Dilma Rousseff. "Há uma exigência nacional em relação a essa matéria", declarou.
O peemedebista disse que fará "o possível" para que o Congresso aprove a redução da meta porque o que está "em jogo", afirmou, não é o governo Temer, mas, sim "o interesse nacional".
Questionado, então, sobre se acha que a aprovação da revisão da meta ocorrerá "sem dificuldades", respondeu que sim.
"Eu quero aprovar [a revisão da meta fiscal sem dificuldades] porque a ninguém interessa que este governo entre na ilegalidade. Se nós não reduzirmos a meta, vamos repetir o que aconteceu com o governo anterior", declarou Renan.
Professor Edgar Bom Jardim - PE