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terça-feira, 18 de junho de 2019

A derrota dos negócios da morte no Brasil



Em nova derrota para o Governo, o projeto legislativo que derruba o decreto de armas de Jair Bolsonaro foi aprovado nesta terça-feira no Senado por 47 votos a 28. Na semana passada o texto do presidente já havia sido vencido na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado por 15 votos a 9. Agora a matéria vai para a Câmara, onde deve tramitar em comissão e no plenário. Até que seja analisado pelos deputados, o decreto de Bolsonaro segue valendo.
Em maio Bolsonaro flexibilizou as regras para a posse e porte, praticamente enterrando o Estatuto do Desarmamento. O decreto tem sido alvo de críticas desde então. Além de permitir que jornalistas, caminhoneiros e outras categorias profissionais andem armados, o texto tinha uma brecha que permitia o porte de fuzis semiautomáticos com alto poder de fogo. Posteriormente este erro foi corrigido pelo Governo. O decreto também desagradou os parlamentares, que alegaram uma “invasão de competência” do Legislativo, uma vez que matérias semelhantes tramitam no Congresso.
A derrota é mais uma na conta do Planalto, que ainda não conseguiu articular uma base eficiente no Congresso e coleciona reveses em ambas as casas. A reforma da Previdência do ministro Paulo Guedes ainda engatinha, e o projeto anticrime de Moro deve ser pautado apenas no segundo semestre, de acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Antes do início da votação vários senadores disseram ter recebido ameaças anônimos para que votassem favoravelmente ao decreto do Governo. "Falam que a arma defende a democracia, mas com palavras ameaçadoras querem colocar a população contra nós”, afirmou Rose de Freitas (Podemos-ES). "Perguntaram se eu ando em carro blindado", disse a parlamentar.

"Sou um democrata", diz Bolsonaro

Ao falar sobre a derrubada do decreto, Kátia Abreu (PDT-TO) lembrou o episódio ocorrido em 1995 no qual o então deputado Bolsonaro, mesmo portando uma arma, foi assaltado e teve a moto e a pistola roubados. “Isso porque ele era um militar treinado”, disse Abreu. Em defesa do texto de Bolsonaro, Telmário Mota (PROS-RR) afirmou que “o cidadão tem direito à legítima defesa”. Segundo ele, “o desarmamento tirou a segurança das famílias, mas o bandido que compra arma de forma clandestina está bem armado”.
Já prevendo uma possível derrota, o presidente afirmou na manhã desta terça-feira que não deve editar medidas semelhantes ao texto que foi derrubado no Senado. "Sou um democrata", e não um "ditador", disse Bolsonaro. O acesso às armas sempre foi uma plataforma do ex-militar, e se tornou uma de suas principais bandeiras de campanha. Apesar de afirmar que a medida tem apoio da sociedade, a última pesquisa Ibope, divulgada no início do mês, apontou que 73% da população é contrária à flexibilização do acesso às armas.
Com informações de brasil.elpais.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Jogo sujo:Empresários financiaram disparos em massa pró-Bolsonaro no Whatsapp, diz jornal


Empresas brasileiras pagaram uma agência de marketing com sede na Espanha para fazer disparos de mensagens de Whatsapp a favor de Jair Bolsonaro, segundo uma reportagem da Folha de S.Paulo divulgada nesta terça-feira. Áudios obtidos pelo jornal com uma fonte mantida em sigilo mostram Luis Novoa, diretor da espanhola Enviawhatsapps, afirmar que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” do Brasil financiaram a compra de um software produzido por ele para disparar mensagens em massa durante a campanha. Segundo a reportagem, não existem indícios de que Bolsonaro soubesse das ação, que podem configurar crime eleitoral. Pela manhã, o presidente comentou o conteúdo da reportagem em um evento em Brasília. “Teve milhões de mensagens a favor da minha campanha e talvez alguns milhões contra também."

As informações publicadas pelo jornal nesta terça trazem novos elementos para uma suspeita trazida pelo jornal em agosto do ano passado, e que levaram a abertura de uma investigação no Tribunal Superior Eleitoral. Na ocasião, a Folha revelou que empresas brasileiras fecharam contratos de até 12 milhões de reais para financiar disparos em massa no WhatsApp, a principal rede usada na campanha pelos bolsonaristas. Os destinatários eram usuários da base de dados da própria campanha de Bolsonaro ou de banco de dados vendidos por terceiros (esta segunda modalidade é proibida por lei). Um dos empresários por trás do esquema foi Luciano Hang, dono da rede Havan. Existem indícios de que apoiadores do PT usaram o mesmo expediente no WhatsApp.
Novoa, dono da Enviawhatsapps, afirmou ao jornal que não tinha conhecimento da utilização irregular de seu aplicativo até que o Whatsapp suspendeu algumas das linhas de sua empresa. “Estávamos tendo muitíssimos cortes, fomos olhar os IPs [endereço de Internet], era tudo do Brasil, olhamos as campanhas, eram campanhas brasileiras”, disse o empresário no áudio. De acordo com o jornal, brasileiros compraram cerca de 40 licenças de software da agência espanhola, que, em conjunto,permitiam até 20.000 disparos de mensagens de campanha por hora nas últimas eleições. O jornal ainda aponta que a licença para um mês, segundo o site da Enviawhatsapps, custa 89 euros (386 reais), a anual custa 350 euros (1.518 reais), e o WhatsApp Business API, voltado especificamente a empresas, sai por 500 euros ao ano (2.169).
A mesma empresa espanhola foi responsável por campanhas de disparos em massa de WhatsApp na Espanha. As contas dos partido de esquerda Podemos e PSOE acabaram suspensas pelo aplicativo, por violação das regras de uso, já que o WhatsApp não permite disparos em massa. O mesmo aconteceu no Brasil durante as presidenciais do ano passado.
A campanha de 2018 foi marcada pela disseminação de conteúdo falso nas redes sociais e em grupos de Whatsapp. O candidato derrotado Fernando Haddad (PT) acusou a equipe de Bolsonaro de estar por trás e de não coibir essas práticas. Em algumas mensagens o petista teve seu nome associado à pedofilia e a uma mamadeira com formato de pênis que, segundo o texto, teria sido enviada para creches durante a gestão de Haddad na prefeitura de São Paulo. Por sua vez, simpatizantes do PT espalharam notícias falsas afirmando que o programa Bolsa Família iria acabar caso o candidato do PSL fosse eleito. Inquéritos abertos para apurar irregularidades ainda não tiveram grandes avanços no TSE.
A relação de empresários com mensagens pró-Bolsonaro também já haviam sido apontadas pelo EL PAÍS Brasil em agosto de 2018. Hang, o dono da Havan que meses depois cometeria irregularidades financiando disparos em massa no Whatsapp, pagou para impulsionar mensagens favoráveis ao militar da reserva no Facebook. A prática é ilegal, uma vez que apenas representantes oficiais das campanhas podem contratar impulsionamento de conteúdo eleitoral nas redes. De acordo com o TSE isso seria “terceirização da propaganda”, algo vedado pela nova legislação eleitoral. Após a reportagem, o Tribunal ordenou que Hang removesse o conteúdo de suas páginas, depois que o vídeo postado pelo empresário já tinha alcançado mais de um milhão de pessoas.
Com informação de www.msn.com
.Professor Edgar Bom Jardim - PE

Herpes: ‘O beijo da morte que quase custou a vida do meu bebê’


Bebê recém nascido em berço de maternidadeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBebês infectados com o vírus da herpes tipo 1 podem enfrentar problemas neurológicos e até a morte
Noah, o bebê da britânica Ashleigh White, ficou seriamente doente após contrair o vírus herpes tipo 1 (HSV1), altamente contagioso.
É o mesmo que causa a herpes labial em adultos - manifestando-se através de bolhas que causam ardor e coceira e que desaparecem após cerca de uma semana.
Mas em bebês, ele pode levar a um dano neurológico permanente ou mesmo à morte - embora seja algo raro e evitável.
Se a pessoa portadora do vírus tiver uma ferida exposta na boca e beijar uma criança, esta pode ficar muito doente, porque seu sistema imunológico não se desenvolveu o suficiente para combatê-lo.
Essa forma de transmissão, também conhecida como o "beijo da morte", foi identificada pela mãe de Noah em seu primeiro mês de vida.
Ela contou à BBC Radio 5 como o vírus "quase matou" seu filho.
Ashleigh sorri para foto com Noah no coloDireito de imagemASHLEIGH WHITE
Image captionAshleigh White percebeu sintomas da herpes neonatal no primeiro mês de vida de Noah

'Muito doente'

"Seus olhos começaram a inchar e a formar uma pequena crosta. Alguns dias depois, surgiram bolhas (sobre a pálpebra), então fomos ao pediatra - que nos levou diretamente para o hospital", lembra White.
No início, os médicos não diagnosticaram Noah com herpes neonatal, mas a mãe leu um post no Facebook sobre o vírus HSV1 e apontou para a semelhança deste quadro à equipe.
"Ele ficou muito doente", diz. "Conseguimos detectar a tempo, antes de se tornar uma doença sistêmica e começar a afetar todos os seus órgãos vitais".
"Quando (a infecção) estava em volta de seus olhos, já havia temores de que ele ficaria cego".
A herpes neonatal é uma doença rara e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorre em aproximadamente 10 de cada 100 mil nascimentos em todo o mundo.

Latente

Liz Bragg, pediatra e membro do Conselho de Saúde da Universidade de Cardiff e Vale, na Inglaterra, explica que "uma vez que alguém contrai (o vírus), o tem para sempre".
"Entre 50% e 90% das pessoas no mundo têm e mesmo que não tenham sintomas, o vírus está em seu corpo", acrescentou.
Representação de vírusDireito de imagemAFP
Image captionVírus fica dormente em muitas das pessoas que o carregam, mas pode se transmitido quando há uma ferida aberta, por exemplo
Ou seja, este vírus infecta a maioria das pessoas na infância e depois fica dormente no sistema nervoso periférico (aquele que não inclui o cérebro e a medula espinhal).
Ocasionalmente, se uma pessoa está estressada, por exemplo, o vírus é ativado e, em alguns casos, surge a herpes labial.
A médica lembra que a doença não é contagiosa, "a menos que você sofra um surto".
Ela também deu conselhos para evitar a infecção em recém-nascidos.
"No primeiro mês de vida, é melhor não ir a lugares cheios de pessoas, ou passar o bebê de mãos em mãos dadas, porque o sistema imunológico não pode combater a infecção".

Dois meses no hospital

Imagem de boca mostra ponto vermelho onde está representada infecçãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO vírus da herpes tipo 1 é mais conhecido por causar a herpes labial
Uma vez diagnosticado, Noah foi enviado para o Hospital Infantil de Sheffield, no norte da Inglaterra, e recebeu medicamentos antivirais por duas semanas.
Ele também teve que tomá-los preventivamente por mais seis meses.
"No total, o tempo total que ele passou no hospital foi de cerca de dois meses e meio", lembra Ashleigh.
A mulher publicou a história de Noah no Facebook e a postagem já foi compartilhada por mais de 10 mil usuários.
"Recebi muitas mensagens de outros pais que me agradeceram por tentar aumentar a conscientização sobre o quão perigoso esse vírus realmente é".
BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 16 de junho de 2019

Exposição Armadilha:Imprensa do mundo destaca que Bolsonaro deu cargo a quem prendeu rival


Não passou despercebida para a imprensa internacional a escolha de Jair Bolsonaro para o Ministério da Justiça. Os principais jornais do mundo estamparam em seus portais na internet a opção pelo juiz que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia e que, com isso, abriu caminho para a vitória eleitoral do candidato do PSL. Igualmente, sublinharam a aceitação de Sergio Moro ao convite para o cargo.
O jornal El País, da Espanha, estampou a manchete: “O juiz que encarcerou Lula da Silva aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro”. A reportagem chama o futuro ministro de “herói do antipetismo” e assinala o fato de que sua pasta terá, no futuro governo, funções ampliadas e mais poder.
O portal da BBC segue a mesma linha, mas menciona que o “maior escalpo” coletado por Moro foi o do “esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, o líder nas eleições antes de sua condenação a 12 anos de prisão por corrupção em abril passado”.
O jornal britânico The Times viralizou na internet sua manchete sobre o tema: “Jair Bolsonaro promete alto cargo a juiz que aprisionou seu rival”. Como nas demais publicações, o texto referiu-se a Lula como o adversário real do candidato do PSL à eleição presidencial, e não a Fernando Haddad, que assumiu a chapa petista apenas depois de 11 de setembro..
Mais espirituoso em sua abordagem, o francês Le Monde ironizou esta e as demais primeiras escolhas do presidente-eleito para seu gabinete. “Brasil: militar, juiz anticorrupção, astronauta… os futuros ministros do governo Bolsonaro”. Referiu-se ao general Augusto Heleno, que assumirá o Ministério da Defesa, ao tenente-coronel da reserva Marcos Pontes para a Ciência e Tecnologia e ao próprio Moro.
O jornal classifica o futuro governante como de “extrema direita” e sublinha o fato de Moro ter se notabilizado pela condenação do ex-presidente de esquerda Lula.
A clara definição de Bolsonaro como um presidente de extrema direita foi expressa igualmente pelo The Guardian. O jornal britânico menciona Moro como “o juiz que ajudou a pavimentar o caminho para a vitória colossal (de Bolsonaro) no domingo ao prender o principal rival”.
Ao estampar em seu portal o título “Juiz brasileiro que condenou Lula aceita cargo no gabinete de Bolsonaro”, o jornal The New York Times comenta ser Moro “o mais visível” magistrado na varredura da corrupção brasileira. Segundo a reportagem, a escolha foi saudada no Brasil e no exterior por ser o juiz um “desorganizador de uma classe política que muitos viam despencar para a cleptocracia”.
“Ainda assim, alguns brasileiros o vem como um operador político que cumpriu a missão de políticos conservadores, particularmente ao supervisionar o processo rápido do senhor da Silva sobre corrupção e lavagem de dinheiro”, afirma o Times.
O argentino Clarín anunciou com um perfil de Moro a sua incorporação ao gabinete do “ultradireitista” Bolsonaro. Em “Brasil: Sergio Moro, o juiz a quem se ama ou odeia”, o jornal sustenta que o magistrado tem a imagem de um “lutador contra a corrupção” e de um “justiceiro puritano com viés político”. Em outra reportagem, o jornal destaca mais o fato de ser Moro o juiz da Lava Jato, cuja ramificação na Argentina investiga figuras ilustres dos governos de Néstor e Cristina Kirchner.


Com informação de Veja.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de junho de 2019

Crise na Venezuela: qual o papel da Rostec, poderosa corporação russa de defesa




Putin e MaduroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionVladimir Putin tem apoiado o governo de Nicolás Maduro

Um poderoso conglomerado russo, símbolo do país, que quer se converter em uma das maiores dez corporações industriais do mundo. A Rostec é responsável pela fabricação de produtos de alta tecnologia que exporta a dezenas de países ao redor do mundo - de aviões de caça a produtores farmacêuticos.
A companhia, cujas vendas contribuem para que a Rússia seja a segunda maior exportadora de armamentos do mundo - atrás apenas dos EUA -, acumula grandes empresas dos setores de aviação, defesa e eletrônica. Uma de suas mais recentes aquisições é a Corporação Unida de Aviação, principal fabricante de aviões da Rússia.
Menos conhecido internacionalmente que suas filiais, o nome Rostec tem circulado agora por causa de uma polêmica entre os Estados Unidos e a Rússia na crise na Venezuela.
Presença polêmica
"A Rússia me informou que tirou a maior parte de seu pessoal da Venezuela", escreveu no Twitter o presidente dos EUA, Donald Trump, na segunda-feira
O mandatário parecia confirmar uma informação publicada pelo jornal The Wall Street Journal, segundo a qual Moscou havia reduzido drasticamente a presença de seus assessores militares em território venezuelano, enviados pela Rostec.
Tanto a empresa como o governo russo negaram essa informação.
Durante os últimos meses, a presença de funcionários russos na Venezuela tem sido um motivo de disputa entre Washington e Moscou, que discordam sobre a legitimidade do governo do venezuelano Nicolás Maduro.
Trump considera que o mandatário venezuelano foi reeleito em maio de 2018 de maneira fraudulenta. Por isso, em janeiro a Casa Branca reconheceu Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, como presidente interino do país.
Maduro, que tem apoio do Kremlin, acusa Guaidó de encabeçar uma tentativa de golpe de Estado planejada por Washington.

O salva-vidas de Moscou

Nos últimos meses, o governo de Vladimir Putin tem dado claros sinais de seu respaldo a Maduro por meios diplomáticos, no Conselho de Segurança da ONU e em operações de segurança e defesa.

BombardeiroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm dezembro, a Rússia enviou dois bombardeiros Tupolev 160 à Venezuela

Em dezembro, dois bombardeiros russos Tupolev 160 (TU-160) aterrisaram na Venezuela para participar nos "voos operativos combinados Rússia-Venezuela".
No fim de março, outros dois aviões militares russos aterrisaram na Venezuela com militares encabeçados pelo segundo comandante do Exército da Rússia, Vasilly Tonkoshkurov, e 35 toneladas de equipamento, segundo informaram meios locais.
Trump respondeu e disse que a Rússia tinha que sair da Venezuela, enquanto seu enviado especial para o país, Elliot Abrams, assegurou à BBC que "os russos pagarão um preço" pelo que estavam fazendo.

Elliot AbramsDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO enviado especial de Trump à Venezuela, Elliot Abrams, criticou o envio de militares russos à Venezuela

Mas as advertências da Casa Branca não parecem ter sido atendidas por Moscou nem então nem agora.
Essa terça, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que funcionários russos tenham estado falando com o mandatário americano sobre a presença de militares da Rússia na Venezuela e assegurou que os efetivos que se encontram ali seguem com seu trabalho.
"Não sabemos o que querem dizer com 'tiraram a maior parte de seu pessoal'. De fato, há especialistas que prestam serviços às equipes que foram enviadas à Venezuela. Esse processo continua de forma ordenada", disse Peskov aos jornalistas.
A retirada dos empregados de Rostec também foi negada na segunda-feira por um porta-voz da empresa.
Mas o que é Rostec e qual foi seu papel na estratégia do Kremlin?

Política e grandes negócios

A Corporação Estatal para Assistência ao Desenvolvimento, Produção e Exportação de Produtores industriais de Tecnologia Avançada, conhecida como Rostec, foi criada no fim de 2007 por um decreto do presidente Putin, que agrupava em um mesmo ente mais de 400 empresas estatais industriais, muitas das quais estavam falidas.

Sergey Chemezov, presidente executivo da RostecDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSergey Chemezov, o presidente executivo da Rostec, é considerado um dos homens mais influentes da Rússia

Durante seus primeiros anos, seus balanços financeiros não eram favoráveis. Foi em 2010 que começou a registrar ganhos.
Desde então, o conglomerado tem demonstrado uma crescente ambição e espera chegar à lista de maiores corporações industriais do mundo até 2025. Sua importância, no entanto, vai muito mais além de ser uma fonte de renda para Moscou.
"O Kremlin vê a Rostec como uma empresa bandeira do país, um conglomerado que usa como ferramenta em certas áreas. Seu objetivo é melhorar a capacidade da Rússia de competir no setor de alta tecnologia e de defesa", diz William Courtney, pesquisador senior adjunto da Rand Corporation, um think tank (centro de pesquisas) que desenvolve pesquisas e análises para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
"Seu papel na estratégia russa é promover as indústrias de defesa e de alta tecnologia, mas por ser controlada pelo Estado tem que se responsabilizar por qualquer tarefa que o Kremlin lhe dê por razões políticas", afirma.
Embaixo do guarda-chuva dessa corporação, Moscou colocou grandes empresas industriais de um amplo número de setores.
Isso inclui a fabricação de caminhões de carga, componentes eletrônicos de rádio, produtos médicos e farmacêuticos, plantas e estações de energia, veículos como o Lada, mas também fuzis Kalashnikov, helicópteros de guerra e de uso civil, bombardeiros e sistemas de mísseis.

Fotos de caçasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Venezuela comprou da Rússia uma moderna frota de caças Sukhoi

Foi justamente esse último setor, de equipamentos e sistemas de defesa, que serviu para abrir as portas de Rostec na Venezuela.
Durante o governo do ex-mandatário Hugo Chávez, a Venezuela se converteu no principal comprador de armamentos da Rússia na América Latina e um dos maiores do mundo. Chávez e Putin assinaram acordos de milhões de dólares.
A Venezuela adquiriu mais de 20 bombardeiros Sukhoi de última geração, 40 helicópteros militares e de transporte, 100 mil fuzis Kalashnikov, quase uma centena de tanques e um avançado sistema de defesa antiaérea S-300, entre muitos outros equipamentos.
Esses armamentos foram vendidos por empresas como a Rosoboronexport, que é uma filial da Rostec dedicada à exportação de produtos de defesa.
Embora a maior parte dessas compras tenha se concretizado durante o mandato de Chávez, Moscou manteve boas relações com o sucessor Maduro.

Influência

"A Rússia usa a venda de armamento como uma ferramenta para adquirir influência em certos países e para obter lucro", diz Thomas Graham, pesquisador do Conselho de Relações Exteriores, um centro de estudos com sede em Washington.
Em seu informe de 2017, a Rostec dizia que seus produtos estavam sendo vendidos a 70 países ao redor do mundo e indicava que as exportações de seu equipamento de defesa tinham passado em uma década dos US$ 6 milhões anuais a US$ 13 milhões anuais.

Foto de Hugo ChávezDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDurante o governo de Hugo Chávez, a Venezuela se tornou a principal compradora de armas russas da América Latina

Uma parte dessas vendas foram direcionadas à América Latina, um mercado em que a Rússia começou a entrar mais incisivamente na década passada, mas que tem sido mais importante depois das sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra Moscou por sua implicação na Ucrânia e na Crimeia.
Em 2013, a Rostec tinha escritórios de representação na Argentina, no Brasil, na Venezuela, na Colômbia, em Cuba, no México e no Peru.
Graham diz considerar que a Rostec "tem um bom desempenho dentro do contexto russo". "O presidente da Rostec, Sergey Chemezov, é próximo a Putin, pelo menos desde que ele se tornou presidente, há 19 anos. Ambos vêm do setor de inteligência e se conhecem há muitos anos", diz.

A crise na Venezuela

Qual é o papel da Rostec na crise da Venezuela?
William Courtney considera que, apesar do desmentido do Kremlin, é factível acreditar que a Rostec tenha retirado o grosso de seus assessores da Venezuela.
O especialista assegura que a Rússia se preocupa que, caso o governo Maduro caia, o governo que lhe substituir não queira reconhecer as dívidas adquiridas.
Como exemplo, ele cita o que aconteceu em 2003 com a invasão do Iraque, onde, depois de ter apoiado Saddam Hussein, a Rússia teve que assumir a perda de uma dívida que ele havia contraído por US$ 13 milhões.
A petrolífera russa Rosneft tem múltiplos acordos na Venezuela, o país com as maiores reservas registradas de petróleo do mundo e também rico em gás.

Sistema antimísseisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Venezuela comprou da Rússia sistemas antimísseis S-300

Para alguns analistas, além da assessoria técnica e o trabalho de mantimento dos sistemas de defesa, a presença de pessoal da Rostec na Venezuela é parte de uma estratégia aplicada pelo Kremlin para proteger Maduro - a permanência russa serviria como um elemento de dissuasão para qualquer tentativa de uso da força por parte de Washington na Venezuela.
Ao mesmo tempo, a presença da Rostec garante a Moscou um lugar em qualquer mesa de negociação sobre a crise no país sul-americano.
Para Graham, os Estados Unidos evitam desde a época da União Soviética ter um enfrentamento com a Rússia - para evitar uma escalada e a possibilidade de um conflito nuclear devastador.
"Por isso, os Estados Unidos evitam cuidadosamente operar onde possa haver militares russos", diz ele.
Professor Edgar Bom Jardim - PE