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domingo, 12 de setembro de 2021

Veja dicas de como estudar Física para o Enem

O mais importante é interpretar corretamente enunciados, gráficos e tabelas, aplicando o conhecimento teórico adquirido em situações cotidianas



Traçar um bom plano de estudo, levando em consideração as especificidades das questões do Enem, é extremamente importante para realizar uma boa prova e conseguir uma vaga no ensino superior. O blog Novos Alunos, do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), apresenta dicas para fazer uma boa prova de Física no Exame Nacional do Ensino Médio. Acompanhe e descubra!

Estudar as características da prova

Crédito: Pexels/Oladimeji AjegbileVeja dicas de como estudar Física para o Enem segundo o site Novos Alunos

Uma dica fundamental para todo estudante que precisa se preparar para uma prova é também a mais simples: ele deve conhecer o teste. Entender o estilo das questões, a abordagem e o tipo de conhecimento exigido faz toda a diferença na definição de um plano de estudos.

A prova do Enem, por exemplo, tem características muito peculiares e bem definidas. Física, química e biologia são cobradas na prova de Ciência da Natureza e suas Tecnologias, a partir da compreensão do aluno de um contexto mais amplo. Assim, não é necessário decorar fórmulas, estruturas e informações pontuais. O mais importante é que seu filho interprete corretamente enunciados, gráficos e tabelas, aplicando o conhecimento teórico adquirido em situações cotidianas. Aliás, esse é um dos principais pontos do Enem: todas as informações cobradas estão relacionadas a situações vivenciadas no dia a dia, que servem de base para que o aluno mostre que captou a teoria e os conceitos fundamentais da matéria.

As questões do Enem também tendem a ter uma abordagem mais completa, muitas vezes tratando de mais de um assunto (de variadas áreas) em uma única pergunta. E isso demanda que o aluno tenha uma grande habilidade de interpretar textos, bem como deve estar atualizadíssimo sobre os temas do cotidiano. Por isso, uma dica preciosa é: faça seu filho acompanhar os noticiários, ler jornais e exercitar sua mente para fazer ligações entre o que acontece no mundo e o universo da física. Além, claro, de praticar muito com questões de anos anteriores!

Absorver a essência da matéria

Crédito: Pexels/Startup Stock PhotosPara se sair bem no Enem, o mais importante é estar bem afiado em relação aos conceitos de física, a essência da matéria

Para se sair bem no Enem, o mais importante é estar bem afiado em relação aos conceitos de física, a essência da matéria. O que seu filho precisará mostrar é que conhece bem a base da física e todos os conceitos essenciais que regem a disciplina, com foco sobretudo nos assuntos relacionados à energia, à mecânica e à termodinâmica. Não por acaso, são esses os temas que costumam ter aplicação direta em nosso cotidiano.

Pode anotar: seu filho provavelmente será questionado sobre os usos da energia no dia a dia, especialmente em relação a consumo e distribuição, bem como sobre o teorema da conservação da quantidade de movimento, que costuma ser tema frequente no exame. E, outra vez, a orientação geral é evitar o decoreba, ficando na compreensão dos conceitos e em sua aplicação prática.
Focar nos temas certos.

É inevitável: alguns assuntos de cada matéria acabam recebendo maior destaque e peso na prova do Enem. É claro que não é possível prever tudo o que vai cair na próxima edição, mas pela experiência dos anos anteriores e pela compreensão do estilo do teste, fica mais fácil adiantar que assuntos devem merecer atenção especial na hora dos estudos.

Para a física, podemos destacar:

  • Mecânica e cinemática: estudo dos movimentos retilíneo e circular com foco na posição, na velocidade e na aceleração;
  • Dinâmica e leis de Newton: dinâmica dos corpos e leis que orientam toda essa área de conhecimento;
  • Força resultante: conceituação de força centrípeta, trajetórias e objetos em deslocamento;
  • Impulso: variação da quantidade de movimento de um objeto, força e deslocamento;
  • Hidrostática: densidade, massa específica e empuxo;
  • Eletricidade e energia: funcionamento de um circuito elétrico, potência e medidores elétricos.

Quer mais dicas de estudo? Visite o site Novos Alunos!


Grupo SEB

Além do blog, que trata sobre assuntos como educação bilíngue, período integral, ensino médio, vestibulares e Enem, você pode acompanhar o conteúdo do SEB por meio da página no Facebook , no perfil no Instagram e no canal do Youtube.

Por: SEB (Sistema Educacional Brasileiro - catraca Livre.com.br

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Comemorações dos 100 anos de Paulo Feire motiva aulas e cursos gratuitos sobre o educador




Nascido em Recife, no dia 19 de setembro de 1921, Paulo Freire é um dos teóricos da pedagogia mais lidos do mundo. No ano de seu centenário, diversas instituições e acadêmicos oferecem aulas e cursos gratuitos sobre o Patrono da Educação Brasileira.

Abaixo, selecionamos alguns desses projetos que acontecem neste mês. Confira:

A Faculdade de Educação (FE) da USP organizou o seminário internacional “Ano 100 com Paulo Freire: Tempos, Espaços, Memórias, Discursos e Práticas”. Com discussões sobre o legado de Freire no Brasil e no mundo, o evento acontecerá de forma virtual.

A transmissão de seminário internacional acontecerá até o dia 10 de setembro pelo canal no YouTube da FE e a programação, assim como outras informações, pode ser conferida no site da instituição.

“100 Anos de Paulo Freire: Esperançar em Tempos de Barbárie” reúne acadêmicos de diversas instituições e segue com programação inédita até o dia 23 de setembro. As inscrições são no site da Rede Emancipa.

No dia 16 de setembro, via YouTube, será a vez da UFSCar celebra centenário do educador, com “Atualidade e Urgência da Pedagogia do Oprimido”. Quem participar terá direito a certificado.

A série de webinários “Paulo Freire: 100 anos”, oferecida pelo Instituto Unibanco e pela Escola do Parlamento, ocorre de 8 a 22 de setembro. Durante os encontros, serão discutidas as obras do educador.

O ciclo “Educação para Juventudes” será transmitido ao vivo todas as quartas-feiras, a partir das 16h, no canal do Instituto Unibanco no YouTube. Em 15 de setembro, o webinário “Histórias e legados” discutirá a história e o legado de Freire para a educação. No dia 22, o último webinário, “Educação e mudança social”, tratará das relações entre educação e mudança numa perspectiva de justiça social.

Do Sesc SP, a live “Paulo Freire: Pensamento, Experiência e Derivações”, que ocorre no dia 18 de setembro, promove um bate papo sobre memórias e experiências reveladoras e o impacto de Paulo Freire em práticas educacionais e vivências cotidianas. O Sesc TV também exibe, a partir do dia 19 de setembro, a série documental “Paulo Freire, Um Homem do Mundo”.

Educadores e interessados na área podem assistir gratuitamente a vídeos sobre Paulo Freire. Disponíveis no site Domínio Público, os vídeos contam com versão com tradução para Libras.

Paulo Freire

A vida e a obra de Paulo Reglus Neves Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país – Recife, Pernambuco, em 1921 – ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.

Paulo Freire é considerado um dos mais importantes pensadores da história da pedagogia.

A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e “métodos”, os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.

De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro, Paulo Freire, é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.

A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.

A obra de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição.

O teórico da educação, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com ao menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da Unesco.

Paulo Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, em São Paulo.


Fonte: Catraca Livre.  - Desenho MST

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 15 de junho de 2021

Paulo Freire: como o legado do educador brasileiro é visto no exterior



Painelcvsobre Paulo Freire no CEFORTEPE - Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Educacional Prof. "Milton de Almeida Santos", em Campinas (SP)

CRÉDITO,LUIZ CARLOS CAPPELLANO/DOMINIO PUBLICO

Legenda da foto,

Paulo Freire está entre os pensadores mais citados do mundo

Tratada pelo governo Bolsonaro como bode expiatório da má qualidade do ensino público brasileiro, a obra do educador Paulo Freire (1921-1997) pode ser controversa. Mas o trabalho do pedagogo e filósofo, nomeado em 2012 patrono da educação brasileira e autor de um método de alfabetização que completou 50 anos em 2013, não deixa de ser bastante relevante nas discussões mundiais sobre pedagogia.

Freire é estudado em universidades americanas, homenageado com escultura na Suécia, nome de centro de estudos na Finlândia e inspiração para cientistas em Kosovo. De acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, na Inglaterra, o livro fundamental da obra do educador, 'Pedagogia do Oprimido', escrito em 1968, é o terceiro mais citado em trabalhos acadêmicos na área de humanidades em todo o mundo.

Para especialistas em educação ouvidos pela BBC News Brasil, entretanto, a raiz da controvérsia em torno da pedagogia de Paulo Freire não é sua aplicação em si - mas o uso político-partidário que foi feito dela, historicamente e, mais do que nunca, nos dias atuais. "Li a maior parte dos livros dele. Minha tese de doutorado foi amplamente baseada em seus ensinamentos. Tenho aplicado seu método de várias maneiras em minha carreira profissional, na prática e na pesquisa", afirmou a pedagoga Eeva Anttila, professora da Universidade de Artes de Helsinque, na Finlândia.

"A maior vantagem de sua metodologia é a abordagem anti-opressiva e não autoritária, a pedagogia dialógica e respeitosa que ele promoveu. O problema é que suas ideias têm sido usadas para fins políticos - o que, em meu entendimento, nunca foi seu propósito inicial", disse a finlandesa.

Freire tornou-se conhecido a partir do início dos anos 1960. Ele desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado nos contextos e saberes de cada comunidade, respeitando as experiências de vida próprias do indivíduo. Aplicou o modelo pela primeira vez em um grupo de 300 trabalhadores de canaviais em Angicos, no Rio Grande do Norte. De acordo com os registros da época, a alfabetização ocorreu em tempo recorde: 45 dias.

Homenagens pelo mundo

Referência mundial em qualidade do ensino, a Finlândia conta, desde 2007, com um espaço dedicado a discutir a obra do educador brasileiro. O Centro Paulo Freire Finlândia fica na cidade de Tampere. "É um hub para os interessados em Paulo Freire e em seu legado para tornar o mundo mais igualitário e justo", de acordo com a definição da própria instituição. Eles publicaram, online, três livros com artigos - em finlandês - analisando a obra do brasileiro. O material teve 17 mil downloads.

Mural de Paulo Freire na Faculdade de Educação e Humanidades da Universidade do Bío-Bío, no Chile

CRÉDITO,NEFANDISIMO /CC BY-SA 4.0

Legenda da foto,

Um mural retratando o pedagogo pernambucano na Universidade do Bío-Bío, no Chile

Há centros de estudos semelhantes, todos batizados com o nome do brasileiro, na África do Sul, na Áustria, na Alemanha, na Holanda, em Portugal, na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Canadá. Na Suécia, Freire é lembrado em um monumento público. Localizada no subúrbio de Estocolmo, 'Depois do Banho' é uma obra em pedra-sabão esculpida entre 1971 e 1976 pela artista Pye Engström. Sentadas lado a lado, estão retratadas sete personalidades com apelo político, como o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), a escritora sueca Sara Lidman (1923-2004) e a sexóloga norueguesa Elise Ottesen-Jensen (1886-1973).

Mas a obra do educador brasileiro está longe de ser unanimidade entre os países que costumam liderar o ranking Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Em Cingapura, que apareceu na primeira colocação na edição 2016 da avaliação trienal realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com escolas conhecidas por adotar um método linha-dura, a BBC News Brasil procurou a mais importante instituição de ensino superior do país para saber se algum pesquisador comentaria a obra do brasileiro Paulo Freire.

Professor destacado pela assessoria de comunicação da Universidade Nacional de Cingapura para atender à reportagem, Kelvin Seah disse que "não era a melhor pessoa para comentar sobre Paulo Freire". "Eu não sou familiarizado com seu método", afirmou.

Retrato de Paulo Freire

CRÉDITO,INSTITUTO PAULO FREIRE

Convidado a comentar sobre qual seria o método mais adequado ao contexto brasileiro, o especialista recomendou que os gestores analisassem caso a caso. "O método mais apropriado para os alunos em uma escola depende do perfil dos alunos da escola, do treinamento prévio recebido pelos professores, bem como dos recursos de instrução e financeiros disponíveis para a escola."

Pedagogia do diálogo nos Estados Unidos

Em artigo acadêmico analisando o legado de Paulo Freire pelo mundo, o professor de filosofia da educação da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Ronald David Glass aponta que o mérito de Paulo Freire está no método que valoriza a "consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade".

"Paulo Freire viveu sua vida no espaço desta consciência; é por isso que inspirou e energizou pessoas no mundo inteiro, e é por isso que seu legado se prolongará muito além de qualquer horizonte que possamos enxergar agora", escreveu o professor. "Freire sempre estava buscando se tornar mais humano, tornar possível que outros fossem mais humanos e, se acolhermos esta busca com tanto amor e determinação quanto ele, então uma maior medida de justiça e democracia estará ao alcance."

Professor da Faculdade de Educação da Universidade Cristã do Texas, Douglas J. Simpson causou certa polêmica no meio acadêmico ao publicar, anos atrás, um artigo intitulado 'É Hora de Engavetar Paulo Freire?'. "Na verdade, não acho que suas ideias devam ser arquivadas", esclareceu ele à BBC News Brasil. "Meu texto foi pensado para atrair a atenção daqueles que acham que sempre estamos recorrendo a Freire. Pessoalmente, acho importante descobrir de novo ou pela primeira vez por que precisamos combinar uma forte paixão reflexiva 'freireana', de respeito e amor, a pessoas carentes de justiça pessoal."

Retrato de Paulo Freire

CRÉDITO,INSTITUTO PAULO FREIRE

Simpson afirma que a pedagogia baseada no diálogo é fundamental "para que a educação e a democracia prosperem, ou pelo menos sobrevivam". Ele culpa justamente a falta de diálogo pelo fato de as sociedades - e as escolas - estarem fortemente polarizadas politicamente. "Não temos sido efetivamente ensinados a praticar o diálogo nas escolas, muito menos nos governos." Para o professor, Paulo Freire ensinou, acima de tudo, que precisamos aprender "a ouvir, a entender e a respeitar uns aos outros" e a "trabalhar juntos nos problemas".

Considerando o contexto brasileiro, Simpson acredita que não deveria haver uma padronização - ou seja, que as escolas não deveriam seguir todas o mesmo método pedagógico. "As escolas precisam de culturas e responsabilidades que se baseiem em uma ética profissional, políticas e práticas meritórias", disse. Para ele, os métodos são necessários, "mas devem ser vistos como revisáveis, porque as escolas, sociedades, trabalhos e aprendizados são dinâmicos". "A padronização nas escolas muitas vezes leva a uma inércia indevida, de mesmice, de regulamentação estéril", complementou.

Nos anos 1970, o pedagogo John L. Elias, então professor da Universidade de Nova Jersey, escreveu muito a respeito de Paulo Freire. O educador brasileiro foi tema de sua tese de doutorado. Em texto de 1975, Elias apontou "sérios problemas no método" do brasileiro.

"A teoria da aprendizagem de Freire está subordinada a propósitos políticos e sociais. Tal teoria se abre para acusações de doutrinação e manipulação", afirmou ele. "A teoria de Freire da aprendizagem é doutrinária e manipuladora?", provocou.

A escultura "after Bath", em Estocolmo

CRÉDITO,BERGNT OBERGER/ CC BY-SA 3.0/ PAULO FREIRE FINLAND

Legenda da foto,

Paulo Freire é a segunda figura, da esq. para a dir., nesta escultura de 1976 de Nye Engström. A obra fica em Estocolmo, na Suécia

Elias apontou que o educador brasileiro via "os sistemas educacionais do Terceiro Mundo como o principal meio que as elites opressoras usam para dominar as massas". "Conhecimento e aprendizado são políticos para Freire, porque eles são o poder para aqueles que os geram, como são para aqueles que os usam", argumentou.

Professora de Educação Internacional e Comparada na Faculdade dos Professores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, Regina Cortina já abordou a metodologia de Paulo Freire em diversos estudos sobre educação na América Latina, mas disse à BBC News Brasil que não se sentia "confortável" em comentar o tema no momento "por causa das mudanças administrativas no Brasil". Cortina afirmou, por meio da assessoria de imprensa da universidade, que não é possível vislumbrar com clareza "como as coisas vão seguir nas escolas brasileiras".

REPRODUÇAO DA CAPA DO LIVRO PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, DA EDITORA PAZ E TERRA

CRÉDITO,EDITORA PAZ E TERRA/ REPRODUCAO

Legenda da foto,

Principal obra de Freire, "Pedagogia do Oprimido" foi escrito em 1968, mas só foi publicado no Brasil anos depois, em 1974

Quais as ideias de Freire?

Para Freire, o ensino ocorre a partir do diálogo entre professor e aluno, desenvolvendo assim capacidade crítica e preparando os estudantes para sua emancipação social. No jargão do meio, o método Freire é o oposto ao conceito "bancário" de educação - aquele no qual o professor "deposita" o conhecimento nas mentes dos alunos. Para Freire, a educação é construída em conjunto.

O método Paulo Freire chegou a ser adotado pelo governo de João Goulart (1919-1976) em esforços para alfabetização de adultos. Com a ditadura militar, entretanto, o educador passou a ser perseguido, chegou a ser preso por 70 dias e viveu no exílio na Bolívia e no Chile. Após a publicação da 'Pedagogia do Oprimido', em 1968, Freire foi convidado para ser professor visitante na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Reconhecido desde 2012 como o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire é considerado o brasileiro mais vezes laureado com títulos de doutor honoris causa pelo mundo. No total, ele recebeu homenagens em pelo menos 35 universidades, entre brasileiras e estrangeiras, como a Universidade de Genebra, a Universidade de Bolonha, a Universidade de Estocolmo, a Universidade de Massachusetts, a Universidade de Illinois e a Universidade de Lisboa. Em 1986, Freire recebeu o Prêmio Educação para a Paz, concedido pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura.

Paulo Freire

CRÉDITO,ARQUIVO NACIONAL/ DOMINIO PUBLICO

Legenda da foto,

Paulo Freire em retrato de 1963

Há instituições de ensino que seguem o método Paulo Freire em diversos países. É o caso da Revere High School, escola em Massachusetts que em 2014 foi avaliada como a melhor instituição pública de Ensino Médio nos Estados Unidos. Em Kosovo, um grupo de jovens acadêmicos criou um projeto de ciência cidadã inspirado na pedagogia crítica do brasileiro. Os participantes recebem um kit para monitorar as condições ambientais e, assim, juntos, pressionar o governo por melhorias na área.

"Acredito que seria ótimo que a pedagogia em qualquer escola de qualquer país partisse do pensamento de Freire", comentou a pedagoga finlandesa Anttila. "Especialmente no Brasil, dada a atual situação política e a história do país." Ela diz que um método de ensino, para funcionar bem, precisa levar em conta as situações de vida dos alunos. "Não acredito em pedagogia autoritária. As aulas não precisam ser autoritárias. É preciso diálogo, discussão, negociação, exploração. Construir conhecimento para que haja capacidade de expressar ideias e ouvir os outros. Eis a chave para a democracia. E a educação democrática é a única maneira de salvaguardar uma sociedade democrática", declarou.

  • Edson Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 13 de junho de 2021

Biografia de Paulo Freire. Assista ao vídeo Quem foi Paulo Freire. E seu trabalho como professor



Paulo Freire (1921-1997) 

O mais célebre educador brasileiro, autor da "Pedagogia do Oprimido", defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo

Biografia

Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas idéias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.

 

Tempos de mobilização e conflito

Aula em Angicos, em 1963: 300 pessoas alfabetizadas pelo método Paulo Freire em  um mês. Foto: acervo fotográfico dos arquivos  Paulo Freire do Instituto Paulo Freire

O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas idéias e começou a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Paulo Freire, Educação para a consciência



Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.

Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.

Aprendizado conjunto

Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.

Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas lingüísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.

LEIA MAIS   Existe método Paulo Freire nas escolas?

 

Seres inacabados

O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".

Três etapas rumo à conscientização

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.

Com informação de Nova Escola

Professor Edgar Bom Jardim - PE