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sábado, 7 de julho de 2018

Depois da festa, o acaso ou o desmonte?

Resultado de imagem para multidão

A Copa movimenta. Há paralisações, mesas de bares repletas, concentrações etílicas. Sem dúvida, muitos esquecem que a vida passa e a barra pesa. Os políticos se aproveitam para fazer sua farra. Mas como anular o divertimento? Também, curto. É preciso cuidado e luz acesa. Não desligar a televisão e profetizar sofrimentos. Essa é minha escolha. as polêmicas são muitas. É inegável que os grandeseventos confundem e trazem enganos. As contradições evidenciam que as dores não se acabaram, que a lei da gravidade permanece. Não há sossego.
As multidões se mobilizam. Não é apenas no Brasil. O que muda é o tamanho da manipulação. Não comparemos. Há singularidades culturais.A tradição do futebol não é a mesma. Os peruanos ficaram tristes com a eliminação. E como reagiram os alemães? Se a seleção verde-amarela multiplicará aflições? As notícias se espalham pela mídia com sentidos diversos. Newmar é uma figura exaltada,  mas com frustrações evidentes. As manchetes são globais. Enchem espaços. Distraem. Carregam medidas inexatas e dissonâncias. Choros e risos se entrelaçam  em encontros esquisitos.Tudo se toca nesse  tempo das informações velozes.
Do outro lado, as pesquisas eleitorais assinalam apatias. Há energias estagnadas. Lula continua preso, Alckmim não se recupera, Marina parece um anjo do bem. Sente-se que falta grana para agitar os delírios daquelas propagandas fabulosas. Espera-se um tempo com mistura nada saudáveis. O Brasil se veste de autoritarismos históricos, mostra-se dono de uma pedagogia que mantém preconceitos. A acontecem entusiasmos que não se firmam. Todos tremem assustados com a incerteza. Tudo se balança, com se não houvesse o futuro. Quem aciona a memória? Os atores política jogam com estratégias pragmáticas.
As muitas desigualdades ferem quem se indigna com a exploração. Debate-se. Como torcer com a miséria assumindo ares de violência? Não é fácil. A sociedade está fragilizada, os projetos não se consolidam. Há golpes cotidianos. Em 1970, as discussões aconteciam, a tortura intimidava, Brasil ganhou a Copa, com um futebol maravilhoso. Estava lá. O governo não se omitiu, quis construir sua vitrine para se superar. Mais tarde, a rebeldia cresceu. A ditadura se quebrou. Hoje, os privilegiados fingem, transformam-se em cidadãos democratas. A história continua.  Quem se parte? O trapézio da história  é curvo e escorrega. A astúcia de Ulisses.
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Copa:Prefeito de Bruxelas cria polêmica ao postar imagem de estátua belga famosa urinando em Neymar



Tuíte de Philippe CloseDireito de imagemREPRODUÇÃO TWITTER
Image captionPiada após jogo rendeu críticas a prefeito da capital belga

"Sem mais."
Para comemorar a vitória por 2 a 1 da Bélgica contra o Brasil na Copa do Mundo, o prefeito de Bruxelas, Philippe Close, resolveu publicar esta frase junto a uma montagem que mostra uma estátua urinando sobre uma foto de Neymar caído no chão e chorando.
A imagem controversa foi publicada no Twitter pelo prefeito na noite da vitória e já havia sido compartilhada mais de mil vezes até o fechamento desta reportagem.
A estátua que aparece na montagem fica em Geraardbergen, cidade belga de pouco mais de mil habitantes.
Mas a principal escultura a retratar um menino urinando no país está na capital, comandada por Close.

Reações

A publicação rendeu piadas, mas também gerou uma onda de critícas vindas de brasileiros e dos próprios belgas.
"Não havia outras maneiras melhores de comemorar do que compartilhar insultos ao oponente?! É uma vergonha para o prefeito da capital", escreveu um belga.
"Que maneira triste de festejar", disse outro, em francês.
A provocação do prefeito da capital também difere da cordialidade vista entre vitoriosos e derrotados após a partida desta sexta-feira em Kazan, na Rússia.
Nas ruas do centro histórico da cidade, brasileiros e belgas dividiram os mesmos restaurantes e bares e posaram juntos para fotos.
"Pelo menos o belga está me pagando cerveja para eu me sentir melhor", brincou um brasileiro enrolado na bandeira adversária já no início da madrugada.
A publicitária brasileira Mariana Alencar, que vive há cinco anos em Bruxelas, disse à reportagem que lamenta a derrota como torcedora da seleção, mas também entende a sua importância para os belgas.
"Claro que eu queria ganhar e vou sofrer no trabalho e com outros amigos na segunda-feira", afirmou a brasileira. "Estou brava, óbvio, mas entendo a importância disso para eles."
"A Bélgica não é um país unido, é dividido, e até o governo é superfragmentado por conta das diferenças linguísticas. Há um movimento separatista forte e a Seleção faz o país esquecer um pouco disso", avalia.

Estátua do Manneken Pis em BruxelasDireito de imagemREUTERS
Image captionEstátua foi vestida com uniforme da seleção belga no início da semana passada, antes de o país enfrentar o Brasil nas quartas-de-final

Ela explica: "É uma seleção diversa, com jogadores de Flanders (região do norte onde se fala holandês) e Wallonia (região do sul onde se fala francês), de Bruxelas (oficialmente bilíngue) e também filhos de imigrantes".
"Fora o separatismo, existe bastante racismo com muçulmanos e filhos de congoleses, como Lukaku, que já deu entrevistas sobre isso."
Foi o artilheiro belga quem deu o passe para De Bruyne marcar o segundo gol do país contra o Brasil, que reagiu no segundo tempo, mas não conseguiu reverter o placar.
"Nós já temos cinco estrelas, eles não têm nenhuma", conclui a brasileira que vive em Bruxelas.

Garotinho urinando

A célebre "Manneken Pis" - algo como "menininho urina" - tem pouco mais de 60 centímetros e há gerações é, junto ao chocolate e à cerveja, um dos maiores símbolos de Bruxelas.
Principal ponto turístico da cidade, a estátua foi colocada no centro histórico há mais de quatro séculos, mas, de tanto ser vandalizada e alvo de roubos e reproduções, foi substituída por uma réplica nos anos 1960.
Há reproduções dela inclusive no Brasil. Uma das mais conhecidas está no Rio de Janeiro, em frente à sede do clube Botafogo, no bairro homônimo.
Quando o time vence um campeonato, um dos primeiros gestos dos torcedores é vestir o menino com uma camisa alvinegra.
As explicações sobre o significado da escultura, no entanto, são conflitantes.
Para alguns, trata-se da representação de uma criança nobre urinando sobre inimigos da família. Mas a principal lenda local sugere que o pequeno conseguira apagar os pavis de uma pilha de explosivos que detonariam a cidade ao fazer o gesto imortalizado em bronze.
Séculos depois, na arena de Kazan, na Rússia, o time belga, que nunca ganhou uma Copa do Mundo, conseguiu apagar a faísca que movia a seleção brasileira, tida como uma das principais favoritas, em sua busca pelo hexacampeonato.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Abacaxi raro é atração entre os feirantes de Bom Jardim

ABACAXI RARO
Nado do abacaxi, especialista em vender o delicioso fruto rico em  minerais, vitamina C, potássio e manganês. A novidade da feira de hoje é este fruto com aparência especial, bem peculiar.  A foto deixa bem clara a diferença. "Este fruto é raro, é uma anormalidade da natureza, no entanto, tem o mesmo sabor," garante Nado.

Bom Jardim já liderou no passado, a produção de abacaxi do agreste de Pernambuco, na década de 1930/ 1940, depois declinou. Nós anos 1980/ 1990, tivemos um outro levante na produção e  novamente declinou por causa de pragas, secas, a falta de apoio técnico e financiamento  para o cultivo. Outros  agricultores ficaram endividados com as perdas da lavoura, aumento de dividas por conta dos juros bancários elevados.

Visite a  feira livre de Bom Jardim. Venha comprar o melhor abacaxi da região na banca de Nado. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 5 de julho de 2018

COPA:Exames médicos são cancelados em dias de jogos: 'Ouvi os funcionários do laboratório torcendo'


Cartaz em posto de Pinheiros, em SP, anuncia fechamento de unidade três horas antes do jogo Brasil e Bélgica pela Copa da Rússia
Image captionPosto de saúde em São Paulo vai seguir decreto de governador: fechará três horas antes do jogo Brasil e Bélgica
A bióloga Cristiane Pestana agendou a realização de três exames de ultrassom para a manhã do dia 22 de junho. Seguiu a orientação do laboratório e chegou com 30 minutos de antecedência a uma unidade no Meier, zona norte do Rio de Janeiro. Porém, deu de cara com a porta trancada. Nenhum sinal de que, àquela hora, alguém estava sendo atendido.
Do lado de fora, ela conseguia ouvir os funcionários do laboratório particular Sérgio Franco gritando com os lances da Seleção Brasileira, que enfrentava um jogo duríssimo contra a Costa Rica na Copa do Mundo da Rússia.
A partida terminou em 2 a 0 para o Brasil, e Pestana ficou sem seus exames. "Ninguém me avisou que ele seria cancelado por causa do jogo", conta Pestana à BBC News Brasil.
A bióloga não foi a única a enfrentar esse tipo de situação. Nas redes sociais e em sites de reclamações, como o Reclame Aqui, são inúmeras as pessoas que relataram remarcações e cancelamentos de exames e consultas por causa dos jogos da seleção de Neymar e Tite.
Pestana conta que não recebeu nenhuma informação do laboratório sobre novas datas para seus exames. "Liguei na central de atendimento e eles disseram que só haveria vaga para meados de julho", conta.
O laboratório não respondeu aos contatos da BBC News Brasil sobre o caso da bióloga.
"Sei que a Copa é um evento especial, de quatro em quatro anos, eu até gosto. Mas acho um absurdo você parar o sistema de saúde por causa dos jogos", diz Pestana, de 35 anos.
Cristiane Pestana foi até o laboratório, mas jogo do Brasil na Copa impediu o procedimentoDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionA biológa Cristiane Pestana conseguiu ouvir funcionários de laboratório assistindo ao jogo do Brasil
Situação parecida ocorreu com a secretária acadêmica Meire Palma, de 52 anos. Ela havia marcado um exame de raios-x para sua tia, Cina Posi, de 82 anos, para as 15h do último dia 27. No mesmo horário, o Brasil entraria em campo contra a Sérvia pela última partida da primeira fase do Mundial.
"Por volta das 10h, o laboratório me mandou uma mensagem de celular, dizendo que o exame da minha tia seria remarcado. Não deram nenhuma justificativa", conta Palma.
O exame foi pedido por um médico que pretende operar Posi para tratar uma hérnia. A cirurgia, no entanto, vai atrasar em virtude da remarcação do exame.
O laboratório Centro de Diagnósticos Brasil (CDB) ligou para remarcar o procedimento, mas só havia vagas para o fim de julho. "Me senti perdida, é a saúde de uma pessoa idosa que está em jogo. A gente paga um convênio que não é barato e eles desmarcam um exame por causa de uma partida de futebol", diz Palma.
Em mensagem à família, o laboratório CDB afirmou que "lamenta" o ocorrido e estava trabalhando para solucionar o problema.

Rede pública

Tite e Neymar em jogo do Brasil contra o México, pelas quarta de final da Copa da RússiaDireito de imagemEMMANUEL DUNAND / AFP
Image captionJogo do Brasil contra o México fez laboratório adiar exame de raios-x da aposentada Cina Posi, de 82 anos
Mas não é só na rede particular que remarcações e cancelamentos estão ocorrendo. O autônomo Sérgio Santa Rosa, de 60 anos, passou pelo problema em um posto do Sistema Único de Saúde (SUS), em Saquarema (RJ).
Ele tinha uma ultrassonografia agendada para as 8h da última segunda-feira, duas horas antes do jogo entre Brasil e México. Na partida, Neymar e Firmino marcaram gols para o Brasil, mas, em Saquarema, Santa Rosa ficou sem exame.
"Um dia antes, um funcionário me ligou e disse que o posto de saúde estaria fechado por causa do jogo", conta ele. A secretaria de Comunicação da Prefeitura de Saquarema não atendeu às ligações da reportagem.
Resultado: o autônomo terá de esperar até o próximo dia 16 para fazer o exame. "É muito desagradável. Vou precisar esperar mais duas semanas para descobrir o que tenho", diz. O autônomo diz estar sofrendo de fortes dores abdominais. "Estou me automedicando enquanto não consigo fazer o exame."
Jogos do Brasil também alteraram o atendimento da saúde pública em São Paulo.
Na manhã desta quinta, um cartaz no portão avisava que um posto estadual em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, só vai funcionar até o meio-dia nessa sexta-feira, data da partida entre Brasil e Bélgica, marcada para três horas depois, às 15h.
Um segurança da unidade ainda avisou à reportagem: "Se o Brasil passar para a semifinal, vai ser a mesma coisa na terça."
Neymar em jogo da Copa da Rússia, em 2018Direito de imagemFABRICE COFFRINI/AFP
Image captionBrasil enfrenta a Bélgica pelas quartas de final da Copa da Rússia
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, os hospitais vão funcionar normalmente, mas centros ambulatoriais podem ter alterações de horário. A pasta diz que pacientes com exames ou consultas marcados para a hora do jogo já foram avisados de novas datas.
O funcionamento do sistema de saúde segue o decreto assinado pelo governador do Estado, Márcio França (PSB). Em caso de jogos à tarde, repartições públicas só funcionam até as 12h. Quando os jogos ocorreram pela manhã, elas abriram às 15h.
O mesmo vai ocorrer na rede municipal: hospitais abrem normalmente, mas postos de saúde ficarão fechados durante a partida. A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) afirma que também avisou pacientes e remarcou procedimentos agendados para o horário do jogo.

Cabe processo?

Para José Cláudio Ribeiro Oliveira, presidente da comissão de estudos de planos de saúde da OAB-SP, pacientes da rede privada de saúde podem processar laboratórios privados que se recusaram a fazer exames por causa de jogos da seleção.
"Se o paciente conseguir provar que isso ocorreu, ele tem boas chances de vencer na Justiça", explica o advogado à BBC News Brasil. "É normal que a iniciativa privada dispense funcionários por causa da Copa, mas não é recomendável que serviços de saúde façam isso."
Para a professora Ana Maria Malik, coordenadora da área de gestão de saúde da Fundação Getúlio Vargas, as paralisações durante os jogos da Copa não precisam ser considerados um problema, necessariamente. "É melhor que os atendimentos ocorram com a atenção completa do funcionário, não pela metade", explica.
"E o trabalhador tem direito aos seus momentos de diversão, tanto na rede pública quanto na particular. É claro que a saúde é um tema mais complexo, pois gera mais expectativa nas pessoas", diz Malik. Ela acrescenta, ainda, ter ouviro relatos de pacientes que também pediram para remarcar exames para poderem assistir aos jogos do Brasil.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Mano de Baé está pronto para te receber na Fenearte 2018

Começou a 19ª Fenearte

Feira Nacional de Negócios do Artesanato 
Considerada a maior feira de artesanato da América Latina, a 19ª edição da  Fenearte  será realizada de 04 a 15 de julho de 2018 no Centro de Convenções de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Eleita a dona da Tapioca nº 1 de Olinda, Maria José é espécie de 'patrimônio não tombado' da Cidade Alta


Foto: Nando Chiappetta/DP
Foto: Nando Chiappetta/DP
Ali na Sé de Olinda, tem um freguês que nem precisa falar a tapioca que quer. Basta chegar e fazer um trejeito diferente na boca. Dona Zeinha, tapioqueira que ganhou fama muito antes de virar garota propaganda de telefônica em 2010 e estampar outdoors por aí, entende logo o código do cidadão. “Ele diz que gosta daquela que queima a boca”. Feita: saindo uma tapioca estilo cartola, com banana, queijo e canela. Mais pernambucana, impossível. Estrangeiro que não fala em português, pega na barraca dela o cardápio com 60 sabores e aponta para o sabor dos desejos. Vai no palpite. Antes, era só coco. Mas o polo gastronômico da Sé pluralizou-se. Dona Zeinha atende turistas e nativos com um sorriso que cobre os coqueiros de Olinda e um tantinho do mar do Recife. “E quem volta, torna”, repete ela.
Nascida com o nome de Maria José Moreno da Silva, dona Zeinha é tão querida na cidade e entre aqueles que a visitam que ganhou no final de 2017 o primeiríssimo lugar e troféu de melhor tapioca da cidade, mesmo sem nunca ter se candidatado. Conquistou a honraria, concedida pela Prefeitura e parceiros, após votação popular. “Foi pela internet, minha filha!”, explicou ela, que não usa Google nem redes de relacionamentos. “Quando eu soube foi porque essa menina ali me disse: ‘Zeinha, você foi primeiro lugar’. Eu nem sabia o que era mas fiquei muito feliz”, contou esta semana a tapioqueira. 
“Graças a Deus, sou muito querida aqui. Todo mundo chega e pergunta qual é o segredo de minha tapioca. Tem não. Eu mesma compro a massa, os recheios e todo dia chego aqui às 15h e saio perto da meia noite”. Ok, admite: “O carvão pode ser uma coisa que dá um sabor diferente daquela tapioca feita em casa”.
Então, como se ganha um concurso sem se lançar candidata? “Ah, acho que é porque sei lidar com o público. Creio que seja o tratamento que eu dou para as pessoas. Busco ficar sempre alegre. Não adianta estar com maior raiva e se vingar em ninguém. Problema de casa deve ficar em casa”, explica, como numa aula de bom atendimento. À venda de tapioca, Zeinha se dedica desde 1972. 
Toda a história de vida dela é misturada à da tapioca que faz para vender. “Eu tenho carro, casa, tudinho. Criei meu filho com dinheiro da tapioca e ele foi até para o Canadá morar lá”, conta, falando do filho único, o mestre de capoeira, Mário Sérgio, o Azeitona. 
Começou atendendo ao convite de um amigo, que tinha o ponto comercial, e lhe convidou para trabalhar durante a semana. Um dia, convocou: “Você vai ficar no meu lugar”. Já se foram 46 anos de Sé, ao lado de tapioqueiras por quem tem sentimento de família. “Mudou foi tudo”, diz ela. “Para começar antes era só tapioca de queijo. Agora tem charque, calabresa, goiabada, frango e até Nutella”. E, quando a quantidade de sabores não é suficiente, ela ainda deixa margens para invenções. “Tem gente que quer fazer na hora e eu sigo a receita”.
Trinta e cinco anos depois da chegada dela na Sé, em 2010, apareceu um produtor convidando-a para ir a São Paulo gravar um comercial e fazer umas fotos. “Era tanta da dificuldade pra ver se eu aceitaria. Me perguntaram se eu pintaria meu cabelo de qualquer cor, se poderia participar da campanha até no Carnaval e tudo. Eu topei”. Assim, Zeinha embarcou com barraquinha e repetiu para as câmeras a frase “Moro na rua, mas falo de qualquer lugar”. 
Residente da Rua do Amparo, referência para qualquer carnavalesco que se preze, dona Zeinha diz que ama a cidade. “Gosto de tudo. Só não brinco mais por causa da idade, mas gosto de tudo”. Tira folga quando quer. Quando se dá o luxo, viaja com sobrinhas ou amigas em excursões para estados nordestinos, como Rio Grande do Norte e a Bahia. Mas assegura que o maior prazer da vida dela é trabalhar. 
“Dizem que eu poderia estar aposentada porque tenho pensão. Mas eu já decidi. Só vou parar quando morrer, porque a convivência daqui, com o pessoal que compra tapioca e com o pessoal da Sé, é a melhor coisa que eu poderia ter”.
Não é de reclamar, mas, diante da insistência sobre sua avaliação de como anda o público diante da crise econômica recente, dona Zeinha, a tapioqueira premiada, desabafa: “Eu só queria que as pessoas acabassem com essa história de que a Sé de Olinda é perigosa. Não é. Tem gente que passa muito tempo sem vir aqui matar a saudade. Pois venham porque tem muita coisa para se ver por aqui”.
Zeinha é espécie de atração da cidade. Quase um patrimônio vivo imaterial de Olinda não tombado.
De: Diario de pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Descoberta supercola feita com bagaço de cana em centro de pesquisa brasileiro

Cola sustentável colocada em recipienteDireito de imagemFELIPE SOUZA/BBC NEWS BRASIL
Image captionCola inventada por duas pesquisadoras é feita com látex, bagaço de cana e lignina
"Gente, está muito difícil tirar essa fórmula dos equipamentos. Eu tento lavar, mas fica tudo grudado nas hélices". Foi assim que Naima Orra, na época estagiária do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, identificou uma textura pegajosa, que se tornou depois de um mês de pesquisa uma cola atóxica feita a partir de bagaço de cana-de-açúcar e materiais descartados por empresas de celulose.
Depois de ouvir o relato de Orra, a pesquisadora do Laboratório Nacional de Nanotecnologia Rubia Figueiredo Gouveia decidiu orientar a estagiária em uma pesquisa específica para aprimorar o estudo e criar uma nova cola. Um mês depois, as duas chegaram à fórmula final, patenteada no Brasil este ano. A cola sustentável brasileira poderá ser registrada no exterior em 2019 sob a autoria das duas pesquisadoras - Naima Orra, hoje, faz mestrado na França.
Caso a patente seja comercializada, metade do dinheiro arrecadado será destinado ao fundo de inovação da organização social CNPEM; os outros 50%, divididos entre as inventoras.
Além de ter a mesma eficiência de outras colas já comercializadas atualmente, a nova fórmula é feita a partir da simples mistura de três ingredientes: látex, nanocelulose e lignina.
Rubia Figueiredo GouveiaDireito de imagemDIVULGAÇÃO CNPEM/GUSTAVO MORENO
Image caption'Reaproveitar o que seria descartado é sustentável e ainda deve baratear a produção', diz pesquisadora Rubia Gouveia
"Uma das vantagens é que esses dois últimos elementos são muitas vezes descartados em larga escala por indústrias de papel e refinarias de cana-de-açúcar. Reaproveitar o que seria descartado é sustentável e ainda deve baratear a produção", afirmou Rubia Gouveia em entrevista à BBC News Brasil.
A pesquisadora afirma que a cola pode beneficiar uma cadeia de indústrias que usam o produto, como a automobilística, de móveis, construção civil e brinquedos. Dos três materiais usados em sua produção, o látex deve ser o único que ainda continuaria sendo extraído árvores, principalmente de seringueiras.
Já a nanocelulose é obtida em larga escala hoje no Brasil a partir de árvores de eucalipto. Para a produção da nova cola, porém, a substância foi extraída do bagaço de cana.
A lignina é obtida a partir de um líquido chamado de "licor negro", comumente descartado em indústrias de papel, exceto as mais modernas, que costumam usar a substância para a produção de energia. Para isso, é necessário cozinhar a substância com soda em alta temperatura e pressão.

Produção em larga escala

Fabiano Rosso, gerente de pesquisa do Projeto Lignina da Suzano Papel e Celulose, a maior produtora de papéis de imprimir e escrever da América Latina, disse que uma fração de 3% da lignina produzida pela fábrica da empresa em Limeira, no interior de São Paulo, deve ser separada a partir deste semestre, purificada, modificada, transformada em uma resina e vendida para fábricas de madeira e MDF.
O número equivale a cerca de 20 mil toneladas. O restante continuará sendo queimado, como hoje, para virar vapor, alimentar uma turbina e produzir energia, que abastece a indústria e ainda gera um excedente que é vendido. Caso as experiências demonstrem a viabilidade da supercola, boa parte da substância produzida pela Suzano Papel e Celulose poderia ser utilizada para este fim.
Campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e MateriaisDireito de imagemDIVULGAÇÃO CNPEM/RENAN PICORETI
Image captionImagem aérea do campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas
A notícia de que uma cola pode ser produzida a partir de lignina animou Rosso. Para ele, o ideal seria diminuir a destinação do material à produção de energia e usá-lo para fabricar de materiais com valor agregado.
"Eu não conheço essa pesquisa, mas vou procurar saber e entender sua aplicação e o que os pesquisadores estão fazendo. Eu tenho interesse não só pela aplicação, mas também pela fabricação desse produto final. Eu vejo esse como um caminho bastante viável para produzir em larga escala", afirmou Rosso.
Fábrica da Suzano Report em LimeiraDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionFábrica da Suzano Papel e Celulose produz 20 mil toneladas por ano de um dos principais produtos usados na fabricação da cola sustentável

Formaldeído

Além de vantagens econômicas e ecológicas, a cola sustentável não usa solventes químicos derivados do petróleo como a maior parte das colas usadas hoje industrialmente. O mais conhecido e prejudicial é o formaldeído, classificado como cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1984 e que está presente na maior parte das colas industriais, inclusive as usadas por sapateiros e vidraceiros. O odor da substância pode causar náuseas, dores de cabeça e, em casos mais graves, até mesmo alucinações e confusão mental. A cola sustentável, por sua vez, é atóxica.
O uso do formaldeído foi proibido nas indústrias dos Estados Unidos e do Canadá, as únicas que, ao lado da Suécia, também produzem lignina em larga escala.
Mas, de acordo com a pesquisadora Rubia Gouveia, a cola sustentável não tem como foco apenas uso industrial, mas também comercial, doméstico e escolar.
Teste feito com cola sustentávelDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionTeste feito com madeira mostra que pedaço colado não se rompeu ao ser forçado
"É possível fazer modificações para adequar seu uso em diferentes situações. Desta forma, a cola poderia ser usada desde indústrias automobilísticas, móveis, de tecidos a até mesmo em escolas e escritórios", afirma Gouveia.
A cola demonstrou sua potência adesiva em testes de tração feitos em laboratório. Além de colar papéis e madeiras, a cola também mostrou um alto poder de aderência em testes feitos com alumínio.
O próximo passo das pesquisadoras é fazer adaptações na fórmula e testar a cola em altas e baixas temperaturas. Também será feita uma adaptação para que ela possa colar vidros e beneficiar mais setores industriais.

Professor Edgar Bom Jardim - PE