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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Comunidades de Lagoa de Negro e Umari tristes com a morte do jovem William Santos


O jovem William Santos, 18 anos de idade não resistiu aos ferimentos sofridos na colisão entre duas motocicletas,  no último final de semana, na PE - 90, próximo do povoado de Umari. O sepultamento deverá acontecer nesta quarta-feira, 17/01//2018 em Umari.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Caos:Diagnosticado com sinusite, infecção urinária e enxaqueca, vítima de febre amarela morre e mulher questiona falta de informação

Anderson, a mulher Maria e seus dois filhos
Image captionTécnico em refrigeração que morreu com febre amarela dizia que doença só afetaria macacos | Foto: Arquivo pessoal
Na véspera do último Natal, o técnico em refrigeração Anderson Lopes Oliveira dos Santos, de 31 anos, se lembrou que não tinha tomado a vacina contra a febre amarela ao passar em frente a um posto de saúde fechado. Diante da preocupação e constante insistência de sua mulher, a atendente Maria Dolores Faria Moraes, de 26 anos, ele buscou tranquilizá-la.
"Isso aí não pega, não. Se fosse tão sério assim, tava matando gente. Mas só aparece macaco morto. Só mata macaco, Maria", disse Santos, segundo as lembranças de sua mulher. A doença o matou apenas 15 dias mais tarde.
O técnico em refrigeração morava em Mairiporã, cidade que registrou 20% dos 40 casos de febre amarela silvestre do Estado de São Paulo - 21 dos infectados morreram. Tanto Maria quanto os dois filhos do casal, Beatriz, de 8 anos, e Gabriel, de 6, já estavam imunizados. Só faltava Santos - que deixara a vacina para janeiro.
A família organizou uma festa de Ano-novo em casa, mas já no primeiro dia do ano, Santos se sentiu mal. Dores de cabeça, no corpo e febre o levaram ao Hospital Municipal Nossa Senhora do Desterro, no centro de Mairiporã. Em uma consulta rápida, foi diagnosticado com sinusite.
Anderson Santos
Image captionAnderson Santos morreu quatro dias após ser internado em hospital na Grande São Paulo | Foto: Arquivo pessoal
Segundo sua mulher, Santos discordou do médico. "Meu nariz não está escorrendo e eu não estou espirrando. Acho que o médico é louco", teria dito. Voltou para casa com uma receita de antiinflamatório e descongestionante nasal.
Nos dias 2 e 3, Santos voltou ao mesmo hospital. Ele piorara: as dores estavam mais fortes e agora se concentravam nas articulações e o técnico passara a ter vômitos e incômodo para urinar. Santos também apresentava visão turva, além da sensação de ter areia nos olhos. O novo diagnóstico foi de infecção urinária.
"Bateu um desespero. A dor nos ossos dos dedos dele era tão insuportável que não podia nem encostar. Como aquilo poderia ser só infecção urinária?", contou a mulher de Santos em entrevista exclusiva à BBC Brasil. Ainda assim, Santos foi mandado para casa.
No dia 4, ele deu entrada mais uma vez no hospital e, dessa vez, ouviu que sofria de enxaqueca. Apenas na madrugada do dia 5, com sintomas avançados, os médicos o diagnosticaram com febre amarela e, horas mais tarde, o transferiram para um hospital estadual no município vizinho, Franco da Rocha, onde ele foi internado.
Anderson Santos durante atendimento
Image captionPaciente com febre amarela chegou a ser diagnosticado com sinusite, hepatite, infecção urinária e dengue | Foto: Arquivo pessoal
A partir daí, a doença se agravou rapidamente. Santos teve rins e fígado comprometidos. Passou a fazer hemodiálise e a ter problemas no sistema neurológico. Não sabia mais onde estava, apresentava pensamento confuso e não mexia mais os olhos. Respondia às perguntas apenas por meio de movimentos com o braço.
No terceiro dia de internação, um exame de sangue confirmou que o paciente estava com febre amarela. Já era tarde demais. Santos passou a ter hemorragia pelos ouvidos, boca e nariz. Entrou em coma na noite do dia 8 e morreu às 9h15 do dia 9.
Nesta terça-feira, sete dias depois da morte, a mulher de Santos conversava com a reportagem da BBC Brasil na oficina do marido, onde trabalhava como atendente. Ela está esvaziando o local porque o único funcionário era Santos.
"Essa oficina era o sonho dele, mas eu não tenho condições de continuar sozinha. Eu vou fechar e pedir ajuda para conseguir um serviço".
Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de Mairiporã afirmou que não fornece informações sobre diagnósticos ou condições de saúde de pacientes que tenham passado por alguma de suas unidades de saúde.
Já a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que Santos só chegou à rede do Estado com o diagnóstico de febre amarela e foi encaminhado imediatamente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Campanha pró-vacinação

A morte do técnico em refrigeração abalou a família e a vizinhança. Segundo Maria, Santos não viajou nos últimos meses, mas a família vive em uma região de mata em Mairiporã - o mosquito que transmitiu o vírus que dizimou macacos na área foi o mesmo que o vitimou. Não há registros de febre amarela urbana - transmitida entre humanos em cidades - no Brasil desde 1942.
Uma semana depois, Maria diz que sua "ficha ainda não caiu", mas que está preparada para ajudar outras famílias.
"Isso marcou minha vida e me dói muito falar, principalmente quando eu lembro da dor que ele passou e o quanto ele sofreu por essa demora do diagnóstico. Pensar que um mosquito está tirando a vida de muitas pessoas é revoltante", afirmou.
Anderson abraça filho no hospital
Image captionDepois de cinco dias, Anderson foi diagnosticado com febre amarela e internado na UTI | Foto: Arquivo pessoal
O casal estava junto há 12 anos. Para lidar com a dor, ela optou por usar sua página no Facebook para encorajar os amigos a tomarem vacinas e a questionarem os médicos diante de sintomas da doença.
"Falta uma campanha ainda maior. É necessário mais agentes de saúde entrando nos bairros mais afastados, vacinando gente e eu estou disposta a ser voluntária e entrar nesses locais. E eu não vou me cansar de falar o que passei no hospital, dar palestra ou o que mais for necessário. Tudo por causa de uma picada. É inaceitável", diz.

Área de risco

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar nesta terça-feira a vacinação contra febre amarela para todos os viajantes internacionais que visitem qualquer área do Estado de São Paulo.
A determinação de novas áreas consideradas de risco de transmissão de febre amarela tinha ocorrido em abril de 2017. A recomendação de vacinação já é válida para viajantes internacionais que visitem estados das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, Minas Gerais e Maranhão, além de partes dos estados da região Sul, Bahia e Piauí.
Vacinação contra a febre amarelaDireito de imagemEPA
Image captionMinistério deu por encerrado surto de febre amarela silvestre em julho, mas novos casos em São Paulo reacenderam alerta
A vacinação deve ser feita ao menos dez dias antes da viagem.
O vírus da febre amarela é considerado endêmico em áreas tropicais do continente africano e nas Américas Central e do Sul. A OMS recomenda que seja tomada uma dose padrão da vacina, o que é suficiente para garantir imunidade e proteção para toda a vida.
O Brasil terá, entre fevereiro e março, uma campanha de vacinação, porém com doses fracionadas. O objetivo do fracionamento é conseguir atender a um número maior de pessoas.
O efeito da dose menor, entretanto, é mais efêmero e tem um período de eficácia variável. Ainda faltam estudos que possam precisar em definitivo o tempo da proteção garantida, se cinco, oito, dez ou mais anos. De acordo com o Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz, que produz a vacina no Brasil, a dose fracionada pode proteger as pessoas por até oito anos.
A vacina de dose padrão confere imunidade eficaz dentro de 30 dias para 99% das pessoas imunizadas.

Febre Amarela

O nome "febre amarela" se refere ao sintoma da icterícia, quando a pele adquire coloração amarelada, apresentada por alguns pacientes da doença, como Santos.
O vírus é transmitido por mosquitos infectados e causa febre hemorrágica. Os sintomas incluem dor de cabeça, dores musculares, náusea, vômitos e fadiga.
Uma pequena parte das vítimas chega a desenvolver sintomas graves, com insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Entre os casos severos, aproximadamente metade deles resulta em morte num período de sete a 10 dias.
Os viajantes com contra-indicações para a vacina contra a febre amarela (gestantes, crianças abaixo de 9 meses ou lactentes, pessoas com hipersensibilidade grave à proteína do ovo e imunodeficiência grave) ou com mais de 60 anos devem consultar um médico para avaliar cuidadosamente a relação risco-benefício.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 14 de janeiro de 2018

Teste de popularidade Lira X Miguel na festa de Bizarra. Veja fotos



 Acompanhar procissão em ano eleitoral é uma verdadeira vitrine  para ficar visto e próximo do povo.Foi assim neste sábado 13 de janeiro 2018, no Distrito de Bizarra (Bom Jardim). Miguel e Lira fazendo um teste de popularidade. 


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Festa de São José e São Sebastião em Bizarra


Sábado, dia 13/ 01/ 18 foi o encerramento da tradicional festa de São José é São Sebastião  na comunidade de Bizarra(Bom Jardim-PE). Veja fotos:

Fotos:Igreja São José




Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:Quatro ideias de brasileiro em prêmio global para recuperar escola dominada por violência

Diego Mahfouz Faria Lima
Image caption'É um projeto que dá resultado se o gestor se abrir à gestão democrática', afirma o diretor Diego Mahfouz Faria Lima | Foto: Divulgação
A Escola Municipal Darcy Ribeiro costumava aparecer no noticiário de São José do Rio Preto (interior de São Paulo), mas não por motivos bons.
Em 2012, um adolescente foi flagrado em sala de aula com uma pistola semiautomática; em 2014, uma discussão entre dois alunos de 14 e 15 anos escalonou para agressões e virou caso de polícia. Salas e banheiros eram frequentemente depredados pelos próprios alunos.
Esse foi o cenário que Diego Mahfouz Faria Lima encontrou ao assumir, três anos atrás, a direção da Darcy Ribeiro, escola do ensino fundamental com mais de 800 estudantes. "Era uma das escolas mais violentas da região. Quando vim conhecê-la, não só achei a fachada feia, como vi que o muro era cheio de buracos, onde (usuários) guardavam suas drogas. Os banheiros não tinham nem vaso sanitário", conta ele à BBC Brasil.
Como reverter o ciclo de violência, desmotivação e baixas notas de escolas?
Lima adotou estratégias baseadas, sobretudo, em recuperação do espaço físico e no engajamento dos alunos e da comunidade.
Os resultados, diz ele, começaram a surgir no intervalo de um ano, a começar pelos altos índices de evasão: 212 alunos haviam abandonado a escola em 2013; o número baixou para dois no ano seguinte.
Alunos do Darcy Ribeiro
Image captionEscola conseguiu reduzir a evasão escolar | Foto: Divulgação
O desempenho dos estudantes melhorou, embora ainda permaneça bastante abaixo do ideal: em 2011, apenas 11% dos alunos do 9º ano tinham conhecimentos adequados em português e 6% em matemática; esses índices subiram, respectivamente, para 30% e 12% em 2015 (últimos dados oficiais disponíveis).
A reversão da espiral de violência e maus resultados trouxe reconhecimento internacional: Lima é hoje uns dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, uma das mais importantes premiações de docentes do mundo e cujo vencedor será anunciado em março.
Antes e depois, uma sala de aula da Darcy Ribeiro
Image captionAntes e depois, uma sala de aula da Darcy Ribeiro: escola ganhou doações de materiais e foi revitalizada pela própria comunidade | Foto: arquivo pessoal
A avaliação da Varkey Foundation, responsável pelo prêmio, é de que "acima de tudo, a escola atualmente tem um lugar na comunidade, e todos sabem que são bem-vindos ali".
A seguir, quatro iniciativas que Lima aplicou na recuperação da Darcy Ribeiro:

1 - Dar voz aos alunos

Lima diz que, ao assumir a direção da escola, foi recebido com uma "rebelião" por alguns alunos, que atearam fogo aos banheiros.
"Peguei um microfone para dizer a eles que eu não iria embora e que estava disposto a escutá-los", recorda o diretor.
Ouviu de volta que os alunos achavam a escola feia e excessivamente punitiva - ou seja, que qualquer coisa era motivo para suspensão.
"Tudo começou a mudar quando dei voz a eles", diz Lima.
Foi criado um mural onde os alunos deixam seus elogios, críticas e sugestões, para serem lidos pelos professores em sala. As sugestões coletivas são levadas à direção. Além disso, assembleias e o grêmio estudantil foram fortalecidos.
Com a Câmara Municipal de Rio Preto, foi lançado o projeto "vereadores mirins": alunos escolhidos pela classe elaboram projetos levados a votação pelos vereadores "reais". A partir disso, diz Lima, foi aprovado um projeto de lei para a criação de laboratórios de informática nas escolas da cidade.
Clube de astronomia da escola
Image captionClube de astronomia foi uma das iniciativas para engajar alunos | Foto: arquivo pessoal
Outro ponto-chave é a mediação de conflitos: alguns dos próprios alunos do 9º ano foram treinados por Lima para identificar e mediar a resolução de casos de bullying e conflitos. Lima também atua como mediador atualmente.
"É ensinar a ouvir o outro, a se colocar no lugar do outro", afirma. "Buscamos os alunos mais indisciplinados para (comandar) a mediação, porque daí sua liderança negativa se torna positiva."

2 - Combater à evasão

Para enfrentar o alto número de desistências por parte dos alunos, a Darcy Ribeiro criou carteirinhas para seus estudantes, de forma a monitorar o número de faltas.
A cada três faltas consecutivas de um mesmo aluno, Lima ia ele próprio à casa do estudante descobrir o que estava acontecendo.
Outro problema é que a maioria dos alunos simplesmente não ia à escola nas sextas-feiras. Surgiu a ideia de tornar o ambiente escolar mais atrativo, com um show de talentos: pais e alunos passaram a realizar performances nesse dia da semana.
O distanciamento com as famílias também era um problema. Na primeira reunião de pais organizada por Lima, compareceram apenas nove familiares. Lima descobriu que muitos alunos não entregavam os comunicados das reuniões a seus responsáveis. A solução foi contratar um carro de som, que passa pelas comunidades próximas avisando as datas das reuniões escolares.

3 - Melhorar o desempenho e a relação entre alunos e a escola

Estudantes falam nas assembleias da Darcy Ribeiro
Image captionEscola passou a realizar assembleias para dar voz às insatisfações dos estudantes | Foto: arquivo pessoal
Desanimados com o mau comportamento das turmas, os professores da Darcy Ribeiro costumavam emitir cerca de 60 suspensões de alunos por semana. "Às vezes, quando o aluno era suspenso por sete dias, ele sequer voltava mais para a escola", conta Lima.
A maneira encontrada para aproximar docentes de estudantes foi criar um programa de tutoria, em que cada professor passou zelar pelo bem-estar e pelo desempenho de uma determinada turma.
Um questionário aplicado aos estudantes e à comunidade não apenas ajudou a identificar necessidades e sonhos dos alunos, como também despertou na equipe empatia por estudantes até então considerados "problemáticos" - e que, em alguns casos, enfrentavam grandes dificuldades pessoais até então desconhecidas dos docentes.
Um plantão de dúvidas no contraturno, em que alguns dos próprios alunos viraram ajudantes dos professores, ajuda a combater problemas de aprendizado. Para incentivar a leitura e enfrentar o alto índice de analfabetismo funcional entre os estudantes, foi criado o "Pare Para Ler" - intervalo diário de 15 minutos em que todos na escola - alunos e funcionários - se dedicam à leitura de textos escolhidos por eles próprios ou por professores.
E um clube de astronomia, que começou como uma forma de estimular o interesse pela pesquisa científica e pelas tarefas de casa, acabou virando um dos xodós da escola, levando inclusive à compra de um telescópio e ao disparo de uma sonda, acoplada a um balão de hélio, para captar imagens aéreas.
E o WhatsApp, antes proibido em classe, virou ferramenta para tirar dúvidas e discutir os projetos do clube.

4 - Embelezar a escola e melhorar os laços com a comunidade

A péssima infraestrutura - espaços abandonados, salas e banheiros degradados - era uma das principais queixas dos alunos da Darcy Ribeiro.
Lima começou pedindo, a outras escolas da região, materiais de construção e tinta que tivessem sobrado de reformas anteriores. Seu objetivo era melhorar a aparência da escola durante as férias, "para receber os alunos de uma forma diferente quando as aulas recomeçassem".
Diego Lima pintando a escola
Image captionManutenção da escola é feita com a ajuda da comunidade; acima, Diego Lima pintando parede | Foto: arquivo pessoal
Uma aluna viu a sala sendo pintada e a notícia da reforma acabou se espalhando, o que gerou uma onda de apoio: pais e estudantes passaram a se oferecer para ajudar.
"Hoje, temos um grupo de mais de 30 pais voluntários para a manutenção da escola, varrendo ou trocando torneiras", diz Lima.
A biblioteca, que antes era um depósito de materiais, foi revitalizada, ganhou 7 mil livros doados e agora é gerida voluntariamente pela mãe de um aluno. O muro foi pintado e grafitado, e as salas ganharam novas carteiras.
O tráfico de drogas no ambiente escolar foi coibido com a revitalização, pelos próprios alunos, da área mais degradada da escola, transformada em uma praça de leitura.
"Quando uma mãe vem e reclama que o filho (está usando ou traficando drogas), chamamos o aluno e tentamos parcerias para conseguir emprego para ele, mostrar que ele não precisa das drogas (para se sustentar ou passar o tempo)", diz o diretor.
A escola também passou a abrir aos fins de semana, com um projeto de música clássica, hoje realizado pela prefeitura em outro espaço.
A fachada da escola, antes e depois
Image captionA fachada da escola, antes e depois: embelezamento fez parte da estratégia de recuperação | Foto: divulgação

O que ainda falta fazer?

A escola alcançou em 2015 a nota 4,7 no Ideb, indicador oficial usado como referência da educação básica, que varia de zero a 10. A nota superou a meta para aquele ano, mas ainda está distante dos 6,0 que o Brasil usa como referência de qualidade e almeja para suas escolas até 2021.
Lima tem como objetivo, agora, reduzir a defasagem de parte dos alunos em relação à série que cursam, coibir as faltas - ainda em nível acima do desejado - e melhorar o trabalho pedagógico.
O mais importante para revitalizar outras escolas em situação semelhante, opina ele, é "mudar o olhar" dos gestores.
"É um projeto que dá resultado se você se abrir à gestão democrática, dar voz em vez de concentrar as decisões, valorizar o protagonismo dos alunos e abrir a escola como se ela não tivesse muros", afirma.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 13 de janeiro de 2018

Quem está rebaixando o Brasil?

Os brasileiros também poderão dar sua nota para quem está rebaixando o Brasil.


Uma das agências de avaliação de risco rebaixou a “nota” do Brasil, numa escala que mede a capacidade do país em pagar sua dívida. O efeito político é dúbio: avalia a fraqueza do governo de Temer e mostra que suas medidas não surtiram os efeitos esperados, mas, ao mesmo tempo, dá força ao governo para “esticar a corda” e propor novas medidas no mesmo rumo das anteriores.
Diga-se, também, que a agência em questão também não tem uma boa nota: sua credibilidade foi questionada após classificar com notas altas os “títulos podres” que geraram a crise de insolvência de 2008, a maior crise econômica mundial na história recente. Mas suas avaliações ainda influenciam as decisões de investimento em todo mundo.
Sem tirar nem dar excessiva importância a mais esse episódio da crise brasileira, é importante ter clareza do que realmente tem trazido prejuízos ao país. A agência alega que o governo não está tendo apoio da sua base parlamentar para aprovar, no Congresso, as reformas que possam corrigir o desequilíbrio fiscal. Dessa forma, é como se o governo fosse o mocinho e o Congresso fica sendo o grande vilão.
Olhando bem: o governo não enfrentou pra valer os privilégios e gastos abusivos, fáceis de encontrar no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Os escandalosos super-salários, por exemplo. Seu esforço tem sido em outro sentido. Exemplos: tentar mudar a Constituição e acabar com a dita “regra de ouro”; aprovar medidas provisórias que favorecem os maus pagadores do Estado, perdoando multas e juros e dando parcelamentos a perder de vista; liberar emendas para livrar o presidente Temer das graves denúncias de corrupção feitas pelo Ministério Público; enfraquecer a Operação Lava Jato. A lista é grande.
Num ano eleitoral, como este, vai ficar cada vez mais difícil evitar o debate sobre as decisões políticas e econômicas tomadas sem a participação da sociedade. No final das contas, os brasileiros também darão a sua nota. E podem reprovar as pessoas, as propostas e as ações que estão, de fato, rebaixando o Brasil.
marinasilva.org.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saúde:Fila no SUS para cirurgia na próstata como a de Temer tem mais de 8 mil pedidos

O aposentado Raimundo Oliveira, que esperou por dez anos para fazer cirurgia urológica
Image captionRaimundo Oliveira conta ter esperado dez anos e passado por quatro hospitais para conseguir fazer cirurgia urológica
O presidente Michel Temer voltou nesta quinta-feira ao Hospital Sírio-Libanês para passar por exames e consultas que avaliarão seu estado de saúde após duas cirurgias urológicas realizadas em 2017. Segundo seus médicos, os problemas de saúde pelo qual o presidente passou no ano passado são esperados em sua idade - ele tem 77 anos.
A hiperplasia prostática benigna (HPB) condição com a qual Temer foi diagnosticado em outubro, tem incidência de 90% entre homens com 85 anos, segundo a Associação Americana de Urologia - ainda que nem todos sofram com os sintomas tampouco com eventuais complicações do tratamento, que ocorreram no caso do titular do Planalto.
Mas, nas alas dos hospitais públicos brasileiros, tão comum quanto o diagnóstico da hiperplasia pode ser a dificuldade em obter o tratamento ideal em um prazo razoável. Que o diga o sergipano Raimundo Oliveira, de 69 anos, que conta ter esperado dez anos para se submeter à cirurgia que poderia resolver seu problema.
Em dezembro, ele finalmente deu fim à sua cruzada pela operação - que incluiu a passagem por quatro unidades de saúde e foi concluída no Centro de Referência para Saúde do Homem, abrigado no Hospital de Transplantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, na capital paulista.
"Não desejo para ninguém este sofrimento. Somente em um hospital, fiquei cinco anos na fila de espera. E a cada dia que passa, piora", diz o sergipano, aposentado do setor metalúrgico e morador da capital paulista.
Michel Temer deixa hospital em Brasília após ser internadoDireito de imagemREUTERS
Image captionEm 2017, Temer foi internado pela primeira vez em outubro, por complicações urológicas
A situação vivida por Oliveira se repete entre milhares de brasileiros, segundo dados extraídos pela BBC Brasil de um levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em dezembro. O conselho solicitou, por meio da Lei de Acesso à Informação, o volume da fila de espera para cirurgias eletivas (aquelas agendadas e não urgentes) nas redes estaduais e municipais das capitais em junho de 2017.
Os dados repassados por 16 Estados e 10 capitais indicam que, no Brasil, estão à espera pelo menos 8,2 mil pedidos (7.465 nos Estados e 733 nas capitais) de realização do procedimento de ressecção endoscópica de próstata - tratamento cirúrgico tradicional para a hiperplasia e pela qual Temer passou em outubro.
O levantamento não considera o número de pacientes, mas as solicitações - ou seja, um mesmo paciente pode ter mais de um pedido de cirurgia nas redes municipal e estadual.

Hiperplasia de próstata pode chegar aos rins

Ricardo Vita, chefe do Departamento de HPB da Sociedade Brasileira de Urologia, alerta que a realidade é muito mais grave do que a indicadas pelos números, uma vez que há subnotificação e descentralização nos dados sobre o que acontece nas unidades de saúde do país. E, segundo ele, a doença poderia ser controlável. Mas, sem o tratamento adequado, pode levar a problemas de saúde muito mais graves.
A hiperplasia prostática benigna (HPB) leva a um aumento benigno (sem células cancerígenas) da próstata que passa a obstruir a uretra. Assim, o homem pode ter, entre outros sintomas, dificuldade para urinar e infecções.
"A minoria vai para tratamento cirúrgico. Entre as alternativas iniciais, estão modificações comportamentais, como regulação na ingestão de líquidos, e o tratamento com medicamentos. Na outra ponta, em casos mais graves, a bexiga pode enrijecer e o quadro chegar à insuficiência renal", aponta Vita, destacando que a hiperplasia, ainda que tratada, é uma condição permanente.
Membro de equipe médica monitora cirurgia urológica
Image captionAlguns casos de hiperplasia de próstata exigem intervenção cirúrgica como a ressecção endoscópica | Foto: Science Photo Library
Foi o que aconteceu com Raimundo Oliveira: o aumento de sua próstata foi tal que passou a afetar a bexiga e o rim, tornando sua cirurgia, indicada inicialmente há uma década, uma emergência. Neste meio tempo, o sergipano precisou usar uma sonda quatro vezes e, sem muitas outras alternativas, conviver com a dor e os transtornos da doença.
"Tem hora que você odeia aquilo [a sonda]. Mas sem ela, talvez você não estivesse mais vivo", lembra o aposentado, referindo-se ao médico que coordenou sua operação como um "filho de Jesus" e o hospital onde ela ocorreu como "nota 1000". "É um desespero. Mas a gente tem que ser criativo em tudo na vida: eu comprava calças muito grandes e andava com a sonda para lá e para cá".
Oliveira relata também dificuldade no acesso às sondas - ele diz ter testemunhado outros pacientes que acabam ficando com elas por muito mais tempo do que o indicado e ter vivido na pele as dificuldades burocráticas para colocar e retirar, na rede pública, o dispositivo.
"A progressão da doença sem tratamento leva a muitas limitações ao paciente, afetando o bem-estar físico, mental, social e profissional", enumera Vita.
Sonda urináriaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPacientes com hiperplasia de próstata, como o presidente Michel Temer, muitas vezes precisam recorrer a sondas urinárias

O histórico de saúde do presidente

No último dia 30, Michel Temer retirou uma sonda que foi utilizada por pouco mais de duas semanas. Mas ele segue em tratamento, com sessões semanais de dilatação da uretra e ingestão de medicamentos.
Os problemas relacionados à hiperplasia de próstata no presidente se intensificaram em outubro, quando ele passou por sangramentos e retenção urinária - sendo submetido à colocação de uma sonda e à cirurgia de ressecção de próstata, no Sírio-Libanês.
O aposentado Raimundo Oliveira, que esperou por dez anos para fazer cirurgia urológica
Image caption'É um desespero', resume Raimundo Oliveira sobre sua jornada para conseguir passar por uma cirurgia urológica
Complicações decorrentes da cirurgia de outubro levaram Temer novamente ao hospital em dezembro, com um quadro de estreitamento da uretra. Uma pequena cirurgia, de uretrotomia interna, foi feita.
"O presidente é uma pessoa extremamente saudável, são intercorrências que ocorrem com qualquer um de nós", assegurou na época o médico Roberto Kalil Filho.
Na rede pública, tais intercorrências esbarram em dificuldades no acesso à cirurgias para a hiperplasia que, de acordo com Ricardo Vita, têm como principais gargalos a falta de equipamentos, insumos e médicos especialistas.
O levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina, porém, mostra que a fila de espera por 904 mil cirurgias eletivas no país está concentrada em apenas cinco tipos de procedimentos: catarata (113.185); correção de hérnia (95.752); retirada da vesícula (90.275); varizes (77.854); e de amígdalas ou adenoide (37.776).
Michel Temer deixa hospital após cirurgia, em São PauloDireito de imagemREUTERS
Image captionTemer fez a segunda cirurgia após complicações decorrentes da ressecção de próstata
Para o tratamento da hiperplasia de próstata, o Ministério da Saúde escreveu em nota ter registrado, de janeiro a setembro de 2017, 8.984 procedimentos de ressecção endoscópica de próstata. Em 2016, foram 11.929 destas operações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta destacou, porém, que a gestão de filas de espera é de responsabilidade dos gestores locais, como as secretarias municipais e estaduais de saúde.
Consultada, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo admitiu, por meio de nota, que "a demanda reprimida por cirurgias eletivas (não urgentes) é uma realidade nacional, causada sobretudo pela defasagem na tabela de valores de procedimentos hospitalares do Ministério da Saúde, congelada há anos e que não cobre os reais valores dos atendimentos".
O órgão estadual ainda acusou o governo federal de deixar de repassar a São Paulo "R$ 1 bilhão de reais relativos a atendimentos feitos na rede pública. Por isso a conta não fecha e há espera de pacientes para cirurgias". E disse que, apesar disso, "nos últimos três anos, o Estado de São Paulo realizou mais de 11,2 mil procedimentos de ressecção endoscópica de próstata".
Da BBC Brasil em São Paulo
Mariana Alvim
Professor Edgar Bom Jardim - PE