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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

'Me senti como um nada': grávida que teve pedido de aborto negado pelo STF diz que irá à Justiça de SP

Rebeca Mendes Silva Leite com seus filhos
Image caption'Eu me sinto desamparada', diz Rebeca Mendes Silva Leite, 30 anos, sobre a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, de negar o pedido dela para interromper a gravidez | Fonte: Arquivo Pessoal
"Eu me sinto desamparada", diz Rebeca Mendes Silva Leite, 30 anos, sobre a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, de negar o pedido dela para interromper a gravidez.
Estudante de Direito e mãe de dois meninos, um de 9 anos e o outro de 6, Rebeca não transparece dúvida ao falar da decisão de não ter mais um filho.
"Estar sozinha numa gravidez, eu já passei por isso. Eu sei muito bem o que me espera. E porque eu sei muito bem o que me espera é que eu falo que eu não quero ter, não quero continuar com essa gestação", disse à BBC Brasil.
Ela descobriu a gravidez, que vai completar sete semanas, no dia 14 de novembro. Na semana passada, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma liminar (decisão provisória) que a autorizasse a abortar.
A ação foi elaborada pelo PSOL e o Instituto Anis- Instituto de Bioética, que argumentam que a criminalização do aborto fere princípios e direitos fundamentais garantidos na Constituição, como dignidade, liberdade e saúde.
Atualmente a lei só permite aborto em caso de estupro e risco de vida para a mãe. Uma decisão do STF também assegurou a possibilidade de interrupção de gravidez quando o feto apresenta anencefalia.
A ministra Rosa Weber não chegou a analisar os argumentos do pedido. Negou a liminar afirmando que a ação utilizada, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), não serve como remédio jurídico para situações individuais concretas, mas sim para questões abstratas.
Rebeca Mendes Silva LeiteDireito de imagemAFP
Image caption'Eu sei muito bem o que me espera. E porque eu sei muito bem o que me espera é que eu falo que eu não quero ter, não quero continuar com essa gestação', disse Rebeca | Foto: Empics
Apesar de a ministra ter negado a liminar a Rebeca, a possibilidade de descriminalizar o aborto quando feito até o terceiro mês de gestação ainda será analisada pelo plenário do STF, em data a ser definida.
A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou no processo defendendo a legislação atual sobre aborto e afirmando que qualquer mudança teria que ser feita pelo Congresso Nacional, com "amplo debate".
"Eu me senti desamparada, porque infelizmente ela (Rosa Weber) nem olhou o mérito da questão. Eu me senti como um nada. Uma brasileira que fez um pedido e esse pedido não foi ouvido. Eu me senti muito desamparada pelo Judiciário", diz Rebeca.
A estudante informou à BBC Brasil que não vai desistir de tentar fazer um aborto com permissão judicial. Pretende entrar com um habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo
"Pretendo continuar tentando judicialmente interromper a gravidez. Nós temos um plano B. Vamos entrar com um HC (Habeas Corpus) em São Paulo, porque eu, como cidadã brasileira que sou, mereço ter uma resposta. Tantas outras mulheres brasileiras merecem uma resposta da nossa sociedade."
Rebeca diz que engravidou num período de troca de método contraceptivo. Em setembro, fez uma consulta pelo Sistema Único de Saúde e pediu para passar a usar DIU (dispositivo intra-uterino), mas o exame de ultrassonografia exigido pelo médico só foi agendado para dezembro.

Planos de estudar e desemprego

Rebeca sonha em ser advogada e está no quinto semestre do curso de Direito, pago com bolsa integral do PROUNI (Programa Universidade para Todos).
"Os meus planos antes eram terminar a faculdade e escolher um ramo no Direito que me atraísse mais. Pretendo trabalhar na área que eu escolher e lutar, batalhar para melhorar a vida da minha família. É por isso que eu acordo e levanto todos os dias."
Rebeca Mendes Silva Leite
Image captionRebeca disse que vai entrar com habeas corpus no TJ-SP por autorização para interromper a gravidez
Atualmente, ela recebe um salário de R$ 1.200 de um emprego temporário no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que vai até fevereiro de 2018, e paga um aluguel de R$ 600 pela casa onde que mora com as crianças.
Separada do pai dos dois filhos - que também é o pai do bebê que ela está esperando - recebe uma pensão que varia entre R$ 700 e R$ 1.000 por mês. Rebeca diz achar que, se tiver o terceiro filho, terá que deixar a faculdade.
"Eu já passei por duas maternidades onde, mesmo eles tendo pai, o trabalho sempre foi de mãe solteira. Eu sempre tive que arregaçar as mangas, ir lá e fazer", diz.
"Quando meus filhos eram pequenos eu que olhava, eu que sou a mãe. Eu tive que esperar os dois crescerem um pouco mais para eu poder ir para a faculdade. Ninguém passou a mão na minha cabeça. Ou eu tive que me virar sozinha ou eu tive que pagar pessoas para olharem. Então eu sei o me espera, infelizmente, se nada disso mudar."
Rebeca afirma que optou por pedir à Justiça para permitir a interrupção da gravidez, porque não quer correr o risco de morrer num procedimento clandestino ou de ser punida por aborto ilegal. Hoje, a pena para uma mulher que intencionalmente termine a gravidez é de um a três anos de detenção. Há casos em que a denúncia contra elas é feita pelo médico que as atende em serviços de emergência, quando as pacientes buscam ajuda por complicações decorrentes do aborto clandestino. Como estudante de Direito, Rebeca está ciente desses riscos.

A espera

Quando a ação foi protocolada no STF, no dia 23 de novembro, Rebeca teve o nome divulgado e passou a ser alvo tanto de mensagens de apoio quanto de críticas pela decisão de tentar um aborto.
O debate ganhou as redes e dividiu os usuários. Alguns deles cobravam Rebeca por "engravidar por descuido, e jogar para o STF julgar?" e a acusavam de querer "tirar uma vida", "deveria ter e dar para adoção". Outros a defendiam dizendo que "é engraçado esse discurso pró-vida que fala: 'Não quer o filho, tenha ele e entrega pra adoção...' Como se fosse uma coisa super legal e moral abandonar um filho".
Enquanto via o próprio ventre pautar discussões entre desconhecidos, Rebeca teve que lidar com a 'espera' pela decisão judicial.
"A espera foi difícil. Não foi fácil. As pessoas me julgaram muito sem me conhecer. Então, eu tentei me manter afastada desses comentários."
O principal sentimento na decisão de fazer um aborto, segundo ela, é de solidão.
"Quando eu digo sozinha, eu sei que tive pessoas que estavam do meu lado, que me apoiaram. Mas para toda mulher é uma decisão muito sozinha, porque é muito pessoal, é muito íntimo. É complicado para qualquer mulher que esteja nessa situação. Quem já passou por isso entende."
Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto 2016, coordenada pelos professores Débora Diniz e Marcelo Medeiros, da Universidade de Brasília, e Alberto Madeiro, da Universidade Estadual do Piauí, uma em cada cinco mulheres com 40 anos já realizou pelo menos um aborto ao longo da vida. Em 2015, aproximadamente 416 mil mulheres interromperam a gestação por vontade própria.
"As pessoas que me conhecem, mesmo não concordando com o aborto, me apoiaram, porque disseram: 'eu sei quem você é, eu sei a mãe que você é, então eu apoio qualquer decisão que você tomar. O corpo é teu, a decisão é sua e só você sabe qual é a sua batalha diária para trabalhar, para ir para a faculdade, para ser mãe'. Então eu vi que ali eu tenho muitos amigos", diz Rebeca.
Ela diz que recebeu mensagens de brasileiros que moram no exterior e ficou "feliz" em saber que em muitos países as regras de aborto são mais flexíveis. Em grande parte da Europa, o aborto até o terceiro mês é permitido e pode ser feitos nos sistemas públicos de saúde.
"Eu vi muita mensagem de brasileiros falando assim: "Eu sou brasileira, eu moro no exterior, e aqui onde eu moro você não ia dar satisfação a ninguém. Você quer interromper a gravidez, você é livre para ir lá e não tem que dar justificativa nenhuma. Eu fiquei muito feliz em saber que, pelo menos em outros lugares do mundo, é diferente", diz Rebeca.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Cidadania:Campanha destaca realizações de protagonistas negros em resposta ao racismo do apresentador William Waack, da Globo

Nina Simone, Hattie McDaniel, Carolina de Jesus e Ray Charles, com Waack ao centro: coisa de preto. Foto: Montagem/DP
Nina Simone, Hattie McDaniel, Carolina de Jesus e Ray Charles, com Waack ao centro: coisa de preto. Foto: Montagem/DP

[FOTO2] O comentário deduzido da manifestação do apresentador William Waack, da Globo, em vídeo vazado nesta quarta-feira na internet, se tornou mote de uma campanha de empoderamento negro na internet. "É preto, coisa de preto" virou expressão usada nas redes sociais para enaltecer pessoas negras cujas trajetórias de vida se tornaram símbolos locais ou mundiais da luta contra a  discriminação racial. A frase precede descrições biográficas de personagens marcantes nos esportes, nas artes, nas ciências sociais, na medicina e em outros campos relevantes da sociedade para contrapor a pseudo superioridade branca concebida pelo preconceito.

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A mobilização virtual é uma resposta ao apresentador do Jornal da Globo, afastado depois do episódio tornado público. Waack havia se irritado  com uma buzina insistente do lado de fora do estúdio montado em frente à Casa Branca durante uma transmissão da cobertura das eleições norte-americanas do ano passado, quando deixou escapar "É preto, coisa de preto". A referência racista custou ao âncora o afastamento do telejornal por tempo indeterminado e infindáveis xingamentos nas redes sociais.

Na corrente online, internautas citam, por exemplo, a escritor brasileira Carolina de Jesus, ícone da voz negra na literatura, com projeção internacional. Astros do futebol, como Pelé e Michael Jordan, são descritos como expoentes do esporte, ao lado de criadoras de conteúdo como a norte-americana Shonda Rhimes, mente por trás de séries de sucesso na televisão mundial, como Grey's anatomy. A música aparece contemplada, entre outros nomes, pelo pianista Ray Charles, talento incontestável à frente do teclado, assim como a atriz Hattie McDaniel, a primeira negra a vencer o Oscar e discriminada até na festa.

A sucessão de nomes e rostos famosos e anônimos - há descrições de pessoas desconhecidas, cujas façanhas foram ter ascendido na vida ou mesmo conquistado espaço em um mundo marcado pela discriminação - oferece, no mínimo, duas conclusões. A primeira é a mais óbvia: há um mundo negro tão talentoso, brilhante e merecedor de loas sociais quanto o dos brancos - e é vital fazer ecoar a voz de Martin Luther King sobre o sonho de vê-los unidos. A segunda é necessária: a exposição pública precisa ser feita permanentemente para impedir manifestações de preconceito como a do apresentador da Globo. É um dever de brancos, de pretos, de todos.

Confira algumas publicações:
Hattie McDaniel, a primeira atriz negra a ganhar o Oscar. McDaniel recebeu o Oscar (E o Vento Levou…) em um hotel que sequer permitia a entrada de negros. Filha de escravos, sentou-se no fundo do salão, separada de todos.


Hattie McDaniel, a primeira atriz negra a ganhar o Oscar. McDaniel recebeu o Oscar (E o Vento Levou…) em um hotel que sequer permitia a entrada de negros. Filha de escravos, sentou-se no fundo do salão, separada de todos.


Um dos maiores rappers do Brasil, @MVBill também é um grande ator, escritor e ativista social. Teremos o orgulho de recebê-lo no palco do Madrugada no Centro dia 18.11 em homenagem ao Dia da Consciência Negra! 


Ser considerado o maior poeta simbolista nacional e um dos mais importantes para o simbolismo - além de combater a escravidão e o preconceito racial - só poderia ser coisa de preto.
Cruz e Souza (1861 - 1898) 


Barack Hussein Obama II é um advogado e político norte-americano que serviu como o 44.º presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, sendo o primeiro afro-americano a ocupar o cargo. 



Nina Simone foi pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos.
É bastante conhecida nos meios musicais do jazz e trabalhou com diversos estilos musicais, como música clássica, blues, folk, R&B, gospel e pop


 Ray Charles - Pianista norte-americano, pioneiro e cantor de música soul, blues, jazz , além de um inovador intérprete de R&B.Foi eleito pela Rolling Stone o 2º maior cantor de todos os tempos e 10º maior artista da música de todos os tempos.


mulher negra mãe solteira roteirista cineasta vencedora do globo de ouro e dona da produtora shondaland um dos maiores impérios da televisão com uma das séries mais populares do mundo shonda rhimes é uma titã e esse trecho do seu ted dispensa qualquer apresentação 



Carolina Maria de Jesus. Foi uma escritora Brasileira que publicou, entre outros títulos, seu livro: "Quarto de despejo: diário de uma favelada", 1960, em que ficou conhecida internacionalmente. 
Com DP.
Professor Edgar Bom Jardim - PE