Mostrando postagens com marcador Artes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Artes. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Prefeitura diz que Paço do Frevo continua aberto, mas com horário reduzido


Localizado no Bairro do Recife, o Paço possui quatro pavimentos e 1.733 metros quadrados. Foto: Sol Pulquério/PCR/Divulgação.
Localizado no Bairro do Recife, o Paço possui quatro pavimentos e 1.733 metros quadrados. Foto: Sol Pulquério/PCR/Divulgação.
Após as especulações de fechamento do Paço do Frevo, que surgiram na manhã desta terça-feira (13), a Prefeitura do Recife informou que o equipamento continua aberto. No entanto, por estar em um período de transição, o Paço funcionará com horário reduzido até 1º de dezembro. As portas do museu estarão abertas ao público apenas no turno da tarde, das 13h às 17h, de terça a domingo. Até então, o centro cultural funcionava das 9h às 17h de terça a sexta e das 14h às 18h nos sábados e domingos.

De acordo com a administração municipal, acabou nesta terça o contrato, assinado em 2013, entre a administração pública e a Organização Social Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), para manutenção e oferta regular dos serviços e programações do equipamento. Um outro processo licitatório já foi realizado e vencido pelo mesmo IDG, que agora está na fase de implementação e regularização da operação. 

Sob a condição de anonimato, funcionários do Paço do Frevo disseram estar apreensivos com o destino do centro cultural. Segundo uma colaboradora do IDG, todos os funcionários já receberam, há um mês, aviso prévio da organização social que administra o equipamento. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no aviso prévio, os funcionários têm duas opções: reduzir duas horas a jornada diária ou faltar sete dias corridos mantendo o salário integral. Os funcionários ouvidos pelo Diario disseram não ter certeza se haverá expediente nesta quarta-feira (14).

Entre 2015 e 2016, surgiram diversos rumores sobre o encerramento das atividades do Paço. Em 14 de novembro de 2015, o tratado entre Prefeitura do Recife e IDG foi aditado em 45 dias, se estendendo até o fim daquele ano, quando o presidente do conselho de administração municipal do IDG no Recife, Ricardo Piquet e o prefeito da cidade, Geraldo Julio, se reuniram e acordaram novo contrato.  

Os rumores em torno do possível fechamento do museu tiveram início quando os funcionários do IDG empregados no Paço do Frevo receberam aviso prévio. Na época, a empresa já rebatia as suspeitas de encerramento das atividades, alegando que a renovação do contrato estava sendo negociada. 

Museu
O Paço do Frevo é um centro de referência de ações, projetos e atividades de documentação, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais tradições culturais brasileiras, reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco: o frevo. Um lugar para estudar, criar, experimentar e vivenciar o universo de histórias, personalidades, memórias e linguagens artísticas.
Localizado no Bairro do Recife, tem quatro pavimentos e 1.733 metros quadrados. O imóvel faz parte do complexo turístico das cidades de Recife e Olinda, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1998, e abrigou até 1973 a Western Telegraph Company, empresa pioneira na implantação do telégrafo no Brasil. O Paço é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, com realização da Fundação Roberto Marinho e gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG).

O projeto conta com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), do Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Turismo e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), do Instituto Camargo Corrêa, do Instituto Votorantim, do Itaú, da Rede Globo e apoio do Iphan e do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Repercussão

Na tarde desta terça-feira (13), a situação do Paço do Frevo foi discutida na Câmara Municipal do Recife. O vereador Ivan Moraes (PSOL) usou a tribuna da Casa de José Mariano para afirmar que cobrou informações a respeito do caso com o Poder Executivo, mas não obteve respostas.

"O presidente da Fundação (de Cultura Cidade do Recife) não nos atendeu. Nos corredores, há quem diga que isso é notícia falsa (sobre o fechamento). A licitação teria sido finalizada na semana passada, mas ainda não temos definição do contrato. Podemos dizer, com base em dados oficiais, que o contrato se encerra hoje, e que as pessoas que trabalhavam nesse espaço estão sendo demitidas. Quem garante que ele abrirá amanhã?", questionou.

Confira a nota da Prefeitura do Recife na íntegra:
"A Prefeitura do Recife esclarece que o Paço do Frevo não está encerrando as atividades. O equipamento atravessa agora um momento de transição de gestão. Acabou hoje (13) o contrato, assinado em 2013, entre a administração pública e a Organização Social Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), para manutenção e oferta regular dos serviços e programações do Paço. Um outro processo licitatório já foi realizado e vencido pelo mesmo IDG, que agora está na fase de implementação e regularização da operação, para que possa seguir atuante na salvaguarda, promoção e renovação do frevo como genuína expressão cultural da cidade. Durante esse período de transição, até o dia 1º de dezembro, o Paço do Frevo continua funcionando no período da tarde, para atendimento ao público."
Com informações do Diario de Pernambuco


Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Arte:Espetáculo Ballet de Moscou no Gelo chega ao Recife

A direção artística é de Olha Halayko, a direção musical é de Vitaly Vidiniev e os figurinos de Ana Kondratova. Foto: Hyunreen/Divulgação
A direção artística é de Olha Halayko, a direção musical é de Vitaly Vidiniev e os figurinos de Ana Kondratova. Foto: Hyunreen/Divulgação

As famosas histórias de Cinderela O lago dos cisnes norteiam o espetáculo da escola do Ballet Russo, que está em turnê pelo Brasil e chega nesta terça-feira a Pernambuco. A montagem Ballet de Moscou no gelo preza por performances executadas em uma pista de 120m2 feita de gelo de verdade, além de um refinado figurino e coreografias repletas de brilho e cor. A apresentação será às 20h, no Teatro Guararapes, em Olinda, com ingressos a partir de R$ 75.
Dividido em dois atos (o primeiro com 47 minutos, e o segundo com 45), o espetáculo apresenta novas nuances de obras já conhecidas do público. "O lago dos cisnes é muito conhecido por todos, talvez tenhamos visto, em algum momento, essa história feita por algum balé, mas nunca a vimos sobre gelo aqui no Brasil. Igualmente é a Cinderela, uma das obras mais famosas, que o público mais conhece e que já foi apresentada muitas vezes, porém nunca sobre o gelo. Por isso escolhemos esses títulos", explica Alexander González, produtor internacional da peça.

Segundo González, a ideia é original, pois, no início, a tecnologia não permitia fazer o que o grupo está fazendo agora sobre o gelo. "Esse não é um show de patinação no gelo, não é um show de patinação artística, isso é balé clássico sobre o gelo. É muito diferente de tudo que já vi", comenta. "Essa modalidade nasceu dos russos, que têm o melhor balé do mundo e que têm a cultura do gelo. É algo maravilhoso que somente a tecnologia pode fazer, gelo de verdade no palco de um teatro", completa. 
A direção artística é de Olha Halayko, enquanto a direção musical é de Vitaly Vidiniev, com figurinos de Ana Kondratova. Já a responsável pela turnê é Oksana Kordiyaka. Em passagem pelo Brasil desde 14 de outubro, quando iniciaram as apresentações na cidade de Curitiba, o grupo já passou por Goiânia, e depois Brasília. As próximas paradas são em Natal, em 4 de novembro, e Fortaleza, em 8 e 9 de novembro.

HISTÓRIA
Fundada em 1967, tendo mais de cinco décadas de história, a escola do Ballet Russo se apresentou em 80 países, colecionando mais de cinco mil apresentações. No elenco, renomados patinadores, entre campeões olímpicos e mundiais, além de ex-atletas das principais seleções de patinação artística e no gelo. “É maravilhoso poder estar com esse espetáculo, que sempre traz alegria e aplausos. É um espetáculo que encanta. Quem assiste diz que é maravilhoso, majestoso e imperdível”, diz o produtor.
Entre os diversos espetáculos apresentados, estão as principais releituras de famosas obras como Romeu e Julieta, A bela e a fera, Quebra-nozes, Giselle e A bela adormecida. Com forte atuação principalmente no continente asiático, o grupo é conhecido no Japão e na Coreia do Sul como o Bolshoi on ice, em referência a uma das mais importantes e melhores escolas de balé russo.

Serviço
Ballet de Moscou no Gelo
Quando: nesta terça-feira, às 20h
Onde: Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco (Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho, Olinda)
Plateia A: R$ 290 e R$ 145 (meia)
Plateia B: R$ 250 e R$ 125 (meia)
Balcão: R$ 150 e R$ 75 (meia)
Fonte: Diario de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Ziraldo internado com AVC


O cartunista Ziraldo, 85, foi internado no Hospital Pró Cardiaco, do Rio, após sofrer um AVCacidente vascular cerebral hemorrágico, na tarde desta quarta-feira (26). Em nota, o hospital informa que o estado de saúde do artista mineiro é grave. 

Considerado um dos maiores cartunistas do Brasil, Ziraldo ficou conhecido por obras clássicas como "O Menino Maluquinho" (1980) e "Flicts" (1969), além de ter tido uma longa atuação na imprensa, em veículos como o Jornal do Brasil e o Pasquim.

Em 2017, na ocasião do seu aniversário de 85 anos, ele disse à Folha de S.Paulo que "a velhice é uma coisa que te acontece de surpresa". "Demorou 85 anos para chegar, fiquei irremediavelmente velho."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 25 de setembro de 2018

ELE NÃO:'Mas quem quer ver o Brasil no esgoto, vota no capiroto, vota no capiroto!', diz trecho da letra de Zeca Baleiro

O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro entrou no movimento #EleNão. Foto: Facebook/Reprodução
O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro entrou no movimento #EleNão. Foto: Facebook/Reprodução


O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro entrou no movimento #EleNão, contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) e mandou seu recado através de uma música. "Mas quem quer ver o Brasil no esgoto, vota no capiroto, vota no capiroto!", diz trecho da letra. A faixa foi divulgada na noite de domingo (23), nas redes sociais.

Na breve canção, Zeca menciona outros candidatos como João Amoedo (Novo) – “quem tá com medo, vota no Amoedo” -, Ciro Gomes (PDT) – “quem quer respiro vai votar no Ciro” – e o petista Fernando Haddad – “quem tem saudade vota no Haddad”, Marina Silva (Rede) "quem é ecologia, prega e dissemina, vota na Marina".

Paródia
Eleitores de Bolsonaro realizaram a Marcha da Família, da manhã do domingo (23), na Avenida Boa Viagem, no Recife. Durante a passeata, uma das músicas entoadas foi uma paródia para Baile de favela, do MC João, com letras que diziam "Dou para a CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela, as minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela".  Em nota de repúdio, a Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco criticou o conteúdo da canção. "Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato. Em tempos em que, a cada 2 segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do “Relógios da Violência” do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias", diz carta assinada pela presidente Ana Luiza Mousinho.
Diário de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 9 de setembro de 2018

Último dia da Feira de Artesanato de Orobó


Uma boa programação cultural para este final de domingo(09/09) é visitar , fazer compras e apreciar a variedade de artesanato produzidos por mais de 40 artesãos da nossa região na IV Feira do Artesanato de Orobó.  ´

Na Quadra de eventos da cidade funcionam os estandes montados pelo Sebrae em parceria com o Município. Além da exposição e venda dos produtos artesanais também há uma programação cultural para o final de tarde. Confira as variedade de produtos que você pode comprar:










Fotos:Edgar S. Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Cultura:Quatro importantes museus brasileiros que fecharam as portas por problemas estruturais

Museu da Língua PortuguesaDireito de imagemGILBERTO MARQUES/A2IMG/GOVERNO DE SÃO PAULO
Image captionDesde 2016, o Museu da Língua Portuguesa, que também pegou fogo, está em reforma
As chamas que atingiram e destruíram o Museu Nacional do Rio de Janeiro, no domingo, trouxeram à tona os problemas encontrados por museus em todo o país. Dificuldades financeiras, falhas estruturais e ausência de servidores capacitados estão entre as reclamações mais comuns no segmento.
Durante a criação do Ministério da Cultura, em março de 1985, foram estabelecidas iniciativas para a área do patrimônio, incluindo os museus. Em 2003, foi lançada a Política Nacional de Museus, destinada a unidades de todas as esferas.
Seis anos depois, foi sancionado o Estatuto dos Museus, regulamentado em 2013. Tais medidas garantiriam, em tese, a segurança e a conservação aos locais que guardam parte da história do país ou do mundo.
Na prática, porém, as iniciativas não costumam ser seguidas. De acordo com o Conselho Federal de Museologia (Cofem), o orçamento público destinado aos museus é precário e não garante quesitos considerados fundamentais para preservar os acervos.
"A conservação e a segurança são questões sérias e nem sempre aparecem em primeiro lugar nas prioridades das instituições responsáveis pela liberação das verbas públicas para os museus. As equipes técnicas, em especial os museólogos, são incansáveis em relatar e denunciar essas questões. O que se tem hoje é resultado de anos de descaso com o patrimônio público", afirma a entidade, por meio de nota encaminhada à BBC News Brasil.
No país, há 3.879 museus catalogados no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Destes, há diversos relatos de unidades que tiveram que encerrar suas atividades por falta de recursos para se manter ou dificuldades estruturais. Não existe um levantamento oficial sobre museus fechados no Brasil.
Museu de Arte de Brasília passa por obrasDireito de imagemVALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionMuseu de Arte de Brasília passa por obras
Além daqueles que encerraram as atividades de modo permanente ou temporário - em muitos casos reabrindo mais de cinco anos depois -, há aqueles que passam a limitar suas atividades à pesquisa e deixam de atender o grande público.
Para o diretor do Museu Nacional da República - localizado em Brasília -, Wagner Barja, a falta de incentivo por parte do poder público faz com os museus tenham de optar entre fechar as portas ou funcionar de modo precário.
"A situação é complicada, porque as instituições precisam manter o patrimônio, cuja manutenção não é barata, com verbas reduzidas. O poder público precisa entender que o acervo é uma fortuna, com um imenso valor histórico e valor pecuniário altíssimo. É preciso valorizar os museus", diz.
Outra dificuldade, segundo o Cofem, é a burocracia nos repasses feitos às unidades. "As instituições culturais públicas estão presas à estrutura administrativa governamental e, por isso, não são independentes. Quando a verba chega, já desgastada pela burocracia e pelo contingenciamento, nem sempre conseguem administrá-las adequadamente porque já chegam insuficientes", pontua.

Dificuldades financeiras

Grande parte dos museus brasileiros são públicos e relacionados a uma esfera - municipal, estadual ou federal. O órgão superior responsável por cada unidade é quem encaminha as verbas para a instituição. Museus particulares também costumam receber verba pública, por meio de leis de incentivo.
Museu do IpirangaDireito de imagemFRANCISCO EMOLO/JORNAL DA USP
Image captionFachada do Museu do Ipiranga, fechado desde 2013 por risco de desabamento
Cada museu público encaminha um planejamento anual à esfera responsável, no qual aponta a verba necessária para o seu funcionamento. Conforme o Cofem, normalmente os repasses feitos às unidades são abaixo dos valores solicitados.
No caso do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que possuía acervo de 20 milhões de itens, cabe à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fazer os repasses para a entidade, por meio de verba do Ministério de Cultura. A instituição de ensino superior, porém, vem sofrendo com corte de verba e o valor que repassa ao museu, segundo o Conselho Federal de Museologia, não é suficiente. Em razão disso, atividades prioritárias, como a segurança e a conservação do espaço cultural, acabaram prejudicadas.
O Museu Nacional havia gastado neste ano, até a data em que sofreu o incêndio, R$ 268,4 mil. Um levantamento feito pela BBC News Brasil apontou que o montante equivale, por exemplo, a menos de 15 minutos de gastos do Congresso Nacional em 2017 - Câmara e Senado custaram R$ 1,16 milhão por hora no ano passado, segundo levantamento da Ong Contas Abertas, especializada em acompanhar os gastos do governo.
O Cofem ressalta que as verbas repassadas aos museus são destinadas somente às atividades básicas para funcionamento do local. "É necessário também haver recursos para o desenvolvimento de novos projetos, visando à adequação das áreas, especialmente para a salvaguarda de acervos que exigem condições especiais de armazenamento."
Diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), Mário de Pinna lamenta o modo como o poder público lida com o segmento no país. "Os Museus são tratados do mesmo modo como a educação e ciência em geral, ou seja, como algo sem importância. É um descaso."

Falhas estruturais

As dificuldades financeiras enfrentadas pelos museus acarretam falhas estruturais. Segundo o Cofem, a ausência de condições de segurança do prédio está entre os motivos que levam unidades a fecharem as portas ou suspenderem suas atividades.
Pinna afirma que grande parte dos museus não recebem a manutenção adequada, em razão da falta de recursos financeiros. "A condição dos museus varia. Entre os grandes, posso afirmar que nenhum deles está em condições de manutenção de primeiro mundo em infraestrutura. Há diferentes graus, mas nenhum está em plenas condições de manutenção. Isso não quer dizer que estejam abandonados ou esquecidos, porque as pessoas vão fazendo o que podem."
Especialista em combate a incêndios e tenente-coronel da reserva do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Cássio Armani acompanhou o controle do incêndio no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, em 2015. Ele relata que o principal motivo para que o fogo atinja estruturas como o Museu Nacional é a ausência de projetos ou instalações de segurança contra incêndios.
"É preciso haver medidas que permitam a saída das pessoas em condições seguras, que possibilitem a preservação da construção e, sobretudo, dos materiais que nelas existem. Além da gestão adequada, no caso dos prédios públicos, é preciso haver vontade política para priorizar este tipo de necessidade e não apenas contar com a sorte", diz à BBC News Brasil.
Segundo ele, em casos de construções históricas que possuem acervos de valores incalculáveis, é importante haver, além do sistema de proteção contra incêndio, medidas preventivas. "É fundamental que esse local tenha sistemas automáticos de detecção de fumaça e de supressão de incêndio. Existem várias tecnologias disponíveis no Brasil", relata.

Ausência de profissionais

Outro ponto que figura entre os motivos para os fechamentos de museus no país é a ausência de profissionais capacitados nos locais.
Para Pinna, a ausência de uma equipe maior de segurança auxiliou a propagação do fogo no Museu Nacional do Rio de Janeiro. "Não devemos nos preocupar apenas com recursos financeiros. Devemos nos importar com os humanos também. No Museu Nacional, havia quatro seguranças para todo aquele lugar. Era claramente insuficiente. Deveria haver, no mínimo, quatro vezes mais que isso", diz.
"Se houvesse mais pessoas trabalhando na hora do incêndio, com certeza não teria atingido aquela proporção, porque perceberiam o fogo logo no início e conseguiriam controlá-lo. É importante ter pessoal, equipamento e outros itens que o museu precisar para funcionar. É o mesmo problema que acomete ciência e ensino no Brasil. Não é uma prioridade", completa.
Além dos mais conhecidos, há centenas de pequenos museus que também fecharam as portas ao redor do Brasil, por falta de recursos para se manter.
A BBC News Brasil conta, abaixo, as situações de quatro importantes museus brasileiros que não estão abertos ao público atualmente:

Museu da Língua Portuguesa

Inaugurado em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa foi criado com o objetivo de valorizar o idioma. Localizado na Estação da Luz, o espaço recebeu 3,9 milhões de visitantes durante os anos em que esteve em funcionamento. Era um dos museus mais visitados do Brasil.
Restauração do telhado do Museu da Língua Portuguesa é finalizada (18/07/2018)Direito de imagemROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
Image captionObras para restauração do telhado do Museu da Língua Portuguesa
Em suas exposições, utilizava tecnologia para apresentar o seu acervo. Para atrair a atenção do público, o local recorria a recursos como filmes, áudios e atividades interativas.
Em 21 de dezembro de 2015, três andares e a cobertura do museu foram atingidos por chamas. Era segunda-feira e o local estava fechado para o público. Um bombeiro civil, que atuava no museu, morreu no incêndio.
"A situação do Museu Nacional foi semelhante ao da Língua Portuguesa. Os dois casos poderiam ser evitados se houvesse uma prevenção melhor contra os incêndios", afirma o tenente-coronel da reserva do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Cássio Armani.
Desde 2016, o espaço passa por obras de reconstrução. A previsão é de que volte a funcionar no próximo ano.

Museu do Ipiranga

O Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, está fechado desde 2013, após um laudo apontar riscos de desabamento do forro. O lugar, cujo acervo histórico conta com mais de 450 mil obras, é mantido pela Universidade de São Paulo.
Museu Paulista, mais conhecido como Museu do IpirangaDireito de imagemJOSÉ ROSAEL / USP IMAGENS
Image captionPrevisão é que o Museu do Ipiranga seja reaberto em 2022
Desde que suspendeu suas atividades, o museu encaminhou suas obras para imóveis alugados especialmente para conservar os itens. A previsão é de que o lugar volte a funcionar no bicentenário da independência do Brasil, em 2022.

Museu de Arte de Brasília

Criado em 1985, o Museu de Arte de Brasília (MAB) era considerado um dos mais relevantes museus de arte moderna e contemporânea do Brasil. As obras do local, produzidas a partir da década de 50, eram caracterizadas pela diversidade de técnicas e materiais, com pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, esculturas e objetos.
MABDireito de imagemJÚNIOR ARAGÃO / SECDF
Image captionMuseu de Arte de Brasília antes da reforma
O espaço foi fechado por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, em 2007. O órgão apontou que o local apresentava precariedade em sua estrutura. Desde então, o acervo do lugar foi encaminhado ao Museu Nacional da República, também em Brasília.
Por quase uma década, o espaço foi um canteiro de obras. Segundo a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, a reconstrução do museu foi retomada em outubro de 2017 e está orçada em R$ 7,6 milhões. Os recursos foram obtidos por meio de financiamento do Banco do Brasil e da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap).
MAB em reformaDireito de imagemASCOM/SECDF
Image captionMuseu de Arte de Brasília se reduziu a um canteiro de obras por quase uma década
A previsão, segundo o Governo do Distrito Federal, é que o espaço seja reaberto no primeiro semestre do ano que vem.

Museu do Índio

Criado com o objetivo de contribuir para a preservação do patrimônio cultural indígena, o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, está fechado ao público desde julho de 2016.
A instituição é responsável por administrar os acervos das maiores sociedades indígenas do país. O local possui 18 mil peças etnográficas e 15 mil publicações nacionais e internacionais relacionadas às questões indígenas. O museu é considerado referência para estudos sobre o tema.
Atividade em comemoração ao Dia do Índio, no Museu do Índio, em Botafogo, no Rio (12/04/2014)Direito de imagemAGÊNCIA BRASIL/ TOMAZ SILVA
Image captionAtividade em comemoração ao Dia do Índio, no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, em 2014
O espaço está fechado para visitantes após iniciar obras de adequação de segurança do seu acervo e do patrimônio arquitetônico, incluindo projeto de prevenção e combate ao incêndio.
Por meio de comunicado enviado à BBC News Brasil, a diretoria do museu informou que a reabertura do local foi atrasada em razão do "contingenciamento no orçamento do Governo Federal". A expectativa é de que o lugar reabra ainda neste ano.
Segundo a diretora substituta do Museu do Índio, Arilza de Almeida, o local continua atendendo pesquisadores, incluindo indígenas. No entanto, visitantes e grupos escolares, que costumavam ir ao lugar para estudo de questões indígenas, estão suspensos há dois anos.
"O Museu do Índio está fechado à visitação pública a seus espaços expositivos, porém, permanece funcionando em suas tarefas de preservação, conservação, pesquisa e divulgação do acervo junto ao público através de mídias e exposições fora do Museu", informa a diretora do lugar.

Professor Edgar Bom Jardim - PE