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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Tuiuti é campeão no coração dos brasileiros

O que importa é que a verdade para o povo brasileiro é que a Tuiuti foi a campeão das escolas de samba do Rio de Janeiro em 2018.


Cante:
Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social (Meu Deus) "

Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social

Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação

Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação

Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz

Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente

Ê calunga! Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro, nem feitor

Amparo do rosário ao negro Benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor

E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel

Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social

Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação


Compositor: Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal


samba enredo tuiuti 2018
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Arte:Das peças indígenas a fósseis: os itens culturais brasileiros que estão ou correm risco de ir parar no exterior


Desenho de índio com manto tupinambá
Image captionAquarela sobre pergaminho mostra índios brasileiros, um deles com um manto tupinambá; mantos conhecidos estão em museus da Europa

Os mantos tupinambás são resquícios exuberantes do povo que dominava a costa do Brasil há 500 anos. Há apenas seis exemplares preservados no mundo que ainda trazem quase intactos os trançados de fibras naturais e penas vermelhas de guarás e azuis de ararunas.
Mas, apesar de eles terem sido confeccionados em território nacional, os brasileiros que queiram conhecê-los terão de viajar ao exterior: todos os exemplares de mantos tupinambás de que se tem notícia estão em acervos da Europa.
O mais conhecido e conservado deles está no Nationalmuseet, em Copenhague, capital da Dinamarca. O exemplar foi exposto no Brasil em 2000, nas comemorações dos 500 anos do descobrimento pelos portugueses.
Foi nessa ocasião que povos que reivindicam ser herdeiros dos tupinambás, em especial os Tupinambá de Olivença, na Bahia, passaram a requerer o retorno do manto. Desde então, porém, apesar de contarem com o apoio de universidades e outras organizações, não tiveram sucesso em reaver os objetos.

Manto Tupinambá da coleção do Nationalmuseet, na Dinamarca
Image captionMuseu na Dinamarca que abriga um dos seis mantos tupinambás conhecidos no mundo diz nunca ter recebido uma solicitação formal para devolução ao Brasil | Foto: Niels Erik Jehrbo/Museu Nacional da Dinamarca

Segundo pesquisadores, os exemplares que estão na Dinamarca, na França, na Itália, na Bélgica, na Alemanha e na Suíça saíram do Brasil como consequência da invasão holandesa no Nordeste. Com a expulsão dos holandeses de Pernambuco no século 17, os mantos acabaram sendo levados para a Europa - ainda que não se saiba exatamente como chegaram aos museus onde estão hoje.
Por e-mail, o Nationalmuseet disse à BBC Brasil que o item consta de registros do museu que datam de 1689 e admitiu que não há "conhecimento sólido" sobre sua procedência.
A instituição afirmou que, por sua "longa tradição de diálogos positivos e trocas globais", é uma prática recorrente o empréstimo de peças a museus do exterior. O início de um processo de devolução, porém, depende de um pedido oficial do país - o que, segundo o Nationalmuseet, nunca foi feito em relação ao manto tupinambá.

Patrimônio nacional

Para além dos mantos tupinambás, o Brasil abasteceu - e continua abastecendo - acervos estrangeiros com peças arqueológicas, etnográficas e fósseis de dinossauros e animais pré-históricos.
Mas, se no passado, o colonialismo foi responsável pelas perdas, hoje o tráfico ilegal de obras de arte e fósseis é o maior responsável pelo problema.
Atualmente, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o tráfico ilegal de fósseis oriundos da região do Crato, na Bacia do Araripe (CE), é a principal área de preocupação do Brasil em relação à evasão de patrimônios nacionais. Alguns fósseis chegam a ser ofertados em sites especializados na internet. Uma lei de 1942 criminaliza a saída de fósseis do território nacional.

Fóssil de uma libélula encontrado na Bacia do Araripe
Image captionFóssil de uma libélula encontrado na Bacia do Araripe; local sofre hoje da evasão de fósseis por meio do tráfico ilegal | Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

A pasta diz já ter feito questionamentos formais sobre a procedência de alguns itens alocados em museus internacionais, mas tais bens não foram encontrados.
O cenário de evasão de bens culturais como esses fez com que a célula brasileira do Conselho Internacional dos Museus (ICOM) - rede que reúne instituições do tipo em todo o mundo - passasse a desenvolver um mapeamento do que está em risco no patrimônio cultural nacional. Esse dossiê, batizado de Red List, faz um diagnostico dos tipos de bens mais vulneráveis - gerando, por exemplo, cartilhas de orientações para agentes que trabalham nas alfândegas por onde o patrimônio pode acabar escapando ilegalmente.
No caso do Brasil, há pelo menos três tipos de bens que deverão estar na Red List brasileira: itens arqueológicos, fósseis e peças do Barroco. É o que indica Maria Ignez Mantovani Franco, presidente do Conselho de Administração do ICOM no Brasil, que prevê que uma primeira versão do dossiê seja concluída ainda em 2018.
Apesar da situação, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Marcelo Mattos Araujo, o Brasil não acumula uma quantidade expressiva de reinvindicações oficiais de peças que estão no exterior.

Tartaruga mais antiga do mundo e cobra de quatro patas

No que diz respeito aos fósseis, porém, há iniciativas incipientes de repatriação.
Há quase seis anos, o governo brasileiro iniciou um processo para repatriar seu primeiro fóssil. Trata-se de um exemplar da tartaruga mais antiga do mundo, a Santanachelys gaffneyi, hoje em uma universidade no Japão.

O único fóssil completo do pterossauro Tapejara navigans no mundo, encontrado na Bacia do Araripe
Image captionO único fóssil completo do pterossauro Tapejara navigans no mundo, encontrado na Bacia do Araripe | Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Atualmente, esse é um dos quatro fósseis que a Procuradoria da República no Ceará tenta recuperar por meio de cooperação com instâncias jurídicas do exterior. Os outros três itens com processos em aberto estão na França, Alemanha e Itália.
"O trabalho de repatriação está em curso", disse à BBC Brasil o procurador da República Rafael Rayol. "Todo mês temos notícias de pessoas que transportam, às vezes até como suvenir, fósseis do Araripe de forma irregular. Há também uma rede internacional de tráfico, e a Europa é o maior mercado. Em geral, os consumidores finais são colecionadores, mas vez ou outra esses itens chegam também a universidades."
Segundo Renato Pirani Ghilardi, presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia, é sabido que existem pesquisadores que receptam fósseis no exterior - e estes acabam muitas vezes figurando em estudos científicos prestigiados.
"Nos últimos cinco anos, posso apontar várias espécies que foram encontradas no Brasil, mas descritas lá fora", disse Ghilardi à BBC Brasil. "Nas publicações, eles dizem que o material estudado estava perdido em alguma coleção antiga, anterior a 1942 (quando foi implantada a legislação que criminaliza a saída de fósseis). Não achamos que as ciências devam ter fronteiras. Mas poderia ter uma regulação maior, com esse material voltando depois de um tempo, por exemplo".

Legitimidade de quem pede de volta e custos de devolução

No entanto, a experiência mostra que, na prática, a restituição de bens culturais esbarra em questões complexas: da legitimidade de quem pede de volta aos custos da devolução.
"Pelas regras da ONU e da Unesco, uma vez que a negociação de devolução é bem-sucedida, o país reivindicante deve arcar com as despesas da restituição. Isso implica que o país deve estar disposto a trazer o objeto", aponta Luiz Carlos Borges, pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro.

Ilustração mostra três cenas em três tipos diferentes de museusDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDebate sobre a restituição de bens culturais envolve outras questões complexas como a legitimidade dos requerentes e os custos da devolução

E, quando a consideração dos custos envolve também a manutenção e exibição dos artefatos, alguns especialistas são reticentes sobre as vantagens de reaver itens do patrimônio brasileiro no exterior.
"A gente não pode reivindicar sem ter condições de receber. Isso é calamitoso no Brasil", afirma Lúcio Menezes Ferreira, professor de Departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul. "E a repatriação não é receber apenas por receber, tem que haver um desejo das comunidades locais ou uma demanda dos pesquisadores que justifique o pedido."
Mesmo aqueles cientistas brasileiros cujo material de pesquisa nacional está a milhares de quilômetros de distância se dividem sobre trazer as peças de volta ou não.
No século 19, o pesquisador dinamarquês Peter Lund descobriu que a região mineira de Lagoa Santa guardava artefatos e resquícios de atividade humana de mais de 10 mil anos. O material abasteceu museus europeus ao redor do mundo.

Molduras de quadros expostasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil tem atuação oficial tímida na restituição de bens culturais

O pesquisador Danilo Vicensotto, da Universidade Federal do Rio Grande, estima que existam cerca de 30 crânios humanos retirados dali em museus como o de Zoologia da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e o Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra. Isso fora outros vestígios, como fósseis de animais.
"Às vezes temos que viajar para o exterior para fazer pesquisas. Mas, mesmo assim, não sei se seria a favor de trazer as peças para cá. Acho que não. A gente, com raríssimas exceções, não tem onde colocar o material. Faltam obra, pessoal, verba, manutenção. A ciência no Brasil é a última das prioridades, vista como um artigo de luxo, supérfluo", avalia Vicensotto.
Para a museóloga Maria Ignez Mantovani Franco, ainda que o Brasil tenha legitimidade para exigir repatriações, a projeção internacional de peças brasileiras é um aspecto que deveria ser levado em conta nesse debate.
"Quando o Abaporu (pintura de Tarsila do Amaral) foi para o Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na Argentina), foi uma guerra. Muitas pessoas foram contra. Mas eu acho que aquele é um museu latino-americano, então ter uma peça expressiva ali é significativo", avalia.
"Há uma importância também de que a cultura brasileira e o Brasil sejam compreendidos em outras dimensões no exterior. É claro que não precisa ser com transposição do acervo todo, mas há outros caminhos de sensibilização, como exposições temporárias."

Quando os museus brasileiros são questionados


O Canhão de Cristiano, hoje no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro
Image captionO Paraguai reivindica a devolução do Canhão de Cristiano, hoje no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro | Foto: MHN

O Brasil, do seu lado, também já viu seus museus envolvidos em demandas por restituição.
O caso mais famoso, e nunca atendido, foi o pedido paraguaio pela devolução do Canhão de Cristiano, símbolo da Guerra do Paraguai (1864-1870) e hoje parte do acervo do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.
Já as demandas por objetos usurpados de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, uma grande discussão no mercado internacional de arte, também chegaram ao país.

Peças arqueológicas descobertas no Rio
Image captionItens arqueológicos, fósseis e peças do Barroco no Brasil estão vulneráveis a problemas como tráfico ilegal e dispersão de coleções | Foto: Agência Brasil

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) tem peças em seu acervo reivindicadas por herdeiros de colecionadores judeus perseguidos durante a guerra - como a pintura O Casamento Desigual, de autor desconhecido, e uma coleção de esculturas em bronze do francês Edgar Degas.
Segundo o museu, porém, essas e outras peças nunca foram requisitadas formalmente, com "embasamento ou provas concretas", pelas famílias.
"O museu apoia a repatriação aos herdeiros de obras cujo histórico e procedência sejam comprovados em juízo (...) No entanto, também tem a missão de zelar por seu acervo, que é patrimônio nacional, e não pode agir a partir de solicitações informais", afirmou o Masp em nota.
BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 28 de janeiro de 2018

Cinema: Guillermo del Toro é acusado de plágio por "A Forma da Água"


Um herdeiro do dramaturgo Paul Zindel acusa o filme "A Forma da Água", de Guillermo del Toro, de se aproveitar do trabalho do autor sem creditá-lo.
Segundo David Zindel, filho do dramaturgo americano vencedor do Pulitzer, o longa contém muitos dos mesmos elementos de uma peça escrita por seu pai em 1969, e que virou atração na TV.

Em "Let me Hear You Whisper", o texto que supostamente foi plagiado, uma zeladora cria um laço com um golfinho que é mantido num laboratório e tenta resgatá-lo.
No filme de Del Toro, uma faxineira se afeiçoa a um monstro aquático aprisionado num laboratório e tenta libertá-lo.

"Estamos chocados que um grande estúdio pudesse ter feito um filme tão escancaradamente derivado da obra de meu pai sem que dar o devido reconhecimento", escreve David num e-mail enviado ao jornal britânico "The Guardian".

"A Forma da Água" concorre em13 categorias no Oscar, incluindo roteiro original, assinado apenas por Del Toro e por Vanessa Taylor. Um porta-voz da Fox Searchlight, estúdio por trás do filme, negou as acusações.

"Guillermo del Toro nunca leu ou viu a peça em qualquer forma", diz o comunicado. "E ele sempre foi muito aberto em dizer quais são as suas influências." Em entrevista, Del Toro disse que a ideia teve origem numa conversa sua com o produtor Daniel Kraus, que propôs uma história sobre "uma zeladora que rapta um homem-anfíbio de um laboratório".
CONTÉM SPOILERS
Ambas as histórias são ambientadas nos anos 1960 e trazem curiosas semelhanças: nos dois casos, as protagonistas trabalham em plantões noturnas e constroem suas respectivas relações com a criatura aquática por meio do oferecimento de comida e de dancinhas.

Além disso, nos dois casos, os laboratórios em que as tramas são ambientadas são secretos e estão envolvidos em operações militares. E a trama se desenrola, em ambos, depois que a protagonista descobre que há planos para matar a criatura aquática.

Outros detalhes: nos dois casos, um carrinho de lavanderia é usado no resgate, e existe uma cumplicidade entre a protagonista e uma outra colega de limpeza.
Morto em 2003, Zindel venceu o prêmio Pulitzer em 1971 pela peça "The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds".
Com informações de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 21 de janeiro de 2018

Arte:o patrimônio de ritmo e adoração de Pernambuco


A batida dos pés, os batuques, as danças, a religião: cada parte das tradições que vieram com os negros desde a época da escravidão ainda vive. E é durante o Carnaval que elas são mais abertamente exaltadas. Os grupos de maracatu, afoxé, ciranda, coco e até o samba, que dão ritmo a uma das festas mais características de Pernambuco, também relembram a adoração aos orixás e os instrumentos antigos que resistiram junto aos costumes de uma religião que atravessou séculos, vinda de várias partes da África, e que se incorporou fortemente à cultura nordestina.

“A nossa cultura negra significa não esquecer os nossos valores”, conta Mametu Nadja de Angola, rainha do Maracatu Nação Leão da Campina. “Os primeiros sons dos tambores, os primeiros couros colocados, aquelas danças com tanto sofrimento, tudo veio de um povo pisando descalço e que, mesmo assim, ainda tirava alegria da dança”, reflete Mametu, que é mãe do Abassá Kaiangu Kìa Ìtembu, onde defende com seus filhos e netos a tradição de terreiros angolanos.

O maracatu é negro, acima de quaisquer outras influências culturais, que são vislumbres de vários países africanos e elementos ameríndios e europeus incorporados em algum ponto entre os séculos 17 e 18.

Nos anos seguintes, a tradição virou ritmo, dança, adoração e patrimônio cultural imaterial de Pernambuco pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2014, dentro de suas duas facetas: o maracatu Nação (ou de baque virado), com sua orquestra de percussão, e o maracatu rural (baque solto), com os instrumentos de sopro e os caboclos de lança incorporados, que contam também a história dos trabalhadores dos canaviais.

Olhando um maracatu seguir, é possível identificar as damas do paço, carregando as calungas, bonecas sem as quais a procissão não sai. Elas são a representação religiosa de cada nação e simbolizam uma entidade ou uma rainha morta. São vivas para o Candomblé e também dão vida a todo o resto do passeio.

“O maracatu e o terreiro são duas coisas inseparáveis”, afirma o mestre Shacon Viana, da Nação Porto Rico, grupo centenário cuja rainha, Mãe Elda, é yalorixá de Oxóssi e foi coroada dentro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, um passo inigualável para a reafirmação da religião. “Sem o candomblé, o maracatu vira qualquer coisa.”

Mas a manifestação cultural vai além das veias religiosas. Tem um apelo de espetáculo. Toda a organização relembra a coroação dos Reis do Congo, seguindo as calungas, com uma corte de duques e duquesas, príncipes e princesas, embaixador e, embaixo do guarda-sol (o pálio) segurado pelo lacaio (escravo, como muitas nações chamam), vêm o Rei e a Rainha com sua espada e seu cetro.

A corte tem movimentos e danças características e é acompanhada por baianas e uma orquestra composta apenas de instrumentos de percussão: alfaias, caixas e tarôs, ganzás, gonguê e abês.

No Recife, a representação dos orixás e da religiosidade, além de sacralizar a festa de Carnaval, dedicada aos deuses, ainda reafirma a importância da tradição de matrizes africanas.

“O maracatu se torna, para o nosso povo, a representação de uma religião, da vida, da tradição e de tudo que é mais sagrado”, conta o mestre Shacon. “É também uma válvula de escape e uma forma de fazer com que nosso povo se descubra, se valorize e entenda seu legado”, aponta.

Essas matrizes aparecem tanto nos símbolos quanto no ritmo dos maracatus, nascidos nos antigos engenhos e fazendas que abrigavam os escravos; também está no coco, afoxé, na ciranda, no samba.

Dentro dos terreiros e grupos de música, o que importa vai muito além da dança. “A cultura não é só a coisa bonita em cima do palco, a gente faz todo um trabalho social em volta disso”, explica Mametu Najda.

Entre os filhos do seu abassá (o local onde as cerimônias são celebradas), ela investe em educação para os jovens, cuidado familiar para os adultos e conscientização para todos.

“Temos que fazer com que os jovens olhem a vida com um jeito diferente. Também temos que ter cuidado quando saímos na rua para nossas obrigações”, enumera a mãe, que reconhece as dificuldades de manter uma religião que nem sempre é respeitada em uma época violenta, ainda mais em periferias, onde as nações costumam se estabelecer. “Cada um faz um pouco para tornar a vida melhor. Cada grupo de afoxé, de coco, de maracatu”, afirma mametu Nadja, que reafirma a unidade entre as entidades que se dedicam às raízes africanas. Todos nós fazemos.”     Fonte:Folha de Pernambuco. Foto: Brenda Alcântara
http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/2018/01/arteo-patrimonio-de-ritmo-e-adoracao-de.html

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Lia de Itamaracá - Patrimônio Vivo


Vídeo:Professor Edgar entrevista Lia de Itamaracá em Bom Jardim -PE.
 Gravado em 2005.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=143&v=-K3k2qupKMM
Conheça mais:
Lia de Itamaracá.


Maria Madalena Correia do Nascimento nasceu no dia 12 de janeiro de 1944, na ilha de Itamaracá, Pernambuco. 
Sempre morou na Ilha e começou a participar de rodas de ciranda desde os 12 anos de idade. Foi a única de 22 filhos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de um dom de Deus e uma graça de Iemanjá.

Mulher simples, com 1,80m de altura, canta e compõe desde a infância e hoje é considerada a mais famosa "cirandeira" do Nordeste brasileiro.

Trabalha como merendeira numa escola pública da rede estadual de ensino e, nas horas vagas, dedica-se à musica e à 
ciranda, além de cantar e compor cocos de roda e maracatus

A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras pessoas interessadas na cultura popular nordestina a descobrir o seu talento e acabaram fazendo alguns trabalhos em parceria, como o resgate de músicas em domínio público e composições.

Maria Madalena c
omeçou a ficar conhecida como Lia de Itamaracá, nos anos 1960 e é a fonte de um refrão famoso, recolhido pela compositora Teca Calazans: Oh cirandeiro/cirandeiro oh/ a pedra do teu anel brilha mais do que o sol. A estes versos Teca incorporou uma toada informativa, que também teve grande sucesso: "Esta ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá".
Em 1977, Lia gravou seu 
primeiro disco, intitulado A rainha da ciranda,não recebendo, no entanto, nenhum pagamento pelo trabalho.
Mais de d
uas décadas depois foi redescoberta, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, em 1998, onde fez grande sucesso e tornou-se conhecida em todo o Brasil. Antes ela só era famosa em Pernambuco e entre compositores e estudiosos da cultura popular nordestina.
Em 2000, saiu seu CD 
Eu Sou Lia, lançado pela Ciranda Records e reeditado pela Rob Digital, cujo repertorio incluía coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas acompanhadas por percussões e saxofone.
O CD acabou sendo 
distribuído na França por um selo de world music e a voz rascante de Lia chamou a atenção da imprensa internacional, que começou a batizar suas canções de trance music, numa tentativa de explicar o “transe” que o som causava no público.
Mesmo obtendo um sucesso tardio, fez turnês internacionais obtendo muitos elogios. O jornal 
The New York Times a chamou de “diva da música negra”.

No Brasil, Lia também conquistou mais espaço. Participou com uma faixa no CD Rádio Samba, do grupo Nação Zumbi, teve seu nome citado em versos dos compositores pernambucanos Lenine e Otto, e críticos de música a comparam a Clementina de Jesus.

As cirandas pernambucanas de Lia são cantadas por muitos.

Referencial da cultura pernambucana, Lia de Itamaracá, hoje, é uma das lendas vivas do Estado e continua morando na ilha de Itamaracá.


Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Lixo:“Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil”


O historiador Marco Antonio Villa e a cantora Anitta (Foto: Divulgação)
O novo sucesso de Anitta, “Vai Malandra”, desagradou o historiador Marco Antonio Villa, comentarista da Jovem Pan, que toca os sucessos da funkeira com frequência. Na manhã desta terça-feira, 9, em uma participação no “Jornal da Manhã”, ele fez duras críticas à música, ao clipe e à artista.
Para ele, “Vai Malandra dá nojo” e “Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil”.
“Nós vivemos uma decadência cultural. É inquestionável, inegável. A ignorância se transformou em política oficial. Quanto mais medíocre melhor. Eu pego como exemplo essa moça. A cantora Anitta é o melhor exemplo da decadência cultural do Brasil. A música ‘Vai Malandra’ e o vídeo são uma das coisas mais racionárias que eu vi na minha vida. A desqualificação da mulher é um absurdo. Não vou chamar de versos na letra, que seria exagero. Ela está com uma bota com a bandeira do Brasil”, criticou Villa.
“Observe que há toda uma mercantilização do corpo da mulher e uma idealização da favela, que é favela mesmo, não é comunidade. É favela. Nós não podemos pelo nome transmudar, através de uma palavra, uma vergonha nacional, que é a existência das favelas. As pessoas não podem morar naquelas condições de vida terríveis, naquele espaço marcado pelo crime, não pode. As pessoas têm que morar em condições adequadas. Morar ali é impossível, e não há meio de reformá-las. O vídeo dá nojo, dá asco. Chamaram isso do ‘novo hino nacional brasileiro”, completou.
Recentemente, o colunista do jornal O Globo Nelson Motta fez uma matéria onde ressalta a importância de Anitta para o Brasil. Para ele, a funkeira se tornou a artista do momento e atingiu um alto patamar de sucesso ao longo de 2017.
“Anitta é a artista do momento, a mulher do ano, sucesso internacional, embora muitos ainda a chamem de “funkeira”, pejorativamente, para confiná-la em uma favela musical. Mas por que ela também incomoda tanto? Não tem voz! Gritava a velha guarda quando João Gilberto apareceu há 50 anos, em defesa das “grandes vozes” da Rádio Nacional. Gritaram de novo com Anitta, mas sua participação impecável na abertura das Olimpíadas, a convite de Caetano Veloso e Gilberto Gil, além do aval dos mestres, calou as bocas e encheu os ouvidos com uma voz doce, afinada e suingada”, disse o colunista.
“Quem se proporia o desafio de lançar um clipe por mês durante um ano? E mais: com ótimas músicas em português, espanhol e inglês, de bossa nova eletrônica a reggaeton e funk de favela, filmados da Amazônia ao Vidigal, com Anitta enlouquecendo o Brasil com seu biquíni de fita isolante. Nunca um artista brasileiro foi tão longe e tão alto no mundo ultracompetitivo do pop internacional. E ela está só começando”, continuou o global.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=KCWB1cQ1C1k
Fonte: opovo
Professor Edgar Bom Jardim - PE