terça-feira, 21 de março de 2023

'O que é Alexa?': libertado após 27 anos, homem condenado na adolescência explora 'novo mundo





Bostic do lado de fora de um shopping em St. Louis no mês passado-

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Bobby ao lado de um shopping em St. Louis no mês passado


Quando o americano Bobby Bostic foi libertado da prisão em novembro, quase três décadas após ter sido condenado a 241 anos, estranhou muitas coisas do lado de fora.

De fones de ouvido sem fio ("Por que os caras estão falando sozinhos?"), a pessoas conversando com seus alto-falantes ("O que é Alexa?"), o mundo mudou muito, em comparação com 1995.

Mas o mais estranho de tudo foram as pessoas.

"Como eles são amigáveis, em comparação com a prisão", diz o homem de 44 anos. "Você entra em uma mercearia e é 'Senhor, posso ajudá-lo?' Na prisão, você não encontra nada além de rostos mal encarados..."


Ele ainda está se ajustando a ouvir "Ei, como vai?" em vez de "Não ande tão perto de mim".

"Aqui, são apenas coisas boas. Pessoas sorrindo. Crianças acenando para você. É como se a vida fosse assim. Isso é normal. É assim que as coisas deveriam ser."

Logicamente então, é difícil se adaptar após 27 anos de agressão institucional e persistente.

"No fundo, sempre buscamos essa humanidade, essa conexão humana. Isso é vida. Isso é beleza. Essa é a alegria de ser humano."



'Novo capítulo'

Depois de dormir quase 10.000 noites em uma cela nos Estados Unidos, 8 de novembro de 2022 foi a última que Bobby passou preso. Mas ele estava muito ocupado sonhando com a liberdade para conseguir dormir.

Em vez disso, ele passou a noite longa e escura fazendo as malas. Ele deixou seus pertences para outros prisioneiros, mas manteve uma coisa: sua máquina de escrever.

Ao nascer do sol, com a cela lotada, ele olhou para o quadro que indicava quais prisioneiros estavam mudando de cela. Ao lado de seu nome havia uma palavra: libertado.

"Não parecia real até eu ver as palavras", diz ele.

Quando a partida se tornou realidade, Bobby vestiu roupas normais para voltar para casa. Depois de 27 anos vestindo o uniforme cinza da prisão, ele escolheu um terno azul.

"Ele representa o novo capítulo da minha vida", diz ele. "A nova vida."

Vinte e cinco anos antes, a juíza Evelyn Baker disse a Bobby que ele "morreria na prisão".

Mas às 7h30 de uma manhã de novembro, Bobby se tornou um homem livre, vestindo seu terno e com um sorriso tão brilhante quanto o sol do Missouri.

Assim que saiu, uma mulher de chapéu preto foi em sua direção para abraçá-lo. Era a juíza Evelyn Baker.

Guerra judicial

A jornada que terminou com um abraço do lado de fora da prisão começou em dezembro de 1995, em um dia regado a drogas em St Louis, Missouri.

Depois de beber gim, fumar maconha e usar PCP (fenciclidina), Bobby, que na época tinha16 anos, e seu amigo Donald Hutson iniciaram uma onda de assaltos à mão armada.

Eles roubaram de um grupo que dava presentes de Natal para os necessitados. Dispararam sua arma (não feriram ninguém, felizmente). Roubaram o carro de uma mulher ameaçando-a com uma arma.

Após ser preso, a Justiça ofereceu a Bobby um acordo - se ele se declarasse culpado receberia uma sentença de 30 anos com possibilidade de liberdade condicional. Ele recusou. E foi, é claro, considerado culpado. Baker o condenou a várias sentenças consecutivas por seus 17 crimes, totalizando 241 anos.

Já Hutson fez um acordo, se declarou culpado e pegou 30 anos.

Quando a BBC entrevistou Bobby pela primeira vez, em 2018, ele teve vislumbres de esperança. Em 2010, a Suprema Corte dos Estados Unidos havia decidido que menores de idade não deveriam receber sentenças de prisão perpétua sem liberdade condicional por crimes que não envolvessem homicídio.

Em 2016, foi confirmado que a decisão deveria se aplicar também a casos anteriores, como o de Bobby.

Mas o Estado de Missouri não estava disposto a liberar Bobby, argumentando que ele não havia recebido sentença de prisão perpétua, mas sim várias sentenças, por diferentes crimes, que aconteceram ao mesmo tempo.

A Justiça local chegou a afirmar que ele teria chance de liberdade condicional na "extrema velhice".

Em abril de 2018, um mês após a entrevista da BBC, a Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou os recursos apresentados por Bobby - sem esclarecer o motivo.

"A maioria das pessoas desistiria naquele momento", diz Bobby. "Uma vez que eles te dizem não, não resta mais nada."

Mas Bobby não desistiu. Ele voltou a ler seus livros de autoajuda - o autor americano Napoleon Hill é um dos seus favoritos - e a usar sua máquina de escrever. A esperança permaneceu viva, uma letra de cada vez.

Bobby Bostic em 2017

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Bobby em 2017, ainda preso enquanto travava batalhas na Justiça

A juíza arrependida

Foi uma emenda a uma nova lei do Missouri, que oferecia liberdade condicional a prisioneiros condenados a longas sentenças quando crianças, que deu a Bobby uma nova chance.

No entanto, em 14 de maio de 2021 - o último dia antes do recesso legislativo do Missouri - a proposta ainda não havia sido aprovada.

"Eu não tinha muita fé", diz Bobby. "Normalmente, se não passar até janeiro ou fevereiro, não há chance de chegar lá."

E então Bobby recebeu uma mensagem de um amigo por correspondência.

"A prisão começou a nos permitir receber e-mails", diz Bostic. "Alguém me enviou por e-mail um artigo do [jornal] Missouri Independent, dizendo que a lei realmente foi aprovada ... foi um milagre. Eu fiquei tipo, 'cara, isso vai realmente acontecer? O governador vai assinar?'"

O governador, Mike Parson, assinou a lei. Graças à "Lei de Bobby", ele - e centenas de outros - tornou-se apto à liberdade condicional. A audiência de Bobby foi marcada para novembro de 2021.

"Mas eu não sabia o que esperar", diz ele. "Uma audiência de liberdade condicional não é garantia de sair da prisão."

Nas audiências, é permitido que os presos escolham um representante oficial para ajudá-los. Bobby sabia a quem recorrer - a juíza que disse que ele morreria na prisão.

A juíza Evelyn Baker em 1983

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A juíza Evelyn Baker foi escolhida por Bobby para representá-lo

Baker - que, em 1983, se tornou a primeira juíza negra do Missouri - começou a questionar a sentença de Bobby por volta de 2010, dois anos depois de se aposentar, ao ler sobre a diferença entre cérebros de adolescentes e adultos. Em seus 25 anos de carreira, essa foi a única decisão da qual ela diz ter se arrependido.

Em fevereiro de 2018, ela escreveu um artigo para o jornal The Washington Post, classificando a sentença de Bobby como "estúpida e injusta". Um mês depois, ela falou com a BBC, repetindo a mensagem.

Mas o que ela disse na audiência de liberdade condicional?

"Bobby era uma criança de 16 anos que eu tratava como um adulto completo, o que era errado", diz ela à BBC agora. "Eu me aproximei de Bobby e de sua irmã. Eu o vi passar de basicamente um delinquente juvenil para um adulto muito atencioso. Ele cresceu."

Assim como a juíza, uma das vítimas de Bobby do episódio de 1995 se pronunicou a seu favor (a BBC já havia entrado em contato com algumas das vítimas de Bobby e Hutson, mas nenhuma quis falar publicamente). Com a ajuda deles, a audiência de liberdade condicional foi bem-sucedida.

"Se eu pudesse ter dado cambalhotas, eu teria", disse Baker.

Um ano após a audiência de liberdade condicional, a pessoa que ela abraçou naquela manhã ensolarada de novembro era um homem livre.

"Era como Natal, Ano Novo, todos os feriados reunidos em um", diz ela. "Comecei a chorar. Bobby estava livre."

A juíza Evelyn Baker se encontrando com Bobby Bostic na prisão em 2020

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A juíza Evelyn Baker se encontrando com Bobby na prisão em 2020

Depois de encontrar Baker, além de amigos, parentes e apoiadores de sua causa, Bobby foi comer sua primeira refeição fora da prisão desde 1995. Vegano por 24 anos, ele escolheu um taco. Mas aconteceu um imprevisto.

"Entrei no carro e vomitei toda a comida", diz ele. "Não andava de carro na estrada há 27 anos. Existe uma coisa chamada enjoo."

Depois de se recuperar, ele foi para a casa da irmã na zona sul de St. Louis, cidade onde cresceu. Ao longo do dia, diz ele, mais de 400 pessoas vieram cumprimentá-lo.

"Eles formaram uma fila em volta do quarteirão", diz ele. "Quando vi, apertei a mão dessa pessoa, desse primo, dessa tia, desse tio, desse amigo... Fiquei acordado até as duas da manhã."

No entanto, o mundo exterior não é uma festa sem fim. Houve, pode-se dizer, episódios de enjoo.

Bobby e sua irmã administram uma instituição de caridade, Dear Mama, que doa comida, brinquedos e outros tipos de apoio a famílias de baixa renda em St Louis (o nome da entidade é uma homenagem a mãe falecida deles, Diane, que segundo Bobby "doou a muitas pessoas, ainda que não tivéssemos muito").

Ele dirige uma oficina de redação todas as quintas-feiras no centro de detenção juvenil da cidade e quer fazer mais. Mas como a caridade, é um trabalho voluntário.

Ele ganha dinheiro com a venda de livros - ele tem sete à venda na Amazon, todos escritos em sua máquina de escrever na prisão - e ocasionalmente com palestras. Com isso, aluga um apartamento de um quarto e paga as contas.

"Com o que estou fazendo agora, mal estou sobrevivendo", ele admite.

Ele espera conseguir um emprego em tempo integral em trabalho comunitário ou evangelismo juvenil, e está fazendo entrevistas para vagas. No entanto - mesmo que o dinheiro seja escasso - isso não diminui sua admiração ou gratidão pelo mundo exterior.

"Ainda estou lutando com algumas coisas", diz ele. "Mas fora isso, a vida aqui é linda, todos os dias. Eu vasculho a geladeira e vejo a variedade de coisas para escolher. Um banho na banheira - não tomava um há 27 anos! Não dou nada como certo."

Bobby ganhou uma segunda chance na vida e é grato por isso. Mas seu parceiro naquele dia de dezembro de 1995 não.

Donald Hutson - que aceitou o acordo e pegou 30 anos de detenção - morreu na prisão em setembro de 2018. Um relatório toxicológico apontou para uma overdose. Ele se tornaria elegível para liberdade condicional 9 meses depois.

  • Owen Amos
  • Role,BBC News
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 18 de março de 2023

4 coisas que você talvez não limpe em casa, mas deveria





Esponja em pia

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A esponja da cozinha é um dos objetos domésticos que mais abrigam germes

Cada lar é diferente do outro, mas a limpeza da casa costuma ser uma das prioridades de todos os seus moradores.

Algumas pessoas fazem a limpeza todos os dias. Outras, uma vez por semana. Ainda outras complementam a limpeza de rotina com uma faxina profunda, semestral ou anual.

Segundo uma pesquisa do Instituto Nacional da Limpeza dos Estados Unidos, 70% dos lares realizam pelo menos uma limpeza anual completa.

Para muitos, o mais importante é a cozinha e, para outros, o banheiro.


Costumamos concentrar os esforços no forno, no vaso sanitário e nos tapetes, onde sabemos com certeza que se acumulam germes, fungos, ácaros e bactérias.

Mas existem alguns objetos e espaços específicos aos quais nem sempre prestamos a mesma atenção. Neles, também se acumula sujeira e, às vezes, em proporção até maior do que outros lugares mais óbvios.

Você talvez não limpe estes quatro objetos da casa... mas deveria!

A cafeteira

Cafeteira

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A água quente usada para fazer café não consegue retirar os germes e bactérias da cafeteira

Uma pesquisa da Organização de Saúde e Segurança Pública dos Estados Unidos (NSF, na sigla em inglês) concluiu que um dos objetos de cozinha com maior número de germes é a cafeteira.

Os pesquisadores encontraram até 67 tipos de germes diferentes dentro das cafeteiras examinadas.

Existem dois problemas na hora de fazer café. Primeiro, a água quente não consegue retirar todos os germes e a cafeína é perfeita para o crescimento de bactérias. E, durante o processo, ocorre um acúmulo de minerais que acaba formando a borra que pode dificultar o funcionamento da máquina.

Por isso, os especialistas recomendam limpar a cafeteira pelo menos uma vez a cada três meses. E, nos aparelhos que usam cápsulas, recomenda-se a limpeza após o uso de 100 unidades.

O colchão

Limpeza de colchão

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Foram desenvolvidos novos métodos de limpeza dos colchões nos últimos anos

Sim, limpar o colchão não é fácil. Mas o corpo humano produz 1,5 grama de pele morta todos os dias, que invariavelmente acabam ficando no colchão.

Um estudo publicado pela revista Royal Society Open Science em 2018 demonstrou a limpeza do colchão onde dormia um ser humano, em comparação com outro, usado por um chimpanzé. O resultado foi que os seres humanos sujam o colchão quase 30% mais que os seus primos das árvores.

Essa sujeira é o acúmulo de pele morta, pó e suor, que são solo fértil para ácaros e bactérias.

Os especialistas destacam que, nos últimos anos, foram desenvolvidos novos métodos de limpeza dos colchões. E também é recomendável colocar o colchão no sol para reduzir a umidade e passar o aspirador para controlar a presença de mofo.

Sacolas de compras reutilizáveis

Sacola reutilizável

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As sacolas reutilizáveis para carregar compras também abrigam muitas bactérias

O combate às mudanças climáticas trouxe atenção especial aos sacos plásticos descartáveis, que começaram a ser substituídos por produtos mais ecológicos.

Muitos lares passaram a adotar as sacolas reutilizáveis, para evitar o consumo de sacos descartáveis. Mas elas nunca saem do carro ou do carrinho do supermercado.

"Essas sacolas contêm mais vestígios de material fecal e de bactérias como E. coli que a nossa roupa de baixo", segundo o microbiólogo Charles P. Gerba, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, declarou ao portal de notícias AARP.

"Se você usar as mesmas sacolas para carregar carne crua e vegetais crus, pode fazer uma 'salada de salmonela' com muita facilidade", acrescentou Gerba.

O Instituto Nacional da Limpeza dos Estados Unidos recomenda que as sacolas reutilizáveis sejam lavadas à mão (pois a lavadora pode destruí-las) pelo menos uma vez por semana.

A esponja de lavar louça

Lavando esponja na pia

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A esponja da pia deve ser lavada pelo menos uma vez por semana

A esponja da cozinha serve exatamente para retirar a sujeira mais difícil dos pratos e panelas. E, como usamos sabão para a lavagem e até pela sua própria função de limpar e desengordurar, achamos que não é necessário prestar atenção na sua própria limpeza.

Mas um estudo da Universidade de Furtwangen, na Alemanha, destaca que pode haver mais germes e bactérias perigosas para o ser humano na esponja de lavar pratos do que na própria pia.

O estudo encontrou 362 tipos diferentes de bactérias nas esponjas de cozinha analisadas – muito mais do que as encontradas no banheiro.

O motivo é a constante umidade. Além disso, a esponja é repleta de espaços vazios que são ideais para o crescimento dos germes e bactérias.

A recomendação dos especialistas é lavar as esponjas pelo menos uma vez por semana com cloro ou água sanitária, para evitar esse perigoso acúmulo de bactérias.

BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 8 de março de 2023

Viva o Dia Internacional da Mulher todos os dias





Professor Edgar Bom Jardim - PE