quarta-feira, 15 de abril de 2020

Jovens sem estrutura para estudar em casa temem por ‘desvantagem' no Enem: 'Atrapalhou tudo'


A estudante Érica Senna, de 18 anos, em sua casa no interior de PernambucoDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionA estudante Érica Senna, de 18 anos, não tem internet em casa no sítio onde vive, no interior de Pernambuco
Filha de agricultores, a estudante Érica Senna, de 18 anos, sonha em ser economista.
Foi por pouco que ela não conseguiu entrar no curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no ano passado.
Para 2020, a jovem pernambucana já tinha tudo planejado: aulas em cursinhos preparatórios e horas diárias de estudo em casa.
"Comecei o ano achando que esse era o meu ano. Mas aí, infelizmente, veio o coronavírus e atrapalhou tudo".
No sítio onde Érica mora com os pais, na zona rural de Vitória de Santo Antão (PE), a internet praticamente não chega. Não há estrutura para a instalação de redes de banda larga e a internet móvel é instável.
Durante a semana, ela ia, quando achava carona, ao centro da cidade, a mais de 10 quilômetros de distância, onde podia ter aulas presenciais, tirar dúvidas e usar a internet. Mas agora, por causa das restrições impostas pelo coronavírus, ela não vai mais às aulas e nem consegue acompanhar o conteúdo ensinado via videoaulas, disponibilizadas pelos cursos.
Érica tem de se virar com livros e apostilas que tem em casa.
Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mantido para os dias 1 e 8 de novembro, estudantes estão preocupados em como se manter produtivos e preparados paras provas, sem contar com aulas presenciais.
Dados de 2018 divulgados pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) apontam que 33% dos lares brasileiros não tinham acesso à internet.
Muitos estudantes, como Érica, temem que a falta de estrutura em suas casas e de material de qualidade possam atrapalhar nos resultados do fim do ano, devido ao "tempo perdido".
Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do Enem, afirmou que "está buscando garantir a execução adequada [do Enem], não apenas para cumprir com seu dever institucional, mas, principalmente, para não prejudicar mais ainda a sociedade brasileira".
O instituto informou ainda que cada sugestão de instituições e associações "será avaliada e discutida, sempre buscando o que seja melhor para a educação brasileira".

'Processo desigual'

Aluno com prova do EnemDireito de imagemFABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
Image captionO Enem foi mantido para novembro, mesmo diante da crise do coronavírus
Oficialmente, o estudante Vinicius Pereira, de 18 anos, está de férias da escola estadual que frequenta em Ribeirão Preto (SP) desde o início do isolamento social imposto pelo novo coronavírus. Porém, o tempo de "recesso" não o impede de seguir angustiado com as provas do fim do ano.
"A gente sente que está saindo com um passo atrás, porque os alunos de escolas particulares já têm plataformas de estudos mesmo antes da crise. Para a gente, vai ser tudo muito novo, não sabemos como vai funcionar, se todos terão acesso", conta.
As aulas na rede estadual de São Paulo estão suspensas desde o dia 23 de março. A partir de 22 de abril, com a volta, o governo paulista vai disponibilizar aulas ao vivo ministradas pelos professores da rede, acessadas via aplicativo e pela TV. Professores e alunos poderão acessar o conteúdo sem custo de internet, devido a uma parceria com as operadoras.
Mesmo com as alternativas oferecidas por alguns Estados, profissionais que têm contato com esses estudantes relatam o medo pela "concorrência desleal". Fundador do projeto Salvaguarda, que atua no suporte a estudantes de mais de 40 escolas da rede estadual do Rio e São Paulo, Vinícius de Andrade acredita que, sem adiar datas, o processo se torna ainda mais desigual.
"Essa transição para o ensino à distância é mais fácil nas escolas particulares. Para as públicas, o cenário é mais caótico", opina.
Para quem não encontra condições ideais em casa, o cenário fica ainda mais difícil.
Diferentemente de muitos colegas, a estudante Thaís Reis, de 18 anos, não tem acesso à internet em casa, em Confins (MG), na Grande Belo Horizonte.
A conexão foi cortada há 6 meses, após o pai caminhoneiro não ter mais condições de bancar o contrato. Thaís quer ser fisioterapeuta e diz que estava levando o ano "a sério".
"A gente fica em desvantagem agora, sem recursos para poder se preparar", conta.
Para não ficar parada, Thaís segue estudando com apostilas distribuídas na escola. Uma vez por semana, a jovem mineira vai até a casa da avó, no centro de Confins, onde consegue ter acesso ao wi-fi, para baixar conteúdo.

Dicas de quem já estudou em casa

Sem estrutura em casa, Thaís (direita) vê desvantagem para a preparação para o Enem. Nayara (esquerda) passou no vestibular baixando conteúdo no celular.Direito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionSem estrutura em casa, Thaís (direita) vê desvantagem para a preparação para o Enem. Nayara (esquerda) passou no vestibular baixando conteúdo no celular.
Após terminar o ensino médio, em 2015, Nayara Régis passou dois anos sem estudar para cuidar da filha recém-nascida.
Quando resolveu ir atrás de uma universidade, dois anos depois, já não tinha mais estrutura da rede estadual de ensino de Araguatins (TO) e precisou estudar em casa com os poucos recursos que tinha.
"Nem internet em casa eu tinha, só um celular. Quando eu estava em algum local que tinha internet, eu baixava vários conteúdos em PDF e vídeos", relembra a jovem, hoje com 25 anos.
A determinação deu certo e ela foi aprovada no curso de letras da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins).
Hoje aluna do quinto semestre, Nayara aconselha os estudantes a aproveitarem todos os momentos com acesso a internet e baixar "tudo que der", até a capacidade máxima do telefone.
Para a organização, a tocantinense diz que é importante conhecer bem o edital do vestibular e fazer um cronograma para estudar todos os assuntos.
Os conselhos também são reforçados por Vinícius de Andrade. Com a pandemia do coronavírus, ele criou uma "força-tarefa" para apoiar alunos e ex-alunos da rede pública, com monitoria nas disciplinas, aulas de redação, planos de estudo e escolha profissional, tudo via grupos de WhatsApp. O contato é pelo telefone 16-99390-7355 ou pela página no Facebook do projeto Salvaguarda.
Morador da periferia de Ribeirão Preto, Andrade estudou dois anos em casa até conseguir uma vaga no curso de Economia Empresarial na USP, em 2015. Na época, também não tinha internet em casa e dependia das redes dos vizinhos que conseguia na rua.
Andrade apresenta algumas soluções na hora de buscar conteúdo na web. "Tem que saber procurar", alerta
Entre os pontos, ele destaca: ficar atento aos comentários positivos, número de visualizações e o tempo dos vídeos, além de analisar outros conteúdos postados pelos canais.
Andrade também orienta conhecer bem o edital e como funciona a prova. O treinamento com questões de provas anteriores é fundamental. "Pra quem não tem internet, não é fácil. Mas aconselho tirar prints e baixar provas antigas quando der. Anote todas as dúvidas em um papel, para tirá-las depois, quando tudo voltar ao normal", diz.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Coronavírus: ‘Tive de usar saco plástico na cabeça’: médicos brasileiros relatam precariedade em hospitais na Espanha




Colagem de fotos da médica Gerytza e da enfermeira Natália. Gerytza, à esquerda, usa sacola plástica na cabeça, além da máscara e óculos. Natália usa máscara, óculos e touca de cabeloDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionAlguns profissionais, como Gerytza (à esq.) chegaram a ter que usar sacolas plásticas na cabeça para se proteger; Natália diz que a situação está dramática
A superlotação de hospitais e a falta de equipamentos de proteção obrigou médicos e enfermeiras na Espanha a improvisarem com soluções inusitadas - e precárias - segundo relatos de brasileiros que trabalham em hospitais locais.
A médica anestesista, Gerytza Chagas de Alcântara, 45 anos, que atua na linha de frente contra a covid-19 em um hospital em Barcelona, relatou à BBC News Brasil que teve de usar um saco plástico na cabeça por falta de equipamento de proteção individual (EPI).
"Por sorte, um colega conseguiu uma doação. Estamos racionando esse material, que deve durar umas duas semanas, reaproveitando máscaras", contou a anestesista.
"Estamos muito expostos, temos três médicos entubados. Qualquer superfície tem partículas do vírus. Mas quando você está na emergência, com 40 pacientes no corredor e nas salas, é muito difícil não tocar em alguma parte do seu corpo que não está exposta", diz.
Rafael Oliveira Caiafa, 40 anos, médico radiologista do Consórcio Sanitário Integral (CSI), na região metropolitana de Barcelona, também atua em um hospital superlotado de pacientes com covid-19 e reclamou da falta de EPI.
"Recebi uma máscara que deveria ser de uso único, mas tive que usá-la durante três semanas", conta.

'Situação horrorosa'

Natural de Fortaleza (CE), Gerytza chegou a Barcelona em 2007 para cursar um mestrado e desde 2009 trabalha no Hospital Sant Joan de Déu de Martorell.
Ela também contou que, como a emergência está saturada, os pacientes menos graves têm de esperar dentro da ambulância por um leito - e a maior parte dessas vagas surge quando outros doentes morrem.
"É uma situação horrorosa", lamenta Gerytza. "Morrem muitos pacientes, muitos. Em um dos meus últimos plantões, morreram 30 ou 40 pacientes, no mínimo."
A médica atende pacientes críticos com covid-19 e lembra que, quando o governo da Espanha decretou o estado de alerta, no dia 14 de março, já havia 30 casos no hospital.
"A partir daquele momento, a nossa maneira de trabalhar mudou totalmente. Cancelamos todas as consultas e cirurgias agendadas. Médicos que não lidam com pacientes clínicos também passaram a avaliar os casos suspeitos. E na sala de recuperação anestésica, montamos uma espécie de 'UTI intermediária'", descreve.
Ela diz que outras alas foram readaptadas com camas de internamento para acomodar mais pacientes, e o hospital passou a funcionar com cerca de 140% de sua capacidade.
A médica conta ainda o caso de um colega maqueiro que havia dado positivo para covid-19 e ficou 15 dias em confinamento.
"Quando ele se afastou, a situação ainda estava bastante controlada. Ao voltar, 15 dias depois, ele chorava muito, porque já havia levado dez cadáveres para o necrotério."

Mais de 18 mil mortes

A Espanha tem 172.541 casos confirmados no total, com 18.056 mortes, em dados desta quarta-feira (15) do Ministério da Saúde espanhol.
Superexpostos ao vírus, 26.672 profissionais de saúde foram infectados pela covid-19 na Espanha, o que representa 15,45% do total de casos.
O volume alto de pacientes - muitos deles em estado grave - com o novo coronavírus obrigou hospitais a se reorganizarem, a improvisarem leitos e a contratarem mais pessoal.
Médicos com equipamentos de proteção atendem paciente, cujo rosto não é visível, em cama de hospital na espanhaDireito de imagemEPA
Image captionAlgumas alas foram readaptadas para abrigar os paciente com covid-19
O secretário-geral do sindicato Médicos da Catalunha (Metges de Catalunya), Josep Maria Puig, confirma que falta de tudo: equipamento de proteção, respiradores, pessoal e infraestrutura em unidades de saúde.
Segundo ele, "alguns hospitais estão colapsados há semanas", como o da cidade de Igualada, o primeiro da Catalunha a registrar o surto de coronavírus.
Puig conta que, na falta de pessoal, as unidades de saúde convocaram médicos aposentados, prolongaram o contrato de residentes ou chamaram estudantes do último ano em cursos de medicina.
Mas o secretário adverte que a especialidade de cuidados intensivos requer uma formação de cinco anos, então contratar pessoal sem experiência para atuar nesta crise é uma solução "precária".

A hora e a vez dos novatos

Em meio à pandemia, recém-formados, como a enfermeira hispano-brasileira Natalia Leiria Dantas, 23 anos, têm entrado no mercado de trabalho.
Nascida em Barcelona e filha de brasileiros, Natalia fez uma entrevista de emprego por telefone e, no dia seguinte, foi chamada para trabalhar no Hospital del Mar, em Barcelona.
"No primeiro dia, me impressionei porque não pensei que havia tantos pacientes. Eu nunca tinha visto um andar reservado a pacientes infecciosos, foi impactante", diz.
"O nervosismo é grande, a insegurança, a pressão psicológica do hospital e minha também, pois quero me dedicar o máximo que eu puder."
A enfermeira comenta que, como não é a única novata, a equipe está saturada: "de trabalho, de pacientes, de pressão e de pessoas novatas como eu, que perguntam constantemente sobre o que fazer em alguns casos".
Para Natalia, o mais difícil dessa pandemia é ver um doente morrer sozinho.
"Durante os estágios, eu vi paciente morrer na minha frente, até segurei a mão da pessoa na hora que faleceu. Mas no caso da covid-19, as famílias não podem estar lá. Me abalou muito o paciente não ter acompanhamento familiar", lamenta a enfermeira.

Radiografias disparam

Mulher com a máscara abaixada apoia as mãos na cabeça do lado de fora de uma tenda onde está escrito "atenção, zona covid+"Direito de imagemAFP/GETTY
Image captionA Espanha está construindo hospitais de campanha para lidar com a crise
Nascido em Belo Horizonte (MG), Rafael Caiafa morou em Barcelona de 2007 a 2015, passou uma temporada com a família no Brasil e retornou à Espanha em 2018 para fazer a segunda residência.
No hospital, ele é um dos responsáveis por exames de diagnóstico e controle de pessoas com dificuldades respiratórias e afirma que o volume de radiografias e tomografias disparou.
O radiologista relata que os colegas estão nervosos por conta do risco de contágio e de levar o vírus para dentro de casa.
Seu maior receio é de que pacientes com outras doentes graves não sejam atendidos, pois a covid-19 não vai desaparecer.
"Meu medo é que o sistema permaneça saturado muito tempo e que pacientes com câncer não recebam tratamento adequado."
Para Caiafa, o Brasil pode tirar lições dos exemplos da Itália e Espanha, "onde se subestimou o impacto na economia e no sistema de saúde".
Segundo o médico, os brasileiros deveriam adotar o isolamento social rígido - só assim, a pandemia poderia ter um impacto menor.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 14 de abril de 2020

Chernobyl: incêndio se aproxima de reator da usina nuclear abandonada



FogoDireito de imagemEVN
Image captionChamas estão próximas à usina abandonada
Incêndios florestais que ocorrem há vários dias no norte da Ucrânia estão agora a poucos quilômetros da usina nuclear abandonada de Chernobyl, dizem fontes.
O operador de turismo Yaroslav Emelianenko afirmou que as chamas atingiram a cidade abandonada de Pripyat, que costumava servir à usina.
O fogo, segundo ele, está a cerca de 2 quilômetros do local onde estão armazenados os resíduos mais perigosos da usina.
O Greenpeace disse que o fogo era muito maior do que apontavam as autoridades.
Um representante do braço russo da ONG, em entrevista à agência Reuters, disse que o maior incêndio atingia uma área de 34 mil hectares, enquanto um segundo, a apenas um quilômetro da antiga usina, cobria uma área de 12 mil hectares.
A usina nuclear de Chernobyl e a cidade de Pripyat estão abandonadas desde 1986, quando o reator número 4 da usina explodiu.
Emelianenko também disse que se o fogo atingir Pripyat seria um desastre econômico, já que as visitas guiadas são fonte de receita considerável para a região.
Em 2018, mais de 70 mil pessoas visitaram a cidade. No ano passado esses números foram ainda maiores, graças ao sucesso da série da HBO sobre o desastre.

Corta-fogos ao redor da usina

Bombeiros tentam apagar incêndiosDireito de imagemEPA
Image captionAutoridades dizem que nível de radiação próxima ao local do incêndio estão em níveis "normais"
A polícia afirmou que o incêndio começou no dia 4 de abril, depois que um homem colocou fogo na grama seca perto da zona de exclusão. Desde então, as chamas têm se aproximado cada vez da antiga usina.
Mais de 300 bombeiros com dezenas de equipamentos especiais estão trabalhando para combater o fogo no local, enquanto seis helicópteros e aviões estão tentando apagar o incêndio do alto.
Kateryna Pavlova, presidente da agência que gerencia a zona de exclusão da usina, disse à Associated Press que "não é possível afirmar que o fogo esteja controlado".
"Trabalhamos a noite inteira, cavando corta-fogos ao redor da usina para protegê-la do fogo", ela disse.
No dia 5 de abril, Yegor Firsov, diretor do serviço estatal de inspeção ecológica da Ucrânia, disse em um post no Facebook que os níveis de radiação na área aumentaram acima do normal.
Oficiais do governo, mais tarde, negaram a afirmação, argumentando que os níveis radioativos na área estavam "dentro dos limites normais". Depois disso Firsov também voltou atrás em sua afirmação.
Agora, a fumaça do incêndio está se movendo em direção à capital, Kiev.
O fogo está agora a apenas 2 km da região da usinaDireito de imagemREUTERS
Image captionO fogo está agora a apenas 2 km da região da usina
A explosão de Chernobyl criou uma nuvem radioativa que passou por grande parte da Europa, sendo a área ao redor da usina a que foi mais afetada.
É proibido que pessoas morem a menos de 30 km da usina.
Apesar do desastre, Chernobyl continuou a gerar energia até que o último reator operacional foi finalmente fechado, nos anos 2000.
Viktor Sushko, vice-diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa Médica de Radiação, descreve o desastre de Chernobyl como o "maior desastre gerado pelo homem da história da humanidade".
O órgão estima que cerca de 5 milhões de cidadãos da antiga União Soviética, incluindo 3 milhões na Ucrânia, tenham sido afetados pelo desastre de Chernobyl. Na Bielorrússia, outras 800 mil pessoas também foram atingidas pela radiação.
Atualmente, o governo ucraniano paga pensões a 36.525 viúvas de homens que são considerados vítimas do acidente.
Em janeiro de 2018, 1,8 milhão de pessoas na Ucrânia, incluindo 377.589 crianças, tinham o status de vítimas do desastre, segundo Sushko.
Houve um rápido aumento no número de pessoas com deficiência entre esta população, passando de 40.106 em 1995 para 107.115 em 2018.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 13 de abril de 2020

"Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, isso é claramente uma coisa equivocada.


Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse neste domingo (12) que o brasileiro não sabe se escuta ele ou o presidente Jair Bolsonaro e alertou que os meses de maio e junho serão os mais duros.

Ao ser questionado sobre a divergência de opiniões entre ele e o presidente, Mandetta pediu um alinhamento de discurso para evitar "dubiedade".

"Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, isso é claramente uma coisa equivocada. Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva o brasileiro a uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o presidente, quem ele escuta", disse em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo.

Mandetta também afirmou que o ministério acredita que maio e junho serão os meses mais duros no combate ao coronavírus.
Os técnicos do ministério trabalham com a hipótese de que o pico do surto seja atingido entre o fim de abril e início de maio. No entanto, a pasta esclarece que isso não significa que, após esse período, vai se seguir uma queda nos índices de casos registrados e óbitos.

A tendência é que esse período de alta transmissão da doença se mantenha na sequência por até dez semanas, provocando uma grande pressão sobre o sistema de saúde.

O ministro voltou a defender as políticas de isolamento social como forma de evitar a propagação do vírus.
"Quem vai escrever essa história é o comportamento da sociedade", afirmou.
Mandetta também afirmou que a realização de testes em massa em toda a população é inviável neste momento.

Com Foflha de Pernambuco/Rede Globo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Equador retira 700 corpos de residências de Guayaquil




O governo do Equador informou neste domingo que conseguiu remover pelo menos 700 corpos de pessoas que morreram nas últimas semanas em suas casas em Guayaquil, o epicentro do coronavírus no país e onde os hospitais e os funerais foram afetados pela pandemia.
“A quantidade que coletamos, com a força-tarefa nas casas, excedeu 700 pessoas” mortas, disse Jorge Wated, que lidera uma equipe de policiais e militares criada pelo Executivo diante do caos desencadeado em Guayaquil pela COVID-19, o que atrasou a transferência de corpos.
Wated não especificou as causas das mortes ocorridas durante a emergência sanitária pela pandemia, que no Equador deixa 7.500 casos, incluindo 333 mortes, desde que a presença do vírus foi declarada em 29 de fevereiro.
A província costeira de Guayas concentra 72% dos infectados. E em sua capital, Guayaquil, existem cerca de 4.000 pacientes, segundo o governo nacional.
Há três semanas, as forças militares e policiais começaram a remover corpos das casas após falhas no “sistema mortuário” do porto de Guayaquil, o que causou atrasos no instituto médico legal e nas funerárias em meio ao toque de recolher diário de 15 horas que governa o país.
Diante da situação, os moradores de Guayaquil transmitem vídeos de corpos abandonados nas ruas e mensagens de ajuda de parentes para enterrar seus mortos nas redes sociais.
O governo equatoriano também assumiu a tarefa de enterrar os corpos devido à incapacidade de seus parentes em fazê-lo por várias razões, inclusive econômicas.
De Guayaquil, em uma coletiva de imprensa virtual, Wated apontou que os corpos de 600 pessoas identificadas foram enterrados em dois cemitérios da cidade.
Há quase duas semanas, Wated antecipou que “os médicos infelizmente estimam que as mortes nesses meses cheguem entre 2.500 a 3.500 por COVID, apenas na província de Guayas”.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 11 de abril de 2020

Caixa já registrou 32,2 milhões de cadastros para auxílio emergencial


Aplicativo Caixa Auxílio Emergencial
Aplicativo Caixa Auxílio EmergencialFoto: Isabelle Barbosa / Folha de Pernambuco
A Caixa Econômica Federal já registrou 32,2 milhões de cadastros para receber o auxílio emergencial de R$ 600. Os dados foram atualizados até as 12h deste sábado (11).

Já foram feitas 272 milhões de visitas ao site do programa emergencial. No dia, foram feitas 643,7 mil ligações para buscar informação na central 111, que já recebeu 9,6 milhões de telefonemas, no total. Os downloads do aplicativo chegaram a 33,5 milhões: 32,3 do Android e 1,2 iOS.

Paga a trabalhadores informais de baixa renda e a beneficiários do Bolsa Família, a renda básica emergencial de R$ 600 ou de R$ 1,2 mil (para mães solteiras) foi depositada de forma automática para quem já estava inscrito no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) e tem conta no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, na última quinta-feira (9). Os demais trabalhadores têm que se cadastrar no aplicativo Caixa Auxílio Emergencial ou no site Auxílio Caixa para começar a receber na próxima semana.

Quem está no Bolsa Família não precisa se cadastrar e receberá o auxílio emergencial no mesmo dia do pagamento do programa social, que ocorre entre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário desse grupo receberá o maior valor entre o Bolsa Família e a renda básica emergencial no fim de abril, de maio e de junho.
Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

OMS: fim do confinamento antes da hora pode causar “retorno mortal” da covid-19



O fim precipitado das restrições de confinamento impostas contra a pandemia de Covid-19 poderia levar a um “retorno mortal” do novo coronavírus, alertou na sexta-feira 10 a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Sei que alguns países já estão preparando a transição para abandonar as restrições de confinamento. Como todo o mundo, a OMS quer que as restrições sejam levantadas. Ao mesmo tempo, suspender as restrições muito rapidamente pode levar a um rebote mortal”, disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa virtual em Genebra.
“O refluxo [da pandemia] pode ser tão perigoso quanto a sua propagação, se não for administrado adequadamente”, acrescentou ele, da sede da agência da ONU.
A OMS consulta os países afetados para desenvolver estratégias para elevar progressivamente e com segurança as medidas de contenção.
Para isso, seis condições devem ser atendidas: controlar a transmissão do vírus, garantir a disponibilidade de assistência e saúde pública, minimizar o risco em ambientes expostos, como unidades de saúde permanentes; implementar medidas preventivas no trabalho, em escolas e outros locais de alta frequência; controlar o risco de casos importados e, finalmente, responsabilizar a população.
“Cada indivíduo tem um papel a desempenhar na superação da pandemia”, insistiu Tedros.
Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE