terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Orobó recebe capacitação para os editais do Funcultura Audiovisual



O município de Orobó, no Agreste Setentrional, receberá, nesta quinta-feira (23), o Ciclo de Capacitações para Funcultura Audiovisual. O encontro será no Portal de Inclusão Digital, instalado na Rua 10 de Janeiro, no Centro, no período das 9h às 18h. O acesso é livre. A Fundação do Patrimônio Histório e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e a Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) estão promovendo, neste mês de janeiro, um ciclo de capacitações nos municípios pernambucanos para orientar produtores e realizadores sobre os editais do Funcultura Audiovisual 2019 e 2020. 

Os dois editais do Programa de Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco foram lançados ainda em dezembro passado. Serão R$ 18,5 milhões injetados no setor pelo Governo de Pernambuco, em 2020. O 12º edital Funcultura 2019, como está sendo chamado, destinará R$ 9,28 milhões para os projetos aprovados nas categorias de longa-metragem e produtos para televisão. As inscrições deverão ser realizadas no período de 3 a 14 de fevereiro de 2020.

O segundo edital é a 13ª edição do Funcultura Audiovisual 2019-2020 e destinará o mesmo valor, R$ 9,28 milhões, para produtos não contemplados no primeiro certame: curta e média-metragem, difusão, formação, desenvolvimento do cineclubismo, revelando os Pernambucos, games, pesquisa e preservação, desenvolvimento de longa-metragem, desenvolvimento de produtos para TV, obra seriada de curta duração, finalização e distribuição de longa-metragem e websérie-webcanal. As inscrições deverão ser realizadas no período de 17 de fevereiro a 3 de março de 2020.
Blog do Agreste/ Alfredo Neto
Professor Edgar Bom Jardim - PE

“Tô de corpo e alma com esse governo”, diz Regina Duarte


A atriz Regina Duarte escreveu, em sua conta na rede social Instagram, que está de “corpo e alma” com o governo do presidente Jair Bolsonaro. A artista ainda não aceitou formalmente o convite para ocupar a chefia da pasta da Cultura, mas tem publicado uma série de textos entusiasmados com a oportunidade.
Nesta terça-feira 21, Regina publicou uma foto em que uma bailarina aparece ao lado de um cão e uma bandeira do Brasil. Na legenda, disse que aceitou o período de noivado com o governo e que está ansiosa para colaborar.
“Aceitei, afinal, período de noivado. Eu tinha outra saída? Então… Uhúúú ..!!! , né? As relações precisam passar pelo ‘noivado’ pra corrermos menos riscos de ‘não dar com os burros n’água. Concorda?”, afirmou em seu perfil. “Feliz e agradecida pelo imenso apoio amoroso recebido nos últimos dias, foi emocionante e muito lindo sentir que, ‘se aceitar a batalha, tudo bem, e se não aceitar, também’. Tô de corpo e alma com esse governo, vocês já sabem, apaixonada como sempre pelo meu país, louca pra contribuir com a produção da alegria e da felicidade geral”, disse.


Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

VII Encontro de Burrinhas,Caboclinhos,Catirinas e Maracatus de Pernambuco





A tradicional manhã de terça-feira de carnaval é um espetáculo de cores, alegria e  de um  mundo de gente criativa, raridades de belezas que fortalecem a identidade cultural de nosso Estado.

O Encontro  de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, acontece há  sete anos. A festividade já se tornou uma referências do carnaval no Agreste Setentrional de Pernambuco. Mesmo enfrentando desafios e adversidades o evento acontecerá na cidade de Bom Jardim, no dia 25 de fevereiro de 2020. 

Cultura popular em evidência, dezenas de grupos culturais, artistas, brincantes, intercâmbio  de famosos e anônimos de várias cidades.  Consta na programação o cortejo  desfilando nas ruas do centro da cidade de Bom Jardim, em seguida, apresentações no Pátio de Eventos. A programação começa às 08 horas e se estende até às 12h30.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 19 de janeiro de 2020

Secult/Fundarpe convoca grupos cênicos para programação do Ciclo das Paixões




arte
O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, lança, nesta sexta-feira (17), o 12º Edital Pernambuco de Todas as Paixões. A convocatória tem como objetivo incentivar grupos a encenarem espetáculos que retratem o calvário de Jesus Cristo, uma tradição em todo mundo e que ganha muita força em Pernambuco. Confira aqui o edital e seus anexos.
Esses grupos cênicos reúnem dezenas e até centenas de artistas entre atores, diretores e figurinistas, em municípios de todas as regiões do Estado. Os projetos podem ser inscritos entre os dias 31 de janeiro e 17 de fevereiro de 2020, exclusivamente pelo link do Mapa Cultura de Pernambuco (www.mapacultural.pe.gov.br/projeto/152). Poderão inscrever neste edital apenas empresas (exceto MEI), com ou sem fins lucrativos, com sede e efetiva atuação no Estado, registradas há pelo menos um ano.
CATEGORIAS - Os grupos cênicos candidatos deverão enquadrar sua proposta de espetáculo em umas das três categorias existentes: 1) Montagem de Grande Porte; 2) Montagem de Médio Porte; e 3) Montagem de Pequeno Porte. Para a primeira categoria, serão destinados três prêmios de R$ 40 mil reais. Na segunda categoria, selecionará cinco projetos, que receberão R$ 30 mil cada. Na terceira e última categoria, o edital destinará três prêmios de R$ 20 mil.
Para o secretário de Cultura Gilberto Freyre Neto, o valor cultural dessas encenações também promove economicamente os municípios. “Esses grupos geram renda para o Estado, desde a confecção do figurino e cenografia ao movimento turístico registrado nos municípios onde os espetáculos ocorrem. Entendemos que há uma tradição dentro das artes cênicas do Pernambuco. São eventos que comovem e reafirmam a crença do povo pernambucano”, comenta Gilberto Freyre Neto.
O presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, reforça importância do edital para o Ciclo das Paixões. “Através dele, o Governo do Estado reafirma a importância de apoiar esses espetáculos tradicionais. Existe em Pernambuco uma cadeia produtiva das artes cênicas que se fortalece nesse período e que vai se beneficiar com os recursos do edital”.
Os inscritos serão avaliados por uma comissão formada por pareceristas especializados e pelo corpo técnico da Secult/Fundarpe.
Serviço
12º Edital Pernambuco das Paixões
Inscrições gratuitas exclusivamente pelo link do Mapa Cultura de Pernambuco (www.mapacultural.pe.gov.br/projeto/152)
Mais informações: (81) 3184-3077 ou teatroeopera@secult.pe.gov.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 18 de janeiro de 2020

Festa de São sebastião em Pedra Fina - Machados






A comunidade do sítio Pedra Fina, localizada no município de Machados, distante cerca de 18 km da sede, está vivenciando a festa do seu Padroeiro São Sebastião,  com fé e tradição. A capela pertence à Paróquia de São Sebastião de Machados. Além da programação religiosa, organizada pela Igreja, também haverá a cultural por parte da gestão municipal. A coordenação da festa está sobre o comando da família PAI, tendo a frente o senhor Carlinhos Pai. 
PROGRAMAÇÃO CULTURAL

Domingo, dia 19/01: A partir das 21h – Shows com Forró na Fama e Tãozinho Show.

# PROGRAMAÇÃO RELIGIOSA: TEMA: “PÃO EM TODAS AS MESAS”

Domingo, dia 19/01:
06h – Girândola.

17h – Acolhida e procissão com as imagens, do padroeiro e de nossa Senhora da Conceição, saindo da residência do casal Paulo César e Claudiane, encerrando com a celebração da Santa Missa em frente à Capela, presida pelo pároco de Machados, Padre Luís Jorge.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA FESTA

Devotos e admiradores da cultura participam da programação festiva, que sempre acontece de 11 a 19 de Janeiro, encerrando na véspera do dia dedicado a São Sebastião. Além dos filhos da terra que vem para a comunidade de origem nessa época, pessoas de comunidades adjacentes e cidades vizinhas também visitam a comunidade de Pedra Fina, nesse período.
                                                                                                         

A devoção a São Sebastião teve indício quando o município de Machados pertencia a Bom Jardim. Depois da emancipação, parte de Pedra Fina, ficou  sobre o comando da “Terra da Banana”, tendo marco divisório, o Rio Orobó. Segundo relatos de pessoas mais antigas, houve no lugar um surto de varíola que assolou a região. No local que foi construído a primeira Capela, antes era um cemitério. Devotos fizeram promessas ao santo e por intercessão dele alcançaram as graças de Deus, sendo curados. A partir daí, foi crescendo a devoção ao mártir São Sebastião. Com o passar do tempo, houve várias reformas no santuário, atualmente, a capela tem um tamanho maior do que a primeira construção.
Para o gestor municipal, Argemiro Pimentel, o clima de fé, cultura e tradição se tona um convite para a festa.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, ministro de Hitler parafraseado por secretário de Bolsonaro


Hitler e seu ministro da Propaganda, Joseph GoebbelsDireito de imagemLIBRARY OF CONGRESS
Image captionGoebbels, à direita, é descrito por especialistas no nazismo como o responsável pelas estratégias de lavagem cerebral do regime alemão
Descrito por especialistas no nazismo como o responsável pelas estratégias de lavagem cerebral do regime alemão, entre os anos 1930 e 1940, o ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, tornou-se um dos temas mais discutidos pelos brasileiros após o secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, ter divulgado na noite de quinta-feira (16) um vídeo em que usou frases quase idênticas às de um dicurso do alemão.
"A arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", disse Alvim.
Em 8 de maio de 1933, dois dias antes de promover uma grande queima de livros considerados impróprios pelo regime, Goebbels disse, segundo o biógrafo Peter Longerich:
"A arte alemã da próxima década será heróica, será de um romantismo ferrenho, será objetiva e sem sentimentalismos, será nacional com um grande pathos e será, ao mesmo tempo, igualmente obrigatória e vinculante, ou não será nada."
Alvim em vídeo de lançamento do Prêmio Nacional das ArtesDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionFrase de Alvim foi dita no vídeo de lançamento do Prêmio Nacional das Artes, divulgado pelos perfis oficiais da Secretaria Nacional de Cultura em redes sociais
O alemão fez o comentário em pronunciamento a diretores de teatro. Já a frase de Alvim foi dita no vídeo de lançamento do Prêmio Nacional das Artes, divulgado pelos perfis oficiais da Secretaria Nacional de Cultura em redes sociais.
Quem foi, afinal, este homem a que Alvim parece ter feito referência em seu discurso?

Biografia

Paul Joseph Goebbels (1897-1945) foi um político nazista alemão e ministro da Propaganda do regime de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.
O político nazista alemão e ministro da propaganda (1897-1945), sua mulher Magda, sua primeira filha Helga Susanne e o filho do primeiro casamento de MagdaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGoebbels foi o nazista responsável pelo ministério da Propaganda; Alvim diz que semelhança com discurso foi 'coincidência retórica'
Goebbels filiou-se ao partido nazista em 1924 e, dois anos depois, foi promovido a líder distrital de Berlim. A partir daí, tornou-se mais próximo de Hitler, a quem era devoto.
Nos dias depois das vitórias eleitorais do partido em julho de 1932, Hitler informou Goebbels que ele pretendia colocá-lo como diretor do novo Ministério da Propaganda. Ele foi apontado em 1933.
O ministério tinha como objetivo fazer a população alemã obedecer os nazistas e adorar a Hitler. Para tanto, lançava mão de uma série de métodos diferentes.
"A educação nacional do povo alemão", escreveu Goebbels, segundo a Enciclopédia do Holocausto do Memorial do Holocausto dos EUA, "será colocada nas minhas mãos".
"Goebbels exerceu enorme influência", diz o texto. Cinema, rádio, teatro e a imprensa estavam sob sua tutela, e por ali ele transmitia a ideologia nazista enquanto censurava outras informações.
A pasta era dividida em sete departamentos: administração e jurídico; imprensa; rádio; filmes e censura; falas públicas, saúde, juventude e raça; arte, música e teatro; e combate à contra-propaganda.
"Aos 35 anos, Goebbels, o ministro mais jovem do novo gabinete, tornou-se indispensável ao regime de Adolf Hitler", diz o texto da enciclopédia.

Censura

Qualquer meio que transmitisse ideias antinazistas ou outros estilos de vida era censurado. O controle sobre jornais, rádio, cinema e teatro foi reforçado. Todos os jornais eram controlados pelo governo e só poderiam publicar textos favoráveis ao regime nazista.
Reprodução de vídeo de Roberto AlvimDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image caption'A arte alemã da próxima década será heróica (...) Ou não será nada', disse Goebbels; "A arte brasileira da próxima década será heróica (...) ou então não será nada", disse Alvim
Apenas livros que concordavam que os pontos de vista nazistas eram permitidos. Todos os outros livros foram banidos e muitos foram queimados publicamente a partir de maio de 1933.
Milhares de livros vistos como subversivos ou representativos de ideologias opostas ao nazismo foram lançados em grandes fogueiras. Isso incluía livros escritos por autores judeus, pacifistas, clássicos, liberais, anarquistas, socialistas ou comunistas.
O orador do evento foi Goebbels que, segundo seu biógrafo Longerich, declarou que "a era do pretenso intelectualismo judeu" havia acabado.
Na música clássica, obras de compositores judeus como Mendelssohn e Mahler foram banidos, e obras do compositor alemão Richard Wagner foram promovidas. Os nazistas eram grandes opositores do jazz, que eles referiam como "música de negros" e chamavam de "degenerada".
"Que músicos têm os ingleses que se comparam a Beethoven ou Richard Wagner, e que artistas podem apresentar os americanos que se comparam a Michelangelo ou Leonardo da Vinci? Eles falam de cultura humana. Nós a temos, e nos mantemos hoje como guardiões e protetores", afirmou Goebbels em um discurso em junho de 1943 na abertura de uma exibição de arte alemã.
O texto está disponível na página de Propaganda Nazista e do Leste Alemão da Calvin University, de Michigan, nos EUA.

Rádio

Goebbels e a filha HildeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGoebbels e a filha Hilde durante uma festa para crianças na Alemanha nazista
Rádios eram vendidos por um valor barato para que a maior parte dos alemães pudesse tê-los.
Toda transmissão de rádio era controlada pelo ministério de Goebbels. Além disso, rádios com alto-falantes eram colocados pelos nazistas em lugares como cafés, fábricas, praças e esquinas de ruas para que todos pudessem ouvir a mensagem dos nazistas.
Grande parte das informações recebidas reforçava a mensagem da superioridade racial ariana, além de demonizar judeus e outros "inimigos" do regime.
Junto ao rádio, o uso de vídeos como recurso inovador para chamar a atenção das pessoas para a divulgação de conceitos nazistas foi uma das marcas da gestão de Goebbels à frente do ministério da Propaganda de Hitler.
Fotos de Hitler estavam por todas as partes, e ele era retratado como o salvador da Alemanha. Slogans simples foram usados para introduzir a ideologia nazista ao povo alemão: "Acabe com o comunismo", "Livre a Alemanha dos judeus", entre outros.
O símbolo da suástica aparecia em todos os uniformes do governo e prédios públicos. Além disso, o povo alemão tinha que se cumprimentar dizendo "Heil Hitler" com a famigerada saudação do braço levantado.
Demonstrações públicas em apoio ao nazismo envolviam música, discursos e demonstrações da força alemã. Todos os anos, uma grande demonstração acontecia em Nuremberg.

'Semblante cavalheiro'

Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, em 2016, a secretária pessoal de Goebbels, Brunhilde Pomsel, admitiu que entre suas tarefas estava "adulterar estatísticas reduzindo números oficiais de soldados mortos, bem como aumentar os índices de estupros de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho".
Ao jornal, Pomsel descreveu o ministro nazista como "baixo, mas bem tratado", com um "semblante cavalheiro", sempre "com um bronzeado leve" e usando "os melhores ternos". Goebbels mancava por uma má-formação em um dos pés e por isso não foi lutou em guerras.
"Ele tinha mãos bem cuidadas, provavelmente fazia manicure todos os dias", disse a secretária.

Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fuga de cérebros: os doutores que preferiram deixar o Brasil para continuar pesquisas em outro país



Fuga de cérebrosDireito de imagemCEMILE BINGOL/GETTY
Image captionComunidade acadêmica aponta espécie de diáspora que vem preocupando comunidade científica nacional, por causa das consequências disso para o desenvolvimento do Brasil
Os jovens pesquisadores brasileiros Bianca Ott Andrade, Eduardo Farias Sanches, Gustavo Requena Santos e Renata Leonhardt têm mais em comum do que apenas o pouco tempo de carreira e a nacionalidade.
Todos são doutores recentes e resolveram deixar o país em busca de melhores oportunidades para desenvolver seu trabalho em um ambiente mais favorável à ciência. Eles seguem uma tendência, não registrada nas estatísticas oficiais, mas que aparece nos muitos relatos de migração de talentos para outros países que vem aumentando, conforme pesquisadores chefes de grupos no país e jovens que foram embora, ouvidos pela BBC Brasil. Uma espécie de diáspora de cérebros, que vem preocupando a comunidade científica nacional, por causa das consequências disso para o desenvolvimento do Brasil.
Não há dados oficiais sobre esta fuga, porque os jovens doutores que deixam o país o fazem com bolsas das universidades ou centros de pesquisa do exterior que os contratam, e não das instituições brasileiras, como a Capes ou o CNPq.
A pesquisadora Ana Maria Carneiro, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está iniciando uma pesquisa pesquisa que tentará entender as trajetórias de migração da diáspora brasileira de Ciência, Tecnologia e Inovação e também as motivações e locais de inserção. "Entretanto, não há fontes de dados sistemáticas que permitam mensurar o tamanho deste fenômeno, pois é necessário ter informações sobre a saída, local de estabelecimento, tipo de inserção profissional e perfil sociodemográfico, especialmente a escolaridade", explica.
Está prevista no projeto a realização de um levantamento sobre o fenômeno, mas provavelmente não haverá informação quantitativa exaustiva que permita afirmar quantos brasileiros de alta qualificação vivem no exterior e se houve um movimento de ampliação, diz. "Será possível, no entanto, ter pistas qualitativas sobre a migração de pessoas altamente qualificadas."
Há alguns números de outras fontes, entretanto, que podem lançar luz sobre o problema. Embora não discrimine por profissão ou ocupação a saída definitiva de brasileiros para a o exterior, a Receita Federal mostra que o número passou 8.170 em 2011 para 23.271 em 2018, ou crescimento de 184%. Em 2019, até novembro, 22.549 pessoas fizeram declaração de saída definitiva do país. O crescimento foi mais acentuado a partir de 2015, quando o número foi de 14.981. Em 2016, pulou para 21.103, crescendo para 23.039 em 2017.
Entre esses migrantes, estão muitos cientistas, de acordo com o relato de acadêmicos ouvidos pela BBC News Brasil.
Segundo o geólogo Atlas Correa Neto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) "é um dreno geral", que inclui doutores mais antigos além de candidatos ao mestrado e também ao doutorado. Não se trata apenas de pessoas indo para realizar um curso, uma especialização ou realizar um projeto de pesquisa.
"Trata-se de saída em definitivo", diz. "Quem tem possibilidade está indo, mesmo sem manter a ocupação de cientista. Esse movimento não se restringe à área tecnológica e também afeta as ciências sociais. Aliás, se eu pudesse, se tivesse condições financeiras e sociais adequadas, iria embora também."

Debandada em áreas tecnológicas

bióloga Bianca Ott Andrade em pesquisa de campoDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionTemendo ficar desempregada, bióloga Bianca Ott Andrade mudou-se para os Estados Unidos, onde faz pós-doutorado na Universidade do Nebraska-Lincoln
De acordo com o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luís da Cunha Lamb, que atualmente é secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do seu Estado, o fenômeno é mais intenso nas áreas que ele chama de "portadoras de futuro e com impacto econômico visível".
"Notadamente em ciência da computação, algumas áreas das engenharias, biotecnologia e medicina, por exemplo", diz. "Em particular, com o crescimento e o impacto da inteligência artificial em todas as atividades econômicas, os profissionais desta área têm oportunidades no mundo inteiro. Estamos perdendo jovens em áreas científicas, que são portadoras de futuro. Mundo afora, dominar setores como computação, estatística e matemática tem muito valor no mercado."
O biólogo Glauco Machado, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), também enumera algumas razões pelas quais a saída de pesquisadores está ocorrendo.
"Ela tem a ver com a redução do número de bolsas, o baixo valor das de mestrado e doutorado, que não são reajustadas há vários anos, e o pessimismo em relação a uma futura contratação — especialmente para as áreas em que o principal empregador é a própria academia -, que é fruto da recessão econômica que aflige o país há pelo menos cinco anos", diz.
Em nota, a Capes informou que há 7.699 bolsas congeladas e um total de 87.018 bolsas ativas. O CNPq, por sua vez, suspendeu em agosto, 4,5 mil bolsas que não estavam sendo usadas, segundo a instituição.
Ele acrescenta que, ao mesmo tempo, é importante olhar para o que está acontecendo fora do Brasil.
"Várias universidades no exterior estão criando programas de atração de talentos internacionais", diz.
É o caso, por exemplo, das universidades de Genebra, na Suíça, e Saskatchewan, no Canadá.
"O investimento em pesquisa e tecnologia tem crescido em vários países desenvolvidos e as oportunidades de bolsas e eventualmente trabalho em algumas áreas são maiores no exterior do que aqui. Portanto, sair do país é algo bastante atrativo para um profissional no início de sua formação."
Eduardo Farias Sanches, de 39 anos, que o diga. Ele considera que teve sorte de receber um convite para ir embora em um momento oportuno, "devido ao incessante ataque do governo federal às universidades (especialmente as públicas) e o corte de despesa em pesquisa e desenvolvimento, o que é uma lástima para a nova geração de pesquisadores que, assim como eu, está tentando se firmar no meio científico".
"Fico muito triste com essa situação, ao ver que muitos bons pesquisadores não terão um horizonte razoável no Brasil", lamenta. "Infelizmente para o país, a tendência é essa debandada aumentar".
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 2007, com mestrado (2014) e doutorado (2015) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sanches foi contemplado com uma bolsa de excelência do governo suíço, para desenvolver um projeto de pesquisa na Universidade de Genebra com duração de um ano.
Depois desse período, foi convidado por seu chefe, Stéphane Sizonenko, a permanecer lá, mas optou por retornar ao Brasil, onde tinha compromisso com seu antigo orientador. Ficou dois anos aqui, período em que o convite anterior para retornar a Suíça foi refeito. Dessa vez, ele aceitou e voltou para lá, em setembro de 2019.
Pesou na escolha a possibilidade de melhores salários. "Aqui na Suíça, além de ser levada muito a sério, a pesquisa científica é considerada profissão, ou seja, contribuo com impostos e tenho direito a aposentadoria", conta.
"Além disso, há melhores condições de trabalho, que são inegavelmente ótimos atrativos a deixar o meu país. No Brasil, a ciência e a cultura não são estimuladas e a inserção de pessoas altamente capacitadas no mercado de trabalho, por não haver incentivo à pesquisa e desenvolvimento, se torna muito difícil. É triste admitir que seremos uma nação meramente exportadora de commodities e importadores de tecnologia de ponta."
Procurados pela reportagem, o Ministério da Educação e a Casa Civil da Presidência da República disseram que quem poderia comentar o tema era a Capes, que, em nota, respondeu:
"A Capes aumentou em 9,1% o seu orçamento de 2018 para 2019, que subiu de R$ 3,84 bilhões para R$ 4,19 bilhões. Atualmente, há 95,4 mil bolsistas no País e 8,7 mil no exterior. Também foram lançados 21 editais de cooperação internacional e mais R$ 80 milhões para pesquisas de pós-graduação na Amazônia Legal, além de 1.800 bolsas que auxiliam no desenvolvimento regional. Para 2020, o Ministério da Educação busca meios para recompor o orçamento com outras ações orçamentárias. Nenhuma bolsa será cortada e todos os programas da CAPES serão mantidos."
O CNPq, por sua vez, respondeu, também por meio de nota:
"O êxodo dos pesquisadores brasileiro para outros países é uma preocupação, que norteia uma série de iniciativas que o CNPq tem fomentado para aperfeiçoar e ampliar mecanismos de fixação de nossos profissionais da ciência e tecnologia. Dentro das limitações orçamentárias e legais que se aplicam ao CNPq, a agência investe, por exemplo, em programas que, em parceria tanto com instituições públicas quanto a iniciativa privada, incentivam a realização de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação dentro de empresas e indústrias.
O objetivo é, além de contribuir com a formação de recursos humanos mais qualificados, garantir empregabilidade dos pesquisadores. Importante ressaltar que em países como Japão, Coreia do Sul, Israel, EUA e China, mais de 60% do total de seus pesquisadores estão alocados em empresas, segundo dados de 2018 da OCDE. No Brasil, esse percentual é de apenas 18%."
Procurado pela BBC News Brasil, o MCTIC não retornou a solicitação até a conclusão desta reportagem.

Medo do desemprego ou de interrupção das bolsas

Renata LeonhardtDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionGeóloga formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renata Leonhardt recebeu uma bolsa da Universidade de Saskatchewan, uma das 15 melhores universidades do Canadá em pesquisa
Bem mais jovem, com 23 anos e cursando um mestrado, a geóloga Renata Leonhardt, formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com estágio em empresas do setor petrolífero, igualmente partiu do Brasil em busca de melhores oportunidades e salários. Ela recebeu uma bolsa da Universidade de Saskatchewan, uma das 15 melhores universidades do Canadá em pesquisa.
O medo de ficar desempregada depois de formada foi outro motivo que a levou a ir embora.
"Até pouco tempo antes de me formar, o setor de óleo e gás ainda estava na expectativa de se recuperar da última crise", diz Renata. "Mas depois, as oportunidades na minha área ficaram um tanto escassas, mesmo para recém-formados que haviam estagiado anteriormente e buscavam contratação, como era o meu caso."
O atual cenário político brasileiro também foi levado em conta por Renata em sua decisão. "Ele não está muito favorável para a ciência", explica. "Eu temia, por exemplo, ficar sem bolsa no meio do curso — algo que era crucial para que eu continuasse a pesquisa."
Em agosto, o CNPq chegou a anunciar que havia risco de não pagamento dos seus mais de 80 mil bolsistas a partir de outubro. Isso não ocorreu, no entanto. O governo conseguiu cumprir o compromisso.
Essas também foram algumas das razões da bióloga Bianca Ott Andrade, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), para se mudar para o exterior, no caso, Estados Unidos, onde faz pós-doutorado, na Universidade do Nebraska-Lincoln.
"No Brasil, eu tinha uma bolsa de pesquisadora de pós-doutorado, que ia se encerrar no final de 2019, mas havia grandes chances de ficar desempregada", conta.
Além disso, contribuiu para a decisão de Bianca a atuação do atual governo nas áreas de ciência e educação, com menos incentivo ao ensino superior e a políticas ambientais.
"Eu trabalho com ciência e educação, é isso o que eu amo, é o que eu sei fazer. Sinto que não tem espaço pra mim, pelo menos não agora. Decidi dar um tempo para minha cabeça."
No caso de Gustavo Requena Santos, razões pessoais e profissionais se somaram para que ele decidisse se mudar para o exterior.
"Sou casado com um americano e no final da minha bolsa de pós-doutorado na USP, em meados de 2017, ele obteve uma oferta de trabalho para voltar aos EUA e decidimos nos mudar", conta.
"Entretanto esta não foi a maior razão pela qual saímos do Brasil. Foi uma oportunidade para mudarmos para um local com melhores condições e perspectivas para o futuro."
Ele diz ainda que, como profissional, apesar de quase 10 anos de experiência em pesquisa, se sentia desvalorizado, sem benefícios ou vínculo empregatício. "O cenário ficou insustentável", explica. "Por isso, resolvi me mudar."

Menos valor para a economia

Seja qual for o motivo de cada um para ir embora, o certo é que o Brasil está perdendo jovens doutores, quando o número deles, em qualquer idade, já é menor que a média internacional. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 0,2% da população brasileira possui doutorado, enquanto a média dos países pertencentes à organização e de 1,1%.
Segundo dados do CNPq, o Brasil tem hoje 7,6 doutores por 100 mil habitantes, índice que está estabilizado.
"Esse número não é suficiente, haja vista que países desenvolvidos têm um número muito superior", diz a bioquímica Ângela Wise, da UFRGS, membro titular da Academia Mundial de Ciências e secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Rio Grande do Sul.
"Como é o caso do Japão, que é o país desenvolvido com o menor número de doutores: 13 por 100 mil habitantes. O Reino Unido, por sua vez, tem atualmente 41, enquanto Portugal, 39,7; Alemanha, 34,4; e os Estados Unidos, mais de 20."
É muito pouco, segundo o engenheiro cartográfico Antonio Maria Garcia Tommaselli, do campus de Presidente Prudente, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), cujo grupo de pesquisa já perdeu três doutores para instituições europeias.
"Para um país com uma economia complexa como a do Brasil e que precisa agregar valor tecnológico aos seus produtos, em vez de apenas exportar matérias-primas, o ideal seria dobrar ou triplicar o atual número de doutores", diz.
Apesar de ver aspectos positivos na diáspora, no cômputo geral, Tommaselli a considera prejudicial ao país.
"O lado positivo é que ela significa que formamos cientistas de classe internacional", explica.
"O dramático é que estamos perdendo os melhores pesquisadores e que nos substituiriam no futuro, levando consigo todo o investimento feito com recursos públicos e o conhecimento altamente especializado que eles detêm. Um erro estratégico que será sentido em alguns anos, com o apagão científico em várias áreas", ressalva.
Mas não é só isso. "O mais grave é que o governo atual não tem qualquer política para reter estes cientistas, ao contrário, entende como remédio reduzir a formação de doutores", critica Tommaselli.
"Encontramos o mesmo cenário em vários grupos de pesquisa brasileiros de expressão internacional e as consequências futuras serão muito ruins para a economia, que se baseia em conhecimento", acrescenta.
Segundo Atlas, não haverá renovação do quadro de pesquisadores e professores de nível superior.
"Ou, sendo menos pessimista, ela será aquém da necessária", diz. "Haverá déficit de cientistas. E eles e os educadores terão menos conhecimento. Seremos piores. Sem investimentos, sem incentivos, será feita ciência de baixa qualidade, os avanços serão pífios. Novas tecnologias não serão desenvolvidas, as já existentes não serão aperfeiçoadas. Nos tornaremos ainda mais dependentes de outros países e de multinacionais em termos de ciência, tecnologia e cultura."

Professor Edgar Bom Jardim - PE