quarta-feira, 25 de abril de 2018

Pernambuco: Patteo Olinda Shopping abre as suas portas esta quarta-feira


Em evento prestigiado, foi inaugurado na noite dessa terça-feira (24) o Patteo Olinda Shopping. Considerado o maior empreendimento privado da cidade da Região Metropolitana do Recife, com aporte de R$ 500 milhões, o centro de compras abre esta quarta-feira (25) as portas para o público e já chega com a proposta de levar para mais de 400 mil habitantes o que há de melhor em lazer e entretenimento da região. A cerimônia de inauguração contou com a presença de autoridades, a exemplo do governador de Pernambuco, Paulo Câmara e do prefeito de Olinda, Professor Lupércio, além de representantes do setor empresarial, como o diretor executivo da Folha de Pernambuco, Paulo Pugliesi.

“O Patteo nasceu a partir de uma decisão fundamental de pessoas que acreditaram que, apesar da crise, valia a pena fazer um empreendimento desse porte em Pernambuco”, afirmou Paulo Câmara. Com 137 mil m² de área construída e 51 mil m² de área bruta locável (ABL), o Patteo conta com cinco pisos de lojas e mais três de estacionamento com capacidade para 2.300 vagas. Entre as âncoras estão operações da Riachuelo, Renner, Saraiva, Le Biscuit, além da Uninassau. O espaço ainda contará com academia Smart Fit e dois polos gastronômicos - no térreo, com restaurantes, e a praça de alimentação, com grandes redes de fast food . 

Olinda é uma grande cidade e pedia um empreendimento como o Patteo. Contamos com uma localização privilegiada, em um ponto de chegada e saída do município, no coração do centro comercial da cidade”, afirma José Luiz Muniz, diretor do Grupo CM, que é o empreendedor do espaço junto com a HBR Realty.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 24 de abril de 2018

Índios yanomamis apostam no turismo para afastar ameaça de garimpo e ganhar autonomia


A aposta dos yanomami no turismo para afastar ameaça de garimpo e ganhar autonomia
Fechado a turistas desde 2013, o Pico da Neblina - ponto mais alto do Brasil, a 2.994 metros acima do nível do mar - está sendo reaberto à visitação.
A montanha, próxima à fronteira com a Venezuela, deve receber os primeiros grupos de turistas até o fim do ano. A atividade será gerida por comunidades do povo yanomami, cujo território se sobrepõe a boa parte do Parque Nacional do Pico da Neblina.
A BBC visitou aldeias yanomamis da região de Maturacá em novembro, quando acompanhava uma expedição pioneira de biólogos da USP ao Pico da Neblina - chamado pelos indígenas de Yaripo.
As comunidades ficam a alguns dias de caminhada do pico e são vizinhas do 5º Pelotão Especial de Fronteira, uma base do Exército dentro da Terra Indígena Yanomami.
Dezenas de homens e mulheres foram treinados nos últimos anos para receber os turistas, iniciativa apoiada pelo Instituto Socioambiental (ISA) e órgãos do governo.
As comunidades esperam que o turismo dê mais autonomia às comunidades e afaste os apelos do garimpo, que já deixou sequelas na região.
Anciãos yanomamis na aldeia Maturacá
Image captionTerritório yanomami sofreu grande invasão de garimpeiros nos anos 1980

Invasão garimpeira

Nos anos 1980, dezenas de milhares de garimpeiros invadiram o território yanomami em busca de ouro. Muitos foram expulsos, mas a atividade jamais foi totalmente erradicada.
A trilha que dá acesso ao pico passa por vários antigos locais de garimpo. A mineração desviou riachos e provocou o surgimento de lagos e praias de pedregulhos. Em alguns garimpos desativados há décadas, a vegetação começa a se regenerar.
O Exército disse à BBC que a região está livre de garimpo há um bom tempo. Porém, nossa equipe encontrou sinais de atividade recente em alguns acampamentos de garimpeiros, como pilhas descartadas e uma embalagem de comida fabricada em 2016.
Em Maturacá, mulheres yanomamis relataram que garimpeiros têm oferecido 21 gramas de ouro (o equivalente a R$ 3 mil) a indígenas para que levem comida até um garimpo do lado venezuelano da fronteira.
O Pico da Neblina
Image captionPico da Neblina fica dentro do território yanomami, perto da fronteira com a Venezuela
O acesso ao local é feito a pé pela mesma trilha que dá acesso ao Pico da Neblina. Há relatos sobre a presença de garimpeiros de São Gabriel da Cachoeira (AM) na área.
O ouro circula pela região livremente. Numa loja vizinha à base do Exército em Maturacá, é possível comprar mercadorias com o metal, pesado numa balança sobre o balcão.
Analista do ICMBio (órgão federal que gere o Parque Nacional do Pico da Neblina), Flávio Bocarde diz que o garimpo é um fator de "grave erosão cultural" na região.
"O pai fica fora da casa por longos períodos, deixando para trás a mulher e os filhos. Quando começa a negociar só com ouro, passa a vendê-lo em troca de comida, o que altera totalmente sua relação com a alimentação. A caça e a agricultura tradicional são abandonadas", afirma.
A atividade também gera o risco de contaminação por mercúrio, normalmente usado pelos garimpeiros para identificar o ouro.
Em 2016, um estudo do ISA em parceria com a Fiocruz e a FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou índices preocupantes de contaminação por mercúrio em aldeias yanomamis próximas a garimpos em Roraima.
Numa delas, o índice de moradores com altos níveis de mercúrio no sangue chegou a 92%.
A substância está associada a problemas motores e neurológicos, perda de visão e danos em fetos.

Lobby pró-mineração

Hoje a mineração em terras indígenas é ilegal. Em 1996, o senador Romero Jucá (MDB-RR) propôs um projeto de lei para regulamentar a atividade. A proposta tramita desde então. Nos últimos anos, o movimento ganhou um novo articulador - o deputado estadual amazonense Sinésio Campos, do PT.
Entre os apoiadores da causa está o indígena e ex-garimpeiro Clóvis Curubão (PT), atual prefeito de São Gabriel da Cachoeira, município onde fica parte do território yanomami.
"A maioria da população indígena daqui não tem acesso a benefícios do governo. São as pessoas mais esquecidas do Brasil. A única solução para o município, onde 98% da população é indígena, é a mineração", diz Lucas Duarte, aliado de Curubão e presidente das Cooperação Indígena para Extrativismo de Recursos Naturais e Minerais, em São Gabriel da Cachoeira.
As principais associações yanomami, porém, são contra a mineração em áreas indígenas.
"Os garimpeiros não estão mais conosco", diz Antônio Yanomami, líder da comunidade Maturacá.
Caçadores yanomamis cumprimentam visitantes em ritual na aldeia Maturacá
Image captionPesquisadores cumprimentam caçadores yanomamis em ritual na aldeia Maturacá
"Eles costumavam ganhar dinheiro aqui, mas destruíram a terra. Agora não permito mais que a terra seja destruída. Nossos jovens nos ensinaram como solicitar a força policial e agir mais rapidamente."

'Velhos tempos'

Em Maturacá, muitos yanomamis dizem esperar que o turismo afaste de vez os garimpeiros.
"Nos velhos tempos, eu mesmo pensei que nosso futuro estava no garimpo", diz Salomão Mendonça Ramos, um dos yanomamis à frente do projeto de turismo.
"Ainda há algumas pessoas que garimpam um pouco, sem danificar a natureza. Esperamos que essas pessoas deixem de lado esse trabalho sem futuro e se juntem ao ecoturismo", ele afirma.
O Pico da Neblina já recebeu turistas, mas as expedições costumavam ser organizadas por agências externas, modelo que estava gerando conflitos nas comunidades. Agora, os próprios yanomamis administrarão a atividade.
"O pagamento era muito pequeno. Agora queremos que os turistas paguem mais, para que possamos melhorar a vida das famílias dos guias e carregadores", completa Ramos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Investigação da Polícia Federal: PP é o partido mais investigado e o que mais cresceu


Comandado pelo senador Ciro Nogueira, que foi alvo de mais uma operação da Lava Jato, juntamente com o deputado federal Eduardo da Fonte, nesta terça (24), o Partido Progressista (PP) é a legenda que possui o maior número de políticos com foro privilegiado investigados pela operação. No entanto, conseguiu desbancar siglas como o PSDB e MDB e conquistou a segunda maior bancada na Câmara Federal, após intensa campanha de filiações, no período da janela partidária.

Pelo menos 27 integrantes do PP respondem a ações penais ou inquéritos. Já o PT aparece na segunda posição, com 19 deputados investigados. Por sua vez, o MDB do presidente Michel Temer tem 18 deputados investigados. O PR aparece em quarto lugar, com 15 nomes e na sequência vêm o PSD, com 13 integrantes da Câmara sob investigação, e o PSDB, também com 13. 
Crescimento
Após o encerramento do prazo para troca de partidos, o PP passou a ocupar um lugar de maior destaque no cenário nacional. A agremiação, que elegeu 38 deputados em 2015, passou para 54 parlamentares. Apesar de ainda possuir a maior bancada da Casa Baixa, com 57 membros, o PT perdeu 12 filiados na janela. Já o MDB, que possuía 65 deputados, ficou com 52, passando para o terceiro lugar do ranking. Por sua vez, o PSDB caiu de 54 para 46. Entre os que ganharam filiados está o DEM, que cresceu de 21 para 44 deputados. O PR saiu de 34 para 41, ficando na sexta colocação. 

Para conseguir ampliar seus quadros, o PP teria prometido repartir a verba do fundo partidário, para ser usada nas campanhas eleitorais. A legenda teria ficado de distribuir cerca de R$ 2,5 milhões para cada candidato, para compensar a proibição do financiamento privado.

Alepe
O PP também conseguiu ampliar seu poder na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A bancada do partido subiu de seis para 14 deputados e promete conquistar mais de um milhão de votos nesta eleição. Os deputados estaduais novos que ingressaram na legenda foram Eriberto Medeiros (ex-PTC), Beto Accioly (ex-PSL), Joel da Harpa (ex-Podemos), Antonio Moraes (ex-PSDB), João Eudes (ex-PDT), Ricardo Costa (ex-MDB), Roberta Arraes (ex-PSB) e Vinícius Labanca (ex-PSB). Antes, a bancada já contava com o Pastor Cleiton Collins, Claudiano Martins, Marcantônio Dourado, Eduino, Zé Maurício, Doutor Valdi e Everaldo Cabral.



O deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) afirmou que está "à disposição da Justiça" após a Operação Lava Jato cumprir mandados de busca e apreensão em seu gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília, no Distrito Federal, e em sua residência no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nesta terça-feira (24). "Estou à disposição da Justiça sempre. Confiamos nela e em Deus", disse o parlamentar em nota oficial divulgada por sua assessoria.

Na nova fase da Lava Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, aponta a necessidade de obter provas referentes aos crimes de embaraço à investigação de organização criminosa. De acordo com pessoas que acompanham a operação, policiais federais fizeram cópias dos HDs dos computadores do gabinete de Eduardo da Fonte. Segundo a assessoria do parlamentar, ele está no Recife.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que as buscas ocorrem no Recife, em Brasília, em Teresina e em Boa Vista. Os policiais federais chegaram à Câmara e ao Senado nas primeiras horas da manhã desta terça. Na Câmara, o sexto andar do prédio de gabinetes, onde fica o de Eduardo da Fonte, foi isolado pela Polícia Legislativa.
Fonte: Folha de Pernambuco. Blog da Folha com Folhapress
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Reflexão:Qual o interesse em retirar Sociologia e Filosofia do currículo?


"Filosofia e Sociologia obrigatórias derrubam notas em Matemática". O título da reportagem publicada na Folha de S.Paulo na segunda-feira 16 revela os resultados de uma pesquisa inédita que será publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo, realizado pelos pesquisadores Thais Waideman Niquito e Adolfo Sachsida, já apontado como conselheiro econômico de Bolsonaro, defende que a presença das disciplinas como componentes curriculares obrigatórios no Ensino Médio prejudica a aprendizagem dos estudantes, essencialmente os de baixa renda.
Para chegar à conclusão de que a obrigatoriedade das disciplinas na etapa, estabelecida pela Lei 11.684 de 2008, levou à queda no desempenho escolar, os pesquisadores tomaram como base os resultados de estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em dois momentos. A pesquisa comparou os resultados dos alunos que prestaram o exame em 2009, por entender que eles ainda não tinham sido impactados pela obrigatoriedade, com aqueles que o prestaram em 2012, após a promulagação da Lei.
A partir das correlações, os autores levantam a hipótese de que, dada a limitação de carga horária do Ensino Médio, a inserção obrigatória de qualquer nova disciplina “se reflete em redução no espaço dedicado ao ensino das demais”.
As aferições são vistas com preocupação pela socióloga e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP), Ana Paula Corti. A especialista, também membro da Rede Escola Pública e Universidade (REPU), pontua inconsistências na metodologia do estudo e questiona a sua intenção.
"É notório que o desempenho em Português e Matemática, assim como em outras disciplinas, muitas vezes é colocado como insatisfatório nos resultados de avaliações em larga escala", avalia Corti. "Muitas questões explicam isso, como a precariedade do sistema público, a falta de investimento, os problemas de financiamento e estrutura. Em nenhum momento, as pesquisas ou o conhecimento acumulado sugerem que esses problemas possam ser explicados pela presença de alguns componentes curriculares na escola", avalia.
A especialista indaga: "Por que tanto interesse em mostrar que Sociologia e Filosofia tem que sair do currículo?". Confira na entrevista.
Carta Capital:  Qual a sua leitura sobre a pesquisa "Efeitos da inserção das disciplinas de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio sobre o Desempenho Escolar"?
Ana Paula Corti: O primeiro aspecto que me chamou a atenção foi o título contundente da reportagem veiculada pela Folha, que é categórico ao relacionar a piora do desempenho em Matemática com o ensino de Filosofia e Sociologia. É muito atípico explicar parte do rendimento em uma disciplina em função da existência de outra.
Depois, lendo o estudo, dá para perceber que ele busca produzir um certo conhecimento correlacionando disciplinas, tentando estabelecer uma relação que é difícil entender. Por que esse interesse de explicar o rendimento de uma disciplina em função da existência de outra? É notório que o desempenho em Português e Matemática, assim como em outras disciplinas, muitas vezes é colocado como insatisfatório nos resultados de larga escala.
Muitas questões explicam isso, a precariedade do sistema público, a falta de investimento, os problemas de financiamento e estrutura. Em nenhum momento as pesquisas ou o conhecimento que temos sugere que esses problemas possam ser explicados pela presença de alguns componentes curriculares na escola. É estranho que os pesquisadores queiram estabelecer esse tipo de relação.
CC:  Como você avalia os caminhos metodológicos para estabelecer as conclusões da pesquisa?
AC: O método que usaram para fazer a correlação apresenta muitas falhas. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa apresenta dois experimentos, ambos baseados nos resultados do Enem. No primeiro, eles comparam o rendimento dos alunos no exame em dois anos diferentes, 2009 e 2012, supondo que no primeiro ano, os alunos não tinham tido aulas de Filosofia e Sociologia e, no segundo, já tinham tido contato com as disciplinas. A ideia então foi comparar esses rendimentos para avaliar como a inclusão da Sociologia e Filosofia impacta as notas em Matemática e Português.
A Lei que torna o ensino de Sociologia e Filosofia obrigatório é de 2008, mas isso não significa que essas disciplinas não estivessem nas escolas antes desse período, porque as escolas não só podiam contemplá-las como várias já o faziam. Então, não é verdade que os alunos que fizeram o Enem em 2009 não tiveram essas aulas.

Leia Também:
Quem é o conselheiro de economia de Bolsonaro?
A outra questão é que a inclusão dessas disciplinas como componentes obrigatórios foi algo progressivo, porque tivemos resistência por parte de alguns estados. Notadamente os estados governados pelo PSDB, como é o caso de São Paulo, tiveram uma enorme resistência. O Conselho Estadual de Educação paulista, na época, tentou de todas as maneiras não implantar a Legislação na rede estadual. Os próprios autores dizem no estudo que, em 2010, apenas 48,5% das escolas do País ofertavam Sociologia e Filosofia. Isso significa que não é possível ter segurança de que os alunos analisados pelo estudo realmente tiveram aulas sobre essas disciplinas.
O que é grave? Toda a correlação que o estudo faz apontando uma piora no desempenho em Matemática é feita com base em alunos que podem ou não ter tido aulas de Sociologia e Filosofia. Então, isso já coloca, ou deveria colocar, muitos cuidados com relação a qualquer tipo de conclusão. O experimento não permite chegar a conclusões contundentes.
CC: A pesquisa fala em um segundo experimento com as escolas...
AC: O segundo experimento é baseado na média das escolas no Enem. Qual é o problema dessa vez? O Enem é uma exame de caráter voluntário, os alunos o fazem se quiserem e quando quiserem. Eles podem prestar o exame tendo concluído o Ensino Médio naquele ano ou há dez anos atrás, por exemplo. A consequência disso é que o Enem não é um exame bom para analisar resultado por escola, justamente porque você tem escolas em que dois estudantes fizeram o exame, outras em que 300 alunos o fizeram e unidades em que ninguém fez.
Os autores também reconhecem isso no estudo ao apontar que, em 2010, apenas 31% das escolas tiveram nota no Enem, ou seja, muitas delas ficaram de fora porque provavelmente seus estudantes não participaram do exame. Então, analisar as médias das escolas no Enem é, no mínimo, um procedimento falho.
CC: Na sua opinião, os métodos da pesquisa não validam as conclusões feitas?AC: No mínimo, eles precisavam colocar qualquer conclusão com muito cuidado, apontando as limitações, mas não é isso que vemos, observamos resultados contundentes. Os pesquisadores dizem claramente que a limitação da carga horária no Ensino Médio faz com que, ao incluir uma disciplina, se prejudique outras. Isso não só não é verdade, como o estudo não investigou a questão. Há conclusões que estão fora do escopo dos objetivos da investigação feita, o que nos leva a desconfiar da intencionalidade do trabalho. Outra questão é que a pesquisa não consegue produzir evidência de que o estudo de Filosofia e Sociologia tem algum tipo de impacto no aprendizado da Matemática, muito menos provar que ele piora o ensino como é sugerido.
Quando você encontra uma correlação matemática ou estatística entre variáveis, isso não significa relação de causalidade. Também é um problema muito grave da pesquisa a maneira como eles tratam os resultados.
CC: Diante disso, como avalia as intenções da pesquisa?AC: O que eu tenho visto nas pesquisas das áreas é muito mais uma tentativa de tentar entender como essas disciplinas vem sendo implantadas e quais são os resultados de aprendizagem. Você não vai encontrar coisas do tipo: o ensino de Biologia piora o ensino de Sociologia! Então, eu fico me perguntando se a busca por esse tipo de correlação não teria a ver com uma intencionalidade oculta de sugerir, nesse contexto que estamos vivendo de Reforma do Ensino Médio, que as disciplinas de Sociologia e Filosofia podem ser retiradas do currículo. Qual o interesse de tentar provar que a retirada das disciplinas não só não vai fazer falta como poderia melhorar o aprendizado em Matemática? É uma correlação espúria e uma maneira de tentar produzir evidências no mínimo duvidosas.

Leia Também:
"Reforma do Ensino Médio é um retorno piorado à década de 90"O desmonte do Ensino Médio
CC: Vê interesses dos autores da pesquisa nas afirmações?
AC: O fato de um deles, o Adolfo Sachsida, ter uma relação direta com políticos como Bolsonaro e projetos bastante controversos como o Escola sem Partido é complicado. Claro que os pesquisadores são cidadãos, tem seus posicionamentos políticos, e não têm que ter suas pesquisas questionadas por serem de direita ou esquerda.
Temos que tomar cuidado com isso, porque se imagina que eles tenham capacidade de ter uma autocrítica ao produzirem suas pesquisas. Agora, nesse caso específico, a gente fica se perguntando se esse pesquisador não tem como objetivo produzir evidências que atestem as políticas polêmicas que ele apoia, caso da Reforma do Ensino Médio e do Escola sem Partido.
Nós sabemos que para muitos partidários desse movimento, a Sociologia e a Filosofia é uma pedra no sapato por serem disciplinas de vocação crítica, reflexiva e que trazem o tema da política para a sala de aula como uma demanda da formação cidadã contemporânea. Sabemos que o Sachsida é um partidário do movimento, então acho que no mínimo precisaríamos ouvir outras vozes.
CC: Na sua opinião, a pesquisa valida a reforma do Ensino Médio?
AC: A reforma do Ensino Médio foi apresentada no final de 2016, como Medida Provisória, no mesmo período em que foi apresentada a PEC do congelamento dos gastos públicos, hoje Emenda Constitucional 95. Nada disso foi ao acaso, essas medidas estão conectadas.
O Ensino Médio é de responsabilidade dos estados e nós sabemos que eles estão enfrentando uma crise econômica e fiscal. Ao mesmo tempo, a EC 95 coloca para os estados um limite com gastos em educação. O que quero dizer com isso é que a Reforma do Ensino Médio, na medida em que diminui a oferta de formação geral, flexibiliza a contratação de professores, e permite convênios com instituições privadas, sobretudo com o itinerário formativo da formação profissional, é também uma maneira de promover esse ajuste fiscal. A Reforma é uma ação vinculada a um modelo neoliberal, O Estado mínimo, que permitirá aos estados fazerem ajustes e estabelecerem um modelo de oferta educacional com redução de custos.
Vale lembrar que o Sachsida foi favorável à aprovação da emenda do teto de gastos. Então, juntando, por que tanto interesse em mostrar que a Sociologia e a Filosofia têm que sair do currículo? Por quê a tentativa de mostrar que o currículo do Ensino Médio precisa valorizar só Português e Matemática? Porque essa é uma visão professada pela reforma do Ensino Médio, o que me leva a crer que a pesquisa que tenta produzir evidências para legitimá-la.
Carta Capital
por Ana Luiza Basilio
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Nelsinho deixa o Sport


As palavras de Nelsinho Batista, na coletiva convocada de última hora pelo próprio treinador, traziam o que já se esperava. O comandante rubro-negro está fora do Sport. Pontualmente às 15h, ele abriu a porta da sala de imprensa com um sorriso. Mas, logo após a primeira pergunta, o semblante sério tomou conto do treinador com um depoimento carregado de críticas para a diretoria de futebol. No discurso, Nelsinho diz que se pratica terrorismo dentro do CT do clube contra profissionais e revelou que não contou com o atacante Carlos Henrique para o jogo contra o Botafogo por falta de dinheiro para pagar o empréstimo do atleta junto ao Londrina. 

Além disso, revelou que não recebeu seus salários completos desde que retornou à Ilha do Retiro. Por fim, antes de dizer que não voltaria mais a trabalhar pelo Sport, garantiu que fez as duras críticas pelo torcedor.  “Estou fora do Sport. Não consigo trabalhar com pessoas que enganam todo mundo”, disparou.

Sem citar nomes, Nelsinho Batista citou um áudio vazado de um membro da cúpula rubro-negra (na verdade, foi uma entrevista do diretor Leonardo Lopes, antes do jogo contra o Botafogo, nesta segunda) que avaliava sua condição dentro do clube. “Eu estou fazendo essa coletiva e estou usando da mesma forma dos diretores com áudio que vazou ontem. Eu ouvi. Para consumar minha demissão, só faltou a derrota do Sport. Vendo isso, foi por isso que convoquei porque eu trato do jeito que eles me tratam. É uma covardia que foi feito. Eles sabem o trabalho dia a dia. Foi uma declaração que em parte tenho aceitar. Sou treinador. Tenho que viver com a cobrança. Agora, existe uma grande mentira no final”, disse o treinador, para completar. 

“Quando disse que me deu totais condições de trabalho, nem no CT ele apareceu.  Não me deu Carlos Henrique porque não tinha o dinheiro do pagamento do empréstimo para o Londrina. Fui para o jogo ontem sem ter um atacante. Tive que improvisar”, denunciou.

Em seguida, Nelsinho Batista fez uma conexão com o fim da passagem que teve nove anos atrás quando saiu do clube sem dar declarações. “Vim aqui para dizer isso e para não dizer mais coisas. É um filme que vi nove anos atrás. Estou vendo hoje novamente. É terrorismo dentro do CT. Um dia querem tirar fisioterapeuta. Um dia querem tirar departamento médico, analista. Só trazem problema para dentro do CT. Nós só estamos buscando as soluções sempre. Tiraram Aritana, a psicóloga. E a culpa foi minha. Eu não tenho culpa de nada. Foi feito terrorismo em cima de Tacão (preparador físico), de fisioterapeuta, do DM, para tirarem daqui”, declarou.

Campeão da Copa do Brasil de 2008, Nelsinho Batista teve uma passagem recheada de insucessos neste ano. Sem disputar a Copa do Nordeste, o treinador se limitou a um terceiro lugar no Estadual, sendo eliminado pelo Central na semifinal. Na Copa do Brasil, a equipe caiu na disputa dos pênaltis para o modesto Ferroviário-CE. Na ocasião, o Rubro-negro chegou a vencer por 3 a 0, mas cedeu o empate e acabou eliminado nos pênaltis em plena Ilha do Retiro.

Para a Série A, Nelsinho Batista teve quase duas semanas para ajustar o time. Contou com sete reforços (Carlos Henrique ainda não foi regularizado), mas, com a condição financeira do Sport debilitada, não teve peças de peso. Em campo, o treinador também não conseguiu dar um padrão tático. Nessa passagem, o ídolo rubro-negro teve 17 jogos, com sete vitórias, sete empates e três derrotas (confira os números gerais abaixo).


Primeira passagem de Nelsinho no Sport (2008 a 2009):

105 jogos

60 vitórias

22 empates

23 derrotas

64,1% de aproveitamento

3 títulos: 2 Estaduais (2008/2009) e 1 Copa do Brasil (2008)


Segunda passagem de Nelsinho no Sport (2018):


17 jogos

7 vitórias

6 empates

4 derrotas

52,9% de aproveitamento



Números totais de Nelsinho no Sport:


122 jogos

67 vitórias

28 empates

27 derrotas

62,56% de aproveitamento
Fonte:Diário de Pernambuco
Brenno Costa/DP

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Educação alimentar na hora do recreio


Ilustração: Tato Araújo
SAUDÁVEIS E SABOROSOS Não é preciso impor sacrifícios para oferecer um cardápio nutritivo e atraente. 
A chave é apresentar diferentes grupos alimentares. Ilustrações: Tato Araújo
Pães e torradas Oferecem energia para o organismo por serem ricos em carboidratos, que dão a sensação de saciedade. É importante prestar atenção na quantidade de açúcar refinado entre os ingredientes.

Frutas São fonte de vitaminas, potássio, fibras e bioflavonoides (pigmentos com propriedades antioxidantes). Maçã, manga, banana, mamão, uva e morango devem estar sempre presentes na hora do lanche.

Cereais Ricos em fibras, os cereais matinais e as tradicionais barrinhas ajudam a manter baixo o nível de colesterol ruim, melhoram o trânsito intestinal e garantem a sensação de saciedade por um longo tempo.

Sucos, água e água de coco Hidratar-se é fundamental. A água deve ser bebida quase gelada para facilitar a absorção. Os sucos são ricos em minerais e eletrólitos, que prolongam a hidratação. E a água de coco, fonte de potássio, é reidratante.

Leite e derivados Contam com altas doses de cálcio, fundamental para os ossos. O iogurte natural traz ainda mais proteínas. O queijo branco tem mais cálcio que o leite. E nos queijos amarelos sobram as vitaminas A e D.
Todo mundo sabe da importância de comer bem: traz benefícios para a saúde, ajuda a nos manter ativos para realizar as tarefas do dia a dia e melhora até o humor. Uma alimentação saudável é aquela que reúne todas as substâncias químicas de que o corpo precisa para funcionar corretamente. Requer muita diversidade de ingredientes em todas as refeições, com equilíbrio entre carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Na escola, um espaço ocupado por crianças e jovens, isso se torna ainda mais relevante. Porém todo mundo sabe que a oferta de alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro das escolas costuma ficar bem abaixo do desejável. Por questões de praticidade, custo e armazenamento, é mais fácil encontrar produtos industrializados, que têm prazo de validade maior - mas causam mais danos à saúde que os alimentos in natura.

O domínio dos salgadinhos, doces e chocolates, porém, já é questão de saúde pública. Há dois anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou uma compilação de diversos estudos sobre o tema, que mostra que o aumento do número de crianças com excesso de peso varia de 10,8% a incríveis 33,8% conforme a cidade ou região. Diversos outros problemas, como diabetes, hipertensão arterial, alterações ortopédicas e elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, têm se tornado frequentes entre a garotada.

"O fato é que na escola se formam as bases do comportamento no que diz respeito à alimentação", diz a nutricionista Nina Flávia de Almeida Amorim, responsável técnica pelo projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB). Ela ressalta que, em média, as crianças consomem de 25 a 33% das calorias diárias no ambiente escolar, entre merenda e lanche, desde a hora em que chegam para a aula até o momento em que voltam para casa.

A preocupação com esse tema fez com que muitos estados e cidades aprovassem leis sobre o que pode (e não pode) ser oferecido nas cantinas escolares. Em abril, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que obriga creches, pré-escolas e instituições de Ensino Fundamental, públicas e privadas, a comercializar apenas alimentos saudáveis. A proposta tramita agora no Senado e, por mais que o texto original da lei não cite explicitamente quais são os heróis e os vilões na hora do lanche, está claro que salgadinhos, refrigerantes, biscoitos, balas e chicletes, bem como outros produtos industrializados ricos em gordura, açúcar e sal, entrarão na lista dos proibidos, a ser definida pelas autoridades sanitárias (confira nas ilustrações que acompanham esta reportagem os benefícios de cada grupo alimentar - e também os riscos que os produtos industrializados oferecem às crianças).
A chance de pais, professores e alunos refletirem sobre o tema
Ilustração: Tato Araújo
VILÕES DA ALIMENTAÇÃO Pobres em nutrientes e ricos em gordura, sódio e açúcar, os produtos industrializados já foram banidos em alguns estados e municípios que têm leis sobre as cantinas escolares
Salgadinhos e frituras O principal problema dos salgadinhos de pacote são os altos índices de sódio, que podem provocar a elevação da pressão arterial. Já as frituras têm muita gordura, que colabora para o ganho de peso.

Refrigerantes e sucos artificiais Bebidas com alto teor de açúcar são pobres em fibras e micronutrientes. Contêm aditivos (como os corantes) e sódio. São considerados grandes vilões do sobrepeso e de novas cáries.

Maionese, Ketchup e mostarda Além de muito calóricos, têm altos teores de gordura total e de gordura saturada, açúcar, sódio e aditivos químicos. Por não conter fibras nem micronutrientes (vitaminas e minerais), podem causar a elevação da pressão arterial.

Balas, prulitos e chicletes São alimentos com pouco ou nenhum valor nutricional e elevado teor de açúcar. Por isso, provocam ganho de peso e cáries. O excesso de açúcar eleva os níveis de colesterol e pode provocar problemas cardíacos.

Biscoitos recheados Como quase todos os alimentos desse grupo, têm muitas calorias, açúcar e gorduras - e poucas fibras e micronutrientes. A indústria vem tentando reduzir a taxa de gordura trans, um fator de risco para doenças do coração.

Chocolate São alimentos com grande concentração de gordura, ácidos graxos saturados e sódio. Seu consumo excessivo pode causar problemas de saúde, como colesterol alto, excesso de peso e doenças cardiovasculares.

A primeira lei sobre o assunto entrou em vigor em 2001, em Santa Catarina. No Paraná, a regulamentação específica passou a valer em 2004. "O grande mérito da lei foi provocar uma reflexão sobre o tema entre professores, alunos e pais", destaca Márcia Stolarski, nutricionista da Coordenadoria de Alimentação e Nutrição Escolar, ligada à Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Segundo ela, hoje é possível observar uma melhora na alimentação das crianças, mas isso não veio de forma tranquila. "Muitos alunos começaram a levar refrigerantes, salgadinhos e bolachas recheadas de casa. E não só para o consumo próprio: também para vender para os colegas."

Em paralelo, aumentou o número de vendedores ambulantes perto das escolas. "Eles passaram a vender tudo o que tinha sido proibido", lembra Leonilda Palmonari Metri, diretora da EE Nossa Senhora de Fátima, em Curitiba. Além disso, caiu a receita gerada pela cantina (espaço que, nas escolas públicas, é administrado direta ou indiretamente pela APM e cujos recursos ajudam a financiar pequenos gastos). "No nosso caso, perdemos cerca de 30% num primeiro momento." Curiosamente, quando havia frutas no cardápio da merenda escolar, a aceitação era sempre boa - mas a oferta na cantina demorou a ser bem aceita.

Cleliani de Cassia da Silva, especialista em nutrição, saúde e qualidade de vida da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, reforça o papel da comunidade em relação a essa questão. "Em idade escolar, todos querem os mesmos alimentos que os colegas. Muitos têm vergonha de levar lanche de casa", explica ela.

É por isso que bons exemplos fazem toda a diferença na promoção da alimentação saudável. Não adianta proibir a venda de doces se os professores mascam chicletes na frente da turma. A chave para o sucesso é a coerência (veja no quadro abaixo uma lista de ações simples que toda escola pode adotar). "Só retirar os alimentos não saudáveis da cantina não muda a situação. São necessárias ações focadas nas crianças, nos pais, nos funcionários e assim por diante", insiste Estela Marina Alves Boccaletto, da Faculdade de Educação Física da Unicamp.

Daí a importância de envolver na discussão os responsáveis pelo preparo dos alimentos vendidos nas cantinas. A UnB mantém desde 2001 o projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis. Uma de suas principais ações é capacitar os cantineiros e ajudá-los a transformar seu mix de produtos de forma a compor um cardápio com alimentos mais saudáveis e que, ao mesmo tempo, agucem o paladar da garotada. Nina Amorim reconhece que dá mais trabalho fazer isso a continuar comprando salgadinhos de pacote, biscoitos, balas e chocolates. "Mais de uma vez, fomos criticados e até agredidos verbalmente por donos de cantinas que acham que vão quebrar com essa mudança", conta ela. "Mas, à medida que vamos apresentando alternativas, todos percebem que é possível trocar os itens prontos de longa validade por opções mais saudáveis. Algumas das opções mais populares do curso são gelatinas com pedaços de frutas, barrinhas caseiras de frutas e cereais, sanduíches naturais (sem maionese), salada de frutas, bolos enriquecidos com frutas e, claro, a valorização de ingredientes típicos de cada região do país, como tapioca, açaí e milho verde.

Estela Boccaletto, da Unicamp, diz que tão importante quanto as leis é cada escola tomar para si seu papel de valorização da Educação como um todo. "É preciso ver as crianças e os jovens em sua plenitude e colaborar com seu crescimento, desenvolvimento e potencial. Para que isso ocorra, todos têm de estar preparados e ajudar os estudantes a fazer opções saudáveis nas refeições."
O que a escola pode fazer
 - Definir com a Associação de Pais e Mestres (APM) o que pode ser vendido e o que deve ser vetado na cantina e zelar pelo cumprimento do acordo.
- Esclarecer os pais sobre a importância da boa alimentação e estimulá-los a cuidar da rotina alimentar dos filhos.
- Trabalhar para conscientizar docentes e funcionários sobre a necessidade de oferecer bons exemplos aos alunos.
- Incluir a alimentação saudável como um conteúdo transversal permanente das áreas do conhecimento.
Por: Ava de Freitas
Revista novaescola.org.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE