domingo, 5 de novembro de 2017

Após dois anos, impacto ambiental do desastre em Mariana ainda não é totalmente conhecido

Rio Doce atingido pela lama e rejeitos de desastre ambiental em 2015
Image captionParte do rejeito, formada por partículas muito finas, permanece em suspensão na água e é carregada pelas correntes | Crédito: Fred Loureiro/Secom-ES
Dois anos depois do rompimento da barragem de Fundão, na região de Mariana (MG), biólogos, geólogos e oceanógrafos que pesquisam a bacia do rio Doce afirmam que o impacto ambiental do desastre, considerado o maior do país, ainda não é totalmente conhecido.
Em 5 de novembro de 2015, 34 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro jorraram do complexo de mineração operado pela Samarco e percorreram 55 km do rio Gualaxo do Norte e outros 22 km do rio do Carmo até desaguarem no rio Doce. No total, a lama percorreu 663 km até encontrar o mar, no município de Regência (ES).
Ainda não é possível mensurar completamente a dimensão do impacto na natureza porque boa parte da lama continua nas margens e na calha do rio, dizem especialistas consultados pela BBC Brasil. E, ainda, parte dos rejeitos que chegou ao oceano continua sendo carregado pelas correntes marinhas.
Também não há ainda análises definitivas do monitoramento que vem sendo feito dos peixes e animais que voltaram a aparecer nos últimos dois anos. Não há dados seguros, por exemplo, que apontem se eles estão contaminados ou se são apropriados para consumo.
Área atingida pela lama no município de Mariana
Image captionA avalanche de lama matou praticamente todos os peixes do trecho do alto do rio Doce | Foto: Felipe Werneck/Ascom/Ibama
O plano de manejo do rejeito de minério de ferro elaborado pela Fundação Renova, que hoje responde pelas ações de reparação da mineradora Samarco e de suas controladoras, Vale e BHP Billiton, foi aprovado apenas em junho deste ano pelo Comitê Interfederativo (CIF). Presidido pelo Ibama, o CIF orienta e valida as decisões da fundação.
O projeto dividiu a área afetada em 17 trechos, que terão soluções diferentes, estudadas caso a caso. Em algumas regiões o rejeito será de fato removido, em outros, serão feitas intervenções corretivas e ele ficará onde está.
Nas áreas agricultáveis dos primeiros 60 km do percurso, por exemplo, a lama será aterrada e coberta por uma camada de areia, onde os produtores poderão voltar a cultivar.
"Essa é a parte mais otimista da coisa", diz o professor do departamento de engenharia agrônoma da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Carlos Schaefer, cuja pesquisa se concentra nas estratégias para recuperação ambiental do solo dessa região.
Ele estima que em aproximadamente cinco anos as áreas ribeirinhas do primeiro trecho atingido estarão restabelecidas.

Espécies 'invasoras'

Os pesquisadores concordam que é inviável retirar todo o rejeito que se espalhou ao longo da bacia, mas ponderam que, quanto mais tempo as ações de recuperação demorarem, maior o risco de que o rio volte a ser contaminado pela lama que ainda está nas margens, especialmente nos períodos de chuva.
Reservatório de Candonga , em Mariana (MG)
Image captionPrimeira etapa do programa de recuperação se concentrou nas barragens, para evitar novos desastres. Na imagem, o reservatório de Candonga | Foto: Felipe Werneck/Ascom/Ibama
Para evitar que isso acontecesse, diz Schaefer, a recuperação da mata ciliar - a vegetação que recobre as margens do rio e evita que a chuva leve sedimentos para o leito - deveria ter sido priorizada.
A restauração florestal prevista pela Renova, de acordo com o Ibama, ainda não começou. Por ora, o que estão sendo feitas são ações emergenciais para tentar evitar que a lama desça para o rio, com a plantação de gramíneas e leguminosas que teriam a função de manter a terra mais firme.
Para Carlos Sperber, professor do departamento de biologia da UFV, e Frederico Ferreira, ambos do grupo que pesquisa a regeneração da mata ciliar e do habitat aquático do rio Doce, a estratégia pode tornar ainda mais difícil a recuperação da vegetação devastada pela lama. "Essas são espécies 'invasoras' que podem se espalhar pelo curso do rio", pondera Ferreira.
A equipe também monitora em expedições periódicas a fauna do alto do rio Doce, mais próxima do local do desastre. A tragédia dizimou todas as 26 espécies de peixes que habitavam aquele trecho, diz Ferreira. "Praticamente todos os peixes morreram durante a avalanche".
Mais de um ano depois, em janeiro de 2017, apenas o lambari estava de volta. Passados alguns meses, o número de espécies subiu para quatro, provavelmente trazidas pelos afluentes.
Agente da Defesa Civil do Espírito Santo conversa com pescadores
Image captionPescadores e população ribeirinha foram fortemente afetados | Foto: Fred Loureiro/Secom-ES
A equipe espera ter os primeiros resultados a respeito da saúde dos peixes até o início de 2018.
O biólogo Dante Pavan, que faz parte do Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental (Giaia) e percorreu pelo menos duas vezes os mais de 600 km atingidos pela lama, lembra que o rio ficou seis meses sem luz, por causa da dissolução de parte do rejeito de minério de ferro, que coloriu a água de laranja. "Houve quase uma implosão do ecossistema".
Carlos Sperber e Frederico Ferreira ponderam que, ainda que o rejeito em si não tivesse uma concentração elevada de metais pesados, a avalanche de lama pode ter levantado muito material contaminado que estava depositado no fundo do rio, fruto de séculos de exploração da mineração na região, local do primeiro garimpo de ouro no Brasil.

Um mar de interrogações

Essa é uma das hipóteses levantadas para explicar a contaminação por arsênio, chumbo e cádmio de camarões e peixes na foz do rio Doce observada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e divulgada pelo Ministério Público Federal em abril do ano passado.
O impacto do desastre no ambiente marinho também não é totalmente conhecido, diz o geólogo Alex Cardoso Bastos, do departamento de oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES). Isso porque a chamada pluma do rejeito - os sedimentos trazidos pelo rio - continua em movimento.
Parte da lama, ele diz, se depositou na região da foz, criando uma camada de 3 ou 4 cm de material no fundo. Em condições normais, o Doce deposita 1 cm no mar em um ano.
Outra parte, muito fina, ficou em suspensão na água, está sendo carregada pelas correntes marinhas e pode chegar a regiões de ecossistemas frágeis, como os corais.
Vista de Abrolhos (BA)
Image captionMicropartículas de ferro foram detectadas em Abrolhos (BA) | Foto: Agência Brasil
"Tem muita coisa ainda para ser diagnosticada, como a situação dos manguezais ao norte e as áreas de corais ao sul da foz", diz o geólogo.
Nesse sentido, ele destaca o estudo divulgado recentemente que mostrou a presença de micropartículas de ferro no arquipélago de Abrolhos, habitat das baleias jubarte que chegam ao Brasil, no sul da Bahia.
O rejeito de minério de ferro tem pelo menos três impactos ambientais na foz, explica o biólogo Ângelo Fraga Bernardino, que também é professor do departamento de oceanografia da UFES e estuda o impacto do desastre no ecossistema marinho.
A parte mais densa soterra o fundo e prejudica a vida dos organismos que vivem ali, como os bentos. A parcela mais fina, que chega a ter a consistência de um gel, diminui a penetração de luz e afeta o processo de fotossíntese do plâncton, ao mesmo tempo em que altera as condições químicas da água.
A grande barreira de corais, na Austrália
Image captionCorais e microorganismos do mar foram afetados pelo derramamento, mas a extensão dos danos ainda não é clara
Bastos lembra que, ainda que tenham passado dois anos do desastre, o rio pode continuar trazendo sedimentos para o mar, já que há uma quantidade relevante de lama depositada na calha do rio Doce.
"Quando a gente sobrevoa o rio hoje, ele está limpo. Mas se venta forte, por exemplo, o material do fundo ressuspende", ressalta o pesquisador.

O rio mais monitorado do país

A presidente do Ibama, Suely Araújo, afirma que a Agência Nacional de Águas (ANA) faz um monitoramento sofisticado do rio Doce e que os dados garantem a potabilidade da água no decorrer de todo o seu percurso. "Hoje o Doce é o rio mais bem monitorado do país", diz.
Além da qualidade da água, ela destaca que a primeira fase do processo de reparação ambiental que será feita pela Renova se concentrou na área onde aconteceu o desastre, na região das barragens de Candonga e Santarém, para mitigar o risco de novas tragédias.
"Essa etapa emergencial foi superada. Há programas mais avançados do que outros, mas nós estamos nos empenhando para que a recuperação seja feita", explica a presidente do Ibama.
Estão em curso agora os programas de recuperação de nascentes e o de manejo de rejeitos, com plantio de espécies para contenção da lama nas margens. O horizonte de recuperação florestal, ela diz, é de uma década.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Profissionalização é maior desafio para o mercado da moda pernambucano


Cerca de 2 mil empreendimentos pernambucanos do setor têxtil fecharam as portas em 2016, segundo o diretor presidente do Núcleo da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco, Fredi Maia. O segmento encolheu 10%, no Estado. A crise econômica (novamente ela) é personagem óbvia em mais esta narrativa, Maia assevera, mas a orientação aos profissionais da moda transcende o mau momento da economia brasileira. Acompanhado pela especialista em mercados de moda Katherine Sresnewsky, Fredi debateu, para a Folha de Pernambuco, o real desafio do setor: profissionalização.

Falar em “profissionalizar a produção pernambucana” não significa dizer que a qualidade de nossos artefatos de calçado, vestuário e acessórios é baixa. Produzimos em condição equivalente à do eixo sul-sudeste, “mas nossa atitude comercial é passiva. Esperamos que o consumidor venha até aqui e nos descubra”, analisa o diretor. No entendimento de ambos Maia e Sresnewsky, os produtores locais precisam se apropriar das credenciais que distinguem a moda pernambucana da paulista. A modelagem sensual, por exemplo, é um dos responsáveis pelo fabrico de itens menos pasteurizados, aqui, do que nos centros sulistas. “Pernambuco tem uma diferença que é ser emissor de cultura. Tem cultura própria, comida própria, moda própria”, diz Maia. O que faltaria aos empresários, então, é “agressivar” na conquista dos mercados. Com Folha Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 4 de novembro de 2017

Náutico vence clássico do desespero por 3 A 2



Muita confusão no final do jogo Santa Cruz e Náutico no Arruda. Tricolores reclamam de uma penalidade não marcada no final do jogo. O placar do clássico do centenário favoreceu o Náutico. Ambos continuam  na final da tabela da série B do Campeonato Brasileiro.  Quem ganhar os próximos 5 jogos pode se salvar. Tem que ganhar todas as partidas. Essa é a luz que ainda existe.

Vitória do Náutico no último Clássico das Emoções do ano. Os alvirrubros bateram o Santa Cruz pelo placar de 3x2, neste sábado (4), no estádio do Arruda, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. Os pernambucanos seguem estacionados na zona de rebaixamento a cinco jogos do fim da competição. Os tricolores continuam na 18ª colocação, com 32 pontos, e os alvirrubros figuram na 19ª colocação, com 31. 

Com a obrigação de fazer valer o fator casa, o Santa tomou a iniciativa e partiu pra cima do Náutico. Desperdiçou boas chances com André Luís, logo em seguida com Bruno Paulo e depois com João Paulo. A equipe comandada pelo técnico Roberto Fernandes estava com sérios problemas na marcação. 

Com a falta de recomposição dos atacantes Dico e Rafinha, os tricolores encontraram espaços pelas laterais do campo e conseguiram criar jogadas, mas abusaram dos erros de finalização e pagaram caro. Os alvirrubros, que não tinham força ofensiva e sequer ameaçavam a meta do goleiro Julio Cesar, foram eficientes e saíram na frente. Aos 33 minutos, David cruzou a bola com perfeição e William, livre de marcação, cabeceou para o fundo das redes. 

No prejuízo ainda antes do intervalo, o time do treinador Marcelo Martelotte se atirou ao ataque para tentar deixar tudo igual. E conseguiu nos acréscimos. Após o atacante André Luís ser derrubado na entrada da área, o zagueiro Anderson Salles acertou uma cobrança de falta espetacular e a bola foi parar no ângulo do goleiro Jefferson, que nada pôde fazer aos 46 minutos: 1x1. 

O Santa Cruz voltou a mil por hora para o segundo tempo. Logo aos 3 minutos, virou o jogo com o meia João Paulo, que aproveitou o cruzamento perfeito do atacante Ricardo Bueno e mandou de cabeça para o gol. A virada deixou os corais mais soltos dentro de campo, enquanto os alvirrubros tentavam encaixar um contra-ataque para empatar o clássico. Aos 13 minutos, William foi mais esperto e escorou a bola para as redes depois de uma cobrança de escanteio. 

O Timbu passou a adotar uma postura mais cautelosa, mas precisava da vitória. Nas arquibancadas, os poucos torcedores presentes estavam aflitos. O nervosismo aumentava a cada minuto passado. O jogo se encaminhava para o empate, mas nos acréscimos Julio Cesar derrubou William na área e o árbitro marcou o pênalti. O próprio atacante foi para a cobrança , virou o confronto para o Timbu e balançou as redes pela terceira vez. 

No último lance do duelo, Augusto foi puxado por Joazi dentro da área e a arbitragem mandou seguir. O lance polêmico irritou os jogadores do Santa, que intimidaram o juiz. Derley e André Luís foram expulsos e a Polícia Militar precisou entrar no campo para conter os ânimos. E o Clássico das Emoções terminou 3x2 para o Náutico.

TAÇA GENA
O equilíbrio marcou os oito duelos disputados entre os rivais na temporada. Ao todo, três vitórias para o Náutico, duas para o Santa e três empates. Com mais pontos no total, os alvirrubros ganharam a taça Gena em homenagem ao centenário do clássico.

Ficha do jogo
Santa Cruz 2

Julio Cesar; Nininho, Anderson Salles, Guilherme Mattis e Yuri; Derley, João Ananias (Jeremias) e João Paulo; André Luís (Halef Pitbull), Ricardo Bueno e Bruno Paulo (Augusto). 

Náutico 3Jefferson; David (Joazi), Breno, Aislan e Henrique Ávila; Amaral, Bruno Mota (Iago) e Diego Miranda (William Schuster); Dico, William e Rafinha. 

Local: estádio do Arruda, no Recife/PE
Arbitragem: Thiago Duarte Peixoto (SP)
Assistentes: Rogério Pablos Zanardo e Vitor Carmona Metestaine (ambos de SP)
Gols: William (aos 33 do primeiro tempo e aos 13 e 47 do segundo tempo); Anderson Salles (aos 46 do primeiro tempo) e João Paulo (aos 3 do segundo tempo); 
Cartões amarelos: Yuri, João Paulo (Santa Cruz); 
Cartões vermelhos: André Luís e Derley (Santa Cruz)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Sistema do Enem deste ano vai inibir o "chutômetro"

A técnica segue a lógica do jogo pega-varetas, já que é preciso seguir uma estratégia para responder às questões.
Foto: Thalyta Tavares/Esp/DP (A técnica segue a lógica do jogo pega-varetas, já que é preciso seguir uma estratégia para responder às questões.
Foto: Thalyta Tavares/Esp/DP)
A técnica segue a lógica do jogo pega-varetas, já que é preciso seguir uma estratégia para responder às questões. Foto: Thalyta Tavares/Esp/DP


Entender o método de correção utilizado no Enem deve fazer parte da estratégia de cada candidato. A maneira como o fera responde aos quatro cadernos pode fazer a diferença no resultado final, já que o sistema de avaliação divide a prova em diferentes graus de dificuldade e identifica os chutes. Utilizada pelo Ministério da Educação desde 1995, a Teoria da Resposta ao Item (TRI) também é aplicada em todos os países que participam do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Baseada em um modelo matemático, a teoria classifica as questões em fáceis, medianas e difíceis. Para avaliar se as respostas estão coerentes com o desempenho no restante da prova, a TRI usa três critérios. Entre esses parâmetros estão a discriminação, que verifica se o participante domina ou não o assunto da questão; o grau de dificuldade, que permite avaliar os estudantes em diferentes níveis de conhecimento; e a possibilidade de acerto ao acaso. É esperado que o estudante acerte uma maior quantidade de itens fáceis, seguidos de medianos e difíceis. Caso contrário, a TRI considera que houve “chute”, e a nota final será menor. 

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o propósito é garantir coerência pedagógica. “Entende-se que a aquisição do conhecimento ocorre de forma cumulativa, de modo que habilidades complexas requerem domínio de habilidades simples”, justificou.
Quando a prova é composta por muitos itens fáceis, a nota máxima será mais baixa, como acontece ano a ano com o caderno de linguagens, por exemplo, nos quais as médias ficam em torno de 500. Quando a prova é composta por muitos itens difíceis, o mínimo tenderá a ser mais alto. Então, a nota mínima pode não ser zero, mesmo se um aluno errar todas. O mesmo ocorre com a nota máxima, que pode passar de mil se as questões estiverem com nível alto, como aconteceu com as médias de matemática no ano passado.

Seguindo a matriz de referência do exame, que toma como base documentos oficiais que subsidiam o Ensino Médio, os 45 itens apresentados nas quatro áreas de conhecimento do Enem (matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas) têm peso em conjunto e não individual. Na correção, as questões são avaliadas levando em consideração se houve coerência. Esse sistema de avaliação permite que seja elaborada apenas uma prova de múltipla escolha para os mais de seis milhões de inscritos no exame, já que mesmo se dois candidatos tiverem a mesma quantidade de acertos, aquele que responder de forma mais coerente terá nota maior.

O professor de matemática do Colégio Damas, Rui Lima, faz uma analogia com a técnica do jogo pega-varetas, já que é preciso seguir uma estratégia para responder às questões. “Como no jogo, os alunos devem eliminar primeiro as ‘varetas’ mais fáceis e só depois partir para as complexas”, explica.
“Em matemática, o aluno pode perceber esses diferentes graus por aqueles assuntos básicos, como proporção, regra de três e juros. Já os itens que envolverem logaritmos e geometria analítica, por exemplo, ou que trazem situações novas, serão as mais difíceis”, comenta.

Uma dica é ler a prova toda antes de responder, para identificar os níveis de dificuldade. Para adquirir experiência, fazer provas anteriores é importante. O fera de engenharia da computação Marcelo Veloso, 17, responde aos simulados desta forma e percebeu melhora no desempenho. “A TRI permite que as notas não sejam iguais e ainda diminui a nota de quem está chutando, tornando a seleção mais justa”, considera o estudante.

Critério de desempate

Uma das principais características da Teoria da Resposta ao Item é a escala criada pelo Inep, especialmente para o Enem, que tem como objetivo medir o conhecimento do participante nas quatro áreas. Todas as notas são calculadas dependendo do valor de referência, que representa o desempenho apresentado no ano anterior pelos concluintes do Ensino Médio da rede pública e o valor de dispersão, que diz respeito a uma medida de variabilidade média das notas desses concluintes em relação ao desempenho médio geral.

O cálculo das notas segue seis etapas que exigem tripla conferência envolvendo grupos de especialistas em estatística, matemática e psicometria, além de recursos computacionais que garantam a confiança nos resultados. “Essa teoria serve para calibrar a nota do aluno de acordo com o conhecimento. Para cada questão existe um gráfico que mostra a relação da proficiência e a dificuldade de cada item resultando na pontuação. O aluno que acerta aleatoriamente vai ganhar o ponto, mas não se tiver a proficiência terá uma nota baixa”, lembra Rui Lima.

A única prova que não segue a TRI é a de redação, já que é dissertativa e avalia o candidato em cinco competências que valem até 200 pontos cada, totalizando o máximo de mil pontos. A redação é lida por dois professores que avaliam se o estudante domina a língua portuguesa, compreendeu a proposta do texto base, defendeu um ponto de vista, construiu uma argumentação e elaborou uma proposta de intervenção para o problema abordado.

Para o fera em engenharia biomédica Guilherme Teixeira, 17, o desempenho nas provas de redação e linguagens faz a diferença na média geral. “Por ter um conhecimento mais básico, a prova de português vai gerar uma nota mais baixa, já que não varia muito no nível de dificuldade. Então acertar o máximo possível garante a base da nossa nota. Já a redação tem um peso bastante relevante para todos os vestibulandos, independentemente do curso ao qual irá concorrer. Acredito que as duas formas de avaliação sejam justas para o aluno que se prepara”, analisa o estudante
Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Enem: o que esperar dos temas da redação?


O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é sempre aguardado com ansiedade pelos candidatos. Neste ano, o texto terá de ser elaborado no primeiro dia de prova, 05/11, juntamente com as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.

Embora seja impossível precisar a proposta, professores indicam alguns assuntos para os estudantes ficarem de olho e dão dicas de como produzir uma boa redação, que representa 20% da nota final do candidato.
# Daniel Perez, professor de Literatura e Redação no cursinho Maximize
O professor aposta em temas que não deem margem a críticas para o atual governo, dada a sua baixa popularidade. Nesse sentido, vê possibilidades de abordagem do tema do trabalho, mas a partir de um contexto em que se discuta a sua importância e o seu poder de transformação na sociedade brasileira; em sua opinião, o trabalho voluntário também pode aparecer como um bem positivo da sociedade; e a juventude, diante da perspectiva do empreendedorismo juvenil e do poder das escolhas dos jovens.
#Naná DeLuca, professora de redação no cursinho popular da Acepusp
A professora vê possibilidades para o tema da crise prisional, que permitiria aos candidatos discutirem tanto as questões sociais do problema, como as históricas e as raciais. O racismo e seus desdobramentos na sociedade e o preconceito linguístico ligado às classes sociais, em sua análise, também devem ser considerados.
# Maria Aparecida Custodio, Laboratório de redação do Colégio e Curso Objetivo
“Acredito que se mantenha a tendência dos temas que responsabilizam não só o governo, mas também a sociedade, em uma ação conjunta”, avalia. Nesse sentido, aposta no tema da violação dos direitos de crianças e adolescentes, “o governo tem uma campanha sobre o tema e tem convocado a sociedade a denunciar os diversos tipo de abuso”, avalia.
A Reforma da Previdência, a seu ver, também deve ser considerada, “mas em um contexto em que se discuta o direito dos idosos e como se assegura um envelhecimento digno à população brasileira, dada a alta expectativa de vida dos idosos”, explica.
O mesmo pode acontecer com a Reforma do Ensino Médio. A estratégia, avalia, pode ser o de debater os caminhos para melhorar a qualidade do Ensino médio, dado os altos índices de evasão dos jovens na etapa. “Embora a reforma tenha sido apresentada de maneira equivocada, há muito se discute a necessidade de tornar a etapa mais atraente aos estudantes, considerando a flexibilização curricular”.
A professora ainda cita outros temas como homofobia, o crescimento das doenças sexualmente transmissíveis e o consumo de álcool entre os adolescentes; o consumo sustentável, o bullying e o cyberbullying, a violência nas escolas e a inclusão de pessoas com deficiência.
#Andrea Ramal, autora do livro “Redação Excelente – Para Enem e Vestibulares”
A aposta de Andrea é por temáticas mais amplas, para além do contexto brasileiro, como a questão do terrorismo e da crise dos refugiados, dado o endurecimento das leis migratórias. A liberdade de expressão também é um tema que chama a atenção da especialista, “até porque o jovem se expressa muito nas redes sociais”. Em sua análise, um possível enfoque seria discutir os limites da liberdade de expressão, considerada a preservação dos direitos humanos.
Aposta nos temas sociais
De maneira geral, há uma crença para que os temas sociais se mantenham. Ainda que o Manual de Redação considere a abordagem de temáticas científicas, culturais e políticas, elas não pautaram as últimas três edições do exame.
Em 2014, os candidatos tiveram que discorrer sobre  a “Publicidade infantil em questão no Brasil”; 2015 trouxe o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”; e, no último ano, a proposta foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.
Como fazer uma boa redação?
Para os professores, tão importante quanto conhecer sobre o tema da redação é saber se posicionar diante dele. Naná chama a atenção para a importância do estudante saber fazer um recorte temático. “Se o tema for crise prisional, não se espera que o candidato traga informações de maneira genérica, mas escolha um tema, por exemplo, a superlotação dos presídios, e então apresente o seu posicionamento”, coloca, reforçando a necessidade de se apresentar tese, argumentação e conclusão.
Andrea Ramal, por sua vez, dá dicas de como escrever um bom texto e chama a atenção para o necessário encadeamento das ideias na redação. “No Enem, o candidato é especificamente avaliado quanto ao uso dos conectivos, escrever com coesão vale 200 pontos na nota da prova”. Na contramão disso e entre os erros mais comuns estão as repetições, frases fragmentadas e mau uso dos conectivos.
Por isso, mais do que ler e estar atento às informações, os candidatos devem treinar a escrita. “Nesse momento a lógica do ‘bom leitor é um bom escritor’ não adianta”, assegura Daniel.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Santa Catarina tem mais de 100 vagas e salários de até 5 mil reais

Há processos seletivos abertos nas cidades de Lontras, Tangará e Leoberto Leal e no Instituto Federal de Educação, Tecnologia e Ciência
Camboriú (SC): inscrições para seleção do IFC devem ser feitas pessoalmente, no campus da cidade. (Foto: Wikimedia Commons)
Nesta semana, NOVA ESCOLA traz diversas oportunidades em Santa Catarina. São vagas em três cidades do interior do estado e em um instituto federal, com salários de até 5 mil reais. Confira.
Lontras
A prefeitura do município com pouco mais de 10 mil habitantes divulgou processo seletivo que contratará 73 professores em caráter temporário para a rede pública de ensino. Há vagas para Pedagogos, Professores de Educação Física, Artes, Inglês, Ensino Religioso e Educação Especial.
As remunerações oferecidas variam entre R$ 2.298,80 até R$ 2.883,48, com jornadas de até 40 horas semanais.
As inscrições devem ser realizadas via internet, até o dia 17 de novembro. O certame prevê o pagamento de uma taxa no valor de R$ 50 e avaliação por meio de prova objetiva e análise de títulos. Também será levado em consideração o tempo de serviço que o candidato possui. Confira o edital completo.
Leoberto Leal
No pequeno município a 110 quilômetros de de Florianópolis (SC), o processo seletivo também busca professores temporários. Os cargos disponíveis são para Educação Infantil,  Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) e as disciplinas de Educação Física, História, Artes, Inglês e Informática. A formação mínima necessária para concorrer é Ensino Médio completo ou estar cursando graduação com licenciatura plena nas áreas específicas.
O salário oferecido pode chegar a R$ R$ 2.074,30 para jornadas de 20 horas semanais.
As inscrições devem ser realizadas presencialmente no prédio da prefeitura, que fica na Rua Mainolvo Lehmkuhl, 20, no Centro, das 13h30 às 18h30. O prazo se encerra no dia 9 de novembro. O processo seletivo terá com prova escrita e de títulos. Leia o edital para todos os detalhes.
Tangará
A cidade com 8 mil habitantes homologou o edital do processo seletivo que visa contratar 20 professores e formar cadastro reserva. Os profissionais poderão atuar na Educação Infantil, no Ensino Fundamental I e no Fundamental II, nas disciplinas de História, Inglês, Língua Portuguesa e Matemática. A exigência para entrar na disputa é possuir nível superior com licenciatura plena.
As jornadas podem chegar a 40 horas semanais, com salários de no máximo R$ 2.548,56.
As inscrições podem ser feitas até dia 9 de novembro, via internet, no site da realizadora do concurso. A seleção consistirá em uma prova objetiva e análise de títulos. O edital tem validade de um ano e pode ser prorrogado por igual período.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC)
O IFC divulgou processo seletivo que busca um professor substituto de pedagogia. Os interessados deverão possuir doutorado na área para concorrer. A remuneração oferecida pode chegar a R$ 5.742,14, dependendo da titulação, para jornada de trabalho de 40 horas semanais.
As inscrições devem ser realizadas presencialmente no campus da cidade de Camboriú, na Rua Joaquim Garcia, s/nº, Centro, das 8h às 11h e das 14h às 17h. O prazo termina em 9 de novembro e o certame prevê o pagamento de uma taxa no valor R$ 20 para participar. Leia o edital para todos os detalhes.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Clássico centenário de vida ou morte para Náutico e Santa Cruz


Um clássico local pressupõe um duelo acirrado, repleto de torcedores. Se o confronto em questão já existir há cem anos, o fascínio deveria ser ainda maior. Poderia ser esse o pano de fundo do Clássico das Emoções deste sábado. Mas o jogo entre Santa Cruz e Náutico, às 16h30, no Arruda, não poderia estar mais longe dessa realidade. A partida coloca os rivais em uma briga direta contra um provável - e vexatório - rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro. E ainda vale a Taça Gena, jogador que fez história nos dois clubes. E que, certamente, merecia honraria mais nobre.

Do lado tricolor, se há um mínimo alento, é que o desespero é menor em relação aos alvirrubros. O Santa Cruz ocupa a 18ª colocação da Série B e soma 32 pontos, quatro a mais do que o Timbu, atual penúltimo lugar da competição. Além disso, a Cobra Coral tem a vantagem de atuar em seus domínios. Ainda assim, os donos da casa têm problemas. O lateral-esquerdo Tiago Costa e o meia Thiago Primão, lesionados, foram vetados para o duelo. Por outro lado, estão em condições de jogos os laterais Yuri (esquerdo) e Nininho (direito), o volante Derley e o meia Natan. Os três primeiros devem ser titulares.

Para aumentar o clima de suspense, o técnico Marcelo Martelotte fechou os últimos treinos da equipe. Embora garanta que não deva surpreender o adversário. "Não tem surpresa. A gente tem que tomar um certo cuidado em relação aos treinamentos (fechados), mas é até para que a gente tenha certa privacidade nesse momento difícil. O motivo é muito mais dar essa tranquilidade aos jogadores do que esconder qualquer coisa. O que a gente puder fazer para ter o mínimo de vantagem, a gente vai fazer. Não podemos perder a confiança e é muito mais esse lado que está sendo trabalhado", apontou o treinador.

Já a situação na ala vermelha e branca é visivelmente mais crítica. Faltam seis rodadas para o fim da competição e, no mínimo, o Náutico precisa vencer cinco deles, além de torcer por tropeços de concorrentes. Ou seja, o duelo é no Arruda é de vida ou morte. Uma derrota praticamente sacramenta a degola alvirrubra. "Eu me recuso a pensar nos próximos dois jogos, que serão em casa. Precisamos vencer o Santa Cruz. Essa é a realidade. É um confronto direto e vamos buscar a vitória, disso não há dúvidas", assegurou o comandante do Timbu, Roberto Fernandes, que parece ter apenas uma incerteza em relação ao time.

O zagueiro Aislan perdeu algumas atividades por conta de dores nas costas. Caso esteja recuperado, será titular. "Aislan vai para esse último trabalho e, se treinar normalmente, está confirmado. Desde a minha chegada, ele foi o zagueiro que conseguiu se firmar em termos de regularidade. Breno passou por lesões, os demais zagueiros por suspensões. Léo Carioca teve lesões também. Então, se Aislan estiver bem, ele vai para o jogo", afirmou Fernandes, categórico. Caso o defensor seja desfalque, Feliphe Gabriel deve assumir a vaga. O restante da equipe não deve mudar muito em relação às últimas partidas.

FICHA TÉCNICA:

Santa Cruz
Júlio César; Nininho (Wálber), Guilherme Mattis, Anderson Salles e Yuri; Derley, João Ananias e Joao Paulo; Bruno Paulo, Ricardo Bueno e Grafite. Técnico: Marcelo Martelotte

Náutico
Jefferson; Léo, Breno, Aislan (Feliphe Gabriel) e Henrique Ávila; Amaral, Diego Miranda e Bruno Mota; Rafinha, Dico e William. Técnico: Roberto Fernandes

Local: Estádio do Arruda
Horário: 16h30
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (SP). Assistentes: Rogério Pablos Zanardo (SP) e Vitor Carmona Metestaine (SP).
Transmissão: Premiere e Rede Globo
Professor Edgar Bom Jardim - PE