sexta-feira, 2 de junho de 2017

Procuradoria denuncia Aécio Neves ao STF por corrupção passiva e obstrução


A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) ao STF por corrupção passiva e obstrução à Justiça por fatos apontados por delatores da JBS.

Para os investigadores, o tucano usou o cargo para atuar em benefício da J&F, a holding da JBS, além da ingerência do PSDB em assuntos governamentais. Aécio nega as acusações.

Aécio aparece, segundo as investigações, em gravação pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, sócio da JBS e delator.

A quantia foi entregue posteriormente a um primo do tucano, em ação filmada pela Polícia Federal.

Quando abriu o inquérito, a PGR começou a investigar Aécio junto com o presidente Michel Temer e seu antigo assessor, Rodrigo Rocha Loures.

A Procuradoria, no entanto, já estudava pedir o fatiamento das investigações a fim de acelerar o oferecimento de denúncia contra o tucano, uma vez que os indícios contra Aécio já eram considerados suficientes para isso, apurou a reportagem.

A PGR havia pedido a prisão de Aécio e o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), negou, mas determinou o afastamento de suas funções como parlamentar.

A defesa de Aécio entrou com recurso contestando a decisão que o afastou do cargo e pediu o fatiamento das investigações.

Fachin atendeu o pedido de fatiamento e colega Marco Aurélio foi sorteado como novo relator.

Agora, cabe a Marco Aurélio pedir para ouvir as defesas, preparar um relatório e levar a denúncia para ser analisada na Primeira Turma.
Com Informações da Folha de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Andrezza Formiga faz abertura do São João de Campina Grande 2017

Andrezza Formiga, os 3 do Nordeste, César Menotti & Fabiano e Jonas Esticado fazem show no primeiro dia da Programação do São João de Campina Grande.

O Parque do Povo está  pronto para receber o Maior São João do Mundo 2017, em Campina Grande. A festa começa no dia 2 de junho e segue até 2 de julho e a estrutura vai contar com 18 restaurantes, 25 barracas de alimentação, 16 barracas da Vila Nova da Rainha, 112 bares, 10 barracas na Pirâmide e duas palhoças: Seu Vavá e Zé Lagoa.
A grande novidade é o palco em 360º para as apresentações principais, com quatro passarelas saindo do palco para o meio do público.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Os deuses e os anjos: desejos, dúvidas, crenças

Não tenho intimidade com os deuses. Olho as crenças de longe. Respeito quem crê, mas suspeito bastante do caráter de quem finge crer. Sou partidário de uma história indefinida. Não sei quem é a criatura, nem quem é o criador. Os deuses existem para preencher nossos vazios, estimular obediências, exaltar o sagrado. Sou ético, solidário, afetivo. Não sinto necessidade de orações submissas. Observo que as religiões se encontram num sufoco imenso. O papa Francisco tem abalado os conservadores com suas declarações. Ele toca em assuntos antes proibidos. Causa arrepios. Desmonta grupos articulados com uma fé desbotada.
Cristo foi um revolucionário, porém não se fala nisso. Há muitos negócios nas religiões envolvendo políticos, meios de comunicação e práticas capitalistas. Dê uma circulada no facebook, acompanhe as notícias nos jornais.  analise as opiniões de certas figuras. Esquecem o passado. Não se lembram que Cristo defendeu a igualdade e foi contra a ordem dominante. Hoje, são raros os quem divulgam a palavra efetiva do novo testamento. Simulam que defendem a pátria e os valores da família. Há uma cinismo avassalador, muito bem guardado na alienação dos fiéis.
Portanto, desconfio dos que se meterem no catolicismo ou se aliaram aos discursos de exploração. Fragilizaram o cristianismo de raiz. A teologia da prosperidade não possui a minha simpatia. Vejo  os rituais coordenados por vozes que fazem proposta de venda de mercadoria e prometem salvação com barganhas. Não entendo como se justificam. Esvaziaram as lutas, querem gravatas e pessoas consumistas. É interessante como houve coincidências como os momentos históricos do Brasil, o orgulho de ter crédito e fazer parte de uma sociedade mais requintada. Tudo bem. Nada contra as mudanças sociais, desde que haja repartição e não concentração de riqueza.
Cultivar Malafaia, de forma  direta ou indireta, fazer apologia do vazio de Dória, como estimulante da assepsia social e se afirmar com companheiro de Cristo me parece estranho. A modernidade alterou crenças, Weber refletiu sobre a ética protestante, muitos padres duvidaram da Igreja congelada. Neutralidade não existe. Muitos morreram, mostraram-se rebeldes. Hoje, se quer plateia e votos. Constroem tempos valiosos. Não dá para acreditar que os anjos abençoem quem se coloque ao lado dos desejos e privilégios das minorias. A ascensão social é confundida com a generosidade.
As lutas políticas estão entrelaçadas com as religiosas. Observe os Estados Unidos e suas conspirações internacionais. Não despreze as ações do terrorismo, nem a violência que se propaga pelo Oriente. A queda dos valores afeta os acordos de paz e estimula a venda de armas. Estamos cercados por golpes constantes contra a liberdade e a utopia. Eles se globalizaram. Nada como uma visita à memória para relembrar muitos desenganos.Mussolini fez pacto com os católicos, Franco não foi diferente. No Brasil, há exemplos visíveis e polêmicos. Bolsanaro é ídolo. Há os fanáticos pelas suas manifestações. O pior são os que se escondem e abraçam à as fantasias mais enganosas. Os deuses e os anjos tremem diante dos seguidores oportunistas.
Por Paulo Rezende

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Cinco efeitos globais da saída dos EUA do Acordo de Paris


Donald Trump ao anunciar saída do Acordo de ParisDireito de imagemBRENDAN SMIALOWSKI/AFP
Image captionAbandono do acordo foi anunciado nesta quinta-feira por Trump

O presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos abandonarão o Acordo de Paris, alegando que o pacto climático "é desvantajoso" para os interesses da economia e dos trabalhadores americanos.
Trump afirmou que o acordo beneficia outros países em detrimento dos interesses americanos e que tentará renegociar uma nova entrada no pacto com termos sejam "justos com o povo americano".
Segundo ele, os termos atuais levam ao fechamento de fábricas americanas e à exportação de empregos da indústria carvoeira para outros países.
Para críticos, porém, ao deixar o acordo, os EUA estarão abdicando de ocupar um papel de liderança em um tema de relevância global.
Assinado há um ano e meio na capital francesa por 195 de 197 países (as exceções são Síria e Nicarágua) na Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, o Acordo de Paris tem como objetivo manter o aumento das temperaturas médias globais "muito abaixo" dos 2°C em relação à era pré-industrial.
Esse é o ponto a partir do qual cientistas afirmam que o planeta estaria condenado a um futuro sem volta de efeitos devastadores, como elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos (como secas, tempestades e enchentes) e falta de água e alimentos.
A assinatura do acordo, em 2015, foi histórica por unir, pela primeira vez, quase todos os países do mundo em um pacto voltado às mudanças climáticas.
Mas o que a saída dos EUA do Acordo de Paris significará para o resto do mundo?

1. O acordo fica mais fraco

Não há dúvidas de que a ausência dos EUA dificulta o cumprimento das metas estabelecidas pelas nações globais no Acordo de Paris - sobretudo impedir que a temperatura global suba mais de 2ºC.
Em 2016, registrou-se no mundo um nível recorde de emissões de dióxido de carbono, algo que especialistas chamaram de "uma nova era" de aquecimento global e "prova irrefutável" da responsabilidade humana sobre as mudanças climáticas.

Turbinas eólicasDireito de imagemREUTERS

O acordo parisiense prevê limites à emissão de gases do efeito estufa e que países ricos ajudem os mais pobres financeiramente a se adaptar às mudanças climáticas e na adoção de energias renováveis.
Os EUA contribuem com cerca de 15% das emissões globais de carbono, mas ao mesmo tempo é uma importante fonte de financiamento e tecnologia para países em desenvolvimento em seus esforços para combater o aquecimento global.
Outra questão é a da "liderança moral" da qual os EUA abdicarão ao deixar de lado o acordo climático - algo que pode ter consequências no âmbito diplomático.
O ambientalista Michael Brune, diretor-executivo do grupo Sierra Club, considerou o recuo americano "um erro histórico que será analisado por nossos netos com decepção e surpresa sobre como um líder global conseguiu estar tão distante da realidade e da moralidade".

2. A China ganha protagonismo

China e Estados Unidos foram atores cruciais na consolidação do acordo climático. O ex-presidente Barack Obama e seu par chinês, Xi Jinping, entraram em consenso quanto à criação de uma "ambiciosa coalizão" com pequenos países insulares e a União Europeia.
A China apressou-se em reafirmar seu compromisso com o acordo parisiense, e espera-se um comunicado conjunto de Pequim e União Europeia nesta sexta-feira prometendo maior cooperação no corte de emissões de carbono.
"Ninguém deveria ficar para trás, mas a UE e a China decidiram andar para frente", disse o comissário climático da União Europeia, Miguel Arias Cañete.
É possível também que, além de aumentar o protagonismo chinês, a decisão americana abre espaço para que Canadá e México ascendam como "players" significativos nas Américas no esforço de impedir o aumento das temperaturas globais.

3. Lideranças empresariais globais se sentirão contrariadas

Líderes corporativos americanos formaram uma das mais fortes vozes em favor da permanência dos EUA no Acordo de Paris.
Centenas de empresas como Google, Apple e até mesmo produtoras de combustíveis fósseis como Exxon Mobil haviam pedido a Trump que se mantivesse nas negociações climáticas.
Darren Woods, executivo-chefe da Exxon, escreveu uma carta pessoal a Trump dizendo que os EUA "estão bem posicionados" para competir globalmente dentro do acordo, com o qual os EUA teriam "um assento na mesa de negociações de forma a garantir a igualdade" das regras de mercado.

4. É improvável que o carvão volte a ter protagonismo

Uma das forças eleitorais de Trump no pleito de 2016 é região americana produtora de carvão - em Estados como Virgínia Ocidental, Ohio e Pensilvânia, que ele diz terem sido prejudicados pelo Acordo de Paris -, à qual o presidente prometeu incentivos e empregos durante a campanha.
Mas o ocaso do carvão, que também está sendo abandonado em diversos outros países, dificilmente será revertido.
Além disso, a quantidade de empregos gerados nos EUA pela indústria carvoeira equivale hoje à metade dos gerados pela indústria de energia solar.
Ainda que muitos países em desenvolvimento ainda dependam do carvão, essa fonte de energia é alvo de críticas por seu forte impacto na qualidade do ar.
E a queda dos preços da energia renovável também tem levado nações como a Índia a adotar fontes mais verdes de combustível.

5. Ainda assim, as emissões devem cair

Mesmo com a saída americana, as emissões de carbono devem continuar a cair nos EUA - isso por causa do crescimento do gás como fonte de energia em substituição ao carvão.
O uso do gás de xisto - que também é alvo de polêmicas ambientais - cresceu exponencialmente com o aumento da produção e a queda dos preços.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ciranda: arte, educação física, cultura pernambucana, linguagens e suas tecnologias


Professor Edgar retoma a ciranda na escola EREM Justulino Ferreira Gomes em 2012. Todo mundo curti essa dança na atualidade.
É uma dança típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. Uma das cirandeiras mais conhecidas é a Lia de Itamaracá. Surgiu também, simultaneamente, em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado. É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, porém na região Nordeste e, principalmente, em Pernambuco ela é conhecida como uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também.
Há várias interpretações para a origem da palavra ciranda, mas segundo o Padre Jaime Diniz, um dos pioneiros a estudarem o assunto, vem do vocábulo espanhol zaranda, que significa instrumento de peneirar farinha e que seria uma evolução da palavra árabe çarand.
A ciranda, assim como o coco em Pernambuco, era mais dançada nas pontas-de-rua e nos terreiros de casas de trabalhadores rurais, partindo depois para praças, avenidas, ruas, residências, clubes sociais, bares, restaurantes. Em alguns desses lugares passou a ser um produto de consumo para turistas.

É uma dança comunitária que não tem preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar. Começa com uma roda pequena que vai aumentando, a medida que as pessoas chegam para dançar, abrindo o círculo e segurando nas mãos dos que já estão dançando. Tanto na hora de entrar como na hora de sair, a pessoa pode fazê-lo sem o menor problema. Quando a roda atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outra menor no interior da roda maior.

Os participantes são denominados de cirandeiros e cirandeiras, havendo também o mestre, o contra-mestre e os músicos, que ficam no centro da roda. Voltados para o centro da roda, os dançadores dão-se as mãos e balançam o corpo à medida que fazem o movimento de translação em sentido anti-horário. A coreografia é bastante simples: no compasso da música, dá-se quatro passos para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo, balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda. Há cirandeiros que acompanham esse movimento elevando e baixando os braços de mãos dadas. O bombo ou zabumba, mineiro ou ganzá, maracá, caracaxá (espécie de chocalho), a caixa ou tarol formam o instrumental mais comum de uma ciranda tradicional, podendo também ser utilizados a cuíca, o pandeiro, a sanfona ou algum instrumento de sopro.

O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da ciranda, cabendo a ele "tirar as cantigas" (cirandas), improvisar versos, tocar o ganzá e presidir a brincadeira. Ele utiliza um apito pendurado no pescoço para ajudá-lo nas suas funções. O contra-mestre pode tocar tanto o bombo quanto a caixa e substitui o mestre quando necessário. As músicas podem ser as já decoradas, improvisadas ou até canções comerciais de domínio público transformadas em ritmo de ciranda. Pode-se destacar três passos mais conhecidos dos cirandeiros: a onda, o sacudidinho e o machucadinho. Alguns dançarinos criam passos e movimentos de corpo, mas sempre obedecendo a marcação que lhes impõe o bombo. Não há figurino próprio. Os participantes podem usar qualquer tipo de roupa e a ciranda é dançada durante todo o ano.

A partir da década de 70 as cirandas começaram a ser dançadas em locais turísticos do Recife, como o Pátio de São Pedro e a Casa da Cultura, modificando um pouco a dança que se tornou mais um espetáculo. O mestre, contra-mestre e músicos saíram do cento da roda para melhor se adaptarem aos microfones e aparelhos de som, passando também a haver limite de tempo para a brincadeira. Compositores pernambucanos como Chico Science e Lenine enriqueceram seus repertórios, utilizando a ciranda nos seus trabalhos.

Uma das cirandas mais conhecidas é a de Antônio Baracho da Silva:

Estava
Na beira da praia
Ouvindo as pancadas
Das águas do mar
Esta ciranda
Quem me deu foi Lia
Que mora na ilha
De Itamaracá


Recife, 12 de novembro de 2004.
(Atualizado em 25 de agosto de 2009).
Ilustrações de Rosinha.




FONTES CONSULTADAS:

BRINCANTES. Recife: PCR, Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2000. p. 108-112.

LIMA, Claudia. História junina. Recife: PCR, Secretaria de Turismo, 1997. p. 18.  Edição Especial.

PELLEGRINI FILHO, Américo. Danças folclóricas. São Paulo: Universidade Mackenzie, 1980. p. 47-51.

RABELLO, Evandro. Ciranda. In: SOUTO MAIOR, Mário; VALENTE, Waldemar (Org.). Antologia pernambucana de folclore 1. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1988. p. 55-61.


COMO CITAR ESTE TEXTO:

Fonte: GASPAR, Lúcia. Ciranda. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 31 de maio de 2017

O que quer a Rede Globo?


A delação dos donos da JBS precipitou o declínio do governo Temer. Poucos na bolsa de apostas de Brasília acreditam na possibilidade de mantê-lo até 2018, apesar dos esforços desesperados de salvação. Temer perdeu as condições políticas para governar o País. Pesam contra ele não apenas denúncias, mas provas, vistas e escutadas amplamente.

O peemedebista aposta na tática de arrastar a crise, ao rechaçar a opção de renúncia e criar um falso ambiente de normalidade. Não tem outra saída. Mesmo se decidir renunciar, não poderá fazê-lo sem a busca de um acordo que salve seu pescoço. Caso contrário, corre o risco de sair do Palácio do Planalto direto para a prisão, dado que perderia o foro especial.

Convenhamos, não há surpresa no conteúdo da denúncia. Que o governo Temer depende do silêncio de Eduardo Cunha até mesmo a crédula Velhinha de Taubaté desconfiava. Que Cunha não daria o silêncio em troca de nada é quase uma obviedade. Portanto, embora gravíssimos, os fatos não geraram perplexidade nacional.

O que surpreendeu  foi a postura da Rede Globo no episódio, partindo para o ataque decidido e rápido contra Temer, exigindo sua queda. Essa guinada criou uma divisão na mídia e no campo que apoiou o golpe. Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo não seguiram a toada dos Marinho e relativizaram o teor das denúncias.

É preciso compreender o que está em jogo na decisão política da Globo neste momento e em sua aliança com setores do Ministério Público. Existem hipóteses.

Há quem sugira que a Globo e os setores político-econômicos que ela vocaliza tenham chegado a uma avaliação de que Temer não conseguiria entregar as reformas. Improvável, pois o governo caminhava para aprovar a reforma trabalhista no Senado e, possivelmente, a da Previdência na Câmara, após algumas concessões e um jogo pesado de compra de apoio.

Outra possibilidade na mesa é o fator Lula. Sua força eleitoral cresceu muito nos últimos meses, em paralelo à perda de apoio social de Temer. O interrogatório de Curitiba, que visava constrangê-lo, teve efeito inverso. Lula saiu fortalecido de lá, ampliando a visão geral de falta de provas para condená-lo. Sergio Moro e a Globo, nesse sentido, ficaram num impasse. Agora, com o nível de repercussão das acusações contra Temer e, em especial, contra Aécio Neves, cria-se um clima mais favorável à condenação e, quiçá, à prisão de Lula. É evidente que enfraquecem a percepção de seletividade e perseguição política contra ele. E, como confessou um delegado da Lava Jato, o que vale é o timing.

Esse fator, embora relevante, não explica por si só que a aliança Globo/Ministério Público derrube o governo Temer e coloque em risco a aprovação das reformas. Creio ser possível supor uma aposta mais estratégica, pensando na hegemonia política de longo prazo.

O sistema político da Nova República está em ruínas. Crivado por denúncias, desmoralizado, esse modelo perdeu a capacidade de levar à coesão a sociedade brasileira. Perdeu hegemonia, embora ainda represente o poder de fato. Cabe uma analogia com a crise da ditadura sob o comando do general João Figueiredo. A ditadura ainda tinha o comando, mas havia perdido completamente a capacidade de criar maioria social. Em situações como essa, sempre há o risco de soluções por baixo, expressas na revolta popular contra um regime sem representatividade. A casa-grande tem verdadeiro pavor de alternativas como esta e, historicamente, antecipou-se para construir acordos de transição seguros e conservadores.

Foi assim no fim da ditadura, pode ser assim agora. Não é de hoje que a Globo aposta na narrativa do Judiciário como salvador nacional. Criaram heróis do combate à corrupção, que podem representar a opção a um sistema que perdeu a credibilidade. Uma forma de “limpar” o Estado brasileiro, manter a agenda dominante e recobrar a hegemonia social pode ser com protagonismo do Judiciário. Não por acaso constrói-se a figura de Cármen Lúcia como possível saída em caso de eleições indiretas. Seria uma nova Operação Golbery, com juízes e procuradores à frente.

Embora somente uma hipótese, é preciso muita atenção em relação aos interesses dessa coalizão. Se a crise da Nova República for canalizada nessa direção, isso pode significar o fechamento democrático, com institucionalização de medidas de exceção aplicadas. Não se deve descartar inclusive que se apropriem da bandeira de uma nova Constituinte.

De todo modo, a desconfiança ante os interesses dessa coalizão não pode legitimar o envolvimento de setores da esquerda em arranjos de salvação. Nem para a manutenção de Temer, tampouco por eleições indiretas. Quaisquer que sejam os nomes, devem ser prontamente rechaçados pela ilegitimidade do processo.

A única saída possível é engrossar o caldo pela saída de Temer e por eleições diretas, construindo uma frente ampla e fortalecendo as mobilizações populares. A rua é o melhor desinfetante contra soluções antidemocráticas.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Muita emoção no momento da chegada do corpo de Assunção na EREM Rita Maria

Professores de várias  escolas de Orobó e cidades da região (Bom Jardim, Casinhas, Umbuzeiro, Limoeiro) se fizeram presentes no momento em  que o corpo de Maria Assunção da Silva Coutinho, ex-gestora escolar chegou para o velório na EREM Rita Maria. O sepultamento será amanhã, quinta-feira,  às 9 horas na comunidade do Varjão. Muitos estudantes, professores, representantes da GRE - Limoeiro, diretores de escolas, religiosos e pais de alunos prestaram suas homenagens com muitas palmas e  orações em clima de muita comoção. O ex-prefeito José Francisco da Silva, afirmou que a educação oroboense sofreu uma grande perda. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brasil supera apenas Venezuela e Mongólia em ranking de competitividade


Fábrica em BrasíliaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionRanking de competitividade avalia eficiência empresarial e infraestrutura

O Brasil está próximo da lanterna da competitividade global, aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo instituto de pós-educação suíço IMD em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Segundo o levantamento anual, apenas Venezuela e Mongólia estão em situação pior do que o Brasil. O país está na 61ª posição dentre as 63 economias avaliadas. De acordo com o diretor do estudo, o professor Arturo Bris, a má performance se deve à crise política no país.
No topo do ranking estão Hong Kong e Suíça, já haviam garantido o primeiro e segundo lugar na edição passada, seguidos por Cingapura e Estados Unidos, respectivamente, que trocaram de posição em relação à análise anterior.
Em 2016 o Brasil figurava na 57ª posição, mas caiu quatro pontos porque seus indicadores políticos e econômicos pioraram.
O ranking, que é publicado desde 1989, avalia o perfil dos países com base em quatro pilares: performance econômica, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura.
Por meio de uma estimativa baseada em estatísticas compiladas sobre essas categorias, um país é comparado com o outro. Os dados utilizados para a edição atual são referentes ao período de janeiro a abril deste ano.
Na performance econômica, o Brasil recuou de 55 para 59, na eficiência do governo piorou de 61 para 62, na eficiência empresarial foi de 51 para 49 e na infraestrutura, caiu de 46 para 51.

Presidente Michel TemerDireito de imagemREUTERS
Image captionDiretor do estudo diz que solucionar corrupção deve preceder reformas propostas por Temer

A intenção do estudo é servir de referência para a criação de políticas públicas que gerem prosperidade para os indivíduos do país. No caso do Brasil, o país está falhando porque a crise de desgoverno não estão levando em consideração o interesse da sociedade, explica Bris.
"O Brasil é o caso clássico em que o setor público é um obstáculo à competitividade do país", avaliou Bris em entrevista à BBC Brasil.

Corrupção

Apesar de defender a necessidade de reformas no país, o professor avalia que não é sustentável nem eficiente tentar se levar adiante a pauta sem resolver a questão da corrupção primeiramente.
"A percepção do mercado (sobre o Brasil) é muito negativa, o país está entre os dez piores para se fazer negócios. O setor privado não acredita no governo. Eles não podem tomar a tarefa de investir e criar empregos para deixar o país mais competitivo. Isso não vai funcionar", pondera.
O estudo avalia que os objetivos brasileiros devem ser: acelerar a retomada econômica, modernizar e facilitar as leis, aprovar reformas-chave e reconquistar a confiança internacional. Para isso, é necessário desenvolver e implementar uma estratégia de competitividade digital, além de aumentar a eficiência e qualidade do sistema educacional.
"Competitividade é sobre criar empregos, estimular a prosperidade de uma nação", resume Bris.

Fábrica em BrasíliaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionBrasil está entre os dez piores para fazer negócios, diz diretor de estudo

De acordo com a perspectiva do estudo da IMD, a maior vulnerabilidade do Brasil é a falta de visão de longo prazo, como políticas de melhora da qualidade da educação pública e de inserção na economia digital. Esses aspectos do investimento público são avaliados sob o tema infraestrutura e recuaram também. Educação caiu de 51 para 55 e infraestrutura científica retrocedeu de 36 para 41.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na quarta-feira apontam que 13, 6% da população economicamente ativa está ociosa. Há uma piora em relação ao trimestre anterior - mais de 1,1 milhão de brasileiros perderam o emprego nos últimos três meses.
O indicador doméstico reforça a avaliação da IMD de que a situação está se deteriorando. O total de brasileiros desempregados já chega a 14 milhões. O número de pessoas sem trabalho é pouco menos que duas vezes a população da Suíça (que tem cerca de 8,3 milhões de habitantes).
"Primeiramente há que se combater a corrupção e se começar pelas escolas. O país precisa retomar a reforma do sistema educacional. Isso não é para o curto prazo, isso é para o longo. Essa é definitivamente uma das principais vulnerabilidades do país", afirma o professor.
"O investimento em educação primária tem sido muito ineficiente, sem conquistas. É necessária uma reforma maciça."
O instituto também lançou um ranking que mede a competitividade digital dos países. Nesse novo índice, o Brasil foi avaliado na 55ª posição, caindo um ponto em relação a 2016.

Joesley BatistaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionJBS, dos irmãos Batista, foi beneficiada por política de "campeões nacionais"

Políticas de campeões nacionais

A política de subsidiar companhias brasileiras por meio de empréstimos do BNDES, banco estatal de fomento, foi um dos marcos dos anos do PT no poder.
A chamada promoção de "campeões nacionais" favoreceu iniciativas como as empresas do grupo X, de Eike Batista, e a JBS, de proteína animal. Ambos os grupos estão envolvidos agora nas investigações da operação Lava Jato.
Bris acredita que esse tipo de estratégia pode ter resultados adversos, tudo dependendo de como ela é gerida, pois o objetivo final para ganho de competitividade precisa ser a criação de empregos.
"Veja o caso da Espanha, meu país, por exemplo. Lá os campeões nacionais são provedores de serviços que operam globalmente. Bancos como o Santander, ou empresas de construção, ou petroleiras como a Repsol. Ter gerado esses campeões nacionais não ajudou a reduzir o desemprego na Espanha, porque essas são empresas que investem e crescem muito no exterior, mas não empregam tantos espanhóis", avalia.
"Por outro lado, veja a Suíça. Ela promove campeões nacionais como a Nestlé, Novartis ou ABB. Essas empresas são manufatureiras, produzem muito no país e geram uma grande quantidade de empregos. Isso ocorre não apenas porque elas empregam diretamente, mas também porque elas possuem empresas satélites que proveem serviços para elas", pondera.
"Se o governo do Brasil vai criar empresas que exportam muito e fazem apenas algumas poucas pessoas ficarem ricas, então a política de campeões nacionais não vai funcionar."
Professor Edgar Bom Jardim - PE