sexta-feira, 26 de maio de 2017

Temer vai cair? Se cair, o que acontece?

O forte abalo sofrido pelo governo Michel Temer (PMDB) após a delação premiada de um dos donos do grupo JBS, um dos maiores do mundo na indústria alimentícia, pode levar à queda do presidente. Entenda o que aconteceu, o que pode acontecer e quem assume o posto mais importante da nação em todas as possibilidades de desfecho.
Por que a delação do dono da JBS foi uma bomba contra Temer?
Porque o presidente teria dado OK a uma ação para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que hoje está preso. É um crime que tem sido chamado de obstrução de justiça. Está tipificado no artigo 2 da lei que define organização criminosa. Gera multa e prisão de 3 a 8 anos.
Já é oficial?
Por enquanto, não. É um vazamento revelado pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Tem provas?
O vazamento dá conta de que Temer foi pego em um áudio. Ao ouvir do dono da JBS sobre a mesada para Cunha não fazer delação, Temer teria dito: “Tem que manter isso, viu?”. Haveria, ainda, um vídeo com entrega de propina com um correligionário indicado pelo presidente para resolver problemas de uma usina termelétrica da JBS junto à Petrobras. Temer nega. Até agora, áudio e vídeo não vieram à tona.
Temer pode cair?
Sim. A delação abalou a base governista no Congresso, principal elemento de sustentação do presidente. Ex-aliados já pedem sua saída. Movimentos pró-impeachment e anteriormente simpáticos a ele, também.
Como ele pode cair?
Por três caminhos: renúncia, impeachment ou cassação de chapa no TSE.
Por partes. Se ele renunciar, o que acontece?
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assume e convoca eleições indiretas em 30 dias. A gente explica isso mais adiante.
Mas ele vai renunciar?
Em seu pronunciamento nesta quinta (18), ele afirmou que não renunciará.
E no caso de impeachment?
Acontece o mesmo processo que destituiu Dilma.
Como funciona mesmo?
Primeiro, o presidente da Câmara dos Deputados precisa aceitar um dos pedidos de impedimento protocolados. Depois, monta-se uma comissão parlamentar que analisa o caso e prevê direito de defesa. Aprovado o pedido nessa comissão, ele vai ao plenário da Câmara.
Se aprovado por dois terços dos deputados, Temer é afastado temporariamente por 180 dias. O processo segue ao Senado, passa por nova comissão e vai ao plenário, onde pode ocorrer o afastamento definitivo.
Demora?
É um caminho relativamente demorado. O trâmite para o impedimento de Dilma levou sete meses.
E a cassação da chapa Dilma-Temer, o que é isso?
É um processo que está no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre abuso de poder político e econômico na campanha presidencial de 2014. Pode terminar com a chapa absolvida, com a chapa cassada ou com Dilma inelegível por oito anos e Temer absolvido, se o tribunal separar a chapa – ou seja, decidir que a captação de recursos para presidente e vice foi realizada de maneira independente.
Quando começa esse julgamento?
Começou em 4 de abril. Foi suspenso para dar mais tempo à defesa. Será retomado em 6 de junho.
Se Temer for condenado, ele sai imediatamente?
Não. Cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pode levar meses até uma nova condenação.
Certo. Vamos considerar que ele caia por algum dos três caminhos. O que acontece em seguida?
Eleição indireta. Votam os membros do Congresso Nacional.
Indireta? Por quê?
É o que prevê a Constituição no artigo 81. Ali está determinado o que deve acontecer com a substituição do presidente se o cargo ficar vago (por qualquer razão) nos últimos dois anos do mandato – o que seria o caso na eventual queda de Temer.
Quem pode se candidatar?
Qualquer um que tiver mais de 35 anos. Como estabelece a Constituição no artigo 14. Ainda há dúvidas se vale a restrição de seis meses a ocupantes de determinados cargos públicos (ministros, prefeitos e governadores), como diz a lei complementar 64 de 1990. Nas eleições diretas, é assim. Para a indireta, o STF pode ter de se pronunciar.
Peraí. Isso significa que eu poderia?
Se você tiver a idade mínima, sim. Há uma controvérsia se é preciso ter filiação partidária.
Mas eu teria chances?
Dificilmente. A não ser que você seja um candidato capaz de arregimentar apoio dos congressistas, que são os eleitores desse processo.
Tá. Me explique como funcionaria a eleição indireta.
Saindo Temer, o presidente da Câmara chama eleições para dali a 30 dias. O mais votado completa o que resta do mandato, até que entre um sucessor eleito diretamente.
Não tem jeito de fazer diretas já?
Tem, mas precisa mudar a Constituição. Há no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com essa intenção.
O que diz essa PEC?
Ela prevê eleições diretas para a presidência da República quando o cargo ficar vago a até seis meses do fim do mandato. Depois desse período, o Congresso continuaria escolhendo. Nos dois casos, o tempo do mandato corresponde ao que resta para completar os quatro anos de quem deixou o cargo.
Quanto tempo ela demoraria para ser votada?
No mínimo alguns meses – isso se tudo for muito rápido.
Qual o caminho de uma PEC no Congresso?
Primeiro, precisa ser apresentada à mesa diretora da Câmara. Depois, é enviada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde um relator avalia se ela está de acordo com a Constituição. No plenário da CCJ ela entra em discussão – ao menos 10 deputados precisam falar. Segue-se a votação na CCJ. Se for aprovada, a PEC vai para uma Comissão Especial (CE) de deputados que analisam o mérito, ou seja, o conteúdo da emenda. São até 40 sessões de discussão antes da votação na CE. Aprovou? Vai para o plenário da Câmara, onde precisa ser aprovada por 60% dos deputados (308 de 513) em dois turnos, separados por no mínimo cinco sessões. Seguindo em frente, a PEC vai para o Senado, onde é apreciada e votada pela CCJ do Senado em até 30 dias. Passa-se à discussão em plenário por até cinco sessões. Os senadores votam em dois turnos com intervalo mínimo de cinco dias. Ao menos 60% dos votantes (49 de 81) precisam dizer sim à PEC. Finalmente, o presidente promulga a Proposta. E a Constituição é alterada
Em que estágio ela está agora?
Desde julho do ano passado, está pronta para ser discutida da Comissão de Constituição e Justiça na Câmara.
Consultoria: Vitor Marchetti, cientista político especializado nas relações Estado-Governo, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC)
ATUALIZAÇÕES
Às 15h29 de 18 de maior, esse texto foi atualizado, com a inclusão de detalhes nas respostas das perguntas "Quem pode se candidatar?" e "Peraí. Isso significa que eu poderia?". Às 16h19 do mesmo dia, foi atualizada a informação de que o presidente Michel Temer afirmou que não renunciará ao cargo.
Fonte: Nova Escola.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ouvir professores, pais e até alunos foi fundamental para a Finlândia ter sucesso com sua nova base




Marjo Kyllönen, Secretária de Educação Básica de Helsinque (Divulgação)

“A escola já entrou na fase 3.0, pois a 2.0 ficou para trás.” É assim que Marjo Kyllönen, Secretária de Educação Básica de Helsinque, descreve o atual momento da Educação da Finlândia. O país virou referência na área, com a menor lacuna de aprendizagem entre o melhor e o pior aluno, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela avaliação do PISA.
Na escola do futuro finlandesa, os educadores dão foco em aprendizagem significativa e competências holísticas, os alunos têm participação ativa na aprendizagem e são incentivados a buscar caminhos individuais de estudo. Além disso, o ambiente escolar enfatiza as competências sociais e a colaboração. Sua renovação curricular foi iniciada a partir da escuta de vários públicos: educadores, pais, alunos e administradores do sistema.
Em São Paulo a convite da Conexia, empresa de soluções educacionais do Grupo SEB que faz parceria acadêmica com a Universidade de Helsinque, Marjo contou à NOVA ESCOLA sobre o trabalho envolvido nas discussões e na implementação de Base Nacional Curricular finlandesa.
Um grande desafio de se ter uma base curricular comum a todas as escolas é a implementação. Os Estados Unidos, por exemplo, têm enfrentado dificuldades nesse processo a ponto de uma das propostas da candidatura de Donald Trump era acabar com o Common Core. A que se deve o sucesso na implementação do currículo comum na Finlândia? 
O principal fator foi a coerência na preparação desse novo currículo, planejada e realizada envolvendo os atores locais no processo. Ou seja, incluiu dos professores de Educação Básica e de universidades, os administradores, como eu, os pais e também os alunos. O Ministério da Educação desenhou um mapa de percurso para a construção desse novo currículo. Nele apareciam marcos e datas, então todos sabiam o que aconteceria, quais as discussões, e houve tempo para responder questionários e reunir feedback. Foram organizados seminários para entender as necessidades das comunidades locais e a proposta foi publicada em uma rede aberta para sugestões e opiniões. Tivemos sucesso porque as pessoas que promoviam as mudanças foram incluídas no processo desde o início. 
Quanto tempo foi reservado para esse processo?
Em 2012 foram fixadas as novas regras para alocação de horas escolares e sugeridos os objetivos gerais da Educação Básica. A partir daí se iniciou um trabalho que durou dois anos. Primeiro, aconteceram discussões em nível nacional, mas Helsinque, por ser capital, iniciou ao mesmo tempo. No primeiro semestre de 2014 foram feitas as conversas nas diferentes regiões do país. Em lugares mais remotos, cidades próximas entre si formaram uma rede para discutir o assunto. Em seguida aconteceu a formação de professores, que é contínua. As novas práticas só foram implementadas no início do ano letivo de 2016, em agosto.
Qual foi a participação dos professores e da sociedade na construção do currículo?
Desde 2012 foram envolvidos professores, gestores, líderes, grupos de professores (eles não têm coordenadores, os educadores se reúnem em grupos colaborativos). Quando se discute o que precisava ser mudado, é muito importante entender os motivos pelos quais se promove a mudança. Se você não entende as razões dela, você pode até seguir ordens, mas o envolvimento é superficial. Acredito que o empoderamento e o envolvimento de todos são valores centrais da Educação finlandesa. Em Helsinque, por exemplo, um dos valores mais fortes é a participação dos cidadãos. Perguntamos aos pais quais deveriam ser os objetivos da nossa Educação e aos alunos coisas como “Como você aprende melhor?”, “Quais são os seus sonhos para a escola do futuro?” e “Como você enxerga a tecnologia?”. As ideias que eles deram podem ser vistas no nosso currículo. Um exemplo que me marcou nas discussões é que as crianças disseram: “nós queremos ter prazer em aprender”. E isso foi levado muito em consideração na construção curricular.  
“Quando se discute o que precisa ser mudado, é importante entender os motivos da mudança. Se você não entende as razões dela, pode até seguir ordens, mas o envolvimento é superficial”
Com o documento pronto, como aconteceu a implementação na prática?
Primeiro fizemos modelos e projetos-piloto. Buscamos escolas e professores que estavam prontos para fazer experiências. Quando eles provaram que a parte prática estava funcionando, abrimos aquelas escolas para que outros educadores pudessem visitá-las e tirar dúvidas. A um grupo de professores especialistas foi concedido tempo para desenvolver práticas pedagógicas, em times com objetivos comuns. Esses docentes tiveram um papel crucial junto aos colegas, pois criaram ferramentas práticas para o ensino, o que ajuda na mudança real no dia a dia escolar. Então eu digo que houve participação, modelos, colaboração entre colegas, uma boa dose de interação e discussão e só então se partiu para a implementação nas escolas.
Quais foram os maiores desafios e como eles foram solucionados?  
Mudança nas práticas de sala de aula são desafiadoras em qualquer país. É preciso atravessar a zona de conforto para fazer as coisas de um modo diferente. O professor estava acostumado a ter controle sobre o ensino e achava que tinha sobre a aprendizagem. Mas, na nova abordagem, o dono do processo de aprendizagem é o aluno, então o controle não está nas mãos do educador. Isso não que dizer que o professor tem menos importância, ao contrário, ele é o planejador desse processo. Para que ele seja bem sucedido, é preciso aumentar a colaboração entre docentes. A prática atual é a sala de aula invertida e a aprendizagem por projetos, que para alguns professores foi uma mudança natural, para outros, precisou de mais tempo para compreender como garantir que os alunos alcancem seus objetivos.  Outros obstáculos a ultrapassar são o contexto pedagógico e o ambiente para aprender. Foi preciso reconhecer o quanto o ambiente físico dita o modo como as interações acontecem entre as pessoas. Mudamos a disposição dos móveis e os espaços em que a aprendizagem acontece dentro e fora da escola para estimular a colaboração e realizar um trabalho mais holístico, interdisciplinar.
Qual é o impacto do currículo comum nos resultados educacionais da Finlândia?
Estamos no caminho de renovar a nossa educação por décadas. A primeira grande reforma já tem 40 anos e foi baseada na equidade. Queríamos que todas as crianças, de qualquer origem ou classe social, fossem para as mesmas escolas e isso demandou novas competências e ferramentas para os nossos professores. Precisamos de recursos para ajudar os alunos mais fracos. Isso estava na base da mudança e depois demos ênfase na importância das decisões tomadas localmente. Esse entendimento pedagógico nos levou onde estamos. Agora, durante a implementação do novo currículo, nós realmente acreditamos que ele vale a pena, pois levará os alunos ao próximo nível.
Na reformulação curricular da Finlândia, foram adotados processos de aprendizagem mais amplos, com mais enfoque em projetos interdisciplinares e mais autonomia dos professores. Qual o motivo dessas mudanças?

Uma pergunta que já respondi muitas outras vezes é: por que a mudança se vocês já alcançaram excelência? Nós entendemos que provavelmente tínhamos a melhor escola, mas essa escola era boa para o passado, não para o futuro. Temos orgulho do nosso sistema educacional, nós não vamos alterar a sua base, mas temos consciência de que se continuássemos no mesmo trilho, não iríamos preparar nossos jovens para o futuro. De algum modo, lá atrás, começamos a falar sobre o que precisaríamos para renovar as nossas escolas, então eu acredito que a atmosfera do país estava pronta para isso. A iniciativa de reforma curricular ganhou uma frase como norteadora: “Finland: A country where everyone loves to learn” (“Finlândia: um país onde todos amam aprender”) e acho que essa expressão traduz o que almejamos.
Fonte: Nova Escola.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Rogério e Ney Franco deram o título da Copa do Nordeste ao Bahia

PRA QUÊ ISSO, ROGÉRIO?
Em um intervalo de menos de dez minutos, Rogério recebeu dois cartões amarelos e deixou o campo da Arena Fonte Nova. A expulsão veio após o atacante simular um pênalti, quando o Sport já perdia por 1 a 0, e era dominado pelo Bahia. Com uma menos, o time pernambucano ficou em situação ainda mais delicada dentro do jogo.


NEY FRANCO
Esses devem ter sido os últimos minutos do técnico Ney Franco no comando do Sport. O comandante já vinha sendo muito pressionado e, agora, tem apenas uma vitória nos 11 jogos. A atuação fraca do Leão deve pesar contra ele.


O JOGO
Fazia tempo. Muito tempo. As fotos que serviam de lembrança já estavam até desbotadas. Em 2002, o Bahia conquistou pela última vez a Copa do Nordeste. E, na noite desta quarta-feira, 15 anos depois, redescobriu a sensação de ter nas mãos o título da principal competição regional do país. Na Arena Fonte Nova, o Tricolor bateu o Sport por 1 a 0, com gol marcado por Edigar Junio, e muita festa nas arquibancadas. O público pagante foi de 40.739 pessoas, com renda de R$ 1.620.453,50.

Fonte: G1
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Justiça proíbe transporte de estudantes em Toytas

João Alfredo


A partir de hoje, cerca de 120 Toyotas Bandeirante deixam de efetuar o transporte de estudantes da Rede Municipal de Ensino e outros 40 veículos do mesmo tipo pela Rede Estadual, no âmbito do Município de João Alfredo. Neste sentido, a prefeita Maria Sebastiana (PSD) determinou à Splendour Tur, empresa responsável pela contratação de transportes escolares local, atendendo a uma Liminar expedida pelo juiz de direito da Comarca local, conforme ação ajuizada pelo Ministério Público Estadual. Caso a Liminar seja descumprida, a Prefeitura de João Alfredo pagará multa diária de 2 mil reais e a Splendour Tur de 5 mil reais.

A notícia causou muitas lamentações tanto da parte dos proprietários de toyotas quanto da própria prefeita, que foi obrigada por decisão judicial, a praticamente deixar cerca de 160 famílias em dificuldades financeiras e considerável prejuízo ao comercio local. Além do mais, muitos alunos ficarão sem o valioso transporte às suas escolas, pois várias localidades do município são montanhosas, dificultando, desta forma, o tráfego de ônibus ou vans.

Segundo informa o assessor da PMJA Gilliarde Silva, a partir desta quinta-feira uma medida emergencial será efetuada, com o remanejamento de ônibus a diversas localidades, a fim de que o maior número possível de estudantes possa chegar às suas unidades escolares. “No entanto, nas áreas de relevos geográficos acintosos, certamente muitas crianças serão obrigadas a caminhar e tantas outras  faltarão às aulas; mas efetuaremos todos os esforços possíveis para que as crianças e adolescentes se desloquem a seus educandários”, pontuou Gilliarde.  

Por sua vez, a Splendour Tur reforçará a contratação de Vans , Kombis e mais ônibus visando suprir a lacuna provocada pela saída dos Toyotas Bandeirante.  Neste sentido, os proprietários de Toyotas já iniciaram as trocas de seus veículos visando a adequação ao CTB. Na verdade, esta determinação judicial já era esperada há tempos, uma vez que vários municípios desta região já se adequaram ao Código de Trânsito Brasileiro, no tocante ao transporte de estudantes.  

Continua…

CTB

O Ministério Público de Pernambuco na Ação que provocou esta Liminar apontou como alvo principal, o descumprimento do artigo 136 do Código de Trânsito Brasileiro, que assim estabelece:
Art. 136. Os veículos especialmente destinados à condução coletiva de escolares somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto:
I – registro como veículo de passageiros;
II – inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança;
III – pintura de faixa horizontal na cor amarela, com quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda a extensão das partes laterais e traseira da carroceria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo de carroceria pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser invertidas;
IV – equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;
V – lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte traseira;
VI – cintos de segurança em número igual à lotação;
VII – outros requisitos e equipamentos obrigatórios estabelecidos pelo CONTRAN

Fonte: Dimas Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Não há condições éticas de Temer seguir no cargo, diz secretário-geral da CNBB


CNBB, que defende saída de Temer

Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner avalia não ver condições éticas para a permanência do presidente Michel Temer no cargo após a revelação de detalhes de seu encontro com o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, em março.
Mas ele também acredita que o país não superaria o atual "momento de tensão" com uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, devido à "resistência de uma parcela da sociedade à pessoa dele, dadas as contínuas notícias de que estaria implicado na Lava Jato".
Para Steiner, Temer deveria ter denunciado Batista quando, no encontro que os dois tiveram no Palácio do Jaburu, o empresário lhe disse que havia corrompido autoridades para ser favorecido em investigações sobre sua empresa.
No dia 18, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou a conversa, gravada por Joesley como parte de seu acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República. O presidente diz que o áudio foi editado e não tem validade jurídica.
"Se alguém vem e diz que está subornando juiz e o Ministério Público, não é possível que quem está à frente do Estado não se mexa", afirma Steiner, enfatizando se tratar de opinião pessoal sua, e não uma posição oficial da CNBB.
Mas Steiner diz que a nota emitida pela presidência da CNBB no dia 19 de maio, um dia após a divulgação da conversa de Joesley com Temer, com o título "Pela Ética na Política" (dizendo estar acompanhando "com espanto e indignação as graves denúncias de corrupção política acolhidas pelo STF"), foi uma resposta da entidade "para dizer que, para alguém que exerce um cargo público, a idoneidade é tudo".
Principal organização ligada à Igreja Católica no Brasil, a CNBB foi fundada em 1952 e desenvolveu uma forte atuação política. O grupo se tornou uma das principais vozes contrárias à ditadura militar (1964-1985), embora tivesse apoiado o golpe no início. Paralelamente, aproximou-se de movimentos de esquerda e teve influência na fundação do PT.
A CNBB tem mantido postura crítica ao governo Temer e se pronunciado contra algumas das principais propostas do presidente, como o projeto de reforma da Previdência.
Em entrevista à BBC Brasil na sede do órgão, na terça-feira, Steiner diz preferir a realização de eleições diretas numa eventual saída de Temer. Porém, se houver eleição indireta, afirma que a escolha deve ser debatida com a sociedade e não pode ser imposta pelo Congresso ou por grupos "ligados ao mercado", sob o risco de haver uma convulsão social.
Bispo auxiliar de Brasília, Steiner é secretário-geral da CNBB desde 2011, posto que assumiu após atuar na prelazia de São Félix, em Mato Grosso. Catarinense de Forquilha e franciscano da Ordem dos Frades Menores, foi ordenado padre pelo ex-arcebispo de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), seu primo.
Confira os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil - Como o senhor recebeu a notícia sobre a delação da JBS envolvendo o presidente Michel Temer?
Leonardo Ulrich Steiner - Quase atônito. Nós pensávamos que o pior já tivesse passado. Claro que, de alguém que está há tanto tempo na política e num partido que também vinha sendo acusado na Lava Jato, se podia esperar alguma coisa, mas não nesse montante. Por isso a presidência [da CNBB] tomou a iniciativa de emitir uma nota para dizer que, para alguém que exerce um cargo público, a idoneidade é tudo.
Não estávamos nos referindo apenas ao presidente da República, mas também ao deputado [Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)] e ao senador [Aécio Neves (PSDB-MG)] envolvidos, e também a outros que agora começam a aparecer com mais nitidez. Talvez seja a continuidade de uma crise que estamos vendo já há um bom tempo no Brasil, que não é uma crise econômica-política, mas uma crise ética.
A coisa pública é tratada como vantagem pessoal, ou como vantagem do partido, de determinados grupos. O que espanta é que falem de bilhões como se fossem mil reais.
BBC Brasil - Qual o melhor desfecho para o impasse em relação à permanência do presidente no cargo?
Steiner - A CNBB está discutindo essa questão internamente. Não temos ainda uma posição. Estamos nos encontrando com muitas pessoas e vendo qual seria a melhor saída. Várias pessoas têm sugerido eleições diretas para presidente e vice. A questão é: é necessário mexer na Constituição? Como a questão não foi regulamentada ainda, vê-se alguma possibilidade de haver eleições diretas para presidente e vice sem mexer na Constituição.

Dom Leonardo Ulrich SteinerDireito de imagemBBC BRASIL
Image caption'Se alguém vem e diz que está subornando juiz e o Ministério Público, não é possível que quem está à frente do Estado não se mexa', afirma Steiner

A outra saída em que se fala mais é do próprio Congresso eleger um novo presidente e um novo vice, no caso de renúncia ou de cassação do atual presidente. Mas penso que é sempre importante passar pelo voto, é sempre importante ouvir a sociedade.
BBC Brasil - O senhor não vislumbra a permanência de Temer no cargo?
Steiner - Por aquilo que ele mesmo tem falado nas entrevistas, não vejo condições éticas de ele continuar. Não se trata apenas do áudio, trata-se de uma questão ética. Se alguém vem e diz que está subornando juiz e o Ministério Público, não é possível que quem está à frente do Estado não se mexa, não denuncie. Isso é gravíssimo.
BBC Brasil - Temer diz que não acreditava que o empresário Joesley Batista estivesse falando a verdade, que as afirmações eram uma "fanfarronice" dele.
Steiner - Pode ser que sejam, mas mesmo assim ele tem de ser investigado. Não se pode ficar quieto. A ética está acima de qualquer outra coisa para o exercício do próprio mandato. Estou falando isso como uma opinião pessoal - a CNBB não discutiu internamente essas questões. Mas o próprio presidente, ao se defender, está dizendo que a situação ficou extremamente frágil para continuar a exercer o seu mandato.
BBC Brasil - É desejável que Temer renuncie?
Steiner - Não tenho como dizer, porque isso é algo que depende da pessoa.
BBC Brasil - Há clima para o avanço das reformas que o governo vinha defendendo?
Steiner - Penso que não. Como podem pessoas que estão tão envolvidas na Lava Jato decidir os destinos da população brasileira? Depois, há a necessidade de maior diálogo com a sociedade em relação, por exemplo, à [reforma da] legislação trabalhista. Sobre a terceirização, não houve diálogo. Sobre a reforma da Previdência, até agora não se mostraram os dados reais. Fala-se em deficit, mas como funciona a Previdência brasileira? É preciso debater muito mais.

CongressoDireito de imagemJOSÉ CRUZ/AGENCIABRASIL
Image caption'Como podem pessoas que estão tão envolvidas na Lava Jato decidir os destinos da população brasileira?', disse Steiner sobre a votação das reformas no Congresso em meio à crise política

Em todas essas questões, sempre se fala num ponto: que é preciso sinalizar ao mercado, que é preciso colocar a economia em ordem. Não se fala em pessoas, não se fala em Brasil. Isso é grave. É uma mentalidade de mercado.
É preciso que o Congresso, diante de uma crise dessas, comece a rever as próprias ações e atitudes para o bem do povo brasileiro, e não para o bem de um determinado grupo. Veja o que está sendo feito em relação à [diminuição das áreas protegidas na] Amazônia. Não é uma questão apenas sobre a preservação da natureza, mas uma questão ética em relação à casa comum, para usar uma expressão do Santo Padre.
BBC Brasil - Uma das principais saídas discutidas seria uma eleição indireta em que o ex-presidente FHC, o ministro Henrique Meirelles ou ex-ministro Nelson Jobim assumiriam a Presidência até próxima eleição. Como enxerga essas hipóteses?
Steiner - Não citaria nomes, mas, se houver uma eleição indireta, é preciso um debate para chegar num consenso de um nome que não esteja ligado a falcatruas, que não esteja ligado a essa questão toda da Lava Jato, que tenha dignidade do cargo e também consiga dialogar e levar o país adiante.
Um partido não vai poder impor um nome, o Congresso Nacional não vai poder impor um nome à sociedade, um pequeno grupo que esteja interessado no mercado não pode impor ao Brasil um presidente. Senão corremos o risco de ter uma convulsão social.
BBC Brasil - Na oposição ao governo, há uma aglutinação em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a expectativa de que ele volte à Presidência numa eventual eleição direta. Como o senhor vê essa movimentação?
Steiner - Quanto ao Lula ser candidato, ele tem esse direito, assim como tem o Fernando Henrique (Cardoso), o (Geraldo) Alckmin, o (Jair) Bolsonaro e outros que estão se propondo a ser candidatos. A dificuldade pessoal que eu vejo é a resistência de uma parcela da sociedade à pessoa dele, dadas as contínuas notícias de que estaria implicado na Lava Jato. E nós não superaríamos esse momento de tanta tensão no Brasil.
Existe uma tensão muito grande, e essa tensão talvez poderia até crescer [se Lula for eleito]. Precisaria haver gestos muito significativos dele para ajudar numa reconciliação da sociedade brasileira.
BBC Brasil - Do ponto de vista ético, Lula teria condições de assumir esse papel?
Steiner - Ele precisaria primeiro mostrar para a Justiça a inocência.
BBC Brasil - Como o senhor avalia a Operação Lava Jato?
Steiner - Ela tem sido muito importante para o Brasil. Ela tem mostrado onde estamos, esse envolvimento das empresas na política, esse beneficiamento mútuo, um Congresso eleito pelo poder das empresas. Creio que a sociedade brasileira está tomando consciência de que isso não pode continuar assim.

Polícia FederalDireito de imagemTÂNIA RÊGO /AGÊNCIA BRASIL
Image caption'Lava Jato tem sido importante para o Brasil, mas tem algumas incoerências, disse o bispo

Mas também a Lava Jato veio demonstrar algumas incoerências. Por que esse alarde no momento de prender pessoas? Quando vão prender, os jornalistas já estão lá. O Ministério Público não precisa disso pra exercer seu trabalho. E a Lava Jato não tomou cuidado em relação às nossas empresas. As nossas empresas envolvidas estão numa situação muito difícil, ao passo que as pessoas envolvidas estão livres e soltas. Então existem algumas dificuldades que precisariam ser discutidas para que a Lava Jato realmente ajudasse, como alguns querem, numa expressão que não é muito feliz, a passar o Brasil a limpo.
BBC Brasil - Como o senhor vê o crescimento de figuras que tentam se projetar como alheias à política tradicional, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ)?
Steiner - Com uma dificuldade muito grande. Você certamente acompanhou as eleições nos EUA e deve estar acompanhando o momento crítico que vive o país. Normalmente os salvadores da pátria não dão certo. Diante do descrédito da política e dos políticos, existe essa tentação de buscar alguém de fora da política para salvar a pátria. Não é o melhor caminho.
Há cada vez mais a necessidade de esclarecer às pessoas a importância da política, mas também a importância de termos no meio político pessoas que tenham condições de governar o país. Normalmente os salvadores da pátria têm um espiritozinho um pouco ditatorial.
BBC Brasil - Tem se falado no prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e até no apresentador Luciano Huck como figuras que poderiam tentar voos mais altos na política, promover alguma renovação. Que acha dos dois?
Steiner - Não os conheço. Não sei se seriam a solução. Deseja-se que a velha política desapareça, isso é verdade, a gente sente. Mas creio que encontraremos políticos, que possam exercer seu mandato com dignidade e integridade.

Protesto contra Temer na Avenida PaulistaDireito de imagemROVENA ROSA
Image captionÁudio gravado por dono da JBS em conversa com Michel Temer e apresentado ao STF desencadeou protestos contra o presidente em diversas capitais

BBC Brasil - Recentemente o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão ligado à CNBB, foi alvo da CPI da Funai, que investigou processos de demarcações de terras indígenas. Deputados ruralistas acusaram o Cimi de estimular "demarcações fraudulentas". Como o senhor encarou o processo?
Steiner - A instalação dessa CPI tinha apenas o interesse de encostar na parede diversas entidades que assumiram a causa indígena. Não havia nenhum interesse nessa CPI de realmente defender os povos indígenas. Por que, ao apresentar o relatório, eles não incriminaram nenhum grande fazendeiro?
O Cimi tem feito um trabalho extraordinário. Vivi numa região do Mato Grosso onde tínhamos vários povos indígenas e um trabalho muito importante na área educacional, de saúde, no resgate das tradições, dos rituais. Quando um povo se sente inteiro na sua identidade, ele começa a exigir mais. Ele também cria autoconsciência de que precisa de espaço para viver. A terra para eles não é uma propriedade, a terra é uma casa. E isso incomoda muita gente.
Acho que no futuro [os deputados da CPI] vão se envergonhar do que fizeram, porque não se faz com irmãos o que eles estão fazendo com os índios. E eles não estão por dentro da questão indígena, estão somente interessados na questão das terras. É preciso dizer isso.
Professor Edgar Bom Jardim - PE