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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Francisco cuida do mundo

Por Paulo Rezende.
Numa época em que as dores do mundo estão expostas de forma cruel,  fica difícil acreditar em reviravoltas. Faltam lucidez e compromisso da maior parte das lideranças e correm ondas de apatia. Pescam-se privilégios como diamantes nas águas do apocalipse. O Papa Francisco destoa e se veste com uma ética que as religiões deveriam assumir. Busca compreender os desacertos e ensinar que há caminhos apesar do pessimismo geral. Vai para o mundo com um discurso que retoma o cristianismo que não esquece o amor pelos outros. Cuida de não alarmar, celebra a aproximação, desmancha preconceitos. Sente uma responsabilidade moral totalmente distante dos mercados gananciosos.
Surpreende. Há tantas violências, tantos jogos cínicos, tantas armas fatais que o futuro se transforma numa adivinhação  medonha. Quem não conhece o passado e não convive com os desejos de igualdades perde a vinculação com a história. O cristianismo foi revolucionário, desafiou, redefiniu valores. Portanto, Francisco não está inventando novas crenças. Ele faz a leitura que se encontra em ensinamentos e práticas que tocam em sentimentos de solidariedade. Como a história não é linear, há pontos de desencontros. A Igreja Católica se inseriu em poderes mesquinhos, fortaleceu individualismos, estimulou guerras. E os contrapontos não podem existir?
Muitos papas se envolveram com ódios e protegeram princípios fascistas. Outros observaram as dissonâncias. Não se conformaram e se confrontaram com as explorações. Religião e política conjugaram verbos destruidores em épocas que não estão distantes. Nem todos olham os outros com generosidade, mas incentivam lutas e competições. Não é sem razão que surgiram utopias profanas. promessas de salvação sem divindades ou orações. A procura pelo lucro, no mundo capitalista, ajuda na expansão dos egoísmos Muitas religiões assumem opressões disfarçadas, enganam, constroem a prosperidade concentrada em interesse de minorias. Estendem espaços consumidos pela sociedade de massa.
A trapézio dos circos lembram que existem perigos, travessias, suspenses. Francisco rompe silêncios seculares. Possui adversários. A Igreja Católica não é homogênea. No entanto, é importante que os gritos não fiquem parados no ar. Movimentar a política com direções coletivas inquieta e consolida responsabilidades que balançam esperanças. Tudo não se resume em ter fé e saldar os sacerdotes com submissão. A coragem anda aliada com a vontade de cortar círculos de servidão. A sociedade não é reflexo de espelhos imutáveis. Há sempre quem se incomode. Francisco segue um caminho diferenciado e não precisa ser católico para admirá-lo. Até quando seus ruídos serão ouvidos?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 27 de setembro de 2015

DISCURSO do Papa Francisco na Organização das Nações Unidas – ONU


Visita à Sede da Organização das Nações Unidas – ONU
Sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores!
Mais uma vez, seguindo uma tradição de que me sinto honrado, o Secretário-Geral das Nações Unidas convidou o Papa para falar a esta distinta assembleia das nações. Em meu nome e em nome de toda a comunidade católica, Senhor Ban Ki-moon, desejo manifestar-lhe a gratidão mais sincera e cordial; agradeço-lhe também as suas amáveis palavras. Saúdo ainda os chefes de Estado e de Governo aqui presentes, os embaixadores, os diplomatas e os funcionários políticos e técnicos que os acompanham, o pessoal das Nações Unidas empenhado nesta LXX Sessão da Assembleia Geral, o pessoal de todos os programas e agências da família da ONU e todos aqueles que, por um título ou outro, participam nesta reunião. Por vosso intermédio, saúdo também os cidadãos de todas as nações representadas neste encontro. Obrigado pelos esforços de todos e cada um em prol do bem da humanidade.
Esta é a quinta vez que um Papa visita as Nações Unidas. Fizeram-no os meus antecessores Paulo VI em 1965, João Paulo II em 1979 e 1995 e o meu imediato antecessor, hoje Papa emérito Bento XVI, em 2008. Nenhum deles poupou expressões de reconhecido apreço pela Organização, considerando-a a resposta jurídica e política adequada para o momento histórico, caracterizado pela superação das distâncias e das fronteiras graças à tecnologia e, aparentemente, superação de qualquer limite natural à afirmação do poder. Uma resposta imprescindível, dado que o poder tecnológico, nas mãos de ideologias nacionalistas ou falsamente universalistas, é capaz de produzir atrocidades tremendas. Não posso deixar de me associar ao apreçamento dos meus antecessores, reiterando a importância que a Igreja Católica reconhece a esta instituição e as esperanças que coloca nas suas actividades.
A história da comunidade organizada dos Estados, representada pelas Nações Unidas, que festeja nestes dias o seu septuagésimo aniversário, é uma história de importantes sucessos comuns, num período de inusual aceleração dos acontecimentos. Sem pretender ser exaustivo, pode-se mencionar a codificação e o desenvolvimento do direito internacional, a construção da normativa internacional dos direitos humanos, o aperfeiçoamento do direito humanitário, a solução de muitos conflitos e operações de paz e reconciliação, e muitas outras aquisições em todos os sectores da projecção internacional das actividades humanas. Todas estas realizações são luzes que contrastam a obscuridade da desordem causada por ambições descontroladas e egoísmos colectivos. Apesar de serem muitos os problemas graves por resolver, todavia é seguro e evidente que, se faltasse toda esta actividade internacional, a humanidade poderia não ter sobrevivido ao uso descontrolado das suas próprias potencialidades. Cada um destes avanços políticos, jurídicos e técnicos representa um percurso de concretização do ideal da fraternidade humana e um meio para a sua maior realização.
Por isso, presto homenagem a todos os homens e mulheres que serviram, com lealdade e sacrifício, a humanidade inteira nestes setenta anos. Em particular, desejo hoje recordar aqueles que deram a sua vida pela paz e a reconciliação dos povos, desde Dag Hammarskjöld até aos inúmeros funcionários, de qualquer grau, caídos nas missões humanitárias de paz e reconciliação.
A experiência destes setenta anos demonstra que, para além de tudo o que se conseguiu, há constante necessidade de reforma e adaptação aos tempos, avançando rumo ao objetivo final que é conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e uma incidência reais e equitativas nas decisões. Esta necessidade duma maior equidade é especialmente verdadeira nos órgãos com capacidade executiva real, como o Conselho de Segurança, os organismos financeiros e os grupos ou mecanismos criados especificamente para enfrentar as crises econômicas. Isto ajudará a limitar qualquer espécie de abuso ou usura especialmente sobre países em vias de desenvolvimento. Os Organismos Financeiros Internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, evitando uma sujeição sufocante desses países a sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência.
A tarefa das Nações Unidas, com base nos postulados do Preâmbulo e dos primeiros artigos da sua Carta constitucional, pode ser vista como o desenvolvimento e a promoção da soberania do direito, sabendo que a justiça é um requisito indispensável para se realizar o ideal da fraternidade universal. Neste contexto, convém recordar que a limitação do poder é uma ideia implícita no conceito de direito. Dar a cada um o que lhe é devido, segundo a definição clássica de justiça, significa que nenhum indivíduo ou grupo humano se pode considerar onipotente, autorizado a pisar a dignidade e os direitos dos outros indivíduos ou dos grupos sociais. A efetiva distribuição do poder (político, econômico, militar, tecnológico, etc.) entre uma pluralidade de sujeitos e a criação dum sistema jurídico de regulação das reivindicações e dos interesses realiza a limitação do poder. Mas, hoje, o panorama mundial apresenta-nos muitos direitos falsos e, ao mesmo tempo, amplos setores sem proteção, vítimas inclusivamente dum mau exercício do poder: o ambiente natural e o vasto mundo de mulheres e homens excluídos são dois setores intimamente unidos entre si, que as relações políticas e econômicas preponderantes transformaram em partes frágeis da realidade. Por isso, é necessário afirmar vigorosamente os seus direitos, consolidando a proteção do meio ambiente e pondo fim à exclusão.
Antes de mais nada, é preciso afirmar a existência dum verdadeiro «direito do ambiente», por duas razões. Em primeiro lugar, porque como seres humanos fazemos parte do ambiente. Vivemos em comunhão com ele, porque o próprio ambiente comporta limites éticos que a ação humana deve reconhecer e respeitar. O homem, apesar de dotado de «capacidades originais [que] manifestam uma singularidade que transcende o âmbito físico e biológico» (Enc. Laudato si’, 81), não deixa ao mesmo tempo de ser uma porção deste ambiente. Possui um corpo formado por elementos físicos, químicos e biológicos, e só pode sobreviver e desenvolver-se se o ambiente ecológico lhe for favorável. Por conseguinte, qualquer dano ao meio ambiente é um dano à humanidade. Em segundo lugar, porque cada uma das criaturas, especialmente seres vivos, possui em si mesma um valor de existência, de vida, de beleza e de interdependência com outras criaturas. Nós cristãos, juntamente com as outras religiões monoteístas, acreditamos que o universo provém duma decisão de amor do Criador, que permite ao homem servir-se respeitosamente da criação para o bem dos seus semelhantes e para a glória do Criador, mas sem abusar dela e muito menos sentir-se autorizado a destruí-la. E, para todas as crenças religiosas, o ambiente é um bem fundamental (cf. ibid., 81).
O abuso e a destruição do meio ambiente aparecem associados, simultaneamente, com um processo ininterrupto de exclusão. Na verdade, uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis como a excluir os fracos e os menos hábeis, seja pelo fato de terem habilidades diferentes (deficientes), seja porque lhes faltam conhecimentos e instrumentos técnicos adequados ou possuem uma capacidade insuficiente de decisão política. A exclusão econômica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente. Os mais pobres são aqueles que mais sofrem esses ataques por um triplo e grave motivo: são descartados pela sociedade, ao mesmo tempo são obrigados a viver de desperdícios, e devem sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente. Estes fenômenos constituem, hoje, a «cultura do descarte» tão difundida e inconscientemente consolidada.
O caráter dramático de toda esta situação de exclusão e desigualdade, com as suas consequências claras, leva-me, juntamente com todo o povo cristão e muitos outros, a tomar consciência também da minha grave responsabilidade a este respeito, pelo que levanto a minha voz, em conjunto com a de todos aqueles que aspiram por soluções urgentes e eficazes. A adoção da «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», durante a Cimeira Mundial que hoje mesmo começa, é um sinal importante de esperança. Estou confiado também que a Conferência de Paris sobre as alterações climáticas alcance acordos fundamentais e efetivos.
Todavia não são suficientes os compromissos solenemente assumidos, mesmo se constituem um passo necessário para a solução dos problemas. A definição clássica de justiça, a que antes me referi, contém como elemento essencial uma vontade constante e perpétua: Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi. O mundo pede vivamente a todos os governantes uma vontade efetiva, prática, constante, feita de passos concretos e medidas imediatas, para preservar e melhorar o ambiente natural e superar o mais rapidamente possível o fenômeno da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada. Tal é a magnitude destas situações e o número de vidas inocentes envolvidas que devemos evitar qualquer tentação de cair num nominalismo declamatório com efeito tranquilizador sobre as consciências. Devemos ter cuidado com as nossas instituições para que sejam realmente eficazes na luta contra estes flagelos.
A multiplicidade e complexidade dos problemas exigem servir-se de instrumentos técnicos de medição. Isto, porém, esconde um duplo perigo: limitar-se ao exercício burocrático de redigir longas enumerações de bons propósitos – metas, objetivos e indicadores estatísticos –, ou julgar que uma solução teórica única e apriorística dará resposta a todos os desafios. É preciso não perder de vista, em momento algum, que a ação política e econômica só é eficaz quando é concebida como uma atividade prudencial, guiada por um conceito perene de justiça e que tem sempre presente que, antes e para além de planos e programas, existem mulheres e homens concretos, iguais aos governantes, que vivem, lutam e sofrem e que muitas vezes se vêem obrigados a viver miseravelmente, privados de qualquer direito.
Para que estes homens e mulheres concretos possam subtrair-se à pobreza extrema, é preciso permitir-lhes que sejam atores dignos do seu próprio destino. O desenvolvimento humano integral e o pleno exercício da dignidade humana não podem ser impostos; devem ser construídos e realizados por cada um, por cada família, em comunhão com os outros seres humanos e num relacionamento correto com todos os ambientes onde se desenvolve a sociabilidade humana – amigos, comunidades, aldeias e vilas, escolas, empresas e sindicatos, províncias, países, etc. Isto supõe e exige o direito à educação – mesmo para as meninas (excluídas em alguns lugares) –, que é assegurado antes de mais nada respeitando e reforçando o direito primário das famílias a educar e o direito das Igrejas e de agregações sociais a apoiar e colaborar com as famílias na educação das suas filhas e dos seus filhos. A educação, assim entendida, é a base para a realização da Agenda 2030 e para a recuperação do ambiente.
Ao mesmo tempo, os governantes devem fazer o máximo possível por que todos possam dispor da base mínima material e espiritual para tornar efetiva a sua dignidade e para formar e manter uma família, que é a célula primária de qualquer desenvolvimento social. A nível material, este mínimo absoluto tem três nomes: casa, trabalho e terra. E, a nível espiritual, um nome: liberdade do espírito, que inclui a liberdade religiosa, o direito à educação e os outros direitos civis.
Por todas estas razões, a medida e o indicador mais simples e adequado do cumprimento da nova Agenda para o desenvolvimento será o acesso efetivo, prático e imediato, para todos, aos bens materiais e espirituais indispensáveis: habitação própria, trabalho digno e devidamente remunerado, alimentação adequada e água potável; liberdade religiosa e, mais em geral, liberdade do espírito e educação. Ao mesmo tempo, estes pilares do desenvolvimento humano integral têm um fundamento comum, que é o direito à vida, e, em sentido ainda mais amplo, aquilo a que poderemos chamar o direito à existência da própria natureza humana.
A crise ecológica, juntamente com a destruição de grande parte da biodiversidade, pode pôr em perigo a própria existência da espécie humana. As nefastas consequências duma irresponsável má gestão da economia mundial, guiada unicamente pela ambição de lucro e poder, devem constituir um apelo a esta severa reflexão sobre o homem: «O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza» (BENTO XVI, Discurso ao Parlamento da República Federal da Alemanha, 22 de Setembro de 2011; citado na Enc. Laudato si’, 6). A criação vê-se prejudicada «onde nós mesmos somos a última instância (…). E o desperdício da criação começa onde já não reconhecemos qualquer instância acima de nós, mas vemo-nos unicamente a nós mesmos» (BENTO XVI, Discurso ao clero da Diocese de Bolzano-Bressanone, 6 de Agosto de 2008; citado na Enc. Laudato si’, 6). Por isso, a defesa do ambiente e a luta contra a exclusão exigem o reconhecimento duma lei moral inscrita na própria natureza humana, que inclui a distinção natural entre homem e mulher (cf. Enc. Laudato si’, 155) e o respeito absoluto da vida em todas as suas fases e dimensões (cf. ibid., 123; 136).
Sem o reconhecimento de alguns limites éticos naturais inultrapassáveis e sem a imediata atuação dos referidos pilares do desenvolvimento humano integral, o ideal de «preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra» (Carta das Nações Unidas, Preâmbulo) e «promover o progresso social e um padrão mais elevado de viver em maior liberdade» (ibid.) corre o risco de se tornar uma miragem inatingível ou, pior ainda, palavras vazias que servem como desculpa para qualquer abuso e corrupção ou para promover uma colonização ideológica através da imposição de modelos e estilos de vida anormais, alheios à identidade dos povos e, em última análise, irresponsáveis.
A guerra é a negação de todos os direitos e uma agressão dramática ao meio ambiente. Se se quiser um desenvolvimento humano integral autêntico para todos, é preciso continuar incansavelmente no esforço de evitar a guerra entre as nações e entre os povos.
Para isso, é preciso garantir o domínio incontrastado do direito e o recurso incansável às negociações, aos mediadores e à arbitragem, como é proposto pela Carta das Nações Unidas, verdadeira norma jurídica fundamental. A experiência destes setenta anos de existência das Nações Unidas, em geral, e, de modo particular, a experiência dos primeiros quinze anos do terceiro milênio mostram tanto a eficácia da plena aplicação das normas internacionais como a ineficácia da sua inobservância. Se se respeita e aplica a Carta das Nações Unidas, com transparência e sinceridade, sem segundos fins, como um ponto de referência obrigatório de justiça e não como um instrumento para mascarar intenções ambíguas, obtém-se resultados de paz. Quando, pelo contrário, se confunde a norma com um simples instrumento que se usa quando resulta favorável e se contorna quando não o é, abre-se uma verdadeira caixa de Pandora com forças incontroláveis, que prejudicam seriamente as populações inermes, o ambiente cultural e também o ambiente biológico.
O Preâmbulo e o primeiro artigo da Carta das Nações Unidas indicam as bases da construção jurídica internacional: a paz, a solução pacífica das controvérsias e o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. Contrasta fortemente com estas afirmações – e nega-as na prática – a tendência sempre presente para a proliferação das armas, especialmente as de destruição em massa, como o podem ser as armas nucleares. Uma ética e um direito baseados sobre a ameaça da destruição recíproca – e, potencialmente, de toda a humanidade – são contraditórios e constituem um dolo em toda a construção das Nações Unidas, que se tornariam «Nações Unidas pelo medo e a desconfiança». É preciso trabalhar por um mundo sem armas nucleares, aplicando plenamente, na letra e no espírito, o Tratado de Não-Proliferação para se chegar a uma proibição total destes instrumentos.
O recente acordo sobre a questão nuclear, numa região sensível da Ásia e do Médio Oriente, é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito, cultivados com sinceridade, paciência e constância. Faço votos de que este acordo seja duradouro e eficaz e, com a colaboração de todas as partes envolvidas, produza os frutos esperados.
Nesta linha, não faltam provas graves das consequências negativas de intervenções políticas e militares não coordenadas entre os membros da comunidade internacional. Por isso, embora desejasse não ter necessidade de o fazer, não posso deixar de reiterar os meus apelos que venho repetidamente fazendo em relação à dolorosa situação de todo o Médio Oriente, do Norte de África e de outros países africanos, onde os cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e também com aquela parte dos membros da religião maioritária que não quer deixar-se envolver pelo ódio e a loucura, foram obrigados a ser testemunhas da destruição dos seus lugares de culto, do seu patrimônio cultural e religioso, das suas casas e haveres, e foram postos perante a alternativa de escapar ou pagar a adesão ao bem e à paz com a sua própria vida ou com a escravidão.
Estas realidades devem constituir um sério apelo a um exame de consciência por parte daqueles que têm a responsabilidade pela condução dos assuntos internacionais. Não só nos casos de perseguição religiosa ou cultural, mas em toda a situação de conflito, como na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e na região dos Grandes Lagos, antes dos interesses de parte, mesmo legítimos, existem rostos concretos. Nas guerras e conflitos, existem pessoas, nossos irmãos e irmãs, homens e mulheres, jovens e idosos, meninos e meninas que choram, sofrem e morrem. Seres humanos que se tornam material de descarte, enquanto nada mais se faz senão enumerar problemas, estratégias e discussões.
Como pedi ao Secretário-Geral das Nações Unidas, na minha carta de 9 de Agosto de 2014, «a mais elementar compreensão da dignidade humana obriga a comunidade internacional, em particular através das regras e dos mecanismos do direito internacional, a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir e prevenir ulteriores violências sistemáticas contra as minorias étnicas e religiosas» e para proteger as populações inocentes.
Nesta mesma linha, quero citar outro tipo de conflitualidade, nem sempre assim explicitada, mas que inclui silenciosamente a morte de milhões de pessoas. Muitas das nossas sociedades vivem um tipo diferente de guerra com o fenómeno do narcotráfico. Uma guerra «suportada» e pobremente combatida. O narcotráfico, por sua própria natureza, é acompanhado pelo tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas, exploração infantil e outras formas de corrupção. Corrupção, que penetrou nos diferentes níveis da vida social, política, militar, artística e religiosa, gerando, em muitos casos, uma estrutura paralela que põe em perigo a credibilidade das nossas instituições.
Comecei a minha intervenção recordando as visitas dos meus antecessores. Agora quereria, em particular, que as minhas palavras fossem como que uma continuação das palavras finais do discurso de Paulo VI, pronunciadas quase há cinquenta anos, mas de valor perene. «Eis chegada a hora em que se impõe uma pausa, um momento de recolhimento, de reflexão, quase de oração: pensar de novo na nossa comum origem, na nossa história, no nosso destino comum. Nunca, como hoje, (…) foi tão necessário o apelo à consciência moral do homem. Porque o perigo não vem nem do progresso nem da ciência, que, bem utilizados, poderão, pelo contrário, resolver um grande número dos graves problemas que assaltam a humanidade» (Discurso aos Representantes dos Estados, 4 de Outubro de 1965, n. 7). Sem dúvida que a genialidade humana, bem aplicada, ajudará a resolver, entre outras coisas, os graves desafios da degradação ecológica e da exclusão. E continuo com as palavras de Paulo VI: «O verdadeiro perigo está no homem, que dispõe de instrumentos sempre cada vez mais poderosos, aptos tanto para a ruína como para as mais elevadas conquistas» (ibid.).
A casa comum de todos os homens deve continuar a erguer-se sobre uma reta compreensão da fraternidade universal e sobre o respeito pela sacralidade de cada vida humana, de cada homem e de cada mulher; dos pobres, dos idosos, das crianças, dos doentes, dos nascituros, dos desempregados, dos abandonados, daqueles que são vistos como descartáveis porque considerados meramente como números desta ou daquela estatística. A casa comum de todos os homens deve edificar-se também sobre a compreensão duma certa sacralidade da natureza criada.
Tal compreensão e respeito exigem um grau superior de sabedoria, que aceite a transcendência, renuncie à construção duma elite onipotente e entenda que o sentido pleno da vida individual e coletiva está no serviço desinteressado aos outros e no uso prudente e respeitoso da criação para o bem comum. Repetindo palavras de Paulo VI, «o edifício da civilização moderna deve construir-se sobre princípios espirituais, os únicos capazes não apenas de o sustentar, mas também de o iluminar e de o animar» (ibid.).
O Gaúcho Martín Fierro, um clássico da literatura da minha terra natal, canta: «Os irmãos estejam unidos, porque esta é a primeira lei. Tenham união verdadeira em qualquer tempo que seja, porque se litigam entre si, devorá-los-ão os de fora».
O mundo contemporâneo, aparentemente interligado, experimenta uma crescente, consistente e contínua fragmentação social que põe em perigo «todo o fundamento da vida social» e assim «acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses» (Enc. Laudato si’, 229).
O tempo presente convida-nos a privilegiar ações que possam gerar novos dinamismos na sociedade e frutifiquem em acontecimentos históricos importantes e positivos (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 223).
Não podemos permitir-nos o adiamento de «algumas agendas» para o futuro. O futuro exige-nos decisões críticas e globais face aos conflitos mundiais que aumentam o número dos excluídos e necessitados.
A louvável construção jurídica internacional da Organização das Nações Unidas e de todas as suas realizações – melhorável como qualquer outra obra humana e, ao mesmo tempo, necessária – pode ser penhor dum futuro seguro e feliz para as gerações futuras. Sê-lo-á se os representantes dos Estados souberem pôr de lado interesses setoriais e ideologias e procurarem sinceramente o serviço do bem comum. Peço a Deus onipotente que assim seja, assegurando-vos o meu apoio, a minha oração, bem como o apoio e as orações de todos os fiéis da Igreja Católica, para que esta Instituição, com todos os seus Estados-Membros e cada um dos seus funcionários, preste sempre um serviço eficaz à humanidade, um serviço respeitoso da diversidade e que saiba potenciar, para o bem comum, o melhor de cada nação e de cada cidadão.
A bênção do Altíssimo, a paz e a prosperidade para todos vós e para todos os vossos povos. Obrigado!
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Recado do Papa Francisco


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Papa recebe viúva de Paulo Freire e diz que leu “Pedagogia do Oprimido”


Ana Maria Araújo foi recebida por Francisco em uma audiência privada; no encontro, ela entregou uma carta na qual elogia o papado e pede ajuda para que sejam abertos os arquivos do Vaticano, na tentativa de compreender qual a influência das ideias de Freire nos pontificados
Por Redação
A viúva do educador Paulo Freire (1921-1997), Ana Maria Araújo Freire, foi recebida pelo papa Francisco em uma audiência privada no Vaticano. O encontro teria durado cerca de 40 minutos. Segundo o relato de Nita, como é conhecida, Francisco afirmou já ter lido “Pedagogia do Oprimido”, a obra mais famosa de seu marido.
Na audiência, que teria ocorrido no último mês, ela entregou uma carta na qual elogia o papado e pede ajuda para que Francisco interceda junto a sacerdotes (“sobretudo dominicanos, salesianos e jesuítas”) para que cedam cartas que receberam de Paulo Freire sobre a Teologia da Libertação – corrente de origem latino-americana que defende uma igreja voltada aos mais pobres.
Ela também pediu que, se possível, fossem abertos os arquivos do Vaticano para que soubessem qual a influência das ideias de Freire nos pontificados, a partir da publicação de Pedagogia do Oprimido, em 1970. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (25).
Legado para a educação
Nascido em 1922 na cidade de Recife (PE), Paulo Freire se tornou o mais célebre educador brasileiro, tendo sido nomeado Doutor Honoris Causa de 28 universidades pelo mundo, como Harvard, Cambridge e Oxford, com obras traduzidas em mais de 20 idiomas.
Conhecido pelo método de alfabetização de adultos que leva o seu nome, Freire criticava os meios de ensino oferecidos pela maioria das escolas (chamados de “educação bancária”), em que a educação é vista como algo alienante, que não busca desenvolver o espírito crítico dos alunos. Assim, passou a defender a necessidade de empoderamento dessas pessoas, por acreditar no conhecimento como forma de libertação das opressões sociais.
Segundo ele, o ensino deveria habilitar o estudante a “ler o mundo”, na famosa expressão do educador, para que possa transformar a realidade em que vive e lutar contra as injustiças a que muitos são submetidos. Desde 2012, Freire é considerado o Patrono da Educação Brasileira. Fonte:revistaforum
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Congresso da Juventude da Assembleia de Deus em Bom Jardim-PE

Festa dos 20 Anos da Juventude da Assembleia de Deus.
Jovens vivendo para agradar a Deus

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 16 de agosto de 2015

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Cultura de Paz em Bom Jardim

Noélia Andrade e Cantores de Deus
Fotos: Chico Pezão/Portal BomJardim/Bom Jardim Noticia.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de julho de 2015

Cantores de Deus em Bom Jardim


Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Cantores de Deus na Festa de Nossa Senhora Sant'Ana em Bom Jardim


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Bonjardinenses celebram Nossa Senhora do Carmo

 Procissão e missa reúne devotos de Nossa Senhora do Carmo em Bom Jardim, nesta quinta-feira (16). 
Fotos: Lúcio Mário Cabral.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 7 de julho de 2015

VI Férias com Cristo em Bom Jardim


Fotos: Júnior Silva.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Cantores de Deus em Bom Jardim


Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Celebração ao glorioso São João em Bom Jardim-PE.

Teve início às 19h00, na Capela de São João Batista (Vila Noelândia),  a celebração do segundo dia do tríduo festivo em honra ao glorioso São João Batista, com os membros do Movimento Mãe Rainha e do Apostolado da Oração.  Participem!
Fonte: Paróquia de Sant'Ana. Bom Jardim- PE.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 20 de junho de 2015

“Não me enche o saco. Você é um idiota, pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia, diz Ricardo Boechat para Silas Malafaia.

“Ô, Malafaia, vai procurar uma rola”
Em seu programa na rádio BandNews FM, o jornalistaRicardo Boechat respondeu [ouça abaixo], na manhã desta sexta-feira (19), a provocações feitas pelo pastor Silas Malafaia no Twitter. “Ô, Malafaia, vai procurar uma rola”, disse, durante a transmissão.
Mais cedo, Malafaia havia desafiado Boechat por meio da rede social a um “debate” para que ele “parasse de falar asneira”, chamando-o ainda de “falastrão”. Segundo o religioso, o jornalista teria dito, nesta semana, que pastores evangélicos “incitam fieis a praticar a intolerância”, em meio a comentário sobre o caso da menina de 11 anos apedrejada no Rio de Janeiro por vestir trajes do Candomblé.
Avisa ao jornalista Boechat , que está falando asneira, dizendo que pastores incitam os fiéis a praticarem a intolerância.Verdadeiro idiota.
Fonte:pragmatismopolitico.com.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Chico faz palestra religiosa em Vertentes do Lério

O líder espiritual Francisco Barbosa, realizou importante palestra religiosa para dezenas de pessoas na cidade de Vertentes do Lério, nesta quinta-feira, 18 de junho 2015.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Padre Elias Roque comemora idade nova

Parabéns!

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Festa de aniversário dos trinta e poucos anos de Dona Maria de Seu Biu do Posto em Bom Jardim

A festa foi muito boa, teve bolo,  guaraná, amigos, família, padre,parabéns, e etc..
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Romeiros de Bom Jardim em Juazeiro - CE

Visitando o Padre Cícero. 
Foto:Padre Elias Roque e devotos.
Quem foi Padre Cícero.

Padre Cícero Romão Batista foi um importante líder religioso brasileiro. Nasceu em 1844 no estado do Ceará. 


No ano de 1889, Padre Cícero ganhou notoriedade no Nordeste, pois um fato ganhou repercussão nacional. Conta-se que, durante uma missa na igreja de Juazeiro (Ceará), a hóstia consagrada por ele transformou-se em sangue na boca de uma mulher.


A população local passou a considerar o padre como um milagreiro. A Igreja Católica, não concordando com os acontecimentos, considerou-o como místico e o proibiu de exercer o sacerdócio. Viajou para Roma onde conseguiu a absolvição do Papa João XIII. Porém, continuou proibido de celebrar os rituais do catolicismo.

Entrou para a política e foi prefeito da cidade de Juazeiro por 15 anos. Morreu no ano de 1934, tornando-se uma das principais figuras religiosas da história do país. Até hoje, o túmulo de Padre Cícero é um dos pontos de peregrinação mais importantes do Brasil. 

Padre Cícero é considerado um santo (não reconhecido pela Igreja Católica Romana) por muitas pessoas religiosas, principalmente do Nordeste.
Com informação de Matriz de Sant'Ana/Sua Pesquisa.Com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sexta-feira Santa em Umari com Caminheiros da Paixão




Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fiéis relembram os últimos passos de Jesus, em preparação para a Páscoa do Senhor

Celebração da Ceia do Senhor marca Quinta-feira Santa em Bom Jardim





No dia em que a Igreja celebra a instituição dos sacramentos da ordem e da Eucaristia, abrindo o Tríduo Pascal, a comunidade bonjardinense celebrou nesta quinta-feira (2), na Igreja Matriz de Sant’Ana, a Missa de Lava-pés, relembrando os últimos passos de Jesus Cristo antes da Sua paixão e morte.


Segundo Pe. Elias Roque (Pároco), presidente da celebração, é necessário vigiar constantemente para não sermos pegos de surpresa pelas inconstâncias que atentam contra nossa fé.

“Saibamos caminhar perseverantes e atentos ao chamado de Deus, para vivenciarmos uma Páscoa mais qualitativa espiritualmente, longe das superficialidades que o mundo costuma nos impor. Que, nesta Páscoa, renove em nosso coração o desejo de buscar verdadeiramente a Jesus Cristo”, frisou o Pároco.

A programação do Tríduo Pascal segue nesta sexta-feira (3), com Via-Sacra e Caminhada da Paixão às 04h00, Celebração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo às 15h00 e Procissão com as Imagens de Nosso Senhor “Morto” e Nossa Senhora da Soledade às 16h00.
Bruno Araújo. De Pastoral da Comunicação da Paróquia de Sant’Ana.
Professor Edgar Bom Jardim - PE