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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Bitcoin: Como a moeda virtual se tornou um dos investimentos mais rentáveis de 2017



Moeda com logo de bitcoinDireito de imagemAFP
Image captionEm apenas 12 meses, o valor de uma única bitcoin cresceu 1.215%

Os avisos de analistas têm sido constantes nos últimos meses: a bolha da bitcoin pode estourar. Isso porque o preço da moeda virtual cresceu tanto nos últimos 12 meses que o valor de uma única bitcoin chegou a cerca de U$ 10 mil nesta terça-feira - por volta de R$ 32 mil.
Um ano atrás, uma moeda virtual custava U$ 753 (R$ 2.400, em valores de hoje). Isso significa que o valor cresceu 1.215% em apenas 12 meses - a tendência de alta parece que vai continuar.
Mas como foi possível um crescimento tão grande para uma moeda que não existe fisicamente e que muitos dizem que vai levar seus investidores à ruína?
Para os analistas, a resposta a essa pergunta está nos investidores que aplicaram em bitcoins nos últimos meses.
A empresa de pesquisas Autonomous Next aponta os chamados "fundos hedge", que compram ações para logo depois revendê-las e realizar lucro de curto prazo, como grandes compradores desse tipo de moeda. O número de transações desses fundos com bitcoins cresceu de 30 para 130 neste ano, segundo a Autonomous Next.
Isso tem feito com que o valor da moeda tenha crescido como nenhum outro produto no mercado de ações neste ano, superando a rentabilidade de grandes empresas, como Disney, IBM e McDonald's.
A chegada desses fundos também gerou uma "avalanche de compradores" em todo o mundo, como explica o analista Nathaniel Popper, autor do livro "O ouro digital: bitcoin e a história nunca contada de desajustados e milionários que estão tentando reinventar o dinheiro" (sem tradução, no Brasil).

Dólares e moedas com símbolo da bitcoinDireito de imagemREUTERS
Image captionAnalistas estimam que o valor de mercado da bitcoin chega a U$ 160 bilhões (cerca de R$ 514 bilhões)

"Eles acreditam ter encontrado um novo tipo de investimento que finalmente poderia competir com o ouro como uma maneira de guardar dinheiro fora do controle de empresas e governos", escreveu Popper em um artigo no jornal americano The New York Times.
Estimativas de alguns analistas, como Charlie Bilello, da Pension Partners, indicam que o mercado de bitcoin tem um capital de U$ 160 bilhões (cerca de R$ 514 bilhões) - valor maior que da empresa General Electric, por exemplo.
Um investimento de U$ 10 mil (R$ 32 mil) em bitcoins sete anos atrás teria um retorno hoje de U$ 1,1 milhão (R$ 3,2 milhões).

O que é bitcoin?
Muitas vezes descrita como uma "criptomoeda", a bitcoin é uma moeda que existe apenas de maneira virtual - uma espécie de versão online do dinheiro.
Como funciona?
Cada bitcoin é um arquivo de computador que é armazenado em uma "carteira digital" de smartphones ou de computador. Cada transação é registrada em uma lista pública chamada "blockchain" - por isso não é possível gastar uma moeda que não é sua.
Como se consegue?
Há três maneiras de conseguir bitcoins: comprar com dinheiro "real"; vender produtos ou serviços em bitcoins; comprar as moedas de novas empresas que já possuem dinheiro digital.
Como se valorizam?
As bitcoins são valiosas porque há pessoas dispostas a trocá-las por bens e serviços reais, inclusive dinheiro físico.

Três pontos a favor

Criadas em 2009 por uma pessoa ou um grupo de indivíduos com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto (ainda não se sabe a identidade real), as bitcoins são as moedas digitais mais conhecidas do mundo.
Há pelo menos mais 700 criptomoedas circulando na internet e cada vez mais companhias estão gerando suas próprias moedas no mercado digital.

Um homem em frente ao logo da bitcoinDireito de imagemREUTERS
Image captionO valor da bitcoin aumentou 46% em novembro de 2017

Boa parte dos entusiastas que compram as moedas é atraída por mercados de investimentos alternativos e pelo fato dpo Bitcoin não ser regulado por governos, pelos bancos ou por fundos de investidores.
Mas o pico deste ano se explica por três momentos, segundo analistas.
O primeiro foi a chegada de investidores asiáticos, principalmente do Japão e da Coreia do Sul. A empresa japonesa bitFlyer transformou-se na maior comerciante de bitcoins do mundo, diz Popper.
Outro fator foi o crescimento dos "fundos hedge" criados especialmente com a finalidade de investir em moedas digitais - também há outros fundos antigos que estão se juntando a esse mercado.

Gráfico de evolução

O terceiro ponto foi o anúncio do Chicago Mercantile Exchange (CME), um dos maiores mercados de investimentos em taxa de juros, ações e moedas, de que faria lançamentos de futuros bitcoins.
Os contratos de futuros são um acordo para comprar mais tarde um bem por preço fixado no momento atual. O investidor acredita que, no momento de quitar seu contrato, os valoresdos bens estarão mais altos do que aqueles que ele aceitou pagar na hora de estabelecer o contrato.
"O contrato vai facilitar que instituições financeiras se conectem ao mercado de bitcoins", diz Popper.
O anúncio da CME criou um dos maiores crescimentos do ano - em novembro, a unidade passou de U$ 6.750 para U$ 9,907 (de R$ 21,6 mil para R$ 31,9 mil).

Como o mercado pode ruir?

Um dos princípios das criptomoedas é sua universalidade: é possível lidar com elas em qualquer lugar do mundo bastando apenas uma conexão com a internet e acesso à alguma empresa que negocie produtos ou serviços.
Depois, a moeda entra na carteira digital que são guardadas na base de dados dos fundos hedge. Esses fundos, no entanto, só são acessíveis a pessoas com grandes recursos e que tenham permissão de entrada dada pelos fundadores.

Funcionário da Goldman SachsDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGrandes empresas começaram a investir no mercado de bitcoins

Ante o frenesi, o negociante de bitcoins Kevin Zhou afirma que os preços das moedas podem cair das nuvens para o chão em apenas um clique.
Isso poderia ocorrer caso um fundo de cobertura decidisse retirar seu dinheiro. "Esse fator poderia criar uma fuga de um grande investidor ou uma onda de retiradas", disse Zhou ao The New York Times.
Entre os céticos em relação às bitcoins há grandes nomes do mundo de investimentos, como Jamie Dimon, da JPMongan Chase Warren, que afirma que o mercado de moeda digital é fraudulento e se baseia em um esquema de pirâmide.
Há quem diga que, por ser um mercado sem nenhuma regulação, quando houver problemas, os investidores não terão a quem recorrer.
De certa forma, foi isso o que ocorreu em 2014, quando o avanço do mercado foi interrompido porque o maior comerciante da época, a agência japonesa Mt. Gox, anunciou ter sofrido um roubo milionário em moedas digitais. Os correntistas acabaram acumulando prejuízos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Na Finlândia, alunos agora ensinam tecnologia para professores e idosos


Professor (ao centro) recebe ensinamentos de um garoto (esq.) e uma menina (dir.) em um tablet
Image caption'É maravilhoso ter crianças de até dez anos de idade dando aulas de tecnologia aos nossos professores, e os resultados têm sido surpreendentes', diz o diretor de uma escola | Foto: Divulgação
No pouco ortodoxo modelo de ensino que levou a Finlândia ao topo dos rankings globais de educação, uma inovadora inversão de papéis começa a tomar corpo: alunos estão dando aulas aos professores, para ensinar os mestres a otimizar o uso de tecnologias de informação e comunicação nas escolas.
"Crianças e adolescentes aprendem a lidar com novas tecnologias e aplicativos de maneira muito mais rápida do que nós, adultos. E eles não têm medo de tentar coisas novas", disse à BBC Brasil Pasi Majasaari, diretor da escola Hämeenkylä, na cidade de Vantaa, próxima à capital Helsinki.
"É maravilhoso ter crianças de até dez anos de idade dando aulas de tecnologia aos nossos professores, e os resultados têm sido surpreendentes. Tanto para os estudantes como para os mestres", destacou.
O projeto OppilasAgentti ("Agentes Escolares", em tradução livre) está sendo conduzido em cerca de cem escolas finlandesas, e a ideia é levar a nova experiência a um número cada vez maior do universo de 3.450 instituições de ensino do país.
Trata-se de um modelo para desenvolver as competências tecnológicas não apenas dos professores, mas de toda a comunidade escolar - e também do seu entorno: os alunos da escola Hämeenkylä, por exemplo, também estão dando aulas aos idosos de um asilo local sobre como usar redes sociais, iPads e outros dispositivos.
"Acreditamos que é importante ensinar nossas crianças a descobrir seus potenciais e a desenvolver seus valores, e mostrar a elas o impacto positivo que cada indivíduo pode exercer na sociedade", observa Pasi Majasaari.
"É preciso compreender a realidade à sua volta, e por isso nossos alunos também cooperam com a igreja local em programas assistenciais para a alimentação dos mais pobres e menos favorecidos em nossa sociedade", acrescenta o diretor.
A escola tradicional, dizem os finlandeses, já não funciona mais.
"O modelo de educação da era industrial treinava crianças para ficarem sentadas, quietas e em silêncio, e executar tarefas repetitivas. As crianças de hoje não querem e não precisam mais ficar sentadas. Elas precisam exercitar sua criatividade, exercer um papel ativo e serem ensinadas a pensar por conta própria", diz Majasaari.
Sala de aula com professores sentados nas carteiras e estudantes em volta deles, dando aulas
Image captionInversão de papéis: professores sentados nas carteiras e alunos em volta dando aulas | Foto: Divulgação

Constante evolução

A ideia de envolver os alunos na capacitação tecnológica dos mestres nasceu a partir de relatos de muitos professores, que diziam ter dificuldades em se manter atualizados com a constante evolução da era digital.
"Muitas inovações tecnológicas são compradas regularmente para equipar as escolas, como por exemplo novos aplicativos ou as imensas tevês inteligentes de tela plana que temos em nossos corredores. Mas vários professores ou não sabiam como usá-los em todo o seu potencial, ou não tinham tempo suficiente para se dedicar a essa tarefa", diz o diretor da escola Hämeenkylä.
Os alunos do projeto StudentAgents têm entre dez e 16 anos de idade. Pelo sistema, os estudantes interessados em participar se apresentam como voluntários, e relatam suas competências e habilidades em determinadas áreas. As escolas também oferecem treinamento aos alunos, em aulas ministradas por especialistas de diferentes empresas finlandesas que revendem soluções tecnológicas para o sistema de ensino do país.
A partir daí, os estudantes produzem um mapeamento das necessidades digitais da escola, sob a orientação de um professor. Eles fazem então um planejamento das atividades necessárias, e passam a atuar em três frentes.
Na sala dos professores, os alunos dão aulas ocasionais sobre como usar diferentes dispositivos e aplicativos. Professores também podem contatar os estudantes para pedir assistência individual, a fim de solucionar pequenos problemas. E os alunos-mestres também atuam como professores assistentes nas salas de aula, para prestar ajuda tanto aos professores quanto a outros colegas de classe quando determinada lição envolve o uso de tecnologia.
"Os alunos estão ajudando a implementar uma série de novas soluções digitais nas escolas, como a prestação de apoio técnico na introdução de sistemas", diz à BBC Brasil Risto Korhonen, da Ilona IT, uma das empresas finlandesas que vêm realizando treinamentos para os alunos do projeto StudentAgents.
As aulas de codificação são particularmente relevantes, ele diz:
"Grande parte dos professores possui um conhecimento limitado nessa área, e por isso os alunos desempenham um importante papel ao ensiná-los a lidar com dispositivos de codificação."
Os estudantes do projeto também realizam webinários (seminários transmitidos via internet) para ensinar colegas de outras escolas, além de treinar crianças menores em técnicas de edição e animação de vídeos.
"Nossos alunos estão ainda dando suporte técnico a uma série de atividades na escola. Por exemplo, eles desenvolvem os efeitos especiais e todo o sistema técnico para os concertos de música que realizamos", diz Pasi Majasaari.
Dois adolescentes ensinam um senhor de idade a jogar um jogo virtual, projetado na parede
Image captionAdolescentes também ensinam jogos virtuais para idosos | Foto: Divulgação

Alunos felizes e orgulhosos

Os resultados positivos da experiência foram apresentados recentemente durante o evento que a Finlândia classificou como a maior reunião de pais e professores do mundo - uma conferência realizada simultaneamente, nas escolas de todo o país, para debater a agenda de reformas necessárias a fim de preservar o nível de excelência do ensino público finlandês nos próximos anos.
"Os alunos estão felizes, e orgulhosos de si mesmos. Alguns deles, que não eram bons alunos em determinadas matérias, adquiriram uma nova autoconfiança. Uma de nossas crianças apresentava problemas de concentração, mas floresceu de forma surpreendente quando demos a ela esta oportunidade de participar de maneira ativa e positiva na escola", conta Majasaari.
Os professores também têm aprovado os efeitos da inovação. É uma lógica natural, aponta o diretor da escola:
"Quando ajudamos as crianças a identificar seus talentos e suas forças, elas se comportam melhor, aprendem melhor e obtêm melhores resultados nas escolas."
Inverter o papel tradicional dos alunos nas escolas é mais um pensamento fora da caixa do celebrado sistema finlandês, que conquistou resultados invejáveis nos rankings mundiais de educação com um receituário que inclui menos horas de aulas, poucas lições de casa, férias mais longas e uma baixa frequência de provas.
Um dos principais pontos do novo currículo escolar, adotado em agosto do ano passado, é fazer com que as crianças se transformem em aprendizes ativos.
"É um novo conceito de aprendizado", diz o diretor Pasi Majasaari.
"Nossos alunos do ensino médio já não usam mais livros escolares. Nas aulas de História, por exemplo, os estudantes aprendem a trabalhar com chromebooks (computadores pessoais) que permitem a eles coletar informações, analisar dados e escrever seus próprios livros eletrônicos. Assim, eles aprendem ao mesmo tempo história e tecnologia", ressalta.
"Nossa missão é encontrar novas formas de aprimorar a escola e dar aos alunos a possibilidade de descobrir seus talentos, desenvolver sua autoestima e aprender coisas que serão importantes para suas vidas no futuro."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de novembro de 2017

Leilão de escravos na Líbia causa indignação em toda a África

Manifestação em Paris contra a escravidão na Líbia
Manifestação em Paris contra a escravidão na Líbia  AFP
Jovens africanos na rota migratória para a Europa, vendidos em leilões como escravos, surrados, sequestrados em troca de resgate. Isso há anos acontece na Líbia. Organizações sociais e as próprias vítimas já denunciaram várias vezes, com pouca repercussão. Entretanto, um vídeo contando como funciona esse mercado de seres humanos, divulgado há uma semana pela rede CNN, gerou uma onda de indignação na África.
Os presidentes da África ocidental, a região de origem da maior parte dos migrantes, reagiram com firmeza. O primeiro foi Mahamadou Issoufou (Níger), que solicitou uma investigação ao Tribunal Penal Internacional e convocou seu embaixador na Líbia para consultas. Idêntica decisão tomou Roch Kaboré (Burkina Faso), junto com um apelo às autoridades líbias para que atuem. O Governo senegalês exigiu uma investigação pelo que o presidente malinês, Ibrahim Boubacar Keita, denominou de “barbárie que interpela a consciência de toda a humanidade”. Todos solicitaram à União Europeia, à União Africana e às Nações Unidas que intervenham de uma vez.
Até o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declara-se “horrorizado” e não descarta a possibilidade de processar os responsáveis por crimes contra a humanidade. “A escravidão não tem lugar em nosso mundo”, disse Guterres nesta segunda-feira, “isto nos recorda da necessidade de abordar os fluxos migratórios de maneira global e humana (…) e reforçar a cooperação internacional para reprimir os atravessadores e traficantes, e para proteger os direitos de suas vítimas”. O Governo de unidade nacional da Líbia anunciou a abertura de um inquérito.
A sociedade civil africana também elevou a voz. Os mais midiáticos foram os jogadores de futebol que atuam na Europa, encabeçados por Geoffrey Kondogbia, atleta do Valencia de origem centro-africana, que neste domingo, durante um jogo contra o Espanyol, ostentou uma camiseta com os dizeres: “Futebol à parte, não estou à venda”. Da Inglaterra, o franco-guineano Paul Pogba, astro do Manchester United, pedia em seu perfil do Twitter “que esta crueldade acabe”. Tanto Pogba como Cheick Doukouré, jogador do Levante, comemoraram seus gols com um gesto expressivo, unindo seus antebraços como se estivessem atados.
No Twitter, as hashtags #stopslavery e #StopEsclavageEnLibye (“parem a escravidão” e “parem a escravidão na Líbia”) estão aglutinando as mensagens de uma campanha que foi sendo orquestrada aqui e ali, sob a liderança de artistas, intelectuais e ativistas que criticam a Líbia, mas também a União Europeia, acusada de cumplicidade com o regime desse país africano, “eleito como sócio encarregado de assegurar a fronteira sul da Europa”, segundo um manifesto assinado, entre outros, pelos cantores Tiken Jah Fakoly, Salif Keita e Angelique Kidjo, pelo ator Omar Sy, pelo ciberativista Cheik Fall, pelo escritor Alain Mabanckou e pelo ex-tenista Yannick Noah. “Senhores presidentes, estamos estupefatos por seu silêncio”, afirmou o conhecido cantor de reggae Alpha Blondy há alguns dias.
Neste sábado, cerca de mil pessoas saíram às ruas de Paris sob o lema “não à escravidão na Líbia”, enquanto os países começam a adotar medidas. Seguindo o conselho da União Africana, a Costa do Marfim decidiu repatriar no fim de semana 155 migrantes que estavam retidos em um centro de detenção de Zouara, no oeste da Líbia. Os jovens, incluindo 89 mulheres e vários menores de idade, desembarcaram na segunda-feira no aeroporto de Abidjã e se beneficiarão de programas de ajuda financiados pela União Europeia.
El País
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Mundo:ataque no Egito: atentado contra mesquita deixa mais de 230 mortos no Sinai; o que se sabe até agora

MesquitaDireito de imagemEPA
Image captionEgito luta contra insurgência islâmica na região, um conflito que se intensificou desde 2013
Um ataque com bomba e tiros a uma mesquita no Egito deixou ao menos 235 mortos e 100 feridos, segundo a mídia estatal do país.
Testemunhas disseram que o atentado ocorreu enquanto eram feitas as preces de sexta-feira no templo Al-Rawda, em Bil al-Abed, cidade na região do Sinai, no nordeste do país, localizada a 211km da capital, Cairo.
Segundo testemunhas, dezenas de homens chegaram ao local em veículos 4x4 e o bombardearam antes de abrir fogo contra os fiéis. Eles ainda teriam incendiado veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao templo.
"Eles atiravam conforme as pessoas saíam da mesquita", disse um morador da área à agência de notícias Reuters. "Eles estavam atirando contra as ambulâncias também."
Ainda não se sabe de fato quem está por trás deste atentado. Por enquanto, nenhum grupo assumiu sua autoria. Mas militantes ligados ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico foram responsáveis por diversos ataques recentes a forças de segurança e igrejas cristãs nesta Província do país.

'Força bruta'

Reunião do governo egípcioDireito de imagemEPA
Image captionO presidente do país prometeu reagir com 'força bruta'
O presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, declarou três dias de luto e, após se reunir com autoridades para debater o incidente, disse que reagiria com "força bruta". Relatos dão conta que o bombardeios foram realizados nas montanhas ao redor de Bir al-Abed.
"O que está ocorrendo é uma tentativa de impedir nossos esforços de lutar contra o terrorismo, de destruir nossos esforços para impedir um plano terrível de acabar com o que resta de nossa região", disse Sisi em um pronunciamento na TV.
O chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, condenou o ataque como um "crime aterrorizante que mostra que o Islã não tem culpa por aqueles que seguem uma ideologia extremista terrorista".
O presidente americano, Donald Trump, afirmou se tratar de um ato "horrível e covarde", enquanto a premiê britânica Theresa May se disse "chocada com o ataque revoltante" e expressou suas condolências às famílias das vítimas, assim como fez o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.

Insurgência

Mapa
O Egito luta contra uma insurgência islâmica nesta região, um conflito que se intensificou desde 2013.
Este ataque um dos ataques mais letais do tipo na história recente do país e deixou muito nos Egito em choque. Fotos do local mostram fileiras de corpos dentro do edifício.
"Essa é a primeira vez que fiéis dentro de uma mesquita foram vítimas", afirma Sally Nabil, da BBC News no Cairo. "O número de mortos é sem precedentes para um ataque assim."
O jornalista explica que militantes operam no norte do Sinai há vários anos e têm como alvo principalmente membros das forças de segurança do país.
Centenas de policiais, soldados e civis foram mortos nos últimos anos, a maioria em ataques realizados pelo grupo Província do Sinai, que é ligado ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI).
Em setembro, ao menos 18 policiais foram mortos em um ataque a um comboio nesta região promovido por este grupo.
Acredita-se que seu objetivo seja assumir o controle desta parte do Egito para transformá-la em uma província sob o controle do EI.

'Hereges'

Interior da MesquitaDireito de imagemAFP
Image captionAlvo do ataque seriam apoiadores das forças de segurança egípcias
Em relatos, locais são citados mencionando que seguidores do sufismo, uma corrente mística do Islã, se reúnem com frequência nesta mesquita. Alguns grupos jihadistas, inclusive do EI, consideram essas pessoas hereges.
O chefe da polícia religiosa do EI disse em dezembro passado que os sufistas que não se "arrependessem" seriam mortos, depois de o grupo extremista decapitar dois idosos que seriam clérigos dessa religião.
O Península do Sinai já matou dezenas de pessoas em ataques contra cristãos coptos, uma minoria religiosa, em outros pontos do país, e reivindica a autoria do atentado a bomba que derrubou um voo comercial que sobrevoava o Sinai em 2015, matando as 224 pessoas a bordo.
A região em que o grupo opera está em estado de emergência desde outubro de 2014, quando 33 membros de forças de segurança foram mortos em um ataque do qual o grupo assumiu a autoria. No atentado mais recente, há militares entre as vítimas.
"A frequência dos ataques lança dúvidas sobre a eficácia das operações contra o grupo", afirma Nabil.
"Mesmo que o Exército divulgue volta e meia comunicados se dizendo vitorioso em partes do Sinai, parece não haver um fim à vista para a batalha em curso entre militares e militantes." BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE