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domingo, 3 de junho de 2018

Ciência:DNA revela miscigenação entre ramos humanos ancestrais nas Américas há 13 mil anos


Ilustração retrata indígenas da Terra do Fogo, no extremo sul da ArgentinaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEntender como o homem ocupou as Américas é um dos maiores desafios dos cientistas
Se a mistura genética é o principal ingrediente daquilo que chamamos de evolução, um novo estudo aponta que houve uma convergência de genomas dos povos pré-colombianos há 13 mil anos.
Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, debruçaram-se sobre amostras de DNA de 91 nativos ancestrais para tentar compreender melhor como se deu o povoamento do continente. As conclusões estão na edição da revista Science que será publicada nesta sexta-feira.
Eles partiram da hipótese de que, conforme apontam algumas pesquisas recentes, os nativos americanos têm origens de dois ramos ancestrais: um que entrou pelo norte do continente, outro vindo pelo sul. Por essa versão, o ramo sul teria dado origem a todas as populações indígenas da América Central e do Sul.
Mas, ao analisar as amostras de DNA, eles chegaram a uma conclusão nova: a grande maioria dos povos nativos da parte sul do continente conserva pelo menos algum DNA do ramo norte – conforme pode ser comprovado ao comparar os exemplares com membros de comunidades que vivem hoje no leste canadense e são considerados descendentes diretos desses pioneiros.
Ainda que tais populações tenham se mantido distantes por milênios, portanto, elas conservam um DNA comum.
Indígena em celebração na Colúmbia Britânica, no CanadáDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNa América no Norte, principalmente no Canadá, Primeiras Nações é o termo usado para se referir aos povos indígenas
Quando analisadas hoje, as populações indígenas atuais da América Central e do Sul apresentam de 42% a 71% do genoma oriundo do ramo norte. E isso deixou os cientistas surpresos. A maior proporção dessa influência genética apareceu justamente no extremo sul do continente, no Chile, na área do sítio arqueológico de Monte Verde, de 14,5 mil anos atrás – um dos mais antigos assentamentos humanos conhecidos da América.
Para a antropóloga especializada em genética Christiana Scheib, de Cambridge, essa descoberta é "intrigante". Mas, segundo ela, por falta de amostras de DNA mais antigo é impossível saber ao certo quando foi que esse ramo do norte chegou à América do Sul.
Antes de 13 mil anos atrás, a migração para o sul era extremamente difícil porque havia muito gelo bloqueando o caminho.
Por outro lado, justamente a área de Monte Verde é um local que não teria sido coberto pelo gelo. Ou seja: uma vez instalada no local, é altamente provável que a população tenha permanecido isolada por um longo tempo, preservando sua continuidade genética.
Mulher indígena caminha no centro histórico de Antigua, na GuatemalaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionIndígenas das Américas do Sul e Central, como esta mulher da Guatemala, seriam descendentes do ramo sul – mas também têm DNA do ramo norte

Separação e miscigenação

De acordo com a pesquisa, é possível tentar desenhar como foi o trajeto do povoamento americano, segundo as variações genéticas.
Entre 18 mil e 15 mil anos atrás, há indícios de que os primeiros povos do ramo norte se separaram em dois núcleos, muito possivelmente seguindo facilidades naturais decorrentes do degelo da última fase da Era Glacial.
Alguns desses ancestrais, como apontam genomas de sítios da região de Ontário, no Canadá, migraram para o leste, justamente na região dos Grandes Lagos. Outro seguiram, ao longo da costa do Pacífico, em direção ao sul, provavelmente "pulando" de ilha em ilha.
Foi este ramo, segundo o estudo, que deu origem ao povo pré-histórico batizado de Clovis – assim nomeado por conta de resquícios encontrados perto da cidade de Clovis, no Novo México, e até pouco tempo atrás considerados como ancestrais de todos os nativos americanos. Esses nativos teriam vivido há cerca de 13 mil anos.
Mas as descobertas não param por aí. Os genomas indicam que, por volta de 13 mil anos atrás, as duas populações então separadas geograficamente sofreram uma "reconvergência", ou seja, um processo de miscigenação.
Para o antropólogo e biólogo Ripan S. Malhi, do Instituto de Biologia e Genoma de Illinois, nos EUA, esses resultados servem para que "possamos aprender mais sobre as complexidades das histórias ancestrais nas Américas, graças às tecnologias paleogenômicas".
Ele diz que, com o estudo, fica claro que os modelos anteriores eram "irrealisticamente simples demais".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 14 de março de 2018

Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência e nossa maneira de entender o Universo


Stephen Hawking
Image captionHawking sofria desde jovem com a esclerose lateral amiotrófica. Foto: BBC/Richard Ansett
O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira, aos 76 anos, segundo informou sua família.
Com sua morte, desaparece um dos cientistas mais conhecidos do mundo e também um dos divulgadores da Ciência mais populares das últimas décadas.
"Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim.
"Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos", afirmaram em um comunicado.
Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino Unido, Hawking era considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso da Ciência, como também por sua constante preocupação em aproximá-la do público e por sua coragem de enfrentar a doença degenerativa da qual sofria e que o deixou em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural.
Hawking usava um sintetizador eletrônico para poder falar, mas a voz robótica produzida pelo aparelho para expressar suas ideias acabou se tornando não só uma de suas marcas registradas, como também constantemente ouvida e respeitada no mundo todo.
Para produzir sua "fala", o físico usava formava as palavras em uma tela com leves movimentos da face, também usados para operar sua cadeira de rodas.
'Meu pai tinha resposta para tudo': as lembranças de infância da filha de Stephen Hawking

Casamento e diagnóstico

Filho de um biólogo que decidiu tirar sua família de Londres para deixá-los a salvo dos bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial, Hawking cresceu na cidade de St. Albans.
Como estudante, não tardou em demonstrar seu valor. Formou-se com honras em Física em Oxford, e mais tarde se pós-graduou em Astronomia pela Universidade de Cambridge.
Stephen Hawking.Direito de imagemPA
Image captionHawking defendia que o universo era regido por leis estabelecidas.
O jovem Hawking gostava de montar a cavalo e de remar.
Mas aos 21 anos tudo mudou. Ele começou a notar que seus movimentos eram cada vez mais desajeitados e foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neuromotora.
Os médicos disseram que ele não viveria mais do que dois anos.
Quando foi diagnosticado, planejava seu casamento com Jane Wilde, sua primeira mulher.
"O compromisso me salvou a vida, me deu uma razão para viver", contou o físico anos mais tarde.
O casal teve dois filhos.
Hawking desafiou todos os prognósticos - a doença avançou mais lentamente do que o previsto. Mas com os anos acabou o deixando com movimento somente em dois dedos e em alguns músculos faciais.
Isso não impediu que seguisse trabalhando em suas teorias, divulgadas em livros e eventos públicos.
Em 1988 ele havia completado sua obra Breve História do Tempo, que se converteu em um sucesso absoluto no mundo todo, com mais de 10 milhões de cópias vendidas.

Suas teorias

Stephen HawkingDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm 2004, Hawking revisou sua própria teoria e concluiu que os buracos negros não absorvem tudo.
Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou toda sua vida, estudar as leis que governam o Universo, também poderia ser atraente para o grande público.
Ele conseguiu com que sua deficiência se convertesse em uma das chaves de sua obra científica. Quando perdeu a mobilidade dos braços, se empenhou em ser capaz de resolver os cálculos científicos mais complexos somente com a mente, sem anotar equações.
Logo começou a propor teses revolucionárias que questionavam os cânones estabelecidos.
Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar que a Teoria Geral da Relatividade formulada por Einstein implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big Bang e um fim nos buracos negros.
Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação" que os buracos negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade que nem a luz pode escapar delas - eram capazes de emitir energia e perder matéria.
Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão de que os buracos negros não absorvem tudo.
"O buraco negro só aparece em uma silhueta e depois se abre e revela informações sobre tudo o que havia caído dentro dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o futuro", disse o cientista.

Ainda mais breve...

Hawking teve um papel fundamental na difusão da Astronomia em termos fáceis de compreender para o público geral.
Hawking cmn sua famíliaDireito de imagemAFP
Image captionO cinetista usava um sintetizador de voz para se comunicar e uma cadeira de rodas controlada pelo movimento da cabeça e dos olhos.
Consciente de que seu livro havia vendido muito, mas lido inteiro por poucos devido à sua complexidade, Hawking publicou uma versão mais curta e de leitura mais fácil da já Breve História do Tempo.
O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns se aproximassem dos mistérios do Universo, e em busca desse objetivo não duvidou em recorrer ao humor.
Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão Os Simpsons, o cientista advertia Homer de que roubaria sua ideia de que o Universo tem forma de rosca.
Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em sua própria página na internet, com piadas contadas por ele mesmo.
"Quando tive que dar uma conferência no Japão, me pediram que não fizesse menção ao possível colapso do Universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores", escreveu.
"Porém, posso assegurar a qualquer um que esteja preocupado com seus investimentos de que é um pouco cedo para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve ocorrer dentro de ao menos 20 bilhões de anos", concluiu.
De BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 11 de março de 2018

Conheça 6 mistérios que a Física ainda não conseguiu resolver

Dois jovens com símbolo de interrogação e uma lâmpada na cabeçaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs cientistas têm teorias para explicar como as coisas são, mesmo sem nunca tê-las comprovado
Os astrofísicos, assim como muitos cientistas, não param de se fazer perguntas. E, apesar dos avanços neste campo, há mistérios que não conseguem explicar sem qualquer sombra de dúvida.
Por isso, estabeleceram teorias que, mesmo não podendo ser observadas ou comprovadas diretamente, são a única explicação encontrada até hoje para que as coisas sejam como são.
Conheça a seguir aqui algumas delas.

1. A matéria escura

A matéria escura, como diz o nome, não tem luz. Não absorve nem emite radiação, por isso, não pode ser vista diretamente.
Os cientistas sabem que ela existe pelo efeito gravitacional que exerce sobre outros elementos com matéria e sobre a estrutura do Universo.
Muitos especialistas acreditam que é composta por partículas massivas que interagem sem força entre elas e, por essa razão, nunca puderam ser detectadas.
Ilustração representando o universoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA matéria escura carece de luz, e os astrofísicos não conseguem detectá-la, apesar de saber que está ali

2. A energia escura

Os cientistas acreditam que há algo que contraria a força gravitacional de atração e, além disso, explicaria uma coisa aparentemente sem lógica: a constante expansão do Universo.
A gravidade por si só deveria evitar que isso acontecesse, mas na prática não garante isso.
Não é possível detectar a energia escura e os cientistas não conseguem comprovar sua existência, mas essa é a única explicação que encontraram. Acredita-se que esta energia represente 70% do Universo.

3. A inflação cósmica

Para poder explicar alguns enigmas que a teoria do Big Bang não respondia, os físicos conceberam um conjunto de teorias que chamaram de inflação cósmica.
Desta maneira, explicaram como o Universo se expandiu de maneira uniforme e de forma muito rápida há 13,8 bilhões de anos.
Se olharmos para o Universo, podemos ver uma esfera que parece se estender por partes iguais em todas as direções.
Os cientistas não entendiam como parecia haver uma temperatura uniforme: como duas partes distantes do Universo podem ter a mesma temperatura e densidade sem ter estado em contato?
Imagem da Via LácteaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCom a inflação cósmica, houve partes do Universo que ficaram mais densas em matéria, e isso explicaria as galáxias e outros fenômenos
A inflação cósmica explica esse fenômeno. A teoria sugere que essas partes chegaram a formar uma unidade e que, menos de um bilionésimo de segundo depois do Big Bang, o universo sofreu um crescimento exponencial que as separou a uma velocidade superior à da luz devido à expansão espaço-temporal.
É como se o Universo fosse um globo vazio que se inflou de forma repentina e em grande velocidade, expandindo sua matéria.
Durante essa expansão, houve pequenas diferenças de temperaturas, pontos de maior densidade que se materializaram em galáxias e grupos de galáxias.
Também se produziram as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein.
Imagem de buraco negro
Image captionAs ondas gravitacionais previstas por Einstein são geradas por distorções no espaço-tempo | Foto: Nasa
Portanto, os físicos não podem atestar o que formou esses conjuntos de estrelas e essas ondas, já que foram incapazes de observar isso, mas um fenômeno como a inflação cósmica pode fazer com que ele seja mais compreensível.

4. O destino do Universo

Uma das perguntas fundamentais para os cientistas é "para onde vamos?". A crença geral é que isso dependeria de um fator desconhecido que mede a densidade da matéria e a energia que há no cosmos.
Se considerarmos que esse fator é maior que a unidade, o Universo seria uma esfera. Sem a energia escura mencionada antes, o Universo deixaria de se expandir e tenderia a se contrair, o que provocaria o colapso absoluto.
Mas, como essa energia existe, os cientistas acreditam que o Universo seguirá se expandindo de maneira infinita.
Ilustração da TerraDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNo Universo, espaço e tempo se modificam mutuamente

5. A entropia

Em teoria, o tempo sempre anda para frente. Isso se explica por uma propriedade da matéria chamada entropia, que é a quantidade de desordem de um sistema. Neste caso, a das partículas do Universo.
Ilustração de um relógioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCientistas duvidam que o tempo tenha corrido sempre para a frente, mas não conseguem provar o contrário
Esse movimento é irreversível, mas suscita um novo enigma para os cientistas: por que o universo era tão organizado em seu início?
Se, como foi confirmado em outras teorias, havia uma grande quantidade de energia acumulada em um espaço tão reduzido, por que a entropia (a desordem) era tão baixa na origem do cosmos?
Ainda não há resposta para isso.

6. Os Universos paralelos

Nada nos garante que o Universo em que vivemos e o qual observamos (o visível) seja o único existente. Aparentemente, o espaço-tempo é uma extensão plana, infinita e não curva.
Muitos cientistas defendem a hipótese de que é possível que o que chamamos de Universo seja somente um entre outros infinitos espaços.
As leis da física quântica dizem que a configuração das partículas dentro de cada espaço é finita e que esta configuração deve, necessariamente, se repetir, o que implicaria em uma infinidade de Universos paralelos.
Fonte: BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE