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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

JEJUM É MUITO MELHOR DO QUE COMER A CADA 3 HORAS


Parece que o jogo virou. Especialistas do mundo inteiro estão indo na contramão da crença popular de que comer de 3 em 3 horas é a melhor forma de se alimentar.
O jejum quando acompanhado por um profissional, está ganhando destaque entre as dietas saudáveis, como falamos nesse texto (inclusive a Bela Gil aprova).
Mark Mattson, chefe do Laboratório de Neurociência do Instituto Nacional de Envelhecimento e professor na Universidade Johns Hopkins, foi além e revelou em uma das palestras do TEDx que, além de não prejudicar nossa saúde, passar longos períodos sem comer pode trazer benefícios gigantescos ao nosso cérebro!
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De acordo com o especialista, os benefícios do jejum podem ser comparados aos benefícios que a prática de atividades físicas traz ao corpo humano.


As diversas pesquisas realizadas por Mattson e sua equipe apontaram que a restrição alimentar e calórica aumenta a produção de fatores neurotróficos que promovem o crescimento de neurônios, melhorando a conexão entre eles e dando mais força para as sinapses.

Como assim, Brasil?

Quando você está com fome e não se alimenta, o cérebro meio que entra em um estado de alerta, fica mais ativo e começa a desencadear reações para se adaptar a essa realidade. Basicamente é a mesma coisa que acontece aos animais quando passam longas horas ou até dias em jejum atrás da caça – afinal, somos animais também.
Uma dessas reações de adaptação feitas pelo cérebro humano no período de jejum é o aumento da produção de mitocôndrias nos neurônios. Essa alteração faz com que a habilidade dos neurônios de se conectarem também aumente, o que acaba promovendo uma melhor absorção de informações, favorecendo o aprendizado e a memória, revela Mattson.
Além disso, a prática dessa dieta, segundo este estudo publicado no site científico The American Journal of Clinical Nutrition, está associada à redução de doenças cardiovasculares, câncer e ainda no tratamento de diabetes.
E mais, de acordo com o especialista, estudos feitos pela Universidade do Sul da Califórnia constataram que o jejum, além de proteger nosso sistema imune, ainda é capaz de regenerá-lo.
No período que passamos sem nos alimentar, nosso corpo começa a poupar energia e assim, ele acaba “matando” algumas células imunes velhas que não estão mais trabalhando corretamente. Depois de tirar todas do nosso organismo, quando a gente se alimenta novamente, cria-se novas células imunes, novinhas em folha.
Ou seja, o jejum acaba fazendo uma “faxina celular” no organismo, jogando as velhas fora e criando, a partir das células tronco, novas células, prontinhas para turbinar o funcionamento do nosso corpo, capazes até de reparar nosso DNA.
BCL Nutrition
De acordo com o neurocientista, todas essas alterações no nosso organismo e cérebro são capazes de prolongar nossa vida e ainda retardar ou evitar o aparecimento de doenças degenerativas, como o Alzheimeir e o Parkinson, por exemplo.
“Desafios para o cérebro, seja por jejum intermitente ou exercício vigoroso… é um desafio cognitivo. Quando isso acontece circuitos neurais são ativados, níveis de fatores neurotróficos aumentam, e isso promove o crescimento de neurônios e a formação e fortalecimento das sinapses. Nós não poderíamos prever que o jejum prolongado poderia ter um efeito tão impressionante na promoção de regeneração baseada em célula tronco” – revelou Mark Mattson.

Se são tantos benefícios, por que parece tão errado ficar sem comer?

Antes de tudo, é preciso deixar bem claro que a prática dessa dieta e todos os benefícios que ela pode trazer a nossa saúde só são reais quando tudo é feito com acompanhamento profissional. Parar de comer sem a orientação de um nutricionista pode levar a uma defasagem de vitaminas e o que era para te fazer bem, pode tomar proporções terríveis para sua saúde.
Existem várias formas de seguir essa restrição alimentar, como o modelo “5 por 2”, que consiste em fazer o jejum por algumas horas durante dois dias da semana e nos outros cinco dias, comer normalmente. E de fato, não é necessário passar 24 horas completamente em jejum.
Conforme explicamos neste texto, especialistas sugerem reservar algumas horas do dia, preferencialmente a noite, por exemplo, não se alimentar das 7 da noite até as 7 da manhã.
Pode parecer bastante difícil, mas, conforme o neurocientista explicou em sua palestra, esse é um novo “hábito” que deve ser inserido na sua rotina aos poucos. Com o tempo fica fácil nos adaptarmos ao jejum.

Mas então, por qual motivo essa história de comer de 3 em 3 horas é tão difundida?

O neurocientista tem a resposta na ponta da língua: é bom para os negócios!
De acordo com Mattson, tanto a indústria farmacêutica quanto a alimentícia não pouparam esforços para difundir essa informação. Conforme aponta o especialista, se todos soubessem dos reais benefícios de passar algumas horas sem se alimentar, toda a grana que gira em torno da nossa alimentação sofreria grandes alterações. Ou seja, poderosos perderiam dinheiro. Muito dinheiro.
Imagine se as pessoas que sofrem com essas doenças citadas, como as cardiovasculares, diabetes ou doenças degenerativas, tomassem conhecimento de que uma mudança na rotina de alimentação pode tratar todos os males. Certamente elas iriam menos à farmácia, logo a indústria farmacêutica perderia dinheiro.
Sem contar que esse esquema “Tele-Sena” (comer de 3 em 3 horas), faz com que o consumo de comidinhas rápidas (barrinhas, lanchinhos e afins) aumente significativamente. Sem esse sistema, a indústria alimentícia perderia uma boa parcela do mercado.
Diversos especialistas questionam a validade das pesquisas científicas financiadas justamente por essas indústrias. Inclusive em sua palestra (veja o vídeo ao final desse artigo) Mark Mattson diz que os resultados sobre os benefícios da alimentação de 3 em 3 horas estão nessa lista de estudos duvidosos. O documentário “What The Health“, disponível na Netflix, detalha como esse financiamento funciona – vale assistir!
Além deste estudo, publicado no site científico NBCI, ter revelado que realmente comer a cada três horas não favorece nosso metabolismo e pode até favorecer o aumento do peso, Yoshinori Ohsumi, biologista celular e Nobel de Medicina em 2016, também constatou que o jejum é um arma poderosa à favor da saúde.

Neste estudo, feito por Ohsumi, foi comprovado a renovação celular e os benefícios diversos da dieta restritiva, já citados por Mattson em sua palestra ao TEDx.
Chamando essa reação de “Autofagia”, o estudo feito pelo ganhador do Nobel de Medicina criou grande polêmica ao comprovar que ficar um tempo sem comer elimina as células ruins do organismo e posteriormente cria células novas, mais eficazes para o bom funcionamento do nosso corpo, além de ser eficaz no combate dos malefícios do envelhecimento e na cura de doenças degenerativas.
Ou seja, não faltam estudos e especialistas renomados apoiando o jejum como uma poderosa ferramenta para nossa saúde. Se ficou com vontade de começar esse novo “desafio”, é preciso ser responsável. Em hipótese alguma pare de comer sem a supervisão de um nutricionista.

Veja abaixo a palestra completa de Mark Mattson (em inglês, mas dá pra ativar a legenda em português):

Fonte(s): Tema Livre, Resiliência Mag, Vix, TEDx Talks - Youtube
Imagem de capa: inygy
Fonte: sossolteiros.bol
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Dr. Drauzio Varella falará sobre estresse durante palestra em Vitória de Santo Antão


As causas e efeitos do estresse no comportamento da sociedade serão foco da palestra do médico Drauzio Varella, no dia 22 de novembro, em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do Estado. Ele será o palestrante principal da ExpoFacol 2017, que será realizada até o dia 24 de novembro na Faculdade Escritor Osman da Costa Lins (Facol).

A programação do evento inclui debates, minicursos e exposição de projetos. O objetivo é promover a interação entre pesquisadores, estudantes e profissionais de áreas diversas para fomentar o conhecimento e a inovação. As inscrições custam R$ 150,00 e podem ser feitas no site do evento.

Leia também:
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PE-73, na Zona da Mata Sul, sofre com falta de sinalização e buracos

Também participarão do evento o especialista em Relações Internacionais e cônsul da República de Malta no Recife, Thales Castro; o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho 6ª Região, Sérgio Torres Teixeira , e o músico e professor Silvério Pessoa, que fará uma aula-show no encerramento.

ServiçoExpoFacol 2017 – Congresso Multidisciplinar
FACOL – Faculdade Osman Lins, Vitória de Santo Antão/PE
22 à 24 de novembro
Preço: R$ 150,00
Com FPE
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 22 de outubro de 2017

Maneiras de treinar seu cérebro a lidar com a ansiedade, mal que afeta 13 milhões de brasileiros


AnsiedadeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image caption'Há pessoas que se preocupam com cada ponto de suas vidas e não conseguem se livrar disso', explica especialista

Sofrer com a ansiedade é mais comum do que muitos imaginam: somente no Brasil, cerca de 13,3 milhões de pessoas têm distúrbios de ansiedade, doença que atrapalha relacionamentos, desempenho profissional e o bem-estar físico e emocional do indivíduo.
No ano passado, 6,4% da população brasileira sofria com transtornos do tipo, bem mais que a média global, de 3,9%, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mas o que é um transtorno de ansiedade e como diferenciá-lo da ansiedade natural? De acordo com Olivia Remes, doutoranda e pesquisadora do Departamento de Saúde Pública e Cuidados Primários da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, transtornos de ansiedade generalizada são caracterizados por sensações frequentes de medo, inquietação, e de "sentir-se no limite".
"Quando uma pessoa tem um prazo apertado ou uma emergência no trabalho, ela se sente ansiosa e isso é normal. Mas há pessoas que se preocupam com cada ponto de suas vidas e não conseguem se livrar disso", explica. "Pessoas com esse transtorno se preocupam muito mais frequentemente e com mais intensidade que aquelas com uma boa saúde mental."
Apesar dos distúrbios de ansiedade serem um problema sério, que muitas vezes demanda acompanhamento com especialistas, é possível desenvolver habilidades para lidar com o transtorno.
Abaixo, Remes compartilha diferentes estratégias para enfrentar o problema, com base em um estudo recente que liderou.

1 - Monitore os seus pensamentos

Quem sofre com transtornos de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem a mente sem aviso. "Pessoas com transtornos de ansiedade são pessimistas. Elas acreditam que algo ruim está prestes a acontecer, mesmo que não haja nenhuma evidência que aponte para isso. Elas temem o futuro e acham muito difícil evitar esse tipo de preocupação", descreve a pesquisadora.

Homem em espiralDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionQuem sofre com transtornos de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem a mente

Para contornar tal situação corriqueira aos ansiosos, Remes sugere não lutar contra os pensamentos negativos, mas escolher uma hora do dia como o "momento da preocupação" e se permitir um período limitado de tempo para ruminar. Como exemplo, Remes recomenda designar o horário das 16h para as preocupações e dar a si mesmo 20 minutos para preocupar-se.
"A literatura psicológica mostra que nossos pensamentos murcham se não os alimentamos com energia. Ao empurrar esses pensamentos para um outro momento do dia, quando você chegar no momento designado para a preocupação, eles talvez não pareçam tão confusos ou preocupantes como pareciam quando brotaram em sua mente pela primeira vez", explica Remes.

2. Faça atividades físicas e pratique meditação

A famosa citação latina "uma mente sã num corpo são" não é gratuita. Saúde mental e física são codependentes, afirma Remes, e a prática de exercícios físicos é um aliado essencial para o bem-estar psíquico. Em conjunto com exercícios regulares, a meditação consciente também pode ajudar mentes ansiosas.
Um estudo da Universidade de Nova Jersey, publicado recentemente na revista Nature, mostrou que apenas duas sessões semanais de meditação e atividades físicas, de 30 minutos cada, reduziram drasticamente sintomas depressivos nos 52 participantes da pesquisa. Os pesquisadores concluíram que, ao cabo de oito semanas, além de auxiliar aqueles com depressão, a prática também poderia ser útil para aqueles que tendem a ruminar pensamentos, algo comum entre os ansiosos.
"Eu realmente fiquei muito surpresa com esse estudo, com o quanto essas mudanças de hábito podem ter um impacto tão grande", afirma Remes. "Quando você se exercita, você diminui seus níveis de ansiedade e você tem mais energia. Você simplesmente se sente melhor como um todo", aponta.

3. Encontre um propósito - nem que seja cuidar de seu animal de estimação

Em 1946, o médico austríaco Viktor Frankl publicou o livro Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, no qual narrou suas experiências como prisioneiro em Auschwitz. Frankl também analisa a resposta psicológica de diferentes prisioneiros expostos ao campo de concentração nazista e argumenta que encontrar sentido no cotidiano é uma forma de lidar com a adversidade.

Olivia Remes
Image captionEstudo de Remes notou que pessoas com senso de coesão, de propósito e que enxergavam sentido em suas vidas, tinham menos distúrbios de ansiedade

De acordo com Remes, pessoas com distúrbios de ansiedade muitas vezes não conseguem identificar um propósito claro em suas vidas e nem sempre acreditam que vale a pena investir esforços para endereçar os desafios que encontram. Em seu estudo recente sobre níveis de ansiedade em mulheres que vivem em situações de privação econômica, Remes encontrou que aquelas que tinham senso de coesão, de propósito e que enxergavam sentido em suas vidas, tinham menos distúrbios de ansiedade, mesmo vivendo situações difíceis.
Para a pesquisadora, as lições de Frankl, mesmo extraídas de uma experiência dramática, são um mecanismo útil para aqueles que sofrem com ansiedade. "Nos relatos de Frankl, um traço de personalidade que diferenciava os prisioneiros eram aqueles que conseguiam manter um propósito mesmo naquela situação. Para um era saber que sua filha o aguardava, então ele precisava sobreviver para ela e isso lhe deu esperança. Para outra, era saber que ela tinha um trabalho importante para finalizar", afirma.
No cotidiano, ter a sensação de que você é necessário para a vida de outra pessoa ou para uma atividade específica auxilia na construção de propósito. Tal senso de conexão pode ser traduzido em atividades de voluntariado, em cuidados com um familiar enfermo, na educação de uma criança ou mesmo nos cuidados com um animal de estimação, aponta Remes.
"Quando você coloca seu foco em algo além de você, esse ato te ajuda a dar um tempo de si mesmo", explica. "Ter outras pessoas em mente é muito importante, porque torna um pouco menos penoso passar pelos momentos mais difíceis."

4. Veja o lado bom da vida (por mais que isso seja desafiador)

Por mais clichê que possa soar, adotar uma atitude positiva perante à vida, com foco nos aspectos bons ao invés dos ruins, é essencial para lidar com a ansiedade. Para domar a mente e espantar os pensamentos negativos, Remes recomenda olhar para elementos que te dão prazer, ao invés daqueles que te irritam ou que te deprimem.
Embora controlar quais pensamentos te veem à mente seja impossível, é possível dialogar com eles uma vez que se fazem presente. Se, ao chegar em um ambiente, algo negativo te chamar a atenção, busque encontrar algo que seja positivo. Se no caminho para o trabalho o trânsito estiver estressante, busque ouvir uma música que te conforte - ou mesmo mude a maneira de se deslocar ao trabalho. Essa atitude positiva perante os pequenos momentos da vida tendem a reverberar também no bem estar emocional do indivíduo, aponta Remes.

Pensar positivamenteDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSe, ao chegar em um ambiente, algo negativo te chamar a atenção, busque encontrar algo que seja positivo

Nas situações em que pensamentos negativos intensos invadem a mente, focar em outras atividades do corpo, como a respiração, também é uma forma de amenizar seus efeitos. "Reconheça que esses pensamentos catastróficos que vêm à mente, que te fazem se sentir péssimo, são apenas eventos mentais que irão passar", diz Remes.

5. Viva no presente

A prática de ruminar pensamentos e ser constantemente tragado por memórias do passado tende a alimentar a ansiedade. Preocupar-se com o que pode ocorrer no futuro também pode deixar o indivíduo mais ansioso. Embora muitas vezes esses pensamentos sejam difíceis de controlar, Remes aponta que é importante manter um foco constante no que você está fazendo agora.
"Estudos mostram que, quando nós vivemos no passado, revivendo memórias antigas, essa atitude nos deixa depressivos e menos felizes. Na verdade, ficamos mais felizes quando vivemos no momento presente. Se você está trabalhando, simplesmente foque naquilo que você está fazendo. Simplesmente viva no presente", diz.

6. Busque terapia

Nem sempre é possível lidar sozinho com distúrbios de ansiedade, e a terapia é uma grande aliada para melhorar a saúde mental. Em casos assim, uma possibilidade é a terapia cognitivo-comportamental, cujo princípio básico é buscar uma postura construtiva do paciente.
Nesse sistema de psicoterapia, a hipótese central aponta que a forma como entendemos eventos internos e externos - e não o evento em si - é que determina nossas respostas emocionais e comportamentais.
De acordo com Remes, a solução é preferencial ao consumo de medicamentos, quando for possível optar. "Em muitos casos, medicamentos não funcionam, ou funcionam apenas no curto prazo e os problemas retornam depois de um tempo", aponta. Para a pesquisadora, trabalhar para desenvolver habilidades de enfrentamento à ansiedade e buscar terapia são as melhores formas de lidar com o transtorno.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ficar sentado por longos períodos pode aumentar risco de morte, mesmo para pessoas ativas

Mulher sentada me mesa de escritórioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNão apenas as costas são afetadas pelo hábito de permanecer muito tempo sentado
Cientistas americanos alertam que passar muito tempo sentado pode aumentar o risco de morte mesmo para pessoas que não são sedentárias.
De acordo com um estudo publicado no início da semana pela revista especializada Annals of Internal Medicine, e que estudou quase 8 mil adultos, pessoas que passam muito tempo sentadas precisam se movimentar a cada 30 minutos para ajudar a evitar uma morte prematura.
"As autoridades médicas falam para as pessoas se exercitarem e não passarem muito tempo sentadas, mas não dizem como. Sugerimos recomendações específicas como cinco minutos de caminhada rápida para cada 30 minutos consecutivos que se passa sentado", explica Keith Diaz, da Faculdade de Medicina da Universidade Columbia, em Nova York, principal autor do estudo.
Diaz comandou uma equipe de profissionais de várias instituições acadêmicas americanas. Eles analisaram dados sobre diferenças geográficas e raciais na ocorrência de derrames nos Estados Unidos, em especial uma amostragem criada para tentar explicar porque negros tendem a sofrer mais episódios que brancos - um programa conhecido como Regards, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Saúde do país.
Durante quatro anos, os cientistas acompanharam 7.985 indivíduos brancos e negros, com idade a partir de 45 anos, que se voluntariaram para o Regards.
Homem obeso sentado no sofáDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEstudo acompanhou quase 8 mil americanos
Para medir o tempo de sedentarismo desses adultos, foram usados aparelhos para medir a aceleração dos indivíduos. Analisando os dados, os cientistas descobriram que, em média, o comportamento sedentário correspondia a 12,3 horas de 16 "acordadas".
Estudos anteriores tinham registrado uma média de 9 a 10 horas, mas Diaz vê na diferença uma consequência do envelhecimento.
"À medida que envelhecemos, nossas funções físicas e mentais diminuem de ritmo, o que nos faz ficar mais sedentários. Estudamos uma população começando na meia-idade. E também pode ser que, ao contrário de outros estudos, monitoramos ativamente o tempo de sedentarismo em vez de confiar em autoavaliações", especula Diaz.
Os pesquisadores constataram que o risco de morte cresceu proporcionalmente ao tempo os participantes passavam sentados. E significativamente: segundo o pesquisador, aqueles que se sentavam mais de 13 horas por dia, por exemplo, tinham duas vezes mais chance de morrer que os que passavam menos de 11 horas na posição.
Homem guiando vanDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEstudo constatou que não apenas o tempo total que passamos sentados aumenta as chances de morte prematura
Também foi constatado que a duração de cada período sentado faz diferença: pessoas que passaram períodos de menos de meia hora sentadas apresentaram risco 55% menor de morte do que pessoas que superavam essa marca.
Os pesquisadores ressaltam que o estudo não teve como objetivo explicar como o comportamento sedentário afeta a saúde, mas sim analisar diferenças entre tempo total de sedentarismo e períodos ininterruptos de sedentarismo.
"Médicos e pesquisadores estão cada vez mais convencidos de que ficar sentado por muito tempo é o novo tabagismo", diz Monika Safford, da Universidade de Cornell, e coautora do estudo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 9 de setembro de 2017

Como saber se sua dor de cabeça é, na verdade, enxaqueca crônica



Mulher com enxaquecaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMulheres são mais vulneráveis à enxaqueca, mas homens começam a sentir dores de cabeça, ainda na infância, antes delas

Você acha que é normal ter dores de cabeça muito fortes de vez em quando. A dor é tanta que fica difícil abrir os olhos, se mover, conversar com as pessoas e se concentrar. Quando você está estressado - e no caso das mulheres, no período menstrual - essas "super dores de cabeça" costumam acontecer mais. Mas geralmente, basta tomar um analgésico ou um cafezinho, e ela melhora. Não há com o que se preocupar, certo?
Errado.
"Não é normal ter enxaqueca, mas a maioria das pessoas não sabe que sofre desse problema", disse à BBC Brasil o neurologista sul-africano Andrew Blumenfeld, um dos maiores especialistas do tema no mundo, e diretor do Headache Center, na Califórnia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante no mundo.
"Eles também afirmam que um dia vivido com enxaqueca é pior do que um dia na vida de um paraplégico, uma pessoa que tem demência ou que tem psicose."
A definição da OMS é baseada no conceito geral de enxaqueca, mas ela pode ser episódica (que acontece só de vez em quando) e crônica (que ocorre com frequência).
Segundo Blumenfeld, as pessoas que já tem enxaqueca episódica são fortes candidatas a virar "enxaquecosos crônicos", mas nem os médicos têm conseguido alertá-los para a situação.
"Os dados mostram que 80% dos pacientes que têm casos crônicos não são diagnosticados porque os médicos não conhecem bem os critérios de diagnóstico, eles só foram definidos nos últimos anos", diz.
Por causa disso, a maior parte das pessoas acaba fazendo tratamento apenas nos momentos de dor, com remédios ou cafeína - o que, em excesso, pode até piorar a condição.

Tenho ou não tenho?

Há mais de cem tipos de dores de cabeça e todas elas são, de acordo com o neurologista, sintomas de algo que está acontecendo no corpo.
Mas a enxaqueca é considerada uma síndrome, que inclui a dor de cabeça, mas tem outras características específicas. A enxaqueca precisa obedecer a pelo menos dois destes quatro critérios:
- Dor em um só lado da cabeça (qualquer lado);
- Dor que lateja;
- Dor que piora com os movimentos;
- Dor que é está entre moderada e severa - ou entre 5 e 10 numa escala em que 10 é insuportável. "Nesta escala, 6 a 7 provavelmente significa que você não quer que as pessoas falem com você e não consegue trabalhar bem. Com 8, 9 ou 10 você provavelmente estará na cama vomitando", explica Blumenfeld.
Além de dois dos critérios acima, também é preciso ter ao menos uma destas duas condições:
- Náusea;
- Sensibilidade à luz ou ao barulho.
Em alguns casos, os médicos também notam a ocorrência da aura - um fenômeno que começa como um ponto cego pequeno na sua visão, que se expande lentamente, durante 20 a 30 minutos.
"Também é comum que apareçam linhas em zique-zague ou um pouco de mudanças de brilho dentro desse ponto. Isso será visto em um lado só, mas por ambos os olhos. E se você fechar os olhos, ainda vai ver, porque é um efeito do cérebro, não é um problema com os olhos. Ele quer dizer que a parte do cérebro que interpreta o que você vê está desligando", diz.

Cérebro pontos de dorDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCérebro "enxaquecoso" é mais sensível e tem dificuldade para reduzir a excitação dos nervos que transmitem a sensação de dor

Crônica

Se você já percebeu que tem enxaqueca, mas descartou a possibilidade de que ela seja crônica porque só sofre de vez em quando, pense novamente.
A enxaqueca crônica corresponde a pelo menos 10% dos casos, afirma Blumenfeld. E, para caracterizá-la, não é preciso ter enxaquecas fortes sempre, nem todos os dias, nem há muito tempo.
"A principal diferença está no número de dias em que a pessoa convive com a dor de cabeça em um mês", afirma Blumenfeld.
Um "diário de dores de cabeça" pode ser útil para saber se ela ainda é episódica ou pode ser crônica.
Caso uma pessoa sinta dor de cabeça em 15 ou mais dias do mês, 8 desses dias sejam de enxaqueca, e isso tenha acontecido pelo menos em três meses do ano, ela é uma forte candidata à enxaqueca crônica.
Mas o que significa exatamente ser um "enxaquecoso"?
"É como se o cérebro do enxaquecoso não tolerasse muitas mudanças. Então dormir uma hora a menos, comer fora de hora, levar uma fechada no trânsito podem ser gatilhos para a dor. Ele não suporta essas flutuações", explica o neurologista brasileiro Marcelo Ciciarelli, da Sociedade Brasileira de Cefaleia, à BBC Brasil.
Este cérebro mais sensível tem menos capacidade de inibir a hiperexcitação que ativa as terminações nervosas que transmitem a sensação de dor para o sistema nervoso central.
Por isso é que até um toque de telefone insistente, um pequeno aborrecimento com alguém ou uma casa muito bagunçada podem ser motivo de enxaqueca.
Segundo a Academia Brasileira de Neurologia, 18% da população brasileira sofre com a enxaqueca. E de acordo com dados do Ministério da Saúde, ela atinge cerca de 5 a 25% das mulheres e 2 a 10% dos homens - principalmente as pessoas que estão entre 25 e 45 anos.

Stress e hormônios

Além desta hipersensibilidade, os cientistas também acreditam que a genética pode ter influência nas enxaquecas, assim como fatores externos. Nenhum deles, no entanto, é considerado o único responsável.
"O maior gatilho da enxaqueca, de longe, é o stress", diz Blumenfeld. Mas o segundo gatilho mais forte atinge especialmente as mulheres - e é o que as torna mais vulneráveis.
"A queda dos níveis de estrogênio durante a menstruação ou a menopausa faz com que a frequência de dores de cabeça aumente. Mas se a mulher não tiver essa predisposição genética para a enxaqueca, isso não acontece."

Mulher com enxaqueca e fotossensibilidadeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUm "diário de dores de cabeça", segundo os médicos, ajuda a entender quantas vezes no mês a pessoa tem enxaqueca

Os neurologistas, no entanto, ainda tentam entender exatamente a conexão da enxaqueca com doenças como depressão, ansiedade, insônia e até obesidade.
"Os dados nos mostram que elas estão ligadas, provavelmente pela genética", afirma o sul-africano. "Entre os pacientes de enxaqueca crônica, ao menos 40% deles têm depressão e 30% têm ansiedade."
Outro mistério ainda por desvendar é que tipo de mudanças a enxaqueca pode causar no cérebro. Os pesquisadores já observam, em exames de imagem dos pacientes, manchas na massa branca - as fibras mais profundas do órgão. Mas ainda não sabem o que exatamente elas significam.
"Também já foi observado, em ressonâncias em 3D, que pacientes com enxaqueca crônica têm o córtex cerebral mais grosso. E alguns estudos mostram diminuição de funções cognitivas, problemas de atenção e perda de memória recente", explica Ciciarelli.

Remédios

Ao ler esta reportagem até aqui, você pode ter ficado mais tranquilo, se percebeu que a frequência das suas dores de cabeça e enxaquecas não é o suficiente para considerar que a doença já é crônica.
Mas isso não significa que dá para relaxar completamente. O uso em excesso de analgésicos, anti-inflamatórios e do café como antídoto para a dor de cabeça, dizem os médicos, cria um "efeito rebote", e faz com que elas piorem com o tempo.
"Quando as pessoas tomam remédios ou café demais para isso, o corpo fica dependente e ela tem mais dores de cabeça sem essas substâncias no organismo. Por isso as pessoas têm dores de cabeça se ficarem sem café, por exemplo", diz o neurologista.
"Mas a abstinência de cafeína dura só uma semana. Por isso, a solução para a dor não é tomar ainda mais café, e sim 'desmamar' dele."
A quantidade segura para o uso de analgésicos contra a dor de cabeça, segundo os pesquisadores, é dois dias na semana. Já para o café, é recomendável ficar apenas em 200 ml por dia. Mas se você percebeu que tem que tomar remédios duas vezes por semana ou mais, vale considerar um tratamento preventivo, segundo Blumenfeld.
Para isso, é preciso ir a um especialista - com o seu "diário de dores de cabeça", de preferência - para fazer o diagnóstico. Não deixe de anotar as dores leves, que você acredita serem "de tensão". A quantidade de vezes em que elas aparecem importa.

Ilustração cérebroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionExcesso de analgésicos para a dor de cabeça pode causar "efeito rebote" e torná-las piores

Nervos

Blumenfeld é um dos responsáveis pelos estudos que fizeram com que a toxina botulínica A, o Botox, fosse aprovada para o tratamento da enxaqueca.
Ele alerta, no entanto, que a aplicação não pode ser feita de qualquer jeito. E é importante não cair na conversa de que o botox na testa vai, além de diminuir as rugas, melhorar a dor.
"Não é um cirurgião plástico nem um dermatologista que deve fazer isso, porque não é o mesmo tipo de aplicação cosmética do botox que as pessoas conhecem", diz.
"Fazemos injeções muito específicas em vários pontos da cabeça, do pescoço e dos ombros."
As injeções são feitas nas áreas dos nervos que alimentam os caminhos da dor no cérebro. Ao fazer isso, a toxina desliga estes nervos por 12 semanas a cada vez e começa a desregular a atividade no cérebro que leva à enxaqueca.
Fugir da enxaqueca crônica também pode envolver, segundo o neurologista, hábitos como ioga, exercícios aeróbicos e ajustes na dieta. Vale a pena diminuir o consumo de aspartame e de alimentos com grande concentração de glutamato monossódico, um realçador de sabor muito usado na comida industrializada.
Mas para facilitar o diagnóstico da doença, seu principal conselho é para os médicos: "a maneira como você faz a pergunta é muito importante. Se você pergunta a uma dona de casa 'o que você faz quando tem dor de cabeça?' ela vai responder 'continuo fazendo o que tenho que fazer'".
"Mas se perguntar o que ela precisaria fazer, na hora da dor, para que tudo ficasse perfeito, ela pode responder: 'deitaria na cama com as luzes apagadas e em silêncio'. Aí as pistas começam a aparecer."
Professor Edgar Bom Jardim - PE