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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Economia: Brasileiro acha que artesanato é coisa de pobre, diz Ronaldo Fraga


Ronaldo Fraga com bordadeiras de Mariana (MG)Direito de imagemANA COLLA
Image captionEstilista Ronaldo Fraga usou em sua coleção na SPFW o trabalho de bordadeiras da região de Mariana (MG)
O trabalho de bordadeiras da região da tragédia ambiental de Mariana (MG) é o foco da nova coleção do estilista mineiro Ronaldo Fraga, apresentada na 45ª edição da São Paulo Fashion Week, que acontece nesta semana.
Considerado um dos mais críticos estilistas brasileiros, ele defende a moda como "um ato político" e já trabalhou com outros temas atuais em suas coleções, como a questão dos refugiados, da transfobia e da sustentabilidade.
Na edição 2017 da semana de moda de São Paulo, em agosto, ele chegou a usar uma camiseta criticando as políticas ambientais do presidente Michel Temer. E, em edições anteriores do evento, recebeu tanto elogios por incentivar a diversidade ao levar idosos, deficientes e pessoas acima do peso para desfilar moda praia, como críticas dos que consideraram racista e de mau gosto o fato de ele ter enfeitado o cabelo de modelos com palha de aço.
Pioneiro em desenvolver parcerias com comunidades artesãs para a produção de suas roupas, Fraga critica, em entrevista à BBC Brasil, o que vê como preconceito com os produtos artesanais nacionais. "O artesanato brasileiro é visto como coisa de pobre, feito para comprar para ajudar gente pobre", diz.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Sua nova coleção traz trabalhos das bordadeiras da região de Barra Longa, atingida diretamente pela tragédia em Mariana (em 2015, o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco inundou de lama diversas comunidades da cidade mineira). Há uma preocupação de que esse ofício se perca nesse local? Qual seu objetivo com isso?
Ronaldo Fraga - Gerar emprego e renda com reafirmação e apropriação cultural. É isso que faz com que mantenha-se o corpo e a musculatura do saber. E mais: que estimule a geração que está por vir a enxergar isso como valor.
Modelo do desfile de FragaDireito de imagemMARCELO SOUBHIA / FOTOSITE
Image captionModelo do desfile de Fraga: 'O que interessa é a moda ser entendida como cultura - isso é indiscutível', diz estilista
BBC Brasil - Mas o artesanato brasileiro é visto dessa forma pela nossa sociedade? Há algum tipo de preconceito?
Fraga - Claro. Há muito preconceito do brasileiro com nosso artesanato. O artesanato brasileiro é visto como coisa de pobre, feito para comprar para ajudar gente pobre. As pessoas não têm a educação, o saber e a boa vontade para poder ter o mínimo de esforço em enxergar a ancestralidade, a formação de um povo ali. Isso é muito característico de um país colonizado, porque eternamente vai achar uma renda europeia infinitamente mais bonita do que uma renda brasileira, quando essa renda brasileira conta a história desse povo.
Esse bordado de Barra Lagoa por exemplo, ele veio para o Brasil através dos portugueses no século 18, nos áureos tempos (das cidades mineiras) de Mariana e Ouro Preto. E Barra Lagoa era o polo dessa produção. Após essa tragédia ambiental nós corremos o risco de uma tragédia cultural porque, estigmatizadas, essas pessoas estão largando suas terras, mudando de cidade. Corremos o risco de esse saber desaparecer. Então é preciso que as novas gerações entendam esse valor.
(...) Quando resolvi trabalhar com esse grupo de Mariana, falei: não quero reportar a tinta da tragédia. A marca da tragédia já está aí, você não precisa ir até lá. Mas nós vamos falar de uma população que, passada a tragédia, é estigmatizada por ter feito parte daquilo. As pessoas estão recebendo dinheiro para ir embora e deixar sua terra. Por isso, o risco de esses saberes desaparecerem é muito grande.
BBC Brasil - Você trata da moda como um vetor cultural. Mas a semana de moda de São Paulo também olha para o mercado. Há uma divisão entre a moda mais conceitual, artística e cultural e essa mais comercial?
Fraga - As pessoas costumam dizer: "moda é arte". E eu digo: "alto lá!". Nem sempre a moda é arte, nem sempre a gastronomia é arte, nem sempre a arquitetura é arte. Dependendendo de quem a faz ou a forma como é feita, ela pode ser arte. Mas nem é essa a questão que interessa. O que interessa é a moda ser entendida como cultura - isso é indiscutível. Então a moda que está sendo feita nas lojas de departamento, a moda que é feita por X ou Y: o que está sendo feito ali é cultura, porque o vestir é um documento eficiente do tempo.
(...) E em um país tão diverso como o Brasil é importante que uma semana de moda tenha essa diversidade. Eu acharia ruim se houvesse só o aspecto comercial e acho que as novas marcas que estão entrando na SPFW têm um apelo bem comercial, mas isso também é uma cara desse tempo. Basta olhar as escolas de moda, onde você esperaria ver algo novo, (mas) acontece o contrário: é justamente ali que os alunos estão reproduzindo vitrines de lojas internacionais.
Modelos no desfile de Ronaldo FragaDireito de imagemMARCELO SOUBHIA / FOTOSITE
Image caption'Se o mundo parasse de produzir roupas, a gente teria roupa para mais 300 anos', diz estilista; acima, modelos da sua marca na SPFW
BBC Brasil - Você já fez uma coleção inspirada na Zuzu Angel, estilista que usou a moda não apenas como cultura, mas como uma forma de fazer política, crítica. Hoje em dia, pensando no momento de crise que o Brasil enfrenta em diversos segmentos, inclusive o político, há espaço para essa discussão na nossa moda?
Fraga - Eu sempre defendi que o ato de vestir é um ato político, tanto para quem cria como para quem veste. E as minhas coleções têm delineado uma linha trajetória política.
Nós estamos vivendo um momento de ebulição, de mudança, de desenho de uma nova época, então acho quase impossível ignorar isso. E entender que não é essa política que fica em briga de partido não, entendeu? Temos que pensar a política de uma forma mais ampla.
BBC Brasil - Há uma outra questão "política" no universo da moda que é o consumo exacerbado, influenciado pelas marcas de fast fashion, muitas denunciadas por trabalho escravo. Você acha que isso vem sido discutido da maneira como deve na moda aqui do Brasil?
Fraga - Claro que não! E é muito difícil que seja porque a gente tem um déficit de educação e de cultura geral gigantesco. Como você vai dizer para uma menina pobre de 15 anos que quer um sapato de uma loja onde o par custa 20 reais e um vestidinho 30 reais que essas peças podem até não terem sido produzidas com mão de obra escrava no Brasil, mas na Ásia? Ela quer simplesmente esse vestido com o pouco dinheiro que tem.
(...) E mais: a gente não precisa de mais roupa. Se o mundo parasse de produzir roupas, a gente teria roupa para mais 300 anos. Então é preciso que a gente compre menos e de forma mais consciente. Quanto mais se produz, mais se polui, e esse é o impacto que a gente está gerando.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Cinema:Filmes pernambucanos concorrem em festival internacional de documentários

DP.
Dois curtas-metragens pernambucanos estão concorrendo na 23ª edição do festival internacional de documentários É Tudo Verdade, que está sendo realizado simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro até o dia 22 de abril. Nome de batismo - Alice, de Tila Chitunda, e Mini Miss, de Rachel Daisy Ellis, estão entre nove produções da categoria Competição Brasileira: Curtas-metragens.

O vencedor receberá um troféu, o prêmio de R$ 55 mil e uma avaliação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de Melhor Curta Documental. A cerimônia de encerramento e premiação será realizada no Itaú Cultural, na capital paulista, neste sábado (21).

O documentário Nome de batismo - Alice explora vínculos entre Brasil e Angola a partir das relações familiares da diretora, uma brasileira descendente de angolanos que fugiram para Olinda devido à guerra de declaração de independência do país africano, que se arrastou de 1961 a 1974. Em 2015, Alice Tila Chitunda decidiu visitar a terra de seus ancestrais em uma viagem de autoconhecimento que acabou esbarrando na escolha de seu nome - Alice era o nome de sua avó, filha de um líder local. O filme será exibido nesta quinta-feira (19) no Instituto Moreira Sales e no SESC da 24 de Maio, ambos em São Paulo.
"Para mim é muito gratificante competir no Tudo É Verdade, ainda mais se tratando de uma história muito pessoal, mas com um sentido tão coletivo. O Brasil e a Angola possuem muitos pontos em comum. O curta nos faz refletir sobre família, identidade, escravidão e diásporas negras causadas pelas guerras no continente africano", diz Chitunda, que é graduada em Rádio e TV pela UFPE e atualmente mora na Suíça.

O curta-metragem Mini Miss, é assinado por Rachel Daisy Ellis (produtora de filmes como Boi neon, lançado em 2015) em seu primeiro trabalho como editora. "É uma alegria imensa ter um filme selecionado para um dos festivais de documentários mais importantes da América Latina e com forte tradição na história recente do documentário brasileiro", comemora a pernambucana. Seu curta-metragem foi filmado na perspectiva de uma criança de quatro anos e acompanha cinco meninas que participam do concurso de beleza Mini Miss Baby Brasil.

"Através do filme queria explorar a experiência de crianças na primeira infância num espaço delimitado dominado por normas e desejos de adultos. O filme tem um dispositivo de observação que é na altura das crianças, numa tentativa de capturar a experiência única dessas meninas. Curioso é perceber que elas, mesmo em meio à um cenário de expectativas de adultos, elas ainda conseguem criar momentos de fabulação", conta Ellis.

As categorias brasileiras do É Tudo Verdade terão um júri composto pelos cineastas Betse de Paula, Fernando Grostein Andrade e Tyrell Spencer. Produções internacionais e latino-americanas também concorrem em outras categorias da mostra, idealizada pelo roteirista Amir Labaki. O festival tem apoio do Ministério da Cultura através da Secretaria do Audiovisual.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Cinema:Pantera Negra é o primeiro filme norte-americano exibido na Arábia Saudita em 35 anos


A Arábia Saudita testará nesta quarta-feira (18) uma sala de cinema com a exibição do filme Pantera negra, com a presença de profissionais da indústria, antes da abertura das salas ao público no próximo mês. O reino ultraconservador acabou em março com 35 anos de proibição das salas de cinema, como parte de uma série de reformas iniciadas pelo príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, apesar da oposição dos meios religiosos conservadores. A rede americana AMC Entertainment obteve a primeira licença para explorar as salas.

As autoridades anunciaram inicialmente que a primeira sala de cinema seria aberta nesta quarta-feira, mas fontes próximas ao governo e a imprensa local afirmaram que será apenas uma exibição de teste no novo cinema do bairro financeiro de Riad e que as salas devem abrir ao público em maio. "Será o primeiro de uma série de testes, com a participação de profissionais da indústria e que serão organizados como os últimos preparativos para a abertura do cinema ao público", afirmou o Centro de Comunicação Internacional do ministério da Informação.

A projeção desta quarta-feira (18) terá a presença do diretor geral da AMC Entertainment, Adam Aron. De acordo com a imprensa saudita, a empresa pretende abrir 40 cinemas em 15 cidades do país nos próximos cinco anos. As redes de cinema consideram que o reino saudita é o último mercado de massa ainda não explorado do Oriente Médio, com mais de 30 milhões de habitantes, a maioria de menos de 25 anos. A AMC enfrentará a concorrência de pesos pesados do setor, como a VOX Cinemas, principal rede de cinemas do Oriente Médio, com sede em Dubai.
De Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como Dona Ivone Lara se afirmou, 'pisando devagarinho', no mundo masculino do samba

Em 2012, Dona Ivone Lara, já dona de uma longa carreira, foi homenageada pelo samba-enredo da escola Império Serrano, que a descrevia como "Dona, Dama, Diva..." e "A rainha da casa, mãe, esposa de fé". A letra continuava: "Diz que o dom de compor é coisa de mulher".
Se até hoje contam-se nos dedos as mulheres que compõem sambas nas escolas do Rio, a prerrogativa estava há décadas de ser "coisa de mulher" quando Dona Ivone começou a desbravar um território até então estritamente masculino, em sua adolescência, nos idos dos anos 1930.
Dona Ivone nasceu no meio do samba e revelou desde cedo talento para a música, mas seguir o chamado não foi fácil. Os primeiros passos foram acompanhados por puxões de orelha da tia e incluíram pedido dela para que um primo sambista apresentasse suas composições sob seu nome - para ver se, ocultando a autoria feminina, eles seriam acolhidos.
Ela morreu na segunda-feira no Rio de Janeiro, após duas semanas internada com infecção renal. Tinha completado 97 anos na última sexta-feira. Seu corpo foi velado na quadra da escola de samba da Império Serrano, e a prefeitura do Rio declarou luto oficial de três dias. A sambista teve sua vida atrelada à história da agremiação da Serrinha, na zona norte do Rio, tendo participado de sua fundação, em 1947.
Conhecida como "a grande dama do samba", Dona Ivone se tornou a primeira mulher na história a compor um samba-enredo no concorrido carnaval carioca, em 1965.
"Os cinco bailes tradicionais da história do Rio" foi composto em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau para o Império, e virou um marco, finalmente alçando Dona Ivone à ala de compositores da escola - embora já estivesse compondo havia mais de dez anos na agremiação, diz a historiadora Rachel Valença.


Dona Ivone LaraDireito de imagemWILSON MONTENEGRO/DIVULGAÇÃO
Image captionDona Ivone se tornou a primeira mulher na história a compor um samba-enredo no concorrido carnaval carioca, em 1965

Ela diz que Dona Ivone foi uma "feminista sem saber".
"Ela soube esperar", diz Rachel, coautora do livro Serra, Serrinha, Serrano: o Império do Samba e amiga de Dona Ivone. "Ela cumpriu todos os ritos da sociedade, como casar, ter filhos, cuidar da família. Não foi uma mulher que teve uma vida contestatória a esses cânones social. Mas foi feminista no sentido de que sempre acreditou profundamente na possibilidade de ser alguém independentemente do marido e das convenções sociais."
Nascida em Botafogo em 1921, na época batizada de Yvonne, a compositora teve uma infância conturbada, perdendo o pai, mecânico, aos 3 anos, e a mãe, dona de casa, aos 11. Órfã, viveu anos no Colégio Municipal Orsina da Fonseca, um internato.
"Talvez por ter ficado órfã tão cedo, ela sempre sentiu a necessidade de trabalhar e ser capaz de se manter. Isso no fim dos anos 1940 não era nada comum, principalmente para uma mulher pobre e negra. Ela fez questão de estudar e se formar em uma época extremamente adversa, em que as mulheres eram preparadas para casar."
No internato, tinha aulas de música e canto coral. Nas férias, ia para a casa do tio, Dionísio, que tocava chorinho - e lá aprendeu a tocar cavaquinho e pegou a "malícia do samba", conta Rachel.


Velório de Dona IvoneDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionHomenagem a Dona Ivone em seu velório; 'Ela fez questão de estudar e se formar em uma época extremamente adversa, em que as mulheres eram preparadas para casar'

"Ela foi reconhecida como uma pessoa superdotada musicalmente, tinha uma musicalidade impressionante. Isso a família via com bons olhos. Já o samba... A tia que a criou após a morte dos pais queria que ficasse longe daquele mundo, longe da música popular. E ela fica muito dividida."
Mas Dona Ivone se casou com um sambista, Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, que presidia a Escola de Samba Prazer da Serrinha - que viraria a Império Serrano. "E acaba sendo levada de vez para o mundo do samba", explica Rachel.
O samba, entretanto, não se apresenta como uma opção profissional. Dona Ivone completou a formação de enfermeira e depois de assistente social, profissão que considerava sua carreira primária e da qual falava com orgulho.
Foi só depois de criar os filhos e se aposentar que dedicou sua energia ao samba, se lançando como cantora e compositora e investindo na carreira solo, no fim da década de 1970 - tendo como principal parceiro Délcio de Carvalho, com quem lançou sucessos como Sonho Meu e Acreditar.
Segundo a jornalista Mila Burns, autora de Nasci para sonhar e cantar (Record, 2009) - fruto de sua dissertação de mestrado em antropologia, que tinha como tema Dona Ivone Lara -, a compositora tinha uma percepção aguçada do meio em que estava inserida e das limitações da época, e traçou estratégias para lidar com elas.
"Ela definiu isso muito bem quando falou em pisar nesse chão devagarinho", diz Mila, referindo-se ao samba Alguém me avisou ("Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho/Mas eu vim de lá pequenininho/ Alguém me avisou/ Pra pisar nesse chão devagarinho").


Dona Ivone recebendo Ordem do Mérito Cultural 2016 das mãos de Michel TemerDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionDona Ivone recebendo Ordem do Mérito Cultural 2016 das mãos de Michel Temer; compositora adotou estratégias para driblar preconceitos ao longo da carreira

"Acho que um exemplo muito bom disso é que no começo ela pedia para o seu primo, o Mestre Fuleiro, apresentar sambas que ela compunha como se fossem dele. Todo mundo aplaudia. Ela dizia que isso não causava revolta, pelo contrário. Ela achava ótimo porque assim sabia que o samba era bom", diz Mila.
Ela só foi assumir o protagonismo mais tarde, "quando sentiu que já podia".
"Isso mostra que ela tinha uma noção muito forte do meio em que estava navegando. Ela reconhece que há preconceito, mas adota uma estratégia de fazer as coisas devagar e conquistar o espaço aos poucos."
Mila diz que quem sente pena de Dona Ivone por só ter se dedicado ao samba integralmente após a aposentadoria desconsidera as escolhas que ela quis fazer.
"Ela não tinha nada de coitada. Sempre dizia que fez tudo do jeito que queria", diz Mila, professora assistente de Estudos Latinoamericanos na Lehman College, da City University of New York (Cuny).
"Ela primeiro quis garantir o seu pão, com seu trabalho como assistente social, mantendo a música como uma coisa secundária de fim de semana."
Mila diz que a lembrança que vai guardar das entrevistas na casa de Dona Ivone Lara em Madureira condiz pouco com a imagem de "senhorinha fofinha" que se disseminou entre uma nova geração que só a conheceu na fase mais tardia.
"Sempre vou me lembrar dela como uma mulher tremendamente forte, assertiva, às vezes difícil, mas que sempre sabia o que queria, e sempre deixou isso muito claro", afirma.
Mila agora está prestes a lançar um segundo livro sobre Dona Ivone Lara nos Estados Unidos, sobre o álbum Sorriso Negro, que foi lançado no começo da abertura política na ditadura, em 1981, e marcou um momento de forte ascensão dos movimentos negro e feminista no Brasil.
"Ela nunca se declarou engajada politicamente, nunca se declarou feminista, mas teve um impacto gigantesco para as mulheres e a população negra em termos de representatividade", diz Mila.
Em um país em que a presença de mulheres no meio musical muitas vezes se dá na condição de musa ou de intérprete, Mila destaca a importância do exemplo de Dona Ivone como compositora.
"Ela soube navegar esse ambiente e dominar uma área ligada à intelectualidade e que nunca era atribuída a mulheres."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 8 de abril de 2018

Eduarda Brasil vence o The Voice Kids


Com um vozeirão de arrepiar, Eduarda Brasil chegou ao The Voice Kids para mostrar toda a riqueza da música nordestina. Nascida em Cajazeiras, na Paraíba, a adolescente, hoje com 15 anos, começou a cantar aos 5, influenciada pelo pai e pela tia, que tocam forró. Aos 12, decidiu se apresentar com a família, mesma época em que venceu seu primeiro festival. No reality, teve todas as cadeiras viradas e escolheu o time das coleguinhas Simone & Simaria.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 22 de março de 2018

Secult e Fundarpe divulgam roteiro dos espetáculos incentivados pelo Edital Pernambuco de Todas as Paixões


Pernambucanos e turistas que vão passar a Semana Santa no Estado têm a oportunidade de conferir o trabalho e valorizar artistas locais que encenam, com profissionalismo e muita dedicação ao teatro, espetáculos gratuitos da Paixão de Cristo. Por meio do X Edital Pernambuco de Todas as Paixões, o Governo do Estado (Secult/Fundarpe) está garantindo financiamento no valor de R$ 340 mil para 12 montagens em 14 municípios.
Wilker Mattos/Limoeiro em Foco
Wilker Mattos/Limoeiro em Foco
A Paixão de Cristo de Limoeiro é um dos espetáculos contemplados pelo edital
“São encenações que trazem as marcas do engajamento comunitário e do esforço de atores, figurinistas, iluminadores, enfim, de toda uma cadeia de agentes culturais que perpetuam esta tradição nas mais diversas regiões pernambucanas”, comenta Marcelino Granja, Secretário Estadual de Cultura.
As Paixões foram cuidadosamente selecionados por profissionais das artes cênicas que analisaram critérios como histórico dos espetáculos, estratégias para acessibilidade, geração de renda e ainda a coerência dos custos apresentados. Pelo quarto ano consecutivo, os membros da Comissão de Análise de Mérito Cultural também foram selecionados por convocatória pública. Entre eles, o ator, jornalista e pesquisador Leidson Ferraz.
“A primeira alegria foi ser aprovado nesta seleção pública, que qualquer pessoa ligada ao teatro pode participar. Sempre me interessou acompanhar esse processo porque trabalhei por onze anos na Paixão de Cristo do Recife e não conheço os espetáculos do Interior, já li muito sobre algumas montagens e acho que vai ser um enorme aprendizado poder ver as diferenças de encenação entre as regiões, como se dá a contação de uma história que é tão tradicional, mas que também permite muita ousadia por parte dos encenadores”, conta Leidson. Além de terem avaliado os projetos, os profissionais também farão visitas técnicas aos municípios, contribuindo para a ainda maior qualificação dos grupos cênicos. “Essa troca com os artistas vai ser um grande aprendizado, a ideia é chegar cedo, acompanhar desde os bastidores até a encenação e conversar com os realizadores não apenas sobre os espetáculos, mas também sobre os projetos, pois alguns grupos ainda têm certa dificuldade de escrever suas propostas, de colocar no papel o que desejam levar ao palco”, complementa o pesquisador.
Para a Presidente da Fundarpe, Márcia Souto, o “Edital Pernambuco de Todas as Paixões está consolidado na nossa política cultural como um instrumento de fundamental importância para o fortalecimento das cenas teatrais da capital e do interior, que estimula o turismo, premia a criatividade e impulsiona a economia das cidades”.
Divulgação
Divulgação
A Paixão de Cristo de Bom Jardim recebe novamente o incentivo do Governo do Estado
ROTEIRO DAS APRESENTAÇÕES – PERNAMBUCO DE TODAS AS PAIXÕES 2018
PAIXÃO DE CRISTO DE BOM JARDIM – FAZENDO HISTÓRIA EM PERNAMBUCO
Período e horário: 28 a 30 de março, às 20h
Locais: Início na Praça de São Sebastião e término na Capela de Nossa Senhora do Carmo – Centro 
PAIXÃO DE CRISTO DE LIMOEIRO
Período e horário: 28 a 31 de março, às 20h
Local: Centro Cultural Ministro Marcos Vinícius Vilaça, Praça da Bandeira, s/n 
PAIXÃO DE CRISTO: UM ESPETÁCULO DE FÉ
Dias e horário: 30 de março e 01 de abril, às 19h
Local: Praça Coronel Abílio, ao lado da Igreja Matriz – Orobó
JESUS DE NAZARÉ, UMA HISTÓRIA DE AMOR – ANO 30
Período e horário: 24, 29 e 31 de março, às 20h
24/03 – Praça da Igreja Matriz, Centro – Santa Cruz
29/03 – Avenida Francisco Coelho de Amorim, s/n, Pátio de Eventos – Bairro José e Maria – Petrolina
31/03 – Praça Central, ao lado da Igreja Nossa Senhora de Santana – Centro – Parnamirim
A PAIXÃO DE CRISTO DE SALGUEIRO
Período e horário: 28 a 30 de março, às 21h
Local: Pátio da Antiga Estação Ferroviária, Rua Tenente Osvaldo Varejão (próximo ao Centro Cultural) 
JESUS ALEGRIA DOS HOMENS
Período e horário: 29 a 31 de março, às 19h30
Local: Rua do Magano, Bairro do Magano (próximo ao ponto turístico Cristo do Magano) – Garanhuns
A FORÇA DA PAIXÃO
Dias e horário: 30 e 31 de março, às 19h
Local: Avenida Laura Cavalcante s/n, Praça Beira Mar de Gaibú (calçadão de Gaibú) – Cabo de Santo Agostinho
PAIXÃO DA PONTE – 2018
Dias e horário: 29 e 30 de março, às 20h
Local: Arena Paixão da Ponte, intersecção entre a Rua das Acácias e Rua das Dálias, Loteamento Cidade Jardim, Ponte dos Carvalhos – Cabo de Santo Agostinho
PAIXÃO DE CRISTO DE CAMARAGIBE – A PAIXÃO DOS CAMARÁS
Período e horário: 30 e 31 de março e 01 de abril, às 20h
Local: Praça de Eventos, Avenida Padre Oséas Cavalcanti – Bairro Vila da Fábrica (próximo ao SESI)
PAIXÃO DE CRISTO DE CASA AMARELA
Período e horário: 29 a 31 de março, às 20h
Local: Sítio da Trindade, Estrada do Arraial, 3259 – Casa Amarela – Recife
A PAIXÃO DE CRISTO DE SÃO LOURENÇO DA MATA
Dias e horário: 30 e 31 de março e 01 de abril, às 19h
30 e 31/03 – Rua Nova Esperança, s/n, Praça da Televisão, Bairro Pixete (próximo à sede do Grupo de Dança Unidos de Nova Esperança)
01/04 – Praça da Matriz, s/n, Bairro Matriz da Luz, em frente à Igreja Nossa Senhora da Luz (zona rural)
AUTO DA VIA DOLOROSA
Período e horário: 26 a 29 de março, às 19h
Dia 26/03 – Igreja de Santa Cruz, Rua de Santa Cruz, 413 – Boa Vista – Recife
Dia 27/03 – Igreja do Carmo, Rua do Bonfim, Carmo – Olinda
Dia 28/03 – Paróquia São José, Rua da Matriz, 27, Rosário – Bezerros
Dia 29/03 – Santuário Nossa Senhora da Conceição, Estrada do Morro da Conceição, Casa Amarela – Recife
De cultura.pe.gov.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE