domingo, 18 de março de 2018

Educação:alunos querem que a escola reflita a vida real, diz brasileira jurada de prêmio da Unesco



Lucia discursa na Unesco
Image caption'O que se defende é a aprendizagem ativa, na qual o estudante tem de botar a mão na massa, experimentar', diz Dellagnelo, acima no Prêmio Unesco | Foto: Unesco

A brasileira Lucia Dellagnelo ajudou a escolher dois entre 143 projetos de tecnologia na educação que foram vencedores da mais recente edição do Prêmio Unesco, organismo da ONU para educação e cultura.
As iniciativas, praticadas na Índia e no Marrocos, receberão prêmio de US$ 25 mil.
Doutora e Mestre em Educação pela Universidade de Harvard, Dellagnelo foi secretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável em Santa Catarina de 2013 a 2015 e hoje é diretora-presidente da ONG Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb).
Na premiação da Unesco, ela foi presidente do júri e representante da América Latina. Em entrevista à BBC Brasil em São Paulo, Dellagnelo conta o que viu de mais inovador, entre tantas propostas mundo afora, para tornar a educação mais igualitária, contemporânea e qualificada usando a tecnologia. E opina sobre onde o Brasil vai bem e onde precisa melhorar.
Leia os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Quais foram os critérios para escolher os projetos premiados em Paris?
Lucia Dellagnelo - Muitas pesquisas mostram que, para a tecnologia ter um impacto positivo na educação, é importante que seja trabalhada pelo menos em quatro dimensões: visão clara do objetivo, "para que e como vou usar a tecnologia"; competência dos professores e gestores no uso daquela tecnologia; qualidade dos conteúdos e recursos educacionais digitais desenvolvidos; e infraestrutura. Procuramos avaliar quais projetos realmente contemplavam isso, mas também consideramos se aquela política educacional era abrangente e de longo prazo.
BBC Brasil - O que seria esse longo prazo?
Dellagnelo - Por exemplo, um dos premiados, o Marrocos, tem uma política baseada nesses quatro pilares há mais de 15 anos. O país vem gradativamente implementando um plano chamado Genie, que sobreviveu a trocas políticas e de gestão. Se não for a longo prazo, é difícil correlacionar o uso de tecnologia com o impacto na qualidade. Não é pelo fato de usar um aplicativo ou uma plataforma adaptativa num ano que no seguinte serão vistas melhorias.


sala de aula
Image captionNão é preciso tecnologia de ponta para fazer revolução na educação, diz a especialista | Foto: Pedro Ribs/ANPR

BBC Brasil - O projeto da Índia também tinha esse perfil?
Dellagnelo - A Índia tem um problema muito sério: a evasão no que seriam os nossos fundamental 2 e ensino médio. O jovem faz a escola primária, aprende a ler e escrever, e depois tem muita dificuldade em seguir adiante não só por problemas econômicos, mas também porque, em vilas muito pequenas e distantes dos grandes centros, não existe oferta de ensino médio. Não há quem dê aula de física e química nesses lugares, por exemplo.
Por meio de videoaulas à distância, e usando uma parceria com a (universidade americana) MIT no desenvolvimento de tecnologia e laboratórios virtuais, conseguiram baixar o índice de evasão de jovens oferecendo um conteúdo de muita qualidade. O projeto, chamado CLIx, é de um instituto, em parceria com governos locais.
BBC Brasil - O prêmio valorizou a inovação também? Videoaulas são usadas já há algum tempo em outros lugares.
Dellagnelo - A função maior do prêmio é dar visibilidade a projetos que estão acontecendo e mostrar que, às vezes, uma tecnologia pode não ser uma grande inovação num país e ser em outro. Para uma população isolada, que não tem nem luz elétrica, que precisa usar gerador para acessar a internet, o impacto da videoaula é muito diferente.
Tem um projeto chinês, de que gostei muito também, em que um professor da capital, identificado como muito capaz, dava aulas interativas às vezes para 300 crianças espalhadas em vários lugares do país. Ao mesmo tempo, formava o professor dessa vila, que estava lá assistindo.
Sim, a videoaula não é uma tecnologia revolucionária - existe isso no Amazonas, inclusive -, mas tivemos que usar essa relatividade na votação: a tecnologia proposta resolve algo que não estaria sendo resolvido se não existisse?
Para mim, fica claro que tem solucionado um problema real, que é o acesso a professores qualificados. Porque o prêmio também tem esse viés: toda criança e jovem do mundo, independentemente do país, da cultura e da língua que fala, tem direito à educação de qualidade. Como a gente faz a tecnologia trabalhar a favor desse direito? (...) Tentamos mostrar políticas mais amplas de uso de tecnologia que foram incorporadas, de certa maneira, pelo poder público - nacional, estadual ou local -, fazendo uma mudança sistêmica.
BBC Brasil - Projetos brasileiros também concorreram?
Dellagnelo - Sim, mas eles não ficaram entre os 25 finalistas. Acho que uma das razões é o fato de serem voltados a grupos muito específicos. Um era de educação ambiental que usava tecnologia, porém estava muito pautado por visitas presenciais. Um outro, de uma professora de acessibilidade, focava na tecnologia para pessoas com deficiência auditiva.
BBC Brasil - Você foi jurada representando a América Latina. Qual a situação do Brasil no continente em termos de tecnologia educacional?
Dellagnelo - Tem países que estão melhores do que a gente nesse quesito, como Uruguai, Chile e Costa Rica. O Uruguai adotou o projeto Plan Ceibal, cujo lema é "um computador por aluno". É um país superpequeno, de 3,5 milhões de habitantes, parece muito mais fácil fazer isso. Mas esse mesmo projeto, que conta com cento e poucos funcionários, também cuida de toda a tecnologia educacional: compra, distribui e faz manutenção de computadores, além de capacitar professores e fazer parcerias.
O país tinha, por exemplo, um grande problema com professores de inglês na área rural. Fizeram um convênio com o Reino Unido e todas as aulas de inglês são dadas a partir de Londres, com o professor também ali, aprendendo.


Prêmio Unesco
Image captionForam eleitos 143 projetos vencedores da mais recente edição do Prêmio Unesco | Foto: Unesco

BBC Brasil - A experiência chilena é parecida?
Dellagnelo - Lá houve um desenvolvimento diferente. O centro de inovação em educação se chama Enlaces e era uma rede de universidades que fazia pesquisa e experiências em tecnologia educacional. Depois de alguns anos, ele foi incorporado pelo Ministério da Educação como um departamento que só cuida disso. Na Costa Rica, é uma fundação sem fins lucrativos que também recebe a atribuição do governo de cuidar de toda a tecnologia educacional, treinar os professores, comprar computadores e tal.
BBC Brasil - Onde o Brasil está pecando?
Dellagnelo - Não temos essa incorporação em larga escala da tecnologia nas escolas brasileiras. Oferecemos soluções tecnológicas de vanguarda, as empresas brasileiras não deixam nada a desejar nesse ponto, mas temos iniciativas isoladas no dia a dia escolar. Por quê?
Entre outros motivos, a nossa infraestrutura não é a melhor e o nosso professor não sabe incluir a tecnologia na prática pedagógica dele. Um dos diferenciais do projeto marroquino premiado foi a criação, em parceria com a Coreia do Sul, de centros de formação profissional para professores em várias regiões. O Brasil está precisando disso.
BBC Brasil - Para implementar políticas públicas, são necessários bons gestores. Como estamos nessa categoria?
Dellagnelo - Temos excelentes gestores públicos. O problema é que a gestão pública é confundida com a política. Quando há troca de governo, às vezes um excelente gestor vai para um cargo totalmente secundário para dar lugar a um afilhado político. Então há uma desvalorização contínua. Mas fico bastante impressionada quando vou a Brasília e encontro jovens comprometidos e bem formados eticamente. Acho que está surgindo uma nova geração. Se conseguissem diminuir a ingerência política...
BBC Brasil - Professores jovens têm mais facilidade para implementar a tecnologia na sala de aula?
Dellagnelo - Se faz diferença a geração digital do professor? Não necessariamente. Não é pelo fato de usar constantemente a tecnologia na sua vida que um professor jovem vai saber ensinar com tecnologia. Não está correlacionado diretamente com a idade, e sim com se formar para fazer isso.
BBC Brasil - Mas uma aula, hoje, pode ser atraente se o professor usar somente lousa e pincel atômico?
Dellagnelo - Há ótimos professores que não usam muito a tecnologia, mas o que não se pode continuar fazendo é dar aquela aula tradicional na qual o professor transmite o conhecimento e acha que seus alunos estão passivamente absorvendo o conteúdo. Os nativos digitais têm um spam de atenção muito curto. Fala-se em 10 a 15 minutos. Se o professor ficar falando uma hora, eles focarão apenas 25% desse tempo no que ele falou.
Hoje, o que se defende é a aprendizagem ativa, na qual o estudante tem de botar a mão na massa, experimentar, tentar resolver um problema real com aquela informação, com aquele conhecimento, para realmente poder aprender. E tem a questão da contemporaneidade. Os alunos querem que a escola reflita minimamente o que é a vida fora dela, uma vida permeada por tecnologia.


professor com tablet dando aulaDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionProfessores precisam ser capacitados para usar a tecnologia de forma eficiente em sala de aula

BBC Brasil - É preciso recorrer ao que há de mais moderno para cativar a atenção deles?
Dellagnelo - Não é necessário nada muito sofisticado. Fui dar uma palestra no Espírito Santo faz alguns dias e lá havia uma professora de uma escola do interior do Estado que usa um aplicativo gratuito chamado Remind. Essa professora monta a sala dela na plataforma, inclui todos os alunos, cujos e-mails estão cadastrados, e planeja a aula com uma sugestão de leitura. Como praticamente todos os estudantes têm celular, vai fazendo perguntas via smartphone: "Gente, só pra ver se leram mesmo, qual o nome do cara que fez tal coisa?". Pega as respostas, mas não precisa ficar corrigindo uma a uma. O próprio aplicativo diz quantos e quais acertaram.
Aí ela organiza a sala pelos grupos de alunos que sabe que já aprenderam esse conteúdo e para quem ela pode dar uma nova tarefa, e por aqueles que precisam de uma atenção especial. Ou seja, usando um aplicativo gratuito, sem uma infraestrutura do outro mundo, está fazendo uma revolução na educação.
BBC Brasil - Essa interação poderia acontecer apenas no plano virtual?
Dellagnelo: Parece um paradoxo, mas, quanto mais a gente usa a tecnologia, mais a gente valoriza na educação os momentos presenciais. Mas esses momentos presenciais não são apenas transmissão de conhecimento. São reflexão, atividades práticas, colaboração entre os estudantes.
BBC Brasil - E dá para ter só tecnologia, sem professor?
Dellagnelo - Não. Essa é uma coisa que as pesquisas estão mostrando. Três relatórios publicados no final do ano passado mostram que é muito importante colocar a tecnologia na mão do professor, e não direto e somente no colo dos alunos. Entre todas as variáveis, talvez a qualidade do professor e da prática pedagógica dele seja a variável mais forte para associar o nível de aprendizagem da criança e do jovem ao mundo tecnológico. Alguém precisa ensinar a eles as implicações e o funcionamento daquela ferramenta.
BBC Brasil - O aluno precisa entender de algoritmo?
Dellagnelo: A Base Nacional Comum Curricular (documento recém-aprovado pelo Ministério da Educação, com as diretrizes básicas de o que deve ser ensinado nas escolas do país) tem uma competência geral que fala em "utilizar tecnologias de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano, incluindo as escolares, para se comunicar".
O Cieb insistiu que "utilizar" não é suficiente. Tem de compreender e também criar tecnologias. O aluno hoje precisa saber minimamente como programar e entender a lógica da programação. Não é que todo muito vai virar programador, mas o aluno tem de entender o algoritmo por trás de um Facebook, de um Google, para compreender como a tecnologia está recomendando coisas que ele acha mágicas: "Ah, como ele sabia que eu queria comprar isso?" Ao entrar na internet, está se deixando rastro. Esse rastro esta sendo cada vez mais explorado por empresas para o marketing, por exemplo.
BBC Brasil - Inteligência Artificial é um conceito acessível?
Dellagnelo - Sim, o aluno precisa entender o que é Inteligência Artificial, compreender como é alimentada - alguém forneceu aquele dado, às vezes sua própria pegada digital, seu comportamento nas redes sociais. Parece um ambiente neutro. Como eu não vejo um interlocutor na minha frente, posso falar qualquer coisa e a qualquer hora. A pegada digital, a reputação digital são valores que os professores precisam ensinar para os alunos. Tem que ensinar também a usar as redes sociais para fazer mobilizações, para fazer sua voz ser ouvida.
BBC Brasil - Alguns youtubers brasileiros têm cerca de 20 milhões de seguidores entre crianças e jovens. Qual é a melhor estratégia em sala de aula para lidar com a influência deles?
Dellagnelo - A função do professor é ouvir o que esse youtuber está transmitindo e dizer, se for o caso, "vamos aprofundar, vamos discutir isso aqui". A tecnologia permite mais equidade - alunos de diferentes regiões conseguem receber a mesma educação - e contemporaneidade. Mas é o professor quem precisa fazer essa ponte. É papel dele ajudar os alunos a entender esse mundo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Igreja Assembléia de Deus em Bom Jardim realiza Cruzada Evangelística para comemorar 100 anos em Pernambuco

                                 Foto: Cruzada Evangelística no Pátio de Eventos, 17/03/2018.
Fiéis da Assembleia de Deus, Bom Jardim, promoveram neste final de semana uma grande festa com muitas orações, cultos, louvores, encontros, desfile  cívico e religioso nas ruas do centro da cidade, para comemorar o centenário da Igreja em Pernambuco.Conheça mais sobre a história da igreja em solo pernambucano.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus, fundada pelos missionários suecos Joel Carlson e Signe Carlson, em 24 de Outubro de 1918.
O missionário Joel Carlson iniciou as atividades da Igreja no bairro da Boa Vista, na residência dos irmãos João Ribeiro e Felipa Ribeiro, onde foi realizado o primeiro culto. O evangelismo era realizado nas praças da cidade e nas residências, sob muita perseguição e indiferença, entretanto, a semente encontrou boa terra e cresceu abundantemente. O Senhor fez prosperar a Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco sob a liderança do missionário Joel Carlson. Durante seu pastorado, foi inaugurado o primeiro templo, situado à Rua Castro Alves nº 255, em 15 de Abril de 1928, seguido de muitos outros pelos bairros do Recife. O trabalho também se propagou pelo interior do Estado, como demonstração da aprovação divina. Vale destacar a cooperação de outros irmãos na obra do Senhor em Pernambuco durante este período, como os missionários Samuel Hedlund e Tora Hedlund, e as irmãs Ingrind Franzon, Esther Anderson, Augusta Anderson e Elisabeth Johansson, entre muitos outros. O missionário Joel Carlson pastoreou o rebanho do Senhor até ser recolhido ao descanso celestial, no dia 08 de Setembro de 1942.

 Após a gestão do missionário Joel Carlson, outros líderes estiveram à frente da Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco. O pastor José Bezerra da Silva, seu sucessor imediato, liderou a Igreja até o ano de 1953. Foi então sucedido pelo pastor José Rosa dos Santos, que dirigiu a Igreja por alguns dias em caráter interino, sendo substituído pelo pastor Manoel Messias Ramos, que por dois anos esteve na direção da Igreja do Senhor, no período de novembro de 1953 a novembro de 1955. Logo a seguir veio um período de transição, no qual a Igreja foi dirigida pelo pastor Joaquim Gomes da Silva, entre novembro de 1955 a Maio de 1956, quando ocorreu a eleição de um novo pastor presidente.
 Em 23 de maio de 1956, numa reunião da Convenção Estadual de Ministros, dirigida pelo missionário Eurico Bergsten, o pastor José Amaro da Silva foi eleito presidente da Assembleia de Deus no Estado de Pernambuco. Sua vida foi uma trajetória de oração e estudo incessante da Palavra de Deus, tornando-se, até os dias atuais, uma referência para os obreiros da Igreja do Senhor. Frequentemente convidado a participar de convenções de obreiros em outros Estados, suas apreciações e conselhos eram sempre respeitados, sua palavra possuía muito peso ante os demais pastores. Dedicou seu ministério buscando o crescimento da igreja em todo o Estado, construindo templos, dando assistência aos obreiros e cumprindo uma agenda de constantes visitas às filiais estabelecidas no interior.
 O pastor José Amaro da Silva se notabilizou por sua firmeza doutrinária e pela coragem de enfrentar grandes desafios em favor da Igreja, como a aquisição do terreno e a construção do Templo Central. Enfrentando a escassez de recursos, empreendeu uma campanha para a aquisição do terreno, que, com muitas dificuldades e de modo miraculoso, foi adquirido e pago. O projeto de construção foi elaborado e a Igreja se preparava para a grande tarefa, quando foi surpreendida por uma desapropriação por decreto do Governo Estadual, sob alegação de que, no local, deveria ser construído um colégio. Sem uma solução jurídica plausível, o pastor José Amaro iniciou uma jornada de jejum e oração, junto com toda a Igreja do Senhor. Após alguns meses em batalha espiritual, o decreto foi revogado, e o terreno voltou às mãos da Igreja, para a glória do nome de Jesus. Foi iniciada, então, a construção da nova sede estadual, sendo programada sua inauguração para o dia 24 de Outubro de 1977, coincidindo com a data do aniversário da Assembleia de Deus do Estado de Pernambuco.
 Entretanto, os caminhos de Deus são inescrutáveis, e, após vinte e um anos de um diligente e notável pastorado, que abalizou a Igreja em todo estado nas doutrinas bíblicas e nos bons costumes, o servo do Senhor foi recolhido ao descanso celestial, no dia 14 de abril de 1977, deixando uma herança de fé e conquistas espirituais para as gerações posteriores.
 Após um período de oração e jejum, a Convenção Estadual de Ministros, outra vez sob a direção do missionário Eurico Bergsten, elege o Pastor José Leôncio da Silva como presidente da Assembleia de Deus em Pernambuco, no dia 04 de Julho de 1977. Por vinte e cinco, este servo de Deus havia auxiliado o pastor José Amaro na administração das finanças da igreja, sendo um braço forte e fiel colaborador, estando sempre a serviço da Igreja na capital e no interior do Estado. Agora, como presidente da Igreja, assumia vários desafios, entre eles, conduzir as obras de conclusão do Templo Central, principiada na gestão anterior, vindo a inaugurar o empreendimento no dia 24 de Outubro de 1977.
 Seu pastorado foi caracterizado pelo amor às ovelhas do Senhor, por uma visão ampla em relação a Igreja, bem como pela realização de grandes empreendimentos, como a organização da Secretaria de Missões e o início das missões transculturais, enviando, através da Igreja, o primeiro casal missionário à Argentina, o pastor Ailton José Alves e esposa Judite Alves, no ano de 1981. Este foi apenas o princípio da história de missões da IEADPE, visto que em seguida seriam enviados missionários aos continentes africano, asiático e europeu.
 Durante os vinte e um anos em que o pastor José Leôncio da Silva esteve à frente da Assembleia de Deus em Pernambuco, a Igreja experimentou um grande avivamento espiritual, estendendo ainda mais suas cortinas e ficando estacas cada vez mais distantes, no interior e no sertão do Estado, e consolidando o trabalho de evangelismo na capital. O pastor José Leôncio da Silva notabilizou-se pelo seu profundo amor a Deus e à Igreja, resultado de uma visível e profunda comunhão com Deus. Ainda durante seu pastorado, podemos destacar a implantação de vários trabalhos, entre os quais o pioneirismo das cruzadas evangelísticas, a implantação dos grupos de discipulado vinculados às campanhas evangelizadoras e a realização dos congressos de mocidade, que alcança toda juventude do Estado, entre muitas outras iniciativas.
 No ano de 1998, o pastor José Leôncio da Silva discerniu, pelo Senhor, que havia cumprido sua tarefa na presidência da Igreja. Então, após mais de duas décadas de serviço incessante e sacrificial, deixa o comando da Assembleia de Deus em Pernambuco, deixando o legado de uma vida santa e irrepreensível, um exemplo de fé e comunhão a ser seguido por todos nós. No ano de 2002, o Senhor achou por bem recolher o seu servo ao descanso celestial, onde aguarda a bem aventurada ressurreição dos justos e a recompensa do Pai Celestial.
 Em Outubro de 1998, após a jubilação do pastor José Leôncio da Silva, assume a presidência das Assembleias de Deus em Pernambuco o pastor Aílton José Alves, atual Presidente da Igreja (IEADPE) e da Convenção Estadual de Ministros (CONADEPE). Seu pastorado tem sido grandemente abençoado pelo Senhor, e pontuado por diversos empreendimentos, como, por exemplo, a utilização da mídia para a propagação da Palavra de Deus, através da Rede Brasil de Comunicação, uma grande conquista da Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco.
 Podemos ainda mencionar outras conquistas e realizações da IEADPE na gestão do nosso atual Pastor Presidente. O trabalho missionário tem se expandido e alcançado diversos povos e línguas, e hoje, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco se faz presente em vários países, com mais de 70 templos espalhados pelo mundo. O trabalho social da Igreja é reconhecido pela sociedade pernambucana como um dos mais profícuos, sendo referência de organização e eficiência, tendo recebido várias menções honrosas, homenagens e condecorações. A expansão dos trabalhos, tanto na capital como no interior do Estado, é evidenciada pelo acréscimo de templos e salões locados, em decorrência do aumento do número de membros, fato comprovado pelos grandes batismos em águas realizados bimestralmente. A direção divina na liderança do pastor Ailton José Alves, tem conduzido a Igreja a uma abrangência em suas atividades. Sua visão aguçada em relação às atividades eclesiásticas deu início a trabalhos inovadores, como coordenação de uniões de adolescentes, o PROATI (Programa de Apoio à Terceira Idade), o Departamento da Família, entre outros. Também foram inseridos vários eventos no calendário da Igreja, entre eles o congresso de mulheres, congressos de adolescentes e SAMAD’s (Seminário de Aperfeiçoamento Ministerial das Assembleias de Deus).
 A caminho do Centenário, vários são os projetos idealizados pelo nosso Pastor Presidente, sob a orientação divina. Entre tantos desafios, temos a construção de uma nova sede estadual, com capacidade para 30 mil pessoas, para a realização dos grandes eventos de nossa Igreja. Vislumbram-se novos desafios missionários, a colheita de muitas vidas para Cristo, a evangelização de lugares não alcançados, novas conquistas na área de comunicação, realização de cruzadas evangelísticas, edificação de novos templos, ampliação das obras sociais e a formação de novos obreiros. Sob a égide da fé, podemos dizer como o apóstolo Paulo: “Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo” (Fl 1.6). Com informações de ieadpe.org.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Religião:Tempo da Quaresma

Fotos: saída da missa na Matriz de Sant'Ana - Bom Jardim - PE.

Sentido da Quaresma.
O primeiro que devemos dizer ao respeito é que a finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação à Páscoa. Por isso se está acostumado a definir à Quaresma, “como caminho para a Páscoa”. A Quaresma não é portanto um tempo fechado em si mesmo, ou um tempo “forte” ou importante em si mesmo.
É mas bem um tempo de preparação, e um tempo “forte”, assim que prepara para um tempo “mais forte” ainda, que é a Páscoa. O tempo de Quaresma como preparação à Páscoa se apóia em dois pilares: por uma parte, a contemplação da Páscoa de Jesus; e por outra parte, a participação pessoal na Páscoa do Senhor através da penitência e da celebração ou preparação dos sacramentos pascais –batismo, confirmação, reconciliação, eucaristia-, com os que incorporamos nossa vida à Páscoa do Senhor Jesus.
nos incorporar ao “mistério pascal” de Cristo supõe participar do mistério de sua morte e ressurreição. Não esqueçamos que o Batismo nos configura com a morte e ressurreição do Senhor. A Quaresma procura que essa dinâmica batismal (morte para a vida) seja vivida mais profundamente. trata-se então de morrer a nosso pecado para ressuscitar com Cristo à verdadeira vida: “Eu lhes asseguro que se o grão de trigo…morre dará fruto” (Jo 20,24).
A estes dois aspectos terá que acrescentar finalmente outro matiz mais eclesiástico: a Quaresma é tempo apropriado para cuidar a catequese e oração das crianças e jovens que se preparam à confirmação e à primeira comunhão; e para que toda a Igreja ore pela conversão dos pecadores.
De: ACI Digital.

COMO VIVER O TEMPO DA QUARESMA?
Algumas atitudes podem nos ajudar a viver melhor o tempo da quaresma
A Quaresma é um tempo de graça, um verdadeiro Kairós, tempo da manifestação de Deus. Este tempo tem como característica duas realidades muito importantes: 1. Olhar para Jesus; 2. Conversão.
Neste tempo, somos levados pela Igreja a seguir Jesus em seus últimos momentos de vida para – junto com Ele – aprendermos o que é o amor e a misericórdia. Por diversas vezes, o Senhor vai se revelando como o rosto misericordioso do Pai, assumindo até as últimas conseqüências a vontade do Pai, que é salvar a cada filho. É um caminho de “subida”, não só para Jerusalém, mas até o mais alto grau do amor que se concretiza na cruz.
Jesus, muitas vezes, vai anunciar sua Paixão dizendo que o Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado e morto, mas no terceiro dia ressuscitará. Vemos nesses anúncios também o desejo do Senhor de se entregar. Está aí a sua disposição em dar até a própria vida em nosso resgate. Ele não somente falou a respeito do amor que se revela ao dar a vida pelos amigos, mas o fez em sua própria vida. Assim, tornou-se o exemplo mais sublime que devemos seguir para realmente sermos felizes.
Quaresma é também conversão, revisão de vida e mudança de atitude. Tudo concorre para isso nesse período: a liturgia, os cânticos, as orações. É tempo de olhar para tudo o que temos vivido e como temos vivido: nossos relacionamentos em casa, no trabalho, na escola, nosso relacionamento com Deus. Será que Ele tem sido o nosso tudo? Nossa relação com Ele é de confiança, de intimidade e amor?
Quaresma é tempo do perdão. O profeta Isaías nos diz no capítulo 30, 18: “Em vista disso, o Senhor espera a hora de vos perdoar. Ele toma a iniciativa de mostrar-vos compaixão, pois o Senhor é um Deus justo – felizes os que nele esperam”.
É um tempo de grande graça. É o Senhor quem toma a iniciativa de nos mostrar compaixão. Em nossas paróquias, além do tempo normal de confissões, temos os mutirões de confissão, celebrações penitenciais. Tudo se torna propício para nossa conversão. Por isso, não podemos perder tempo.
Algumas atitudes nossas podem nos ajudar a mergulhar fundo nessa graça
Por exemplo:
– Aproveite esse tempo para silenciar um pouco, criar um clima de interioridade, evitando músicas muito altas em casa, no quarto; valorizando as que nos levam a uma maior reflexão e oração.
– Separe um tempo do dia para a oração pessoal. Crie em sua casa ou no seu quarto um pequeno altar, ali coloque um crucifixo, uma vela, a Bíblia aberta, para que o ambiente seja convidativo à oração.
– Nas sextas-feiras, se for possível, medite as estações da Via-Sacra. Isso o ajudará a mergulhar no mistério da Paixão do Senhor.
– Durante o tempo quaresmal se proponha a também fazer obras de misericórdia. Por exemplo: visitar um doente, visitar um asilo, levar alguma ajuda concreta a uma família mais carente, como roupas que você já não esteja usando ou alimentos. Tudo isso gerará em seu coração um sentimento de alegria por poder fazer algo de bom a alguém.
– Quaresma é tempo de perdoar e de pedir perdão. Se você tem alguém, a quem precisa perdoar, peça a Deus a graça de conceder esse perdão e se foi você que feriu esse alguém, dê o passo em direção à pessoa e peça perdão. É tempo de reconstruir as pontes de reconciliação.
– A confissão é fundamental nesse tempo, não deixe para a última hora, procure o sacerdote no decorrer da Quaresma para que, auxiliado pela graça desse sacramento, você colha todos os frutos deste tempo.
A Quaresma é entendida como um grande retiro, um retiro de 40 dias, no qual nos voltamos de coração sincero para o Senhor e d’Ele recebemos uma nova vida. Já há alguns anos, nós da Canção Nova temos feito essa experiência por meio do retiro popular de Dom Alberto. Ele nos tem possibilitado viver esse tempo de maneira intensa e profunda. Esse é mais um modo de se viver bem esse período.
O importante é que eu e você tomemos consciência de tudo o que o Senhor deseja realizar em nossas vidas e nos esforcemos para não deixar a graça passar.

Texto: Padre Clóvis – Missionário da comunidade Canção Nova
Fotos: Edgar Severino dos Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Chora Flamengo:Sport campeão brasileiro de 1987, decreta STF


Reunião do time campeão brasileiro de 1987 em 21 de maio de 2017. Foto: Anderson Freire/Sport Club do Recife
Betão, Neco, Ismael, Cláudio e Flávio; Marco Antônio, Zico, Robertinho, Rogério, Ribamar e Euzébio.
Onze jogadores que fizeram parte do Sport durante a campanha do título brasileiro de 1987 se reuniram na Ilha do Retiro, a convite do clube, para as homenagens pelos trinta anos da conquista. Dois deles radicados em Pernambuco, Rogério e Neco, e os demais acompanhando o leão de longe, de norte a sul. No encontro, saudosismo puro. A data marca também a estreia do uniforme principal desta temporada, inspirado no histórico modelo.
Curiosamente, há dez anos, na comemoração pelos vinte anos da conquista, o domingo também foi marcado por um confronto contra o Cruzeiro, pelo Brasileirão – na ocasião, 1 x 0, gol de Gabiru. Em relação àquela festa, a ausência desta vez foi o capitão Estevam, o hoje técnico “Estevam Soares”.
Além da reunião, incluindo o craque do time, o meia Ribamar, e o autor do gol do título, o zagueiro Marco Antônio, o rubro-negro fez uma exposição na Ilha sobre a história do título e lançou um vídeo de apresentação da camisa produzida pela Adidas. O slogan é o seguinte: “É melhor aceitar”.

Depois de anos de uma batalha jurídica envolvendo Flamengo e Sport, a novela envolvendo a Copa União de 1987, enfim, teve um desfecho formal. Após a maioria dos ministros do Superior tribunal Federal (STF) darem ganho de causa aos pernambucanos, a matéria foi dada como esgotada e não cabe mais discussão quanto ao título brasileiro do Leão.
A decisão transitou em julgado na última sexta feira, o que significa que estouraram todos os prazos legais para que o Flamengo tentasse reverter a derrota. O processo já teve a sua baixa definitiva efetuada.
COPA UNIÃO DE 1987
Em 1987, o time de Recife foi o campeão do Módulo Amarelo e o Flamengo levou o Módulo Verde da Copa União (torneio organizado pelo Clube dos Treze).
No entanto, o clube carioca e o Internacional (segundo do Módulo Verde) se recusaram a jogar um quadrangular organizado proposto pela CBF com Sport e Guarani (o vice do Amarelo) para definir o campeão brasileiro e os representantes da Libertadores do ano seguinte. Guarani e Sport se enfrentaram novamente e os rubro-negros foram os campeões.

Com informações de Diário De Pernambuco/Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo: a ilha que guarda a língua escrita mais antiga da Europa


Imagem de Santorini
Image captionSantorini é formada por cinco ilhas que rodeiam uma enorme caldeira vulcânica | Foto: Sylvain Sonnet/Getty Images

Giannis Bellonias estava parado à beira de um mirante em Imerovigli, vilarejo localizado no alto de uma montanha na ilha grega de Santorini, à espera do pôr do sol no Mar Egeu.
Foi quando ele se virou para mim e disse:
"Olha, olha ali! Olha o vulcão".
Morador de Santorini, Bellonias apontava para o que são, de fato, duas pequenas ilhas de lava negra formadas pela atividade vulcânica - consideradas os mais recentes fragmentos de terra da bacia oriental do Mediterrâneo: Palea Kameni (Queimada Velha, em tradução livre) e Nea Kameni (Queimada Jovem).
Com suas tradicionais casas brancas e igrejas de cúpula azul construídas ao longo das encostas, Santorini é um dos destinos turísticos mais famosos da Grécia. É cenário de folhetos de viagem a postagens do Instagram. E não é à toa que se tornou uma das principais referências no imaginário popular de ilha grega.
Mas o que pouca gente sabe é que o cartão-postal guarda um segredo sombrio.
Localizada no sul do Mar Egeu, Santorini é formada por um pequeno grupo circular de cinco ilhas que fazem parte das chamadas Cíclades: Thera, ilha principal, em forma de meia lua; Thirasia e Aspronisi, que fecham a circunferência; e as duas ilhas de lava, apontadas por Bellonias, ao centro.
Todas as cinco ilhas rodeiam uma enorme caldeira - cratera que se forma após uma erupção vulcânica -, sendo a maior parte submersa.
Mas nem sempre foi assim. Durante a Idade do Bronze, há cerca de 5 mil anos, Santorini era uma única massa de terra vulcânica chamada Stronghyle (que significa "redondo", em grego) - e desempenhou um papel crucial na história.

Ilustração
Image captionAcredita-se que o império minoico tenha se expandido até o Egito e a Síria | Imagem: De Agostini/G. Nimatallah/Getty Images

Naquela época, uma civilização começou a se desenvolver na ilha de Creta, nas proximidades de Santorini. Seus habitantes eram conhecidos como minoicos - por causa de Minos, lendário rei de Creta. Eles eram um povo enigmático e educado, formado não só por guerreiros, mas também comerciantes, artistas e navegantes.
A ascendência dos minoicos é objeto de uma disputa calorosa: enquanto alguns acreditam que eles foram refugiados do Delta do Nilo, no Egito, outros argumentam que eles saíram da antiga Palestina, Síria ou da Alta Mesopotâmia.
Uma pesquisa recente sugere, no entanto, que a civilização minoica se desenvolveu localmente, a partir dos primeiros agricultores que viveram na Grécia e no sudoeste da Anatólia.
Seja qual for a origem, não há dúvida de que, entre 2600 e 1100 a.C., uma civilização altamente sofisticada e avançada prosperou por aqui. Escavações realizadas em Creta, no sítio arqueológico de Knossos (capital da civilização minoica), desenterraram as ruínas de um surpreendente palácio, joias de ouro e afrescos.
Ao longo dos séculos, o império minoico expandiu para a ilha de Rodes (309 km a leste de Stronghyle), assim como para regiões da costa da Turquia - e acredita-se que tenha chegado até o Egito e a Síria.
Stronghyle (atualmente, Santorini) era um posto avançado estratégico para os minoicos devido à sua posição privilegiada na rota de comércio de cobre entre Chipre e Creta.

Ruínas
Image captionOs sistemas de escrita mais antigos da Europa foram encontrados em construções de Akrotiri | Foto: Gail Mooney/Corbis/VCG/Getty Images

"Escavações em Akrotiri (uma aldeia no sudoeste de Santorini) encontraram casas de três andares, palácios grandes e elaborados, as primeiras estradas pavimentadas da Europa, água corrente e um espetacular sistema de esgoto", conta Paraskevi Nomikou, professora assistente de oceanografia geológica e geografia natural na Universidade de Atenas.
E, mais fascinante ainda, foram descobertos os primeiros sistemas de escrita da Europa, registrados em construções de Akrotiri e em rochas dos palácios de Knossos e Malia. Foi aqui que os minoicos grafaram suas primeiras palavras escritas, inicialmente na forma de hieróglifos cretenses e, mais tarde, usando o sistema Linear A.
Os hieróglifos cretenses fazem parte de uma escrita antiga baseada em cerca de 137 pictogramas - que remetem a plantas, animais, partes do corpo, armas, navios e outros objetos. Acredita-se que esteve em uso até 1700 a.C.
Gradualmente, os minoicos aperfeiçoaram os hieróglifos cretenses, chegando ao sistema Linear A, mais convencional, que foi utilizado até cerca de 1450 a.C.
Ele era composto por vários números, 200 símbolos e mais de 70 sinais de sílaba, sendo mais parecido com a linguagem que conhecemos hoje - embora ambas as escritas permaneçam indecifráveis.

Sistema de escrita Linear A
Image captionA escrita Linear A - com 200 símbolos e 70 sinais de sílaba - se assemelha mais à linguagem que conhecemos hoje | Foto: Print Collector/Getty Images

Com razão, os criadores da língua escrita mais antiga da Europa foram saudados como a primeira civilização alfabetizada do continente. E suas conquistas intelectuais só eram superadas por seu estilo descontraído de viver. Eles celebravam a vida, até mesmo em funerais, faziam amizade com touros, em vez de matá-los, e conviviam em harmonia com a natureza.
E foi justamente a natureza que decidiu exterminá-los.
Entre 1627 a.C. e 1600 a.C., Stronghyle foi palco de uma erupção vulcânica - conhecida como erupção Minoica ou Santorini -, talvez a maior em 10 mil anos.
"Antes da erupção, a caldeira atual não existia. Em vez disso, havia uma caldeira menor, decorrente de uma erupção muito mais antiga, que formava uma lagoa no norte da ilha", explica Nomikou.
"Durante a erupção, materiais vulcânicos de 60m de espessura foram jogados no mar, gerando um tsunami de 9m de altura, que atingiu as margens de Creta. "
Acredita-se que a série de ondas tenha chegado à costa oeste da Turquia e até Israel.

Imagem de Santorini
Image captionErupção vulcânica no fim da Idade do Bronze deu origem à atual caldeira de Santorini | Foto: Florian Trojer/Getty Images

Uma vez que a devastação terminou, a caldeira atual começou a se formar - e milhares de anos se passaram até surgir a Santorini que conhecemos hoje.
Para os minoicos, era o princípio do fim.
"A destruição vulcânica dizimou seus barcos comerciais, e a enorme quantidade de dióxido de carbono que foi liberada na atmosfera desestabilizou o equilíbrio climático, devastando a agricultura minoica", acrescenta a professora.
"Tudo isso gradualmente permitiu aos micênicos (civilização da Idade do Bronze que habitava a Grécia continental entre 1600 a.C. e 1100 a.C.) aproveitar a chance de acabar com a independência minoica."
Mas o que intriga Nomikou é que, ao contrário da antiga cidade romana de Pompéia, coberta por mais de 6 metros de cinzas e pedras após a erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., nenhum corpo foi encontrado em Santorini.
"Tudo indica que o povo de Santorini foi avisado com antecedência e escapou", diz ela.
Até hoje, ninguém sabe para onde eles foram.

Ilustração Roma antiga
Image captionA língua grega propagou a democracia, o teatro e a filosofia pelo mundo | Imagem: Universal History Archive/Getty Images

Mas se Santorini destruiu a primeira grande civilização da Europa, não extinguiu sua língua. Uma vez que os micênicos dominaram o antigo império minoico, substituíram o sistema de escrita Linear A por uma versão aprimorada, conhecida como Linear B. Trata-se da forma inicial da língua grega antiga, que propagou a democracia, o raciocínio científico, o teatro e a filosofia por todo o mundo.
Mais de 3,5 mil anos após a destruição, Bellonias se orgulha de ser dono de uma das tradicionais propriedades na encosta de Santorini, esculpidas diretamente na caldeira vulcânica.
"Essas casas tem o ar-condicionado perfeito. No inverno, o vulcão envia calor na sua direção e, no verão, refresca ", conta com um sorriso.
Bellonias é um colecionador de arte, fundador de um instituto cultural que abriga uma biblioteca com 35 mil livros - incluindo centenas de títulos dedicados a Santorini. Em seis décadas, ele já viveu dentro e fora da ilha.
"Pode te surpreender, mas o que povoa minha mente é esse cheiro", diz ele.
"Quando eu era criança, toda vez que saíamos de Atenas (onde ele passou a infância) e chegávamos à ilha, estava amanhecendo - a viagem era árdua naquela época. E eu era tomado pelo cheiro dos cavallines, o excremento dos cavalos que levavam os moradores e turistas até Imerovigli, antes de Santorini ficar famosa."

Pôr do sol
Image caption'Não consigo descrever o pôr do sol em palavras', diz Bellonias | Foto: Lee Frost/Getty Images

"Você ainda pode sentir o cheiro dos cavallines se abrir mão do conforto do seu carro", acrescenta Bellonias, olhando para as ilhas vulcânicas à sua frente, atrás das quais o colorido do céu - que vai do vermelho ao ultravioleta - anuncia a chegada do pôr do sol.
"Eu nunca consegui traduzir essas cores em palavras. E não acho que alguém que já tenha morado nesta ilha tenha (conseguido). Pode ser carmim, rosa, laranja, vermelho, violeta... Eu simplesmente não consigo descrever o pôr do sol em palavras. Para mim, é um sentimento visceral. Santorini não é para os fracos".
E ele provavelmente está certo. Não é à toa que destruiu a primeira civilização da Europa.
De Stav Dimitropoulos
Professor Edgar Bom Jardim - PE