sábado, 19 de agosto de 2017

Falta abrigo noturno para moradores de rua no Recife


Das 7h às 14h deste sábado (19), na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, um mutirão atendeu pessoas em situação de vulnerabilidade. A ação foi realizada para marcar o Dia Nacional de Luta do Povo da Rua. O evento organizado pelo coletivo Unificados pelas Pessoas em Situação de Rua, rede formada por 20 instituições que trabalham nesta mesma causa, ofereceu atendimento médico, odontológico e estético para a população de rua, além de um café da manhã. 

As defensorias públicas da União e do Estado também estiveram presentes com o objetivo de encaminhar essas pessoas para os órgãos responsáveis pela retirada e regularização de documentos. A ação destacou a necessidade de um abrigo noturno e expôs a alta demanda para auxílios deste tipo. 

De acordo com os organizadores do evento, o planejamento era receber 150 pessoas. A expectativa, porém, foi superada e mais de 250 foram atendidas. O que causou a desistência de alguns interessados no serviço. “Esse pessoal aqui é muito bom, mas isso é muito pouco, porque falta incentivo do governo. Nossos governantes deviam fazer mais coisas assim como a que esse pessoal fez. Ao invés de colocar polícia na rua para prender as pessoas, deviam colocar mais gente para cuidar das pessoas”, observou o morador de rua Arlindo Alves dos Santos, 51 anos. 

“Infelizmente para a quantidade de gente que tem na rua, isso é muito pouco. Não deveria ser uma vez ou outra, deveria ser algo constante, algo de verdade, não só para comemorar data. Porque alimentação mesmo, você come hoje, mas e amanhã como vai fazer para comer?”, completou o morador de rua. A preocupação dele é real. Segundo um levantamento dos abrigos da Prefeitura do Recife, de novembro de 2016, 1040 pessoas foram identificadas em situação de rua, destas, 10% vivem há mais de dez anos na rua. 

Arlindo mora na rua desde que foi expulso de sua casa por traficantes no meio do ano passado. Assim, ele foi ao mutirão em busca de receber a ajuda da defensoria pública, e conseguir reaver seu imóvel. Apesar de ter chegado no início do ato, ele não usufruiu de todos os serviços ofertados. “Desde manhã cedo estou aqui e não consegui tomar banho nem comer, porque tinha muita gente. Só consegui cortar meu cabelo, mas a barba eu mesmo que fiz. Vim aqui mais para receber um encaminhamento da defensoria pública, e consegui”, contou.

O intuito da ação foi também chamar atenção para a construção de um Abrigo Noturno, algo que não existe no Recife. “Hoje, a gente tem no Recife abrigos integrais, mas não atende a demanda, que é bem maior, inclusive, do que a prefeitura informa. Mas a demanda maior é mesmo para um abrigo só noturno. Porque muitas das pessoas que vivem na rua, durante o dia, têm ocupação. Ou seja, eles tem uns bicos ou trabalhos informais que deixam ocupados nesse turno. Assim eles não demandam um abrigo durante o dia”, explicou Rafael Araújo, coordenador do grupo Samaritanos, que participou da ação na Praça do Arsenal.

Apesar da cidade conter abrigos de média e longa permanência, o funcionamento ocorre só até o início da noite. Mas o período noturno é o mais perigoso para quem mora na rua, como explica Rafael Araújo. “Muitas das pessoas que vivem na rua, durante o dia, tem ocupação. Ou seja, eles tem uns bicos ou trabalhos informais que deixam ocupados nesse turno. Assim eles não demandam um abrigo durante o dia”. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog