segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Emprego fraco e dólar nas alturas: o que vem por aí na economia em 2022


Comércio popular na rua 25 de Março, centro de São Paulo

CRÉDITO,PAULO PINTO/FOTOS PÚBLICAS

Legenda da foto,

Inflação deve perder força, mas PIB tende a ficar estagnado, preveem economistas para o próximo ano

O ano de 2022 deve trazer pelo menos uma boa notícia na economia: a inflação tende a perder um pouco de força, como resultado da safra recorde de alimentos, redução de preço dos combustíveis e diminuição da demanda, resultado da forte alta dos juros e da atividade fraca.

No entanto, para além dessa perda de ímpeto dos preços, o ano eleitoral tende a ser mais um período difícil para a economia brasileira.

Para o PIB (Produto Interno Bruto), indicador que soma todos os bens e serviços produzidos no país, a expectativa dos economistas é de estagnação.

Os analistas divergem se o número vai ser um pouco negativo ou um pouco positivo, mas todos concordam que, no azul ou no vermelho, o desempenho deve ficar muito próximo de zero.

Como consequência, o mercado de trabalho tende a perder ímpeto, com a taxa de desemprego caindo mais devagar e a geração de vagas formais mais fraca.



Já o câmbio — relação entre o valor da moeda brasileira e as moedas de outros países — deve ter um ano bastante volátil (isto é, deve variar bastante, ser inconstante), reagindo à corrida eleitoral e à provável alta de juros para conter a inflação nos mercados desenvolvidos.

Esse movimento tende a atrair investimentos principalmente aos Estados Unidos, enfraquecendo as moedas de países emergentes, como o Brasil, e já há quem aposte em um dólar encostando nos R$ 6 ao longo do próximo ano.

Nas contas públicas, a arrecadação de impostos deve perder força, enquanto o custo da dívida pública tende a continuar em alta, devido ao aumento dos juros.

E para coroar esse cenário desfavorável, a economia mundial pode perder força, com destaque para a China, principal parceira comercial do Brasil.

Saiba o que esperar para PIB, emprego, inflação, câmbio, economia mundial, contas públicas e política monetária em 2022, na visão de um time de especialistas que inclui os economistas Daniel Duque e André Braz (FGV), Silvio Campos Neto (Tendências), Vilma Pinto (IFI) e Rafaela Vitória (Banco Inter).

Um 2022 de PIB estagnado


Com dois resultados negativos no segundo e terceiro trimestres de 2021, a economia brasileira entrou este ano em "recessão técnica" — termo usado pelos economistas quando são registrados dois trimestres seguidos de PIB em queda.

No quarto trimestre, a coisa não melhorou, com indústria (-0,6%), varejo (-0,1%) e serviços (-1,2%) em retração em outubro, na comparação com setembro, sugerindo que a atividade econômica continuou em baixa nos últimos três meses do ano.

As vendas da Black Friday em novembro e do Natal em dezembro, com crescimento fraco em relação a 2020, reforçaram a sensação de falta de ímpeto da economia.

É em meio a esse desânimo que o país adentra 2022, ano que os economistas preveem que será de estagnação para o PIB brasileiro.

Segundo o boletim Focus do Banco Central (de 27/12), que reúne as expectativas de diversos analistas do mercado, o PIB brasileiro deve crescer apenas 0,4% em 2022, após avançar cerca de 4,5% este ano, recuperando a queda de 3,9% de 2020, quando a pandemia fez seu maior estrago.

Conforme Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do banco Goldman Sachs, o ano de 2022 deve ser marcado pela continuidade da recuperação do setor de serviços no Brasil, em meio ao avanço da vacinação.

"No entanto, a inflação em dois dígitos, a taxa de juros em alta, o aumento do ruído e da incerteza política, o alto nível de endividamento das famílias e a deterioração da confiança de consumidores e empresários são ventos contrários significativos para a atividade", escreve Ramos, em relatório.

Mercado de trabalho perde força

O ano de 2021 foi de recuperação para o mercado de trabalho, após o forte baque registrado no ano anterior.

A taxa de desemprego, que começou o ano em 14,5%, chegou a outubro em 12,1%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Até novembro, haviam sido criadas no país quase 3 milhões de vagas com carteira assinada, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.

Pessoas aguardam numa enorme fila de um mutirão de emprego

CRÉDITO,AGÊNCIA SINDICAL

Legenda da foto,

Recuperação do emprego deve perder ritmo em 2022, diz Daniel Duque, do Ibre-FGV

"Devemos chegar ao primeiro trimestre de 2022 com uma taxa de desemprego já bem próxima da que tínhamos no início da pandemia", prevê Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Em fevereiro de 2020, quando foi identificado o primeiro caso de coronavírus no Brasil, a taxa de desemprego estava em 11,8%.

"A partir daí, no entanto, essa recuperação deve perder ritmo", diz Duque, explicando que há sempre um atraso entre a atividade econômica e o mercado de trabalho.

"A desaceleração da atividade que sofremos no segundo semestre de 2021, que foi bem forte, deve começar a ter um impacto no emprego a partir do primeiro trimestre de 2022 e a renda do trabalho deve continuar bem baixa, sofrendo com os efeitos da inflação e com reajustes nominais abaixo da alta de preços", avalia o pesquisador.

Segundo o boletim Salariômetro da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em 12 meses até novembro de 2021, apenas 19,4% das negociações salariais entre sindicatos patronais e de trabalhadores resultaram em reajustes acima da inflação, enquanto para 50,8% os reajustes foram inferiores e 29,8% conseguiram ao menos repor a alta de preços.

Já conforme o IBGE, em outubro, o rendimento médio dos brasileiros caiu 11,1% na comparação anual, para R$ 2.449. Com isso, a renda no país descontada a inflação se encontra no menor patamar da série histórica, que tem início em 2012.

Ainda de acordo com Duque, a recuperação modesta do emprego que deve ocorrer em 2022 tende a ser puxada pelos trabalhadores informais e por conta própria.

"O emprego formal tem uma correlação bem forte com o PIB", explica o economista. "Como estamos vendo uma estagnação nos últimos trimestres, que deve continuar em 2022, principalmente devido à alta dos juros, muito provavelmente veremos em breve o fim da expansão dos empregos formais."

Inflação perde força, mas 2021 deixa herança

Segundo o boletim Focus, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve desacelerar de cerca de 10% no acumulado de 12 meses até dezembro de 2021, para algo em torno de 5% ao fim de 2022.

No entanto, o indicador ainda tende a ficar acima da meta para o próximo ano, que é de 3,5%.

Cartazes de preços em barraca de frutas numa feira livre

CRÉDITO,AFP

Legenda da foto,

Boa parte da inflação de 2022 vai ser influenciada pela alta de preços de 2021, diz André Braz, da FGV

"Dado que a nossa economia ainda é muito indexada [quando os preços são reajustados de acordo com a inflação do período anterior], boa parte da inflação de 2022 vai ser influenciada pela inflação de 2021", diz André Braz, coordenador de índices de preços na FGV.

Um exemplo disso é o salário mínimo, que deve passar de R$ 1.100 em 2021 para R$ 1.212 em 2022, acompanhando a alta da inflação. O salário básico serve de referência para os salários do setor privado e também define o valor de benefícios sociais e aposentadorias.

Também os aluguéis, mensalidades escolares e impostos como IPVA e IPTU devem ser influenciados pela inflação do ano passado em seus reajustes, cita o economista.

Segundo Braz, boa parte da pressão inflacionária só deve perder forçar a partir do segundo semestre, já que a alta da taxa básica de juros leva de seis a nove meses para ter efeito sobre a economia.

"O efeito colateral disso vai ser um crescimento menor e isso vai bater direto no mercado de trabalho e nas oportunidades de emprego, contribuindo de forma mais aguda no segundo semestre para diminuir a demanda, que já está enfraquecida, mas que tende a se enfraquecer ainda mais", prevê Braz.

Segundo o economista, a inflação de alimentos deve desacelerar de uma alta acima de 7% em 2021, para avanço entre 3,5% e 4% em 2022, devido à safra agrícola recorde esperada.

"Uma oferta maior de alimentos pode contribuir para uma inflação mais baixa", diz Braz.

Ele pondera, no entanto, que o câmbio é um risco para essa previsão, já que a moeda brasileira desvalorizada incentiva a exportação de alimentos, o que reduz a oferta no mercado interno.

O real fraco também eleva o preço dos produtos no país, já que commodities como soja e milho são cotadas no mercado internacional em dólar.

Homem segura cartaz que diz '4,40 não' em protesto contra reajuste de ônibus em São Paulo

CRÉDITO,ELINEUDO MEIRA/FOTOS PÚBLICAS

Legenda da foto,

Ano eleitoral desfavorece reajustes nos transportes, diz economista

Para os preços administrados — aqueles controlados pelo poder público, como combustíveis, contas de luz e tarifas de transporte —, Braz prevê uma pressão menor devido à queda de preços do petróleo e à expectativa de uma bandeira menos onerosa nas contas de luz, graças à normalização das chuvas e dos reservatórios hidrelétricos nos últimos meses.

Já no transporte público, pressionado pela alta de quase 50% do diesel nos últimos 12 meses, joga a favor dos usuários o fato de 2022 ser um ano eleitoral, o que desincentiva o reajuste de tarifas pelas prefeituras e governos estaduais.

Em São Paulo, por exemplo, a Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana e a SPTrans avaliam que a tarifa de ônibus precisaria subir dos atuais R$ 4,40 para R$ 5,08 para recompor a inflação desde o último reajuste.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), no entanto, adiou a correção até fevereiro, enquanto aguarda o Senado votar projeto que passaria o custeio da gratuidade para idosos ao governo federal.

Câmbio pressionado e mundo menos favorável

Para Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, dois fatores principais devem influenciar a cotação da moeda brasileira em 2022: as eleições presidenciais no Brasil e a alta dos juros nos Estados Unidos.

Camelô vende camisas de Lula e Bolsonaro no Recife

CRÉDITO,SAM COWIE

Legenda da foto,

'Processo eleitoral sempre gera muita volatilidade e apreensão', diz Silvio Campos Neto, da Tendências

"A perspectiva de que o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] eleve as taxas de juros por lá é um sinal de dólar forte no mundo todo", diz Campos Neto.

Isso acontece porque os juros mais altos nos EUA atraem investimentos para os papeis do Tesouro americano, valorizando o dólar e diminuindo os recursos disponíveis para aportes em países emergentes, que são considerados mais arriscados.

"Por aqui, o processo eleitoral sempre gera muita volatilidade e muita apreensão", acrescenta.

Segundo o economista, nos últimos anos, o real brasileiro teve comportamento atípico em relação às outras moedas de países emergentes, como o peso mexicano, colombiano e chileno, o rand sul-africano e o rublo russo.

Embora todas essas moedas tenham perdido valor com a pandemia, o real não se recuperou, ao contrário das demais, devido a fatores internos.

Pesou sobre a moeda brasileira principalmente o descontrole fiscal, com o calote nos precatórios — dívidas da União reconhecidas pela Justiça — e a mudança na regra do teto de gastos com a justificativa de pagar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

"O câmbio realmente está fora de lugar, mas para ele voltar para um patamar mais baixo teria que ter uma mudança de sinalização em termos de política macroeconômica, especialmente um comprometimento maior na questão fiscal", diz Campos Neto.

"Isso é algo que não deve vir de nenhum dos dois candidatos mais cotados. Então, em 2022, esperamos pressões renovadas [sobre o câmbio]. Ao longo do ano, podemos perfeitamente observar novos picos, até próximos de novo a R$ 6", prevê.

Ao fim do ano, no entanto, o economista avalia que o câmbio deve ceder de volta aos R$ 5,70, já que o vencedor das eleições tende a tentar amenizar o ambiente adverso, fazendo acenos mais responsáveis em relação à agenda econômica.

Além do câmbio volátil, Campos Neto prevê um "mundo mais desafiador" para o Brasil.

"Será um mundo que ainda cresce, especialmente nos Estados Unidos, mas com início de retirada dos estímulos monetários, com destaque para o Fed, que deve começar a subir juros entre março e junho", diz o economista.

Outro ponto de atenção é a China, cuja economia já dá sinais de desaceleração, devido a um rearranjo do setor imobiliário do país asiático, que cresceu muito nos últimos anos com base em um forte avanço do endividamento.

"Essa desaceleração já está acontecendo e já se reflete, por exemplo, no preço do minério de ferro", diz Campos Neto.

Ele destaca que o efeito da desaceleração chinesa sobre os preços das commodities é positivo para a inflação brasileira, mas negativo para a balança comercial, já que o país é um grande exportador de produtos básicos.

Nas contas públicas, arrecadação menor e dívida mais cara

A política fiscal — ramo da política econômica que trata do gasto público e da arrecadação de impostos — deve ser um dos grandes temas das eleições de 2022.

Isso porque a corrida eleitoral deve acontecer em meio a um ano de piora no quadro das contas públicas.

Segundo Vilma Pinto, diretora da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado Federal, em 2022 tende a haver uma expansão da despesa, por conta do Orçamento aprovado — que prevê mudanças no pagamento dos precatórios e no teto de gastos para permitir maiores despesas, além de acomodar gastos como o aumento do fundo eleitoral e o reajuste dos salários de policiais federais, definido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Já a arrecadação recorde observada em 2021 deve perder força, já que ela foi impulsionada pela recuperação da atividade e pela alta de preços dos produtos e serviços, devido ao aumento da inflação. Com PIB e inflação mais fracos em 2021, esses efeitos se perdem.

"Outra questão importante — que reforça o pessimismo para o quadro fiscal — são os juros e seu impacto para a dívida pública. Em dezembro, o Tesouro divulgou dados da dívida federal, que já mostram um crescimento na margem do custo médio da dívida", observa Vilma.

Conforme o Tesouro, o custo médio acumulado em 12 meses do estoque da dívida pública federal subiu de 8,02% ao ano em outubro para 8,62% em novembro, maior valor desde outubro de 2020.

No mesmo período, o custo médio das emissões em oferta pública da dívida interna aumentou de 7,48% ao ano para 8,02%.

A relação entre dívida e PIB, observada pelos economistas como sinal da saúde das contas públicas de um país, deve voltar a subir em 2022, nas projeções da IFI.

O indicador chegou a 88,6% em dezembro de 2020, devido ao aumento de gasto em resposta à pandemia da covid-19. Em 2021, deve cair a 82,1%, voltando a subir para 84,8% em 2022.

Essa elevação da dívida/PIB deve acontecer devido à combinação de piora do resultado primário do governo, aumento do custo da dívida e PIB mais fraco.

A saúde das contas públicas é um tema importante para a população em geral porque ela define a capacidade do governo de gastar e, consequentemente, a qualidade dos serviços públicos oferecidos.

Além disso, a percepção do mercado com relação à capacidade do governo de honrar suas dívidas influencia variáveis como o risco-país e o câmbio, que têm efeito direto sobre a inflação, já que muitos insumos da indústria são importados e as commodities são cotadas em dólar.

Atividade fraca pode pôr fim a alta dos juros

Em sua reunião de dezembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros da economia brasileira em 1,5 ponto percentual (p.p.), para 9,25%.

Foi o sétimo aumento seguido da Selic, que ao fim de 2020 estava em 2%, menor nível da história.

Fachada do Banco Central em Brasília

CRÉDITO,MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL

Legenda da foto,

Selic começou o ano em 2% e chegou a 9,25% em 2021. Novas altas de juros são esperadas para 2022

Em sua última reunião do ano, o Copom também indicou mais um aumento de 1,5 p.p. para sua próxima reunião, em fevereiro de 2022.

No entanto, os sinais de fraqueza da atividade e os últimos dados de inflação abaixo do esperado fazem alguns economistas acreditarem que a autoridade monetária pode optar por subir menos os juros no início deste ano.

"Temos visto diversos sinais de desaceleração da economia, na indústria, nos investimentos e nos indicadores de confiança, que mostram um empresário mais cauteloso para 2022", diz Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.

"Ao mesmo tempo, a inflação dá bons sinais de desaceleração", observa. Tanto o IPCA de novembro, como IPCA-15 de dezembro, apesar de altos, vieram abaixo das expectativas dos economistas.

"O consumo mais fraco acaba não alimentando a demanda e a gente pode ter uma inércia inflacionária bem menor, por conta da economia mais fraca. Isso pode resultar em uma política monetária um pouco mais gradual", acredita a economista.

Ela aposta em uma alta de 1 p.p. para Selic em fevereiro e outra de 0,75 p.p. em março, o que encerraria o ciclo de alta dos juros em 11%, abaixo dos 11,75% esperados pela maioria do mercado.

Para a analista, passadas as eleições e com o candidato eleito dando sinais de retomada das reformas macroeconômicas, o BC poderá voltar a reduzir a Selic, encerrando 2022 com a taxa em 10,5%.

No boletim Focus, o mercado também aposta em um início do corte de juros já no próximo ano, mas mais modesto, para 11,5%.

  • Thais Carrança - 
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 2 de janeiro de 2022

Mapas mostram disputas territoriais ativas nos países da América Latina — inclusive no Brasil



Área de fronteira (Belize vs. Guatemala)A disputa fronteiriça entre a Guatemala e Belize dura mais de 160 anos. Começou no período colonial, quando a Espanha concedeu à coroa britânica o direito de extrair madeira em uma parte do território da atual Belize para evitar o assédio dos piratas ingleses a seus navios.Hoje, a Guatemala reivindica essa região ao sul de Belize, desde o rio Sibún até o rio Sarstún, que tem mais de 11 mil km² e inclui ilhas, abrolhos, ilhotas e superfície marítima no golfo de Honduras.No entanto, a área reivindicada equivale a quase a metade do território de Belize.Depois de muitas tentativas fracassadas de negociação, os dois países consultaram suas populações e em 2019 levaram a disputa à CIJ, que deverá estabelecer uma fronteira real entre eles.Em 1991 foi estabelecida a chamada "zona de adjacência", dividida por uma linha imaginária que separa o território de cada um.

Mapa da fronteira entre Belize e Guatemala

A falta de uma definição clara de fronteira até hoje favoreceu o tráfico de drogas e de mercadorias na região, além dos episódios de violência.Caso a decisão de Haia favoreça a Guatemala, o país duplicaria seu acesso à costa do oceano Atlântico onde está a segunda maior reserva de corais do mundo depois da australiana.Mas, se a sentença for no sentido contrário, Belize pode conservar as regiões turísticas que recebem uma média de 2 milhões de visitantes por ano.Em 8 de dezembro de 2020, a Guatemala apresentou seu pedido à CIJ. O prazo havia sido estendido por seis meses por causa do impacto da covid-19. Belize tem até o dia 8 de junho de 2022 para apresentar sua resposta. Arquipélago de San Andrés, Providência e Santa Catalina (Colômbia vs. Nicarágua)O arquipélago de San Andrés, Providência e Santa Catalina está a 110 km da costa nicaraguense e a 720 km da costa colombiana.Os dois países levam décadas disputando em instâncias internacionais a soberania dessas ilhas, que têm cerca de 100 mil habitantes, além de praias de areia branca, mar cristalino, enormes montanhas, abrolhos, ilhotas e reservas de petróleo e gás natural.

Há dois séculos, a coroa espanhola deu o controle das ilhas à Colômbia e da Costa dos Mosquitos, como é chamada a região, à Nicarágua.Em 2001, a Nicarágua reivindicou as ilhas à CIJ, mas a Corte ratificou, em 2012, a posse colombiana do arquipélago. No entanto, a mesma resolução deu à Nicarágua a exclusividade de exploração econômica de uma parte importante do espaço marítimo que antes pertencia à Colômbia.Desde então, a Colômbia afirmou que não pode aplicar a decisão de Haia até assinar um tratado com a Nicarágua, e decidiu delimitar uma "zona contígua integral", que considera como suas as águas do arquipélago como um todo.

Mapa dos limites marítimos do arquipélago de San Andrés, Providencia e Santa Catalina

A decisão gerou dois novos pedidos de Manágua à CIJ: em um deles, o governo nicaraguense argumenta que a Colômbia não está respeitando a decisão de 2012 e, no outro, pede que sua plataforma continental seja estendida para além das 200 milhas náuticas.Os dois casos continuam em aberto.Bogotá argumenta que, ao explorar as reservas marítimas de petróleo, a Nicarágua está prejudicando a biodiversidade da região e violando os direitos de pesca artesanal e de subsistência dos povos ilhéus.A Corte vai começar a deliberar sobre o tema, mas ainda não tem data definida para anunciar sua decisão.Rio Silala (Chile vs. Bolívia)O conflito entre os países vizinhos pelo direito às águas do rio ou manacial Silala foi reavivado no final dos anos 1990 e chegou à CIJ em 2016. No entanto, parece ter perdido força política em ambos os países desde então. O Silala nasce no departamento de Potosí, no sudeste da Bolívia, a 4 km da fronteira com o Chile.A Bolívia afirma que as águas do manancial fluem para o Chile, em parte, por canais artificiais construídos em 1908, e que o Chile está fazendo um "uso ilegal e abusivo" destas águas "sem pagar por isso".O governo chileno, por sua vez, afirma que o rio é internacional, já que nasce na Bolívia, cruza a fronteira e desemboca no rio chileno San Pedro de Inacaliri, na bacia hidrográfica do Pacífico. Suas águas, portanto, pertenceriam a ambos os países.

Mapa do rio Silala

Em 2016, o então presidente Evo Morales anunciou que seu governo apresentaria um pedido à CIJ para que o Chile "reconhecesse uma dívida milionária" pelo uso das águas do Silala, por causa de uma permissão de uso concedida pela Bolívia em 1908 a uma empresa ferroviária chilena que foi revogada em 1997.No entanto, o Chile se adiantou e levou o tema a Haia no mesmo ano, pedindo que a Corte reconhecesse o rio como internacional e que determinasse a partilha de suas águas "de forma igualitária e razoável".La Paz respondeu em agosto de 2018, argumentando que o rio foi canalizado até a fronteira com o Chile pela empresa ferroviária, mas admitiu que parte das águas de fato fluem naturalmente até o país vizinho, por causa de um declive do terreno.O caso continua parado em Haia desde 2019, sem data para uma decisão. Em maio de 2021, os países concordaram em normalizar suas relações bilaterais, apesar da disputa.

Casos resolvidos em Haia, mas disputados pelos países

Golfo de Fonseca (Honduras vs. El Salvador vs. Nicarágua)O golfo de Fonseca, com apenas 3.200 km², é cenário de conflitos territoriais desde as independências de Honduras, El Salvador e Nicarágua. Até os anos 1990 não havia delimitação clara dos limites marítimos de cada país, e o assunto foi levado à CIJ em uma disputa entre El Salvador e Honduras.

Para Honduras, o golfo é a única saída para o oceano, diferentemente da Nicarágua e de El Salvador, que contam com 352 e 307 km de costa banhada pelo oceano Pacífico, respectivamente.Em uma resolução de 1992, a CIJ determinou que os dois países tinham soberania exclusiva sobre uma faixa de 3 milhas náuticas a partir de sua costa, e que o golfo seria administrado pelos três países que o compartilham.No entanto, a disputa não terminou aí.No centro do golfo de Fonseca fica a ilha Coelho, de menos de 1 km², ocupada pelo exército hondurenho nos anos 1980, enquanto El Salvador estava em guerra civil.As autoridades salvadorenhas dizem que a ocupação foi ilegal e que a ilhota pertence a seu país. Honduras argumenta que a faixa delimitada por Haia lhe dá direito ao território.A ilha Coelho não foi mencionada na decisão da Corte em 1992, que estabelecia a soberania sobre outras ilhotas do golfo.

Mapa do golfo de Fonseca

Em 2003, a CIJ rejeitou um pedido de El Salvador para revisar sua resolução. Mesmo assim, o caso continua sendo objeto de declarações provocativas dos líderes de ambos os países.Meses antes das eleições gerais, que ocorreram em 28 de novembro, o presidente hondurenho Juan Orlando Hernández fez um comunicado em seu Twitter reafirmando a soberania do país sobre a ilha Coelho, ao qual o líder salvadorenho, Nayib Bukele, respondeu com ironicamente com um meme.Políticos da oposição em Honduras disseram que qualquer nova disputa por causa da decisão da CIJ seria uma "cortina de fumaça" para distrair dos problemas internos de cada país.No mesmo dia, Hernández tuitou afirmando que o golfo "não voltará a ser objeto de conflitos".Honduras e Nicarágua, por sua vez, ratificaram oficialmente a decisão da Corte de Haia sobre os limites marítimos dos dois países no golfo no último mês de outubro.

Casos que não chegaram à CIJ, mas têm o envolvimento de outros órgãos internacionais

Passagem de Drake (Argentina vs. Chile)No último dia 23 de agosto, o presidente chileno, Sebastián Piñera, aprovou por decreto uma atualização de uma carta náutica estendendo os limites marítimos do Chile em cerca de 30 mil km². Só que dentro desta extensão está incluída uma área de cerca de 5.500 km² de plataforma submarina em forma de meia-lua, que a Argentina considera sua: a Passagem de Drake.

A decisão de Piñera reacendeu a disputa história dos vizinhos do cone Sul, que quase foram à guerra por uma região próxima nos anos 1970 e são os dois únicos países do continente americano que reivindicam uma parte da Antártida. Em um comunicado, o governo argentino acusou o Chile de tentar "se apropriar de uma parte da plataforma continental argentina". A Argentina argumenta que essa área foi considerada sua pela Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU (CLPC).

Mapa da plataforma marítima entre Argentina e Chile

Em 2016, a CLPC aprovou os novos limites marítimos apresentados pelo país, que representavam uma ampliação de cerca de 1,6 milhões de km², incluindo a área que o Chile agora reivindica.No entanto, o governo chileno considera que a comissão é um "órgão científico" que não tem autoridade para determinar os limites legais de um país.O ministro de Relações Exteriores do Chile respondeu ao comunicado argentino dizendo que "ninguém pode se apropriar do que já lhe pertence", mas garantiu que a situação será resolvida por meio do diálogo entre os países, de acordo com os tratados já firmados.Malvinas/Falklands (Argentina vs. Reino Unido)No último mês de novembro, a assembleia geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou por unanimidade uma declaração reafirmando a necessidade de que os governos da Argentina e do Reino Unido voltem à mesa de negociações sobre a soberania das ilhas Malvinas/Falklands, uma disputa que começou em 1833. Desde então, estas ilhas do Atlântico Sul, onde vivem cerca de 3 mil pessoas, são território ultramarino britânico, mas continuam sendo reivindicadas pela Argentina.

Mapa localizador das ilhas Malvinas/Falklands

Em 1982, eles protagonizaram uma guerra que deixou centenas de mortos e terminou com a rendição da Argentina. Durante os oito anos de seu governo (2007-2015), a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner reivindicou a soberania das ilhas e tentou pressionar empresas britânicas e americanas para que não fizessem perfurações nas águas próximas a elas em busca de petróleo.Em 2016, durante o governo de Mauricio Macri, os dois países concordaram em retomar os voos dos aeroportos argentinos às ilhas e reiniciaram as conversas sobre temas como comércio, segurança, exploração de hidrocarbonetos e pesca nas Malvinas.No entanto, o presidente Alberto Fernández, que sucedeu Macri em dezembro de 2019, voltou a afirmar, no último mês de junho, que o Reino Unido tem que "devolver a terra que nos usurparam", referindo-se às ilhas.A controvérsia mais recente entre os dois países tem a ver com a construção de um novo porto de águas profundas nas Malvinas/Falklands, e colocam as ilhas no centro de outra frente de batalha: a Antártida.Argentina e Reino Unido são os únicos países que reivindicam exatamente a mesma porção de território no continente gelado.

Gráfico da reivindicação de territórios na Antártida

A construção do porto, que está a cargo de uma empresa anglo-holandesa, foi vista por autoridades e analistas argentinos como uma tentativa do Reino Unido de aumentar sua influência na região e substituir a capital da província argentina da Terra do Fogo, Ushuaia, como ponto principal de acesso à Antártida.

A BBC procurou as autoridades das Malvinas e do Reino Unido para comentarem a polêmica sobre o porto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Casos em que há reivindicação unilateral

Rincão de Artigas e Ilha Brasileira (Brasil vs. Uruguai)Há quase 90 anos existe uma disputa entre Uruguai e Brasil por dois pequenos trechos da fronteira entre os dois países, mas eles não se pronunciam a respeito desde o final dos anos 1980.A partir de um decreto da ditadura militar, em 1974, o Uruguai passou a representar as duas áreas como zonas de limites contestados em seus mapas. O Brasil não reconhece a reivindicação.

Mapa da fronteira entre Brasil e Uruguai

Em 1934, o Uruguai contestou pela primeira vez uma parte do tratado de limites de 1851 entre os dois países, mais especificamente uma região chamada Rincão de Artigasy, de cerca de 220 km².O governo uruguaio da época afirmou que o riacho registrado como marco da fronteira estava incorreto e que, por isso, a área pertenceria a seu país. Em nota, o Brasil respondeu que confiava na demarcação feita no século 19 e que estranhava que o vizinho demorasse tantos anos para disputá-la.Hoje vivem cerca de 40 famílias na região, na vila Thomas Albornoz. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, que visitou o local em 2019, os moradores reclamam da falta de assistência do Estado brasileiro e se beneficiam da infraestrutura uruguaia, que está mais próxima.Cerca de 220 km à leste da vila fica a Ilha Brasileira, uma ilhota deserta de 2 km² no rio Quaraí, também reivindicada pelo Uruguai desde 1940.O governo uruguaio afirma que a ilha está localizada na foz do rio Uruguai e que sua posse, portanto, estaria determinada pelos tratados de fronteiras. O Brasil, que pôs seu marco na ilha em 1862 e chegou a instalar uma família ali nos anos 1960, discorda dessa interpretação.As últimas comunicações oficiais entre os países sobre as disputas aconteceram entre 1988 e 1989.

O Itamaraty afirmou à BBC News Brasil que "o tema não faz parte da agenda bilateral do Brasil com o Uruguai".

Procurado pela reportagem, o Ministério de Relações Exteriores uruguaio não se pronunciou a respeito.

Ilha de Navassa (Haiti vs. Estados Unidos)Em 1859, o secretário de Estado americano Lewiss Cass aceitou o pedido de um capitão que reivindicou a posse da pequena ilha caribenha de Navassa em nome dos Estados Unidos.Se uma ilha não estivesse sob a jurisdição de outro governo, a lei da época permitia que qualquer cidadão americano tomara posse dela com a finalidade de extrair guano — acumulado de fezes de aves e morcegos que é rico em nitrogênio e usado como fertilizante.

Mapa da Ilha de Navassa

No entanto, Navassa já tinha dono, teoricamente.Em 1801, o Haiti, em plena revolução, tinha reivindicado a posse da ilha em sua nova constituição.Mas o governo americano não reconhecia o governo revolucionário do Haiti (e não o faria até 1862), resultado de um levante de ex-escravizados. Por isso, ignorou os protestos dos haitianos pela ilha.Hoje em dia, o local é considerado uma reserva de biodiversidade caribenha e administrado pelo Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos Estados Unidos, uma agência ligada ao Ministério do Interior. A constituição atual do Haiti continua listando a ilha de Navassa como parte de seu território.Procurados pela reportagem, nem o Ministério das Relações Exteriores haitiano nem a agência americana se pronunciaram sobre o tema.

*Com reportagem de Norberto Paredes, Daniel Pardo e Veronica Smink.

  • Camilla Costa -
  • Equipe de Jornalismo Visual da BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 1 de janeiro de 2022

África do Sul se despede pela última vez de Desmond Tutu. Desmond Tutu em Reunião Com Jesus no Museu de Bom Jardim - PE

*Reunião com Jesus, homenageia seres humanos iluminados. Acervo do Museu de Bom Jardim - PE.



A missa de requiem para Desmond Tutu na catedral anglicana da Cidade do Cabo, onde pregou incansavelmente contra o regime racista do apartheid, permitiu que seus familiares e todos os sul-africanos se despedissem neste sábado (1) de seu amado arcebispo pela última vez.



Sob um céu cinzento e uma garoa fina, familiares, amigos, mas também a viúva do último presidente branco do país, FW de Klerk, e muitos religiosos, chegaram ao templo esta manhã para o funeral do religioso, falecido aos 90 anos.

"Papai diria que o amor que todos demonstraram (esta semana) é reconfortante", disse sua filha Mpho aos participantes. "Agradecemos por vocês tê-lo amado tanto".

O presidente Cyril Ramaphosa deve fazer o elogio fúnebre após a comunhão e entregar à viúva de Tutu"Mama Leah", como os sul-africanos a chamam afetuosamente, uma bandeira nacional.

De fato, o arcebispo, que morreu em 26 de dezembro e carinhosamente apelidado de 'The Arch', queria uma cerimônia simples e havia descrito em detalhes a missa que desejava. 

O caixão em que permaneceu na Catedral de São Jorge nos dois dias anteriores, para que milhares de pessoas pudessem vir homenagear sua memória, foi feito de pinho claro. Ele havia pedido "o mais barato possível", em um país onde os funerais costumam ser uma demonstração de opulência.

Sem alças de ouro, tem simples pedaços de corda para carregá-lo, lembrando o cinto dos frades franciscanos, com um buquê de cravos brancos em cima.

O arcebispo Tutu não queria nenhuma outra flor na igreja.

Um amigo próximo, o ex-bispo Michael Nuttall, foi escolhido pelo falecido para fazer o sermão. Quando Tutu era arcebispo, Nuttall era seu "número dois".

O relacionamento deles, "sem dúvida tocou uma veia sensível no coração e na mente de muitos: um dinâmico líder negro e seu adjunto branco nos últimos anos de apartheid não era pouca coisa", lembrou no altar. "Fomos um exemplo do que poderia ser nosso país dividido."

Conexão
Ele também lembrou que Nelson Mandela descreveu Tutu como "a voz dos que não têm voz", uma voz "às vezes estridente, muitas vezes terna, nunca assustada e raramente desprovida de humor".

Estiveram presentes amigos íntimos, como a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e a viúva de Nelson Mandela, Graça Machel - ambas falaram na missa -, Letsie III, o rei do vizinho Lesoto, além de um representante do Dalai Lama, que não pôde comparecer devido à sua idade avançada e às restrições da covid.

"A amizade deles era única", disse Ngodup Dorjee à AFP. "Sempre que se encontravam, riam. A única explicação é uma conexão cármica no passado", acrescentou.

A semana foi marcada por homenagens ao arcebispo Tutu em todo o país e no exterior. Os sul-africanos recordaram sua tenacidade diante do regime opressor de Pretória.

Aos poucos, ele se tornou a voz de Nelson Mandela, preso em Robben Island. A polícia e o exército o ameaçaram. Apenas sua batina o salvou da prisão.

"Eles o queriam morto, mas por algum motivo que não podemos explicar, nunca aconteceu. Ele entrava na igreja, rezava a missa e ia embora", disse à AFP Mathabo Dlwathi, de 47 anos.

Durante as manifestações, "era um escudo para nós", lembra Panyaza Lesufi, hoje um alto funcionário do ANC, partido histórico que permanece no poder.

A viúva de Mandela, Graça Machel, falou da "coragem indescritível" necessária para enfrentar o regime. 

Para o seu funeral, o pastor Tutu escolheu, para sua última mensagem, a passagem do Evangelho segundo João em que Jesus se dirige aos seus discípulos depois da última ceia. Uma mensagem de amor. 

"Meu mandamento é este: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Luciana faz defesa da federação partidária




Durante entrevista ao programa Folha Política da Rádio Folha FM 96,7, ontem, a vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoBLuciana Santos, comentou sobre o andamento das conversas sobre a possível federalização entre seu partido com o PT, PSB, PSOL e PV. 

União estável

De acordo com a dirigente nacional, a federalização é uma ferramenta que irá inovar a política brasileira e vai ajudar no exercício da unidade política do País. Sobre a união de partidos, que não será válida apenas nas eleições de 2022,, mas posteriormente, Luciana classificou a federalização como “união estável''. 

“A federalização não é simples de se formar, porque esse sempre foi um dos grandes problemas da nossa perspectiva, do nosso projeto de País. É que a gente nunca conseguiu organizar um núcleo estratégico do nosso campo, ou seja, de que campo for. E nós, mesmo com as dificuldades de unidade política, de ter unidade de ação, e isso tem atrapalhado muito”, avaliou.

PT era o partido que estava com ressalvas quanto à junção. No entanto, nas últimas semanas, o diretório nacional petista aprovou a abertura das conversas com PSB, PCdoB, PV e PSOL para a formação para as eleições de 2022. Agora, conforme adiantou a coluna Folha Política de ontem, no entendimento do PT, o PSB tenta recuar da federação. Essa percepção ocorre, entre outras coisas, por conta das prioridades apresentadas pelos socialistas que estão conflitando as prioridades dos petistas.

Na perspectiva da comunista, a falta de unidade no campo possibilitou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse o vencedor das eleições presidenciais de 2018. “Eu considero que foi uma das coisas que possibilitou esse reverso em nível nacional. É que nós nunca conseguimos fazer um núcleo estratégico mais coeso, mais afinado. E a federação vai exigir mais esse esforço porque precisa ser um programa único, ela precisa ter um estatuto único e isso força a unidade e isso é bom para o Brasil. E i não é só para a esquerda. Isso é bom para direito, é bom para o centro, o que importa é que isso dá mais nitidez, é mais pedagógico, inclusive, aos olhos do povo para que entenda melhor como se dá a dinâmica da política”, pontuou.

Junção dos partidos

Ainda na entrevista, Luciana afirmou que seria “extraordinário” a junção dos partidos e destacou que formações políticas partem da dinâmica regional.  “Acontece que a dinâmica da luta política se dá muito a partir da dinâmica regional e como a federação tem prazo porque ela tem que dar entrada em fevereiro não é o mesmo tempo político que se resolve a equação majoritária”, explicou.

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Museu de Bom Jardim, o melhor da cultura em 2021. Feliz 2022 !!!


O Museu de Bom Jardim- PE, foi um marco histórico neste 2021, ano em que comemoramos 150 anos de história política, vida administrativa, econômica e social. Este vídeo mostra um pouco das ações, atividades, registros, pesquisas, celebrações e projetos que mobilizaram os diversos segmentos culturais da comunidade.