sábado, 18 de setembro de 2021

Por que a extrema direita elegeu Paulo Freire seu inimigo


Para especialistas, é da natureza da pedagogia freireana incomodar, justamente porque ela propõe ensino libertador e baseado na formação crítica do aluno. Celebrado no mundo, pedagogo é muito criticado só no Brasil.
Paulo Freire

Paulo Freire foi homenageado por pelo menos 35 universidades de todo o mundo

Em dezembro de 2003, o então ministro da Educação Cristovam Buarque inaugurou, na frente da sede do ministério, em Brasília, um monumento em homenagem ao educador Paulo Freire (1921-1997). O pedagogo era então aclamado como uma personalidade importante da história intelectual do país — nove anos mais tarde, uma lei federal o reconheceria como patrono da educação brasileira.

Em 2019, Abraham Weintraub comandava o mesmo ministério no primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro. Diante dos maus resultados obtidos pelo país no ranking Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ele chamou o monumento a Freire de "lápide da educação" e afirmou que o pedagogo "representa esse fracasso total e absoluto".

O próprio Bolsonaro já criticou Paulo Freire, e em mais de uma oportunidade. Numa das ocasiões, referiu-se a ele como "energúmeno". É um discurso recorrente: nos últimos anos, a extrema direita brasileira tem usado Paulo Freire, cujo centenário de nascimento é celebrado neste 19 de setembro, como bode expiatório para a baixa qualidade do sistema educacional brasileiro.

De acordo com especialistas ouvidos pela DW Brasil, o que incomoda reacionários e também alguns conservadores é o fato de a pedagogia freireana ser essencialmente política. "A essência da obra de Freire é totalmente política, no sentido nobre do termo, não no sentido da política partidária", diz o sociólogo Abdeljalil Akkari, da Universidade de Genebra, na Suíça. "Por isso em todas as regiões do mundo, sua obra é lembrada como algo muito interessante para refletir sobre o futuro da educação contemporânea."

"O objetivo da pedagogia freireana é fazer com que cada uma e cada um aprendam a dizer a própria palavra, ou seja, tenham a capacidade de ler o mundo e se expressar diante do mundo. É a pedagogia da autonomia, da esperança: libertadora no sentido de as pessoas terem as capacidades de se libertarem das opressões que buscam calá-las", diz o educador Daniel Cara, professor da Universidade de São Paulo e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Professor do curso de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ítalo Francisco Curcio acredita que parte dessa controvérsia seja por desconhecimento do que é, enfim, o método Paulo Freire. "A maior parte dos que dizem rejeitá-lo nem é especialista em educação, acaba repetindo frases apregoadas por líderes com os quais se identifica", comenta. "Isso é muito ruim. Quem padece é a própria população, desde a criança até o adulto."

Diálogo em vez de lógica bancária

Paulo Freire desenvolveu sua pedagogia no início dos anos 1960. Em 1963 ele trabalhou na alfabetização de adultos no Rio Grande do Norte — e conseguiu resultados muito eficientes com sua abordagem. Em linhas gerais, ele defendia que a educação não poderia obedecer a uma "lógica bancária", em que o conhecimento era simplesmente depositado na cabeça dos alunos. Clamava por um ensino baseado no diálogo, em que professor e estudante constroem o conhecimento em conjunto.

Por princípio, é uma pedagogia inclusiva. E saberes específicos, de acordo com contextos particulares, são valorizados. "Ele ressaltou no meio educacional, especialmente na formação de professores e gestores escolares, que é imprescindível considerar os conhecimentos e saberes que o educando já possui, ao ser recebido como aluno. É célebre sua frase: 'Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo'", diz Curcio.

"Seu método não fala em ideologias, mas em formas de ensinar e aprender. Não é um instrumento proselitista", acrescenta. "Quem faz proselitismo é a pessoa, por meio de seus atos e discursos, e não o método. Eu posso utilizar uma faca tanto para cortar o pão ou a carne e me alimentar, quanto para matar alguém."

O educador Cara argumenta que Freire não é bem aceito pela extrema direita justamente porque sua filosofia não admite a doutrinação. "O sectarismo do autoritarismo impede o reconhecimento de uma pedagogia verdadeiramente libertadora", afirma. "Então, Freire se tornou inimigo dos ideólogos de direita porque busca uma pedagogia libertadora, enquanto o modelo tradicional é uma pedagogia opressora."

"Quando a extrema direita chegou ao poder no Brasil, precisava agir no campo da educação. E a figura de Freire se mostrou fácil de ser atacada, porque era algo comum nas comunidades educacionais do Brasil", diz Akkari.

Para o professor, conservadores tendem a acreditar que os problemas educacionais podem ser corrigidos com base em aspectos instrumentais, ou seja, mais tecnologia, equipamentos e carga horária, e não com uma mudança de abordagem. Além disso, existe um tabu sobre politização e formação crítica — ele lembra o movimento Escola Sem Partido, criado nos anos 2000 e que ganhou notoriedade no país após 2015.

Paulo Freire é o oposto de tudo isso: sua obra é baseada na formação crítica do aluno. "Ele é o pedagogo da politização da educação", define Akkari.

Mazelas do ensino

Outro mito que os especialistas combatem é o de atribuir à Paulo Freire a culpa pelos problemas educacionais brasileiros. O principal argumento contrário, ressaltam eles, é que a pedagogia dele nunca foi implementada de modo amplo e irrestrito no Brasil. E há ainda o aspecto oposto: o método freireano é muito disseminado em países que costumam se destacar em avaliações educacionais, como a Finlândia.

"Não faz o menor sentido culpar o Paulo Freire pelas mazelas educacionais brasileiras. Ele não é responsável pelo subfinanciamento da educação, pelos péssimos salários dos professores, pelo fato de que o Brasil só passou a colocar a educação como questão nacional a partir dos anos 1930. E, na prática, mesmo em governos alinhados à esquerda não se fez uma pedagogia freireana no país", diz Cara. "Até porque é uma pedagogia que demanda investimentos sólidos em formação e um replanejamento de todo o sistema de ensino."

Akkari observa que essa negação de Paulo Freire por um viés ideológico só ocorre no Brasil. "Se você observar o resto do mundo, a obra dele é consensual", diz.

Isso fica claro no amplo reconhecimento que Paulo Freire recebeu. Em vida, foi homenageado por pelo menos 35 universidades de todo o mundo — entre as quais as de Massachusetts e a de Illinois, nos Estados Unidos; a de Genebra, na Suíça; a de Estocolmo, na Suécia; a de Bolonha, na Itália; e a de Lisboa, em Portugal. O brasileiro também foi reverenciado pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura, com o Prêmio Educação para a Paz, em 1986.

"Particularmente, entendo que, por ele ter se tornado uma celebridade internacional, identificado historicamente com uma educação socializante, acaba incomodando algumas pessoas que vêm em sua obra alguma possibilidade de doutrinação", avalia Curcio. "E isso faz com que pessoas que desconhecem o método acabam por dispensar-lhe a mesma conotação."

Curcio ressalva que Paulo Freire não é criticado pela direita, "mas por certas pessoas de direita". Denominando a si mesmo conservador e mencionando que tem muitos amigos educadores também conservadores, ele afirma que, mesmo que haja críticas ao método Paulo Freire, é dispensado "o mais profundo respeito pelo trabalho dele", que continua sendo estudado. "É apenas uma questão de identificação. Não de rejeição ou abominação", diz.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Briga entre Alberto Fernández e Cristina Kirchner paralisa o Governo argentino



Após a renúncia de todos os ministros, bem como altos funcionários, que representam a vice-presidenta no Gabinete, o presidente avisa que “a gestão continuará seguindo” conforme seu julgamento.


A disputa aberta entre Alberto Fernández e Cristina Kirchner paralisa a Argentina. Um dia depois da renúncia de todos os ministros e altos funcionários que representam a vice-presidenta no Gabinete, o presidente publicou uma longa sequência no Twitter nesta quinta-feira, na qual avisa que é ele quem toma as decisões. “A gestão continuará a se desenvolver conforme eu julgar conveniente”, escreveu ele, e “não é hora de criar disputas”. A derrocada eleitoral nas primárias de domingo, em que os pré-candidatos do peronismo unido perderam em 18 dos 24 distritos do país, acabou catalisando uma crise soterrada no palácio que condiciona o andamento do Governo, e agora agrava a crise econômica, assusta os eleitores e dá asas à oposição conservadora.

Depois do terremoto político de quarta-feira, a Argentina é agora uma espectadora do embate das duas forças em conflito. A origem das tensões está na decisão de Cristina Kirchner de promover seu ex-chefe de Gabinete, Alberto Fernández, como candidato à presidência em 2019, com ela como vice-presidenta. Somou-se a esse binômio Sergio Massa, um dirigente que havia derrotado o kirchnerismo na província de Buenos Aires e que agora completava a unidade total do peronismo. A estratégia funcionou e Alberto Fernández impediu nas urnas a reeleição de Mauricio Macri. Mas a tensão entre um presidente sem votos, mas com o poder formal, e uma vice-presidenta sem poder formal, mas com votos, pesou nos primeiros dois anos de Governo. Até que tudo foi pelos ares com a derrota nas primárias de 12 de setembro, eleição que escolhe os candidatos que disputarão uma vaga no Congresso em 14 de novembro.

A derrota acabou com o mito de que “o peronismo unido jamais será vencido” e reforçou as demandas de Kirchner de que seu parceiro de chapa empreenda uma profunda reforma de Gabinete. Mas Fernández preferiu esperar pelas Legislativas, com o argumento de que uma mudança no meio da campanha eleitoral só complicaria as coisas. Nesta quarta-feira, cinco ministros kirchneristas e alguns altos funcionários anunciaram que estavam deixando o Governo. A fratura estava entregue, embora a Argentina sempre tenha nuances.

No topo da lista dos que demissionários está Eduardo ‘Wado’ de Pedro, ministro do Interior, um homem do grupo mais próximo da vice-presidenta. De Pedro apresentou uma carta de renúncia que seus porta-vozes rapidamente distribuíram a jornalistas e nas redes sociais, mas que nunca entrou oficialmente na Casa Rosada. Sem essa formalidade, a debandada kirchnerista se tornou um gesto político para pressionar Fernández a destituir os ministros que a ex-presidenta não quer no Governo: o chefe dos ministros, Santiago Cafiero, e o ministro da Economia, entanto, 24 horas após o início da crise, a situação é a mesma: Alberto Fernández mal moveu as fichas e Cristina Kirchner se calou, pelo menos em público. Seu entornou divulgou a informação de que na tarde de quarta-feira ela ligou para o ministro Guzmán para dizer que não era verdade que estava pedindo sua renúncia. A chamada foi confirmada pelo Ministério da Economia. O movimento, estratégico, diz ao presidente que o kirchnerismo não se conformará somente com o ministro da Economia. Quando a tensão chegava ao máximo nos corredores do poder, uma rádio transmitiu o áudio de uma deputada ultrakirchnerista vociferando contra Alberto Fernández. Fernanda Vallejos, ilustre integrante do grupo La Cámpora, controlado por Máximo Kirchner, filho de Cristina Kirchner, chama o presidente de “intruso” e “mequetrefe” e o considera um “inquilino” da Casa Rosada que dilapidou em dois anos os votos da ex-presidenta. “Todos esperávamos que o doente Alberto Fernández, o intruso Alberto Fernández, na segunda-feira às oito horas da manhã [depois da derrota eleitoral] estivesse dando uma entrevista coletiva em sua mesa com todas as renúncias em cima da mesa (...) Não somente não fez isso, como não quer fazer”, disse Vallejos. Segundo essa lógica, a renúncia dos ministros kirchneristas foi para forçar as mudanças que o presidente “não quer fazer”.

Vallejos pediu desculpas por suas palavras, que considerou “inapropriadas” e fruto do fervor de uma conversa privada. No entanto, foram uma prova brutal de como pensa um dos lados que hoje tem a Argentina atolada em incertezas. A disputa, ainda aberta, só pode ter soluções negativas. Se Alberto Fernández ceder à pressão, fica muito enfraquecido, mas mantém viva a coalizão. Se não ceder, ele se fortalece como líder, mas rompe a unidade do peronismo a menos de dois meses das eleições legislativas. O apoio que recebeu de governadores, sindicatos e movimentos sociais não parece ser suficiente por enquanto para manter a governança de um país que está em recessão há três anos, agravada pela pandemia.

Inflação e negociações com o FMI

Em meio à instabilidade política, ronda o espectro da crise e, sobretudo, do endividamento externo. O Ministério da Economia enviou no final da noite de quarta-feira um projeto de Orçamento para 2022 que prevê crescimento de 4% e inflação de 33%, ou seja, 15 pontos percentuais a menos do que o esperado para este ano. O aspecto mais relevante da Lei Orçamentária, que deve ser aprovada pelas duas câmaras legislativas, é que não contempla pagamentos de capital ao Fundo Monetário Internacional (FMI) pela dívida de 44 bilhões de dólares (231 bilhões de reais) contraída por Macri em 2018 e que está em processo de renegociação. Os economistas temem que as disputas compliquem esse diálogo, que está nas mãos do ministro Martín Guzmán.

A Argentina deve pagar ao FMI este ano dois vencimentos de capital no valor de 3,8 bilhões de dólares (cerca de 20 bilhões de reais). O primeiro, no final deste mês, poderá ser pago com parte dos direitos especiais de saque que recebeu da agência no final de agosto.

A pasta de Guzmán também prevê um déficit primário —sem pagamento de vencimentos— de 3,3% do PIB até 2022 e uma desvalorização de 30% do peso. Cada dólar norte-americano (5,26 reais) será trocado por 131,10 pesos, segundo o Governo, ante os quase 103 pesos que se pagam hoje no mercado oficial (vedado aos poupadores) e os 180 pesos no mercado paralelo. O projeto de lei do Orçamento 2022 é otimista quanto à recuperação de outros fatores fundamentais para o crescimento econômico, como o consumo privado e o investimento, com altas projetadas de 4,6% e 3,1%, respectivamente.

Há anos os números reais da economia argentina não coincidem com os orçados pelas autoridades nacionais. Para este 2021, o Governo estimava inflação de 29%, cifra alcançada nos primeiros sete meses. No último ano do Governo de Mauricio Macri, o aumento dos preços mais que dobrou as projeções. Foi de 53% ante os 23% estimados nas contas oficiais. 

 El País

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pernambuco prorroga por 90 dias estado de calamidade pública por causa da Covid-19





Em decreto assinado pelo governador Paulo Câmara, Pernambuco prorrogou o estado de calamidade pública em razão da Covid-19 por mais 90 dias em todos os seus 184 municípios e no Distrito Estadual de Fernando de Noronha.

O texto está publicado na edição desta quarta-feira (15) do Diário Oficial do Estado. 



Com a prorrogação, o Estado ficará até 11 de dezembro em calamidade pública, uma vez que o decreto tem efeitos retroativos para o último sábado (11). 

O decreto estadual permite a adoção de medidas para combate à Covid-19 de forma menos burocrática, diante do contexto de urgência da pandemia.

Entre as justificativas para a baixa do decreto de prorrogação, estão "que o coronavírus apresenta elevada taxa de mortalidade que se agrava entre idosos, pessoas com doenças crônicas e imunodeprimidas" e "os impactos ocasionados decorrentes das perdas significativas na economia do Estado".

O texto também considera "a altíssima capacidade de contágio por cada pessoa doente com o coronavírus na transmissão" e "que os habitantes dos municípios afetados não têm condições satisfatórias de superar os danos e prejuízos".

O último decreto com renovação de calamidade pública no Estado havia sido publicado em 16 de março, com prazo de 180 dias.

Riscos seguem elevados
O médico infectologista e chefe da triagem do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Filipe Prohaska, alerta que, mesmo com a diminuição das restrições, ainda estamos vivenciando tempos pandêmicos. 

“Apesar dos números da Covid diminuindo com frequência, nós ainda estamos vivenciando um tempo de pandemia e temos a necessidade de vacinar boa parcela da população. Lógico, a gente vivencia um tempo melhor, com menos restrições nos locais e menos necessidade de ambientes de terapia intensiva e de internações hospitalares, porém temos várias variantes circulantes que vêm trazendo transtornos que ainda não nos tira da faixa da pandemia”, destacou.

De acordo com o cientista Jones Albuquerque, do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o risco para a Covid-19 em Pernambuco continua alto segundo os gráficos analisados. 

“As médias móveis, tanto no número de casos quanto no de óbitos, que vinham em agressivas quedas, pararam de cair. O risco em Pernambuco continua alto, em "aceleração" e em "velocidade" nos gráficos de risco. Como ainda estamos em risco alto, entendo que o governo precisa ter agilidade para execuções caso a pandemia reacenda, como tudo leva a crer que vai ocorrer. E o estado de emergência serve para isso também: dar agilidade às ações”, explicou.

Cuidados continuam
Ainda de acordo com o cientista, mesmo com o ciclo vacinal completo, a população deve continuar com os cuidados de combate ao vírus.

“Mesmo completamente imunizadas, as pessoas devem manter distanciamento e uso de máscaras, pois as novas variantes reduzem a efetividade das vacinas em até 30% e é sabido que vacinados carregam e espalham vírus, reduzindo até a sua própria chance de imunização”, complementou Albuquerque.  

Coronavírus em Pernambuco
O Estado totaliza 614.141 casos confirmados da Covid-19, sendo 53.671 graves e 560.470 leves, e 19.560 mortes.

Pernambuco aplicou 8.912.083 doses de vacinas contra a Covid-19 na sua população, desde o início da campanha de imunização no Estado, em 18 de janeiro de 2021.

Com relação às primeiras doses, foram 5.998.742 aplicações, uma cobertura de 72,17% da população elegível, a partir dos 12 anos. Do total, 2.913.341 pernambucanos (35,05%) já completaram seus esquemas vacinais, sendo 2.740.350 pessoas que foram vacinadas com imunizantes aplicados em duas doses e outros 172.991 que foram contemplados com vacina aplicada em dose única.

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Museu de Bom Jardim comemora Dia do Frevo com ENSAIO no Youtube




O FREVO é originário do Recife, estado de Pernambuco. Surge no final do século XIX. Frevo é sinônimo de luta, alegria, musicalidade, ritmo, resistência do povo negro contra todas as formas de  opressão. Neste caldeirão de coisas, situações e contextos sociais,  da junção cultural do maxixe, capoeira e marcha, surge o Frevo.

Bom Jardim é a cidade natal de Levino Ferreira, Bráulio de Castro, Mestre Teté e  de outros músicos e  compositores de diversos Frevos de Bloco, Frevo de Rua e  Frevo Canção.

Leonardo Oliveira e Mac Sedícias, são músicos experientes, fazem parte de uma geração que mantém o legado dos nossos precursores do repertório musical que coloca nosso lugar do mundo, Bom Jardim, no contexto cultural que contribuí para justificar o Frevo como referência universal reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade.  

O Museu de Bom Jardim empreende esforços, busca apoio junto a comunidade para garantir a implantação de uma escolinha de dança para manter nossa identidade cultural viva.



Assista ao vídeo "Ensaio Leonardo Oliveira e Mac Sedicias - Último Dia", de autoria de Levino Ferreira.

Bom Jardim é a "Pátria" de Levino Ferreira, Dimas Sedícias, Mestre Teté, José Pessoa, Luís Orobó, Lúcio Sócrates, Bráulio de Castro, Laurivan Barros, Airton Barbosa, Mac Sedícias, Lula Barbosa, Roberto Cruz, Mariano Sanfoneiro e muitos outros músicos que nos coloca em posição de destaque na cena cultural de Pernambuco e do Brasil.

Nesta cidade musical, todo dia tem um músico tocando, fazendo arte. Todo dia tem ENSAIO em casa, no GRÊMIO, na rua, no museu, na escola em todo lugar.

Acesse, INSCREVA-SE: https://www.youtube.com/watch?v=-YNOGSg-vu0

Acesse, Fique por dentro: https://museudebomjardim.blogspot.com/

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Por Edgar Severino dos Santos - Museu de Bom Jardim-PE

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 12 de setembro de 2021

Veja dicas de como estudar Física para o Enem

O mais importante é interpretar corretamente enunciados, gráficos e tabelas, aplicando o conhecimento teórico adquirido em situações cotidianas



Traçar um bom plano de estudo, levando em consideração as especificidades das questões do Enem, é extremamente importante para realizar uma boa prova e conseguir uma vaga no ensino superior. O blog Novos Alunos, do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), apresenta dicas para fazer uma boa prova de Física no Exame Nacional do Ensino Médio. Acompanhe e descubra!

Estudar as características da prova

Crédito: Pexels/Oladimeji AjegbileVeja dicas de como estudar Física para o Enem segundo o site Novos Alunos

Uma dica fundamental para todo estudante que precisa se preparar para uma prova é também a mais simples: ele deve conhecer o teste. Entender o estilo das questões, a abordagem e o tipo de conhecimento exigido faz toda a diferença na definição de um plano de estudos.

A prova do Enem, por exemplo, tem características muito peculiares e bem definidas. Física, química e biologia são cobradas na prova de Ciência da Natureza e suas Tecnologias, a partir da compreensão do aluno de um contexto mais amplo. Assim, não é necessário decorar fórmulas, estruturas e informações pontuais. O mais importante é que seu filho interprete corretamente enunciados, gráficos e tabelas, aplicando o conhecimento teórico adquirido em situações cotidianas. Aliás, esse é um dos principais pontos do Enem: todas as informações cobradas estão relacionadas a situações vivenciadas no dia a dia, que servem de base para que o aluno mostre que captou a teoria e os conceitos fundamentais da matéria.

As questões do Enem também tendem a ter uma abordagem mais completa, muitas vezes tratando de mais de um assunto (de variadas áreas) em uma única pergunta. E isso demanda que o aluno tenha uma grande habilidade de interpretar textos, bem como deve estar atualizadíssimo sobre os temas do cotidiano. Por isso, uma dica preciosa é: faça seu filho acompanhar os noticiários, ler jornais e exercitar sua mente para fazer ligações entre o que acontece no mundo e o universo da física. Além, claro, de praticar muito com questões de anos anteriores!

Absorver a essência da matéria

Crédito: Pexels/Startup Stock PhotosPara se sair bem no Enem, o mais importante é estar bem afiado em relação aos conceitos de física, a essência da matéria

Para se sair bem no Enem, o mais importante é estar bem afiado em relação aos conceitos de física, a essência da matéria. O que seu filho precisará mostrar é que conhece bem a base da física e todos os conceitos essenciais que regem a disciplina, com foco sobretudo nos assuntos relacionados à energia, à mecânica e à termodinâmica. Não por acaso, são esses os temas que costumam ter aplicação direta em nosso cotidiano.

Pode anotar: seu filho provavelmente será questionado sobre os usos da energia no dia a dia, especialmente em relação a consumo e distribuição, bem como sobre o teorema da conservação da quantidade de movimento, que costuma ser tema frequente no exame. E, outra vez, a orientação geral é evitar o decoreba, ficando na compreensão dos conceitos e em sua aplicação prática.
Focar nos temas certos.

É inevitável: alguns assuntos de cada matéria acabam recebendo maior destaque e peso na prova do Enem. É claro que não é possível prever tudo o que vai cair na próxima edição, mas pela experiência dos anos anteriores e pela compreensão do estilo do teste, fica mais fácil adiantar que assuntos devem merecer atenção especial na hora dos estudos.

Para a física, podemos destacar:

  • Mecânica e cinemática: estudo dos movimentos retilíneo e circular com foco na posição, na velocidade e na aceleração;
  • Dinâmica e leis de Newton: dinâmica dos corpos e leis que orientam toda essa área de conhecimento;
  • Força resultante: conceituação de força centrípeta, trajetórias e objetos em deslocamento;
  • Impulso: variação da quantidade de movimento de um objeto, força e deslocamento;
  • Hidrostática: densidade, massa específica e empuxo;
  • Eletricidade e energia: funcionamento de um circuito elétrico, potência e medidores elétricos.

Quer mais dicas de estudo? Visite o site Novos Alunos!


Grupo SEB

Além do blog, que trata sobre assuntos como educação bilíngue, período integral, ensino médio, vestibulares e Enem, você pode acompanhar o conteúdo do SEB por meio da página no Facebook , no perfil no Instagram e no canal do Youtube.

Por: SEB (Sistema Educacional Brasileiro - catraca Livre.com.br

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Comemorações dos 100 anos de Paulo Feire motiva aulas e cursos gratuitos sobre o educador




Nascido em Recife, no dia 19 de setembro de 1921, Paulo Freire é um dos teóricos da pedagogia mais lidos do mundo. No ano de seu centenário, diversas instituições e acadêmicos oferecem aulas e cursos gratuitos sobre o Patrono da Educação Brasileira.

Abaixo, selecionamos alguns desses projetos que acontecem neste mês. Confira:

A Faculdade de Educação (FE) da USP organizou o seminário internacional “Ano 100 com Paulo Freire: Tempos, Espaços, Memórias, Discursos e Práticas”. Com discussões sobre o legado de Freire no Brasil e no mundo, o evento acontecerá de forma virtual.

A transmissão de seminário internacional acontecerá até o dia 10 de setembro pelo canal no YouTube da FE e a programação, assim como outras informações, pode ser conferida no site da instituição.

“100 Anos de Paulo Freire: Esperançar em Tempos de Barbárie” reúne acadêmicos de diversas instituições e segue com programação inédita até o dia 23 de setembro. As inscrições são no site da Rede Emancipa.

No dia 16 de setembro, via YouTube, será a vez da UFSCar celebra centenário do educador, com “Atualidade e Urgência da Pedagogia do Oprimido”. Quem participar terá direito a certificado.

A série de webinários “Paulo Freire: 100 anos”, oferecida pelo Instituto Unibanco e pela Escola do Parlamento, ocorre de 8 a 22 de setembro. Durante os encontros, serão discutidas as obras do educador.

O ciclo “Educação para Juventudes” será transmitido ao vivo todas as quartas-feiras, a partir das 16h, no canal do Instituto Unibanco no YouTube. Em 15 de setembro, o webinário “Histórias e legados” discutirá a história e o legado de Freire para a educação. No dia 22, o último webinário, “Educação e mudança social”, tratará das relações entre educação e mudança numa perspectiva de justiça social.

Do Sesc SP, a live “Paulo Freire: Pensamento, Experiência e Derivações”, que ocorre no dia 18 de setembro, promove um bate papo sobre memórias e experiências reveladoras e o impacto de Paulo Freire em práticas educacionais e vivências cotidianas. O Sesc TV também exibe, a partir do dia 19 de setembro, a série documental “Paulo Freire, Um Homem do Mundo”.

Educadores e interessados na área podem assistir gratuitamente a vídeos sobre Paulo Freire. Disponíveis no site Domínio Público, os vídeos contam com versão com tradução para Libras.

Paulo Freire

A vida e a obra de Paulo Reglus Neves Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país – Recife, Pernambuco, em 1921 – ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.

Paulo Freire é considerado um dos mais importantes pensadores da história da pedagogia.

A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e “métodos”, os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.

De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro, Paulo Freire, é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.

A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.

A obra de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição.

O teórico da educação, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com ao menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da Unesco.

Paulo Freire morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, em São Paulo.


Fonte: Catraca Livre.  - Desenho MST

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Bolsonaro conversa com Alexandre de Moraes





Antes da divulgação de nota em que recuou de seus ataques golpistas aos outros Poderes, o presidente Jair Bolsonaro conversou por telefone com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, em ligação mediada por Michel Temer (MDB).

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do ex-presidente. Temer foi acionado ainda na quarta-feira (8) por Bolsonaro, que buscava conselhos para enfrentar os bloqueios de caminhoneiros e para tentar contornar a crise gerada com o Supremo Tribunal Federal.

Nesta quinta-feira (9), durante conversa entre ambos, Temer ligou para Moraes, que foi indicado por ele para o STF.

Segundo quem acompanhou a conversa, o diálogo foi institucional e Bolsonaro disse o que divulgaria posteriormente na carta pública: falou que não nunca teve a atenção de agredir e que acredita na harmonia entre os Poderes.

A conversa também tratou da possibilidade de outras ligações futuras entre ambos.

Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Barroso chama Bolsonaro de farsante e diz que país é motivo de chacota mundial

História do Brasil atual

Presidente do TSE afirmou que não há espaço na democracia "para aqueles que tentam destruí-la". E disse que, em 2023, um candidato eleito democraticamente assumirá Presidência


 (crédito: Reprodução/YouTube)
(crédito: Reprodução/YouTube)

Em mais um capítulo da crise institucional causada e agravada pelo presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, chamou o mandatário de farsante e disse que o que está em curso no Brasil é uma tentativa de retorno ao autoritarismo, na tentativa de descredibilizar o processo eleitoral por meio de afirmações falsas e antidemocráticas.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que fez um pronunciamento nesta quinta-feira (9/9), disse que o Brasil não deseja entrar no grupo de países que tiveram suas democracias atacadas e citou exemplos como Hungria, Polônia, Rússia, Geórgia, Filipinas, Venezuela, Nicarágua, El Salvador, entre outros. “Em todos esses exemplos, a erosão da democracia não se deu por golpe de estado sob as armas de generais e seus comandados”, afirmou.

“A subversão democrática nesses países se deu pela condução de líderes políticos, primeiros-ministros e presidentes da República eleitos pelo voto popular e que, em seguida, medida por medida, vêm desconstruindo os pilares que sustentam a democracia e pavimentando o caminho para o autoritarismo”, pontuou Barroso.

Segundo ele, as ofensivas de líderes autoritários contra a Justiça eleitoral configuram um modus operandi que tem como objetivo alegar fraude quando a derrota for confirmada nas urnas. Diante das mentiras propagadas por Bolsonaro sobre o processo eleitoral, o voto impresso e as instituições, o ministro do STF foi além e alfinetou o presidente ao recitar uma versão alternativa de um trecho bíblico, utilizado pelo mandatário desde que era candidato à Presidência.

“O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: ‘conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará’”, disse Barroso, fazendo referência a João 8:32, que replica as palavras de Jesus: "Conhecereis a verdade e a verdade os libertará”.

O ministro lembrou que após a live de Bolsonaro em julho, a Justiça Eleitoral convocou-o para apresentar as provas de fraudes no sistema eleitoral, mas ele não o fez — o que demonstra, segundo Barroso, que o chefe do Executivo é um farsante. “É tudo retórica vazia, política de palanque. Hoje em dia, salvo os fanáticos que são cegos pelo radicalismo e os mercenários, que são cegos pela monetização da mentira, todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”.

“Quem decidiu que não haveria voto impresso não foi o TSE, foi o Congresso Nacional”, acrescentou.

Desvalorização global

O presidente do TSE afirmou, ainda, que o país sofre uma desvalorização global e que os brasileiros são “vítimas de chacota e de desprezo mundial”. Um desprestígio, nas palavras do ministro, pior do que a inflação, desemprego, desvalorização da moeda ou mesmo o desmatamento da Amazônia.

“Pior que tudo, a falta de compostura nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo”, pontuou.

Barroso disse que a democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas, desde que haja o respeito à Constituição. Ela só não tem lugar, segundo ele, “para quem pretenda destruí-la”.

Ao fim de seu discurso, o ministro mandou um recado a Bolsonaro e disse que em 2023, um candidato eleito democraticamente assumirá a cadeira presidencial. “Com a bênção de Deus — o Deus de verdade, do bem do amor, do respeito ao próximo — e com a proteção das instituições, um presidente eleito democraticamente pelo voto popular tomará posse em 1º de janeiro de 2023. Assim será”, concluiu.

Fonte: Correio Braziliense
Professor Edgar Bom Jardim - PE

BRAVATA ? Bolsonaro nega intenção de atacar STF e diz que falou 'no calor do momento' no 7 de Setembro



Bolsonaro em encontro dos BRICS

CRÉDITO,PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Legenda da foto,

Bolsonaro recua após chamar Moraes de 'canalha' e ameaçar não cumprir suas decisões

Após dias de ataques inflamados ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro baixou o tom por meio de uma nota oficial nesta quinta-feira (09/09). No comunicado, o presidente disse que autoridades não têm o direito de "esticar a corda" e que não teve intenção de agredir outros Poderes.

O recuo retórico veio após caminhoneiros bolsonaristas travarem dezenas de rodovias no país em apoio aos ataques do presidente contra o Poder Judiciário. Bolsonaro, porém, ficou preocupado com o impacto dessa mobilização na economia e pediu na noite de quarta-feira que seus apoiadores liberassem as estradas.

"Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar", diz o comunicado.

Após chamar o ministro do STF Alexandre de Moraes de "canalha" em discurso na Avenida Paulista durante ato em seu apoio no feriado de 7 de setembro, Bolsonaro indicou ter se excedido.

"Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de 'esticar a corda', a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia", diz ainda o comunicado.

"Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum", acrescentou o presidente.

Moraes é relator de investigações contra Bolsonaro e seus aliados, entre elas o inquérito das Fake News, citado na nota presidencial.

O presidente e seus apoiadores consideram que o ministro tem cometido abusos e desrespeitado a liberdade de expressão ao determinar a prisão de seus aliados, inclusive porque algumas dessas decisões foram tomadas sem participação da Procuradoria-Geral da República.

Já os que apoiam a atuação do ministro dizem que os investigados nesses inquéritos cometem crimes ao ameaçar ministros do STF e defender o fechamento da Corte e do Congresso Nacional.

Antes dos atos em seu apoio no 7 de Setembro, Bolsonaro disse que os protestos tinham objetivo de "enquadrar" o STF. E, ao discursar no feriado, chegou a dizer que não cumpriria decisões de Moraes.

"Deixe de oprimir o povo brasileiro. Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá", discursou, na Avenida Paulista.

Caminhoneiros em bloqueio de rodovia Regis Bitencourt, em SP

CRÉDITO,EPA

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Mensagens em grupos de caminhoneiros revelam racha na categoria sobre apoio ao bloqueio de rodovias

Já na nota divulgada nesta quinta-feira, o presidente reconheceu que decisões judiciais devem ser contestadas dentro dos trâmites jurídicos.

"Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto (sic) no Art. 5º da Constituição Federal", afirmou o presidente.

"Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição", continuou.

Bolsonaro disse também que sempre esteve "disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles".

E finalizou a nota agradecendo "o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil".

Os apoiadores mais radicais do presidente, porém, demostraram frustração com seu recuo nos últimos dias. O áudio de Bolsonaro pedindo o fim dos bloqueios de rodovias pelo país provocou grande confusão em grupos de caminhoneiros e apoiadores do presidente no WhatsApp, Telegram e redes sociais monitorados pela BBC News Brasil.

Alguns bolsonaristas que participam da paralisação se disseram "decepcionados" e "traídos", enquanto muitos se recusam a acreditar que a voz seja de Bolsonaro, mesmo depois de o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, gravar um vídeo confirmando a autenticidade.

'Live' nas redes sociais

Na noite de quinta-feira, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais, na qual começou parabenizando "todos que se manifestaram pacificamente no último dia 7 pelo Brasil, dia da nossa Independência" e onde mostrou imagens e exaltou os números de manifestantes presentes.

Sem mencionar diretamente os ataques que fez naquele dia a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente Alexandre de Moraes, Bolsonaro afirmou que na avenida Paulista, na cidade de São Paulo, "talvez pela proximidade do carro de som, tudo ficou mais inflamado".

Num cartaz em inglês, manifestante pede a destituição dos ministros do STF no protesto em São Paulo

CRÉDITO,AFP

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Num cartaz em inglês, manifestante pede a destituição dos ministros do STF no protesto em São Paulo

O presidente comentou sobre a nota oficial que publicou na quinta-feira, que segundo ele foi redigida com o auxílio do ex-presidente Michel Temer (MDB) — a quem ele diz ter telefonado na noite de quarta-feira e com quem se encontrou em Brasília no dia seguinte por cerca de uma hora.

"A resposta (através da nota) foi o seguinte: eu estou pronto para conversar. Por mais problema que eu tenha com o Arthur Lira (presidente da Câmara), com o Rodrigo Pacheco (Senado), o ministro Fux (Luiz Fux, do STF), com o Barroso (Luís Roberto Barroso) lá do TSE (...) Tô pronto para conversar", disse Bolsonaro, acrescentando ter respeito às instituições.

"Você pode brigar com um ministro do Supremo, você pode brigar com um senador, mas não com o Senado, com o Supremo. Tenho certeza que bons frutos (do diálogo) aparecerão nos próximos dias."

Em um trecho da transmissão, o presidente voltou a questionar o resultado da eleição presidencial de 2018 que o alçou ao poder, afirmando acreditar ter tido mais votos do que o computado. Ele citou novamente o nome de Barroso e afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria melhorar a segurança da votação.

O presidente mencionou ainda a paralisação de caminhoneiros em seu apoio, movimento que ele caracterizou como uma "coisa fantástica". Destacando não ter influência na decisão dos caminhoneiros, ele afirmou que estes o comunicaram pretender terminar com a paralisação no domingo.

"Falaram que iam manter o movimento até domingo, é um direito deles, e vão suspender depois de domingo, essa é a ideia de muitos deles ali. Eu não influencio nessa área. Fui bem claro, se passar de domingo, segunda, terça, a gente começa a ter problema seríssimo de abastecimento, influencia na economia, aumenta inflação. Os problemas se voltam contra nós: contra eles que fizeram o movimento e contra eu por ser chefe de Estado", disse Bolsonaro, para quem os caminhoneiros já deram um "recado enorme" a favor da Constituição.

Reação do Judiciário

A manifestação em tom mais brando de Bolsonaro veio após o presidente do STF, Luiz Fux, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, reagirem com dureza aos ataques de Bolsonaro.

Na quarta-feira, Fux enfatizou que ignorar decisões judiciais configuraria crime de responsabilidade, o que poderia culminar na abertura de um processo de cassação contra Bolsonaro.

"O Supremo Tribunal Federal jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções", disse Fux, ao abrir a sessão de julgamento do STF.

"O Supremo Tribunal Federal também não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional", reforçou.

Já Barroso voltou a repudiar os ataques de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação. Sem apresentar provas, o presidente tem levantado dúvidas sobre a segurança das urnas brasileiras.

"A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la", disse o presidente do TSE.

BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE