domingo, 9 de maio de 2021

Ética e valores humanos


Significado de ética

Ética – Originada do grego “Ethus”, a palavra significa morada, refúgio, habitat. Ou seja, lugar onde as pessoas habitam. Entretanto, para os filósofos, ética se refere a índole de alguém, a sua natureza e o seu caráter. Aristóteles, por exemplo, acreditava que o ser humano era fruto das próprias escolhas.

Em seu livro Ética a Nicômaco, o filósofo deixa claro sua observação sobre o assunto, ao dizer que a ética, no sentido geral, é como lidamos diante das mais diversas situações da vida. Ética é o estudo filosófico da moral! O modo como nos comportamos, a nossa natureza e, principalmente, como estabelecemos relações uns com os outros.

três aspectos do princípio da ética

Os filósofos gregos e romanos tinham como princípio da ética o encontro de nossos desejos e nossas razões. Dessa forma, os mesmos estabeleceram três aspectos como:

  1. naturalismo, considerado o agir em virtude e conformidade com a natureza;
  2. racionalismo, considerado o agir, em conformidade com a razão, uma vida virtuosa;
  3. inseparabilidade entre ética e política, considerada a conduta de alguém junto com os valores da sociedade.

Já escrevemos sobre os assuntos de filosofia que mais caem no Enem. Não deixe de conferir, são apenas 6 tópicos.

Significado de moral

Derivada do latim “Mores”, que significa “costume”, a palavra indica algo que se consagrou como verdadeiro, seja por um padrão cultural vigente ou até mesmo por regras determinadas pela sociedade. Essas mesmas regras ou “leis” estimulam os valores éticos de alguém ao assumir a responsabilidade de seus atos e, claro, suas consequências.

É daí que aparecem expressões como “comportamento imoral” e “uma moral incontestável”. Ou seja, as regras e leis são obedecidas a partir da decisão da própria pessoa em seguir esses valores ou não. A moral é uma escolha a ser feita.

Naturalmente o homem distingue entre o bem e o mal no contexto em que vive. Estamos acostumados a cumprir estas leis. Quem segue as normas, valores e tradições de um local é considerado moral. Aquele que desobedece é imoral.

Ainda assim, engana-se quem pensa que as questões de moral se resumem a apenas aos filósofos, teóricos e artigos sobre o assunto. Situações simples como furar uma fila, jogar lixo ao chão, falar mal de alguém, roubar e trapacear no jogo, além de serem consideradas ilegais, são exemplos de situações e atos imorais.

Enquanto a ética funciona como um orientador de pensamento e ação, a moral chega para balancear os seus valores. A ética questiona a moral sobre princípios, mandamentos e o que deve ou não ser considerado justo.

Estes são apenas resumos sobre o que é éticamoral e imoral. Se o tema ainda não é claro para você, inclua esse tema em seu plano de estudos.

Resumindo, o que é ética e moral?

Ética x Moral

Ética se relaciona a liberdade e rege a convivência das pessoas segundo a natureza humana, não se resumindo a casos particulares, mas estudando-os. Animais fazem o que fazem porque não pode ser de outro jeito, seguem o instinto. Os seres humanos podem escolher fazer diferentemente.

Moral é o conjunto de normas vinculadas às ações, aprendidas por tradição ou consenso, que decidimos seguir.

Separamos algumas questões de vestibular sobre ética e moral que serão ótimas para seu aprendizado e que vão contribuir para avaliar seu conhecimento.

VALORES HUMANOS – QUAIS SÃO OS SEUS?

Entendemos por valores humanos o conjunto de regras de convívio social que, embora não estejam registradas como ocorre com as leis, estão implícitas. O amor, a amizade, a bondade, a confiança, a fraternidade, a honra, entre tantos outros valores fazem parte dessa lista que está presente na natureza do ser humano.

É importante dizer que existem pessoas que adotam condutas que se mostram bastante distantes desses valores. Contudo, devemos sempre nos esforçar para nos manter próximos deles, assim, estaremos nos respeitando, respeitando ao outro e contribuindo para um mundo melhor para todos.

Continue a leitura e faça essa reflexão sobre quais são os valores humanos que tem seguido em seu comportamento diário, lembrando que a ideia não é se julgar e sim buscar sempre melhorar e evoluir através de cada experiência.

10 Valores humanos, sua importância e dicas para fortalecê-los

A seguir, veja uma lista com alguns dos valores humanos mais importantes e dicas de como torná-los cada vez mais presente em sua vida.

1 – Empatia

empatia é um valor humano importante porque representa o exercício de se colocar no lugar do outro e, assim, pensar melhor em como agir em relação a ele. Para ser mais empático, é preciso exercitar a perspectiva, olhando para cada situação como se fosse você no centro dela. Assim, conseguirá praticar uma série de outros valores, muitos, inclusive, dos que estão listados aqui.

2 – Amor

O amor é um valor de poder imensurável, está presente dentro de famílias, no relacionamento que se tem com amigos e também deve estar em relação ao próximo. Assim como a empatia, o amor traz com ele uma série de outros valores fundamentais, como o respeito, a compreensão, o compartilhamento, a felicidade. Um sentimento que se manifesta através da bondade.

3 – Justiça

A justiça é imprescindível para a boa convivência da sociedade, é ela que determina até onde vão os direitos de cada indivíduo e começam os seus deveres. Além da justiça que está ligada às leis, devemos nos lembrar também daquela que está subentendida do ponto de vista moral e ético. Você pode fazer isso buscando ser justo ao tomar decisões que impactem a vida de terceiros, sendo empático e prezando sempre pelo equilíbrio.

4 – Honestidade

A honestidade é um valor humano de grande importância, mais do que exigir isso dos nossos governantes, devemos torná-la presente em todas as nossas ações. Por mais que, em algumas situações, ser honesto demande maior esforço e não tenha a garantia de vantagens, sempre vale a pena seguir o caminho mais longo. Isso garante que mantenha sua consciência tranquila e não corra o risco de ter que lidar com as consequências da desonestidade no futuro.

5 – Respeito

Respeitar os outros é respeitar a nós mesmos, a nossa essência como seres humanos. Para isso, mantenha-se sempre atento em relação aos limites dos seus direitos, para evitar invadir o direito do outro. Seja respeitoso sempre, independentemente se os demais o são, faça isso porque acredita ser o correto, porque faz parte da sua essência, é assim que se contribui para um mundo melhor.

6 – Honra

Uma pessoa honrada é aquela que se comporta de maneira digna, mostrando que faz por merecer o respeito e a confiança dos demais, independentemente de eles poderem oferecer a ela ou não algum benefício. Para ter honra, é preciso agir de acordo com os seus princípios sempre, sendo verdadeiro e honesto em qualquer lugar ou situação.

7 – Liberdade

Ser livre não significa agir sem critério ou responsabilidade e sim gozar do seu livre arbítrio com responsabilidade, considerando a liberdade a qual o outro também tem direito. Todos são livres para fazerem suas escolhas e viverem suas vidas da forma que desejarem, desde que não causem prejuízo a terceiros.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos: Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

8 – Responsabilidade

Responsabilidade envolve fazer escolhas e assumir as consequências dos próprios atos. Quando uma pessoa se assume responsável por tudo o que faz, toma posse da sua liberdade de decisão, evitando se tornar refém da vontade de terceiros. A responsabilidade é o preço a ser pago pela liberdade, mas é, certamente, um preço que vale a pena pagar.

9 – Solidariedade

A espécie humana apenas existe até hoje e sobreviveu aos desafios apresentados nos primórdios por conta da solidariedade. Ser solidário significa ajudar o próximo sem segundas intenções, apenas pelo desejo de contribuir para o bem-estar dele. Quando somos solidários estamos unindo esforços e nos tornando mais fortes.

Existem muitas maneiras de exercer a solidariedade nos dias de hoje, seja ajudando pessoas próximas, fazendo parte de causas sociais e através de pequenas atitudes do dia a dia. A cada atitude solidária que tem, está plantando uma semente e incentivando aqueles que estão ao seu redor e receberem o ato de bondade a o passarem adiante.

10 – Tolerância

Por fim, um valor também muito importante, capaz de evitar desentendimentos dos mais diferentes tipos, a tolerância. Ser tolerante é respeitar o outro como ele é, evitando impor os seus próprios valores aos demais, afinal de contas, somos todos livres para nos expressarmos e agirmos da forma que acharmos melhor. Lembre-se sempre que não precisamos concordar para tolerar.

Valores Humanos: sempre é tempo de fortalecer os seus

Embora todos os valores humanos sejam importantes, devemos reconhecer que cada indivíduo pode apresentar um e outro de forma mais intensa. Existem pessoas que são mais enfaticamente justas, enquanto outras honradas, livres e assim por diante.

Reflita sobre quais são os valores mais marcantes de acordo com a sua personalidade e essência. Assim, poderá fazer escolhas de modo a prezar cada vez mais por eles, e, claro, buscar fortalecer os outros dentro de você. Seja sempre fiel aos seus valores, assim, mesmo que venha a cometer erros, manterá a sua integridade e isso é o que mais importa.

E então, já tinha parado para pensar a respeito da importância dos valores humanos em nossas vidas? Aproveite para passá-los adiante, compartilhando este conteúdo através das suas redes sociais!

Questão    – (Leopoldino Rocha 7) Um dos problemas centrais da Ética como disciplina filosófica é a fundamentação da moral. Sobre essa questão, marque a alternativa FALSA.

a) “As teorias éticas são, ao final das contas, esforços de investigação da possibilidade de fundamentação da moral, e em que medida disso ela é tal, ou seja, apontar uma forma racional, dar razões para a moralidade. Entretanto, isso não significa dizer que toda teoria ética aponte a razão como fundamento da moralidade”.

b) “O cientificismo não recusa uma fundamentação racional para a moral, pois prescreve que não há uma separação entre fatos e valores. A neutralidade axiológica própria da ciência, conforme Max Weber, permite que os valores possam ser captados na sua objetividade”.

c) “Na perspectiva do racionalismo crítico de K. Popper e H. Albert, qualquer esforço de fundamentação última da ética vai fracassar porque termina por cair no Trilema de Münchaussen (Regresso infinito, Círculo lógico e Decisionismo). Para eles, essa impossibilidade da fundamentação última da moral faz com que esta seja, ao final, ancorada no dogmatismo que encobre a decisão de colocar um princípio arquimédico imune a toda crítica”.

d) “O pensamento débil ou pós-moderno rejeita a possibilidade de fundamentar a moral porque considera que a tradição filosófica foi vítima de um engano centrado na epistemologia. Não é possível uma razão totalizante, que forneça uma metanarrativa que integre os diversos aspectos do real. A razão é frágil, débil, própria da finitude de nossa condição. Valores éticos universais são formas de mascaramento da vontade de poder totalizante”.

e) “O etnocentrismo ético defende que só podemos justificar uma decisão moral para aqueles que compartilham uma determinada forma de vida, porque só eles podem nos entender. Além disso, a objetividade da moral como uma verdade universal acima das contingências históricas e geográficas é uma forma de encantamento que dificulta o consenso social de nossas sociedades democratas liberais”.

Questão   – (Unesp 8 -2019) – Então, todos os alemães dessa época são culpados?

– Esta pergunta surgiu depois da guerra e permanece até hoje. Nenhum povo é coletivamente culpado. Os alemães contrários ao nazismo foram perseguidos, presos em campos de concentração, forçados ao exílio. A Alemanha estava, como muitos outros países da Europa, impregnada de antissemitismo, ainda que os antissemitas ativos, assassinos, fossem apenas uma minoria. Estima-se hoje que cerca de 100 000 alemães participaram de forma ativa do genocídio. Mas o que dizer dos outros, os que viram seus vizinhos judeus serem presos ou os que os levaram para os trens de deportação?

(Annette Wieviorka. Auschwitz explicado à minha filha, 2000. Adaptado.)

Ao tratar da atitude dos alemães frente à perseguição nazista aos judeus, o texto defende a ideia de que

a) os alemães comportaram-se de forma diversa perante o genocídio, mas muitos mostraram-se tolerantes diante do que acontecia no país.    

b) esse tema continua presente no debate político alemão, pois inexistem fontes documentais que comprovem a ocorrência do genocídio.    

c) esse tema foi bastante discutido no período do pós-guerra, mas é inadequado abordá-lo hoje, pois acentua as divergências políticas no país.    

d) os alemães foram coletivamente responsáveis pelo genocídio judaico, pois a maioria da população teve participação direta na ação.    

e) os alemães defendem hoje a participação de seus ancestrais no genocídio, pois consideram que tal atitude foi uma estratégia de sobrevivência.    

Com Beduka e IBC/*ba
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Trova do Dia das Mães




Mãe, o nosso amor primeiro 
A  nossa eterna gratidão 
Vale mais que o mundo inteiro
O amor do seu coração 


Por
Socorro Canto
Recife / PE


Museu de Bom Jardim
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saiba o que é NFT e suas implicações no mundo das artes

Sistema que funciona como um certificado de originalidade para obras de arte digitais vem garantindo transações milionárias




Nos últimos meses, nenhum outro assunto vem movimentando tantas discussões no mercado de arte quanto a comercialização por meio dos NFTs, nova tecnologia através da qual obras de arte digitais vêm sendo vendidas por milhões. As três letras juntas formam a sigla em inglês para “non fungible token", que pode ser traduzido como “tokens não fungíveis”. O que de fato isso significa, no entanto, ainda é um grande mistério para muita gente.

Quem já está familiarizado com o universo dos investimentos sabe que um token representa o registro digital, por meio de criptografia, de um ativo financeiro. Já o termo “não fungível” significa que uma coisa é única e, portanto, não pode ser substituída por outra da mesma espécie, quantidade ou valor. De forma resumida, o NFT corresponde a uma espécie de chave criptográfica que, associada a um item físico ou digital, certifica sua originalidade e autenticidade. 

Mas o que todos esses conceitos atrelados à economia têm a ver com a indústria cultural? É que um dos responsáveis pelo “boom” midiático desse sistema de transações, que já existe há mais de cinco anos, tem sido justamente as vendas de obras de arte por preços exorbitantes. Os holofotes começaram a se voltar para o assunto em março, quando "Everydays: The First 5.000 Days" - uma colagem de imagens digitais produzidas pelo artista norte-americano Beeple - foi vendida por R$ 387 milhões pela tradicional casa de leilões britânica Christie's.

Também em março, um painel do famoso artista inglês Bansky - que havia sido comprado por uma empresa de tecnologia - foi queimado em uma transmissão ao vivo e sua versão digital vendida em NFT pelo equivalente a R$ 2,1 milhões. Já o original do meme “Desaster Girl” (em que uma garotinha aparece sorrindo em frente a uma casa em chamas) foi recentemente adquirido por um comprador por R$ 2,5 milhões.

Meme foi vendido por milhões e mostra a tendência de investir em cripto arte Meme "Desaster Girl" (Foto: Reprodução)

Na internet, uma determinada obra pode ser baixada por qualquer pessoa e replicada infinitas vezes. Ao associar sua criação a um código tokenizado, no entanto, o artista garante que o seu possível comprador será o verdadeiro proprietário da versão original daquele item. Para isso, é utilizada a tecnologia blockchain, que funciona como um “cartório de registros” capaz de rastrear todas as transações envolvendo a peça. São ilustrações, pinturas, fotografias, músicas ou até mesmo gifs e memes, que formam um nicho chamado de criptoarte, cujas operações ocorrem não em dólares ou reais, mas em criptomoedas.

O mercado de NFTs vem crescendo a cada dia, despertando a curiosidade e o interesse de artistas e compradores. O perito e avaliador de obras de arte Gustavo Perino, argentino radicado no Rio de Janeiro, chama atenção para o caráter especulativo das compras envolvendo esse sistema. “Quando se fala que foram pagos milhões em uma obra, na verdade, só foi assegurado que ela potencialmente valeria aquele montante em moeda física. É uma operação de alto risco hoje em dia, já que as criptomoedas são muito voláteis”, comenta.  

Os entusiastas dessa nova fatia de mercado apontam a descentralização de recursos como um ponto positivo, já que criadores podem vender seus próprios produtos sem a necessidade de intermediários. O designer paranaense Álvaro A. Alves começou a tokenizar suas criações há pouco mais de um mês. A iniciativa ainda não trouxe um retorno financeiro significativo, mas tem se mostrado promissora para o artista. “Não tenho me dedicado tanto à divulgação, mas conheço pessoas que já faturaram mais de R$ 60 mil em 40 dias. O que tem me interessado é a possibilidade de determinar por conta própria preços, edições e tudo relacionado à venda da minha obra”, afirma.

Aslan Cabral pretende criar NFT para obra digital (Foto: Divulgação)

Como plataforma de comercialização, Alves escolheu o site Hic et Nunc, pelo fato das transações serem realizadas através da rede de blockchains Tezos, conhecida por ser menos poluente do que outras. O fator ambiental é uma das principais críticas aos tais NFTs, já que a mineração de criptomoedas consome uma enorme quantidade de energia elétrica oriunda, principalmente, de fontes poluentes.

O artista visual e curador pernambucano Aslan Cabral acompanha o burburinho dos NFTs com cautela. Ele já pensa em oferecer uma obra sua, batizada de “Wake up meme”, dentro da ferramenta, mas antes tem estudado todos os prós e contras. “Tenho driblado todo esse furor. Acho que a gente tem que tomar cuidado com tudo o que nos é apresentado com essa linguagem do novo e imediato. Minha impressão é de que essa discussão tem muito mais a ver com a manutenção de um capital financeiro do que realmente com arte”, avalia. 


Folha de Pernambuco


 

Dia das Mães: como surgiu a comemoração no Brasil e por que a data varia no mundo



mãe e filha

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No Brasil, o Dia das Mães foi instituído em 1932 pelo então presidente Getúlio Vargas, mas a data só se consolidou anos depois, durante o regime militar

*Esta reportagem foi publicada originalmente em 10/05/2019 e atualizada em 08/05/2021.

"O segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana."

Assim declara o decreto de número 21.366, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e publicado em 5 de maio de 1932.

O documento ainda tece três considerações para justificar a lei: "que vários dias do ano já foram oficialmente consagrados à lembrança e à comemoração de fatos e sentimentos profundamente gravados no coração humano"; "que um dos sentimentos que mais distinguem e dignificam a espécie humana é o de ternura, respeito e veneração, que evoca o amor materno"; e "que o Estado não pode ignorar as legítimas imposições da consciência coletiva, e, embora não intervindo na sua expressão, e do seu dever reconhecê-las e prestar o seu apoio moral a toda obra que tenha por fim cultuar e cultivar os sentimentos que lhes imprimem, força afetiva de cultura e de aperfeiçoamento humano".

Mas o modelo da efeméride brasileira foi copiado dos Estados Unidos, conforme atestam pesquisadores. "Apesar de já existirem manifestações inclusive na Grécia Antiga e em outros países, o Dia das Mães como é visto hoje foi uma criação americana, do fim do século 19", afirma o psicólogo social Sérgio Silva Dantas, professor de marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Se a data foi oficializada no Brasil em 1932, sua consolidação veio mesmo na época do regime militar de 1964 a 1985.

"Copiava-se tudo dos Estados Unidos e houve, durante a ditadura, uma valorização enorme da família e das mães, em particular", diz a historiadora Mary Del Priore, autora de História das Mulheres no Brasil. "A maternidade bem vivida, a mulher dedicada aos filhos era um perfil exaltado em concurso, valorizado e que ganhava capas de revista", lembra.

Anna Jarvis

A norte-americana Anna Maria Jarvis (1864-1948) é considerada a idealizadora do modelo contemporâneo do Dia das Mães. Em 1905, ela perdeu a mãe e, profundamente deprimida, resolveu militar por uma data que homenageasse o sentimento materno.

Anna Jarvis

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Anna Jarvis, idealizadora do Dia das Mães nos EUA

Conforme conta o professor Dantas, a tal mãe, que também se chamava Anna, era reconhecida como uma "grande mãezona" na comunidade onde vivia, no Estado americano da Virgínia Ocidental. "Participante da Igreja Metodista, ela desenvolvia uma série de trabalhos sociais", conta o pesquisador. Assim, sua morte gerou comoção.

A celebração criada pela filha - uma mulher solteira e sem filhos - foi ganhando grandes proporções. "Ganhou repercussão muito grande, mesmo em tempos em que não havia redes sociais. Viralizou. Tanto que o presidente da época resolveu oficializar o segundo domingo de maio como o Dia das Mães em todo o país", relata o professor. Na época, o presidente americano era Woodrow Wilson (1856-1924).

No Brasil

Mas se a data foi oficializada apenas em 1932 no Brasil e ganhou forte apelo comercial décadas mais tarde, Dantas conta que já havia comemorações anteriores no país. "Segundo minhas pesquisas, havia homenagens principalmente ligadas a igrejas, em boa parte das igrejas cristãs", diz ele. "Em maio se comemora o mês de Maria, a mãe de Jesus, então já se faziam associações ao papel da mãe."

Há registros de que em 12 de maio de 1918 ocorreu uma celebração dedicada ao Dia das Mães no Rio Grande do Sul, por iniciativa da Associação Cristã de Moços. Já a Igreja Católica, no Brasil, acabou incorporando a tradição em 1947, por iniciativa do então cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara (1894-1971).

Segundo o professor do Mackenzie, a oficialização feita por Getúlio Vargas em 1932 atendeu a apelos da população. Era um momento de valorização da mulher como cidadã e, na ótica da época, seu papel materno precisava ser ressaltado também. "Foi mais ou menos nesse período que as mulheres começaram a ter direito a voto", exemplifica o professor. "Vargas queria fazer uma ação junto ao público feminino."

Getúlio Vargas e crianças

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'Não há grandes registros históricos sobre como isso foi se desenvolvendo, mas o que se sabe é que o comércio começou a visualizar no Dia das Mães uma grande oportunidade', diz professor da Universidade Mackenzie

Da celebração para o cunho comercial, o salto foi natural. "Não demorou muito para a data ser associada à questão comercial, uma vez que na cultura ocidental tudo o que é comemoração está muito ligada ao consumo e, de alguma forma, trocamos presentes", contextualiza. "Não há grandes registros históricos sobre como isso foi se desenvolvendo, mas o que se sabe é que o comércio começou a visualizar no Dia das Mães uma grande oportunidade."

O Dia das Mães é a segunda data mais importante do comércio brasileiro, perdendo apenas para o Natal. "Supera o Dia dos Namorados, dos Pais e das Crianças, até pelo apelo emocional e sentimental que as mães representam", afirma Dantas.

Mas o reinado está um pouco ameaçado nos últimos anos por uma data bem menos afetiva. "Hoje há uma certa concorrência da 'Black Friday' na disputa do segundo lugar. Para alguns produtos, a 'Black Friday' já é mais importante", analisa Marcel Solimeo, superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo.

"Mas consideramos que a 'Black Friday' é uma antecipação das compras de Natal, ou seja, os consumidores aproveitam as promoções de novembro para comprar os presentes de fim de ano", complementa ele.

"Já o Dia das Mães é uma data que representa um adicional significativo no primeiro semestre, sendo sem dúvida alguma a data comercial mais importante da primeira metade do ano. Para alguns segmentos, em especial os artigos de uso pessoal, o Dia das Mães é mais importante do que a 'Black Friday'."

Solimeo diz que a data foi ganhando espaço no calendário comercial brasileiro "porque apoia-se muito no apelo emocional, na importância que a figura materna tem em nossa cultura".

"Por isso acabou ganhando grande importância para o varejo. E os lojistas sempre usaram o Dia das Mães para — além de vender vestuário e artigos de uso pessoal (como perfumes, joias, maquiagem, bolsa) — comercializar eletrodomésticos", exemplifica.

Vargas

CRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO

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Getúlio Vargas queria fazer um 'gesto' para as mulheres, num momento em que elas ganhavam visibilidade e adquiriam direitos civis, como direito ao voto

"Sempre se vendeu a ideia de que o presente para a mãe é um presente para o lar. Assim, o segmento de móveis e eletrodomésticos historicamente tem um desempenho muito bom no Dia das Mães", analisa o superintendente.

"Hoje a narrativa é um pouco diferente, mas ainda assim as lojas continuam a usar a data para vender móveis e eletrodomésticos, até porque, se não for no Dia das Mães, só no final do ano haveria uma boa oportunidade para comercializar esses produtos de maior valor."

Pelo mundo

Na antiguidade, a valorização da maternidade era concomitante ao início da primavera. Há registros de que, na Grécia Antiga a entrada da estação era festejada em honra a Reia, a mãe dos deuses.

Mas a data celebrada no Brasil e nos Estados Unidos — o segundo domingo de maio — não é unanimidade em todo o mundo contemporâneo.

Comemoram nesta data também países como África do sul, Chile, China, Dinamarca, Austrália, Itália, Japão, Cuba, Venezuela, Finlândia, Bélgica e outros. Em Portugal, por outro lado, a celebração ocorre no primeiro domingo de maio — assim como em Angola, Moçambique, Espanha, Cabo Verde, Hungria e Lituânia.

Noruegueses dedicam às mães o segundo domingo de fevereiro. Franceses e suecos, o último domingo de maio. Na Argentina e na Bielorrússia, o que vale é o terceiro domingo de outubro.

Tanto na Palestina como no Líbano, preserva-se o costume ancestral: Dia das Mães coincide com o primeiro dia da primavera.

Alguns países têm datas fixas para o Dia das Mães, independentemente do dia da semana. Na Bolívia, por exemplo, é o dia 27 de maio. Rússia, Sérvia, Montenegro, Romênia e Bulgária preferem o 8 de março.

Na Eslovênia, é dia 25 de março. Egito, Síria e alguns países árabes homenageiam as mães em 21 de março. Bélgica e Costa Rica usam o 15 de agosto, mesmo dia em que católicos celebram a Assunção de Nossa Senhora. Na antiga Iugoslávia, a comemoração era feita sempre duas semanas antes do Natal.


  • Edison Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de maio de 2021

Gravidez múltipla: mulher esperava 7, mas dá à luz 9 filhos no Marrocos



Três dos bebês de uma mulher do Mali, nascidos no Marrocos

CRÉDITO,MINISTÉRIO DA SAÚDE DO MALI

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O Ministério da Saúde de Mali publicou esta imagem de três dos nove bebês

Uma mulher de 25 anos deu à luz nove bebês — dois a mais do que o total que os médicos conseguiram detectar durante os exames.

Halima Cisse, que é do Mali, na África, deu à luz nônuplos no Marrocos. O governo do Mali a levou para lá para que tivesse acesso a atendimento especializado.

As cinco meninas e quatro meninos nasceram de cesariana e estavam bem, segundo o Ministério da Saúde do Mali.

É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem.

A ministra da Saúde do Mali, Fanta Siby, felicitou as equipes médicas de ambos os países pelo "bom resultado" no caso de Halima Cisse.

A gravidez de Cisse se tornou um assunto pelo qual as pessoas ficaram fascinadas no Mali, mesmo quando se pensava que ela estava grávida de "apenas" sete bebês, segundo a agência de notícias Reuters.

Os médicos no país da África Ocidental estavam preocupados com o bem-estar dela e as chances de sobrevivência dos bebês, e foi aí que o governo interveio.

Pé de bebê recém-nascido

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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É extremamente raro uma mulher dar à luz nove bebês, e muitas vezes complicações durante ou após o nascimento levam alguns dos bebês a não sobrevivem

Depois de uma estadia de duas semanas em um hospital na capital do Mali, Bamako, a decisão foi de transferir Cisse para o Marrocos em 30 de março, segundo a ministra Siby.

Depois de cinco semanas na clínica marroquina, ela deu à luz os nove bebês na terça-feira (4/5), segundo o ministério.

A expectativa é de que a mãe e seus bebês voltem para casa em algumas semanas.


Professor Edgar Bom Jardim - PE