domingo, 1 de novembro de 2020

TRUMP PODERIA SER INDICIADO POR DIVERSOS CRIMES CASO PERCA A ELEIÇÃO

Ex-presidentes dos EUA não costumam ir para a prisão. Mas poucos cometeram crimes tão descarados quanto os que são atribuídos a Trump.



MESMO QUE Donald Trump perca as eleições presidenciais do dia 3 de novembro, é difícil imaginar que ele seja condenado — que dirá preso — por qualquer crime.

Isso porque, em primeiro lugar, os ex-presidentes dos EUA nunca ficaram dentro de uma cela — o que não significa que todos os mandatários do Executivo tenham seguido fielmente a lei. Presidentes acumulam créditos por grandes favores, os quais eles utilizam, figurativa e literalmente, quando deixam o cargo. No extremo mais modesto do espectro, 20 amigos ricos de Ronald Reagan compraram uma mansão em Bel-Air, Los Angeles, para ele e Nancy viverem após o mandato do republicano. De forma mais significativa, ex-presidentes recebem proteção política de seus aliados, como quando Gerald Ford perdoou Richard Nixon por qualquer coisa que tivesse feito na presidência.

Presidentes acumulam créditos por grandes favores, os quais eles utilizam quando deixam o cargo.

Além de tudo que um presidente faz concretamente pelos setores que o apoiam, esses segmentos se opõem veementemente a eventuais consequências das ações de seus aliados no Executivo — por razões básicas de solidariedade de classe. Um ex-presidente responsabilizado pelo que fez sugere que as pessoas nos níveis abaixo do poder também podem enfrentar as consequências de seus atos. Mas quem está no topo da sociedade norte-americana vê responsabilidades da mesma forma que a empresária Leona Helmsley entende os impostos: são apenas para a ralé, as pessoas comuns.

Dito isso, aconteceram coisas mais estranhas do que as acusações contra Trump — a começar pelo fato de ter sido eleito presidente, por exemplo.
Trump está mais vulnerável a acusações do que os presidentes anteriores, porque pode ter se envolvido em diversos crimes não tradicionais. Com a invasão do Iraque, George W. Bush cometeu o que os julgamentos de Nuremberg classificaram de “o crime internacional supremo” de iniciar uma guerra. Mas nunca houve qualquer chance de que ele fosse punido por isso, porque toda a estrutura do poder dos EUA concorda que os presidentes americanos têm o direito de fazê-lo. O mesmo vale para a realização de milhares de ataques com drones e de torturas no mundo inteiro. Por outro lado, Trump teria se envolvido em possíveis atividades criminosas relativamente menores, que não necessariamente dizem respeito à presidência.

Atualmente, as leis federais protegem Trump de ser indiciado porque ele é o presidente. Há décadas o Departamento de Justiça considera que não pode processar presidentes durante seus mandatos — o ex-procurador especial Robert Mueller concordou e explicou que nunca teve a opção de acusar Trump porque isso seria inconstitucional. Esteja essa perspectiva correta ou não, o procurador-geral William Barr é um homem leal que nunca agiria contra o patrão.

Conforme decisão recente da Suprema Corte, Trump poderia teoricamente ser acusado de violar leis estaduais enquanto ocupa o cargo máximo do Executivo. Na prática, entretanto, isso é bem improvável.


Mas se Trump for derrotado e sair do Salão Oval, grande parte de sua proteção presidencial vai se desintegrar. Ele poderia tentar perdoar a si mesmo nos últimos meses de presidência por todos os crimes que já cometeu. Mas ninguém sabe se um presidente pode agir assim, pois nenhum tentou fazer isso antes. De qualquer forma, um eventual perdão se aplicaria somente a violações federais.

Por isso, vamos supor que Trump perca e não conceda perdões a si próprio e que os sistemas de justiça estadual e federal se mobilizem como nunca para lidar com alguém ultrapoderoso, do mesmo jeito que trata aqueles que não têm poder algum. Trump ficaria vulnerável a processos (veja a seguir) dos quais já temos notícia — e provavelmente a muitos e muitos outros que ainda desconhecemos.

Fraude fiscal

Trump tem sido extraordinariamente evasivo quando se trata de apresentar suas declarações de impostos. Também afirmou que qualquer sondagem de suas finanças por Mueller cruzaria uma “linha vermelha”. Agora sabemos que há uma razão para tanta ansiedade. As leis tributárias dos EUA oferecem tantas possibilidades para que os bilionários — especialmente os que estão ligados ao setor imobiliário — não paguem impostos, sem violar leis, que é preciso se esforçar muito para cometer uma evasão fiscal. Mas Trump parece ter estado à altura desse desafio.

Fraudes fiscais parecem uma tradição familiar para Trump.

Fraudes fiscais parecem uma tradição familiar para Trump. Em 1992, os Trump abriram uma empresa, da qual são proprietários Donald, seus irmãos e um primo que aparentemente não fez nada, exceto injetar dinheiro do império imobiliário do pai do presidente, Fred Trump, nos bolsos da empresa. Isso permitiu que Fred desse milhões de dólares em presentes aos filhos sem precisar pagar qualquer imposto.

Todos os potenciais crimes desse caso já prescreveram. Mas uma recente investigação do New York Times sobre as declarações fiscais de Trump revelou que ele pode ter desenvolvido estratégia semelhante para passar dinheiro a seus filhos sem pagar impostos. Sua empresa deduziu US$ 747.622 em “taxas de consultoria” para projetos de hotéis em Vancouver e no Havaí. Enquanto isso, uma empresa de consultoria da qual Ivanka Trump é coproprietária pagou exatamente o mesmo montante a Donald, embora ela fosse funcionária da empresa de Trump. Outros milhões em honorários de consultoria foram destinados a pessoas desconhecidas. Se Ivanka e seus irmãos eram realmente os destinatários desse dinheiro, podemos estar diante de um caso de fraude fiscal: nos EUA, é ilegal obter esse tipo de receita de uma empresa na qual você trabalha.

O New York Times também descobriu uma potencial conduta criminosa na relação de Trump com uma enorme propriedade que ele possui no condado de Westchester, Nova York, nas imediações da cidade. Trump alegou que se trata de uma propriedade para investimento, e não uma residência pessoal, o que lhe permitiria pagar impostos relativos ao imóvel como despesas de negócios. Mas há poucas evidências de que a propriedade seja um investimento de Trump.

Há também a questão do peculiar empréstimo de US$ 50 milhões de Trump para si mesmo e se o presidente declarou pagamentos como despesas de negócios — e muito mais que já está em domínio público. Provavelmente, uma investigação estadual ou federal exaustiva revelaria ainda mais sobre o comportamento fiscal de Trump.

Tudo isto porque Michael Cohen — o ex-advogado do presidente que já se declarou culpado de múltiplas acusações de evasão fiscal — disse recentemente que Trump “pode, em breve, ser o primeiro presidente a ir da Casa Branca diretamente para a prisão”.

Fraude junto a bancos e seguradoras

Cyrus Vance Jr., promotor distrital de Manhattan, investiga atualmente o que seu escritório chama de uma “possível conduta criminosa extensa e prolongada na Organização Trump”. Para além das questões fiscais, Vance parece estar investigando se Trump forneceu declarações falsas sobre a sua situação financeira a bancos e seguradoras visando receber empréstimos com taxas de juros e encargos reduzidos. Em determinadas circunstâncias, isso seria ilegal.

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Michael Cohen chega ao seu apartamento em Manhattan, Nova York, em 24 de julho de 2020. Violações de financiamento de campanha

 

Foto: Corey Sipkin/AFP via Getty Images

Violações de financiamento de campanha

A lei de financiamento de campanha é complexa e confusa na melhor das hipóteses, e mais ainda quando envolve comprar o silêncio de (supostas) amantes. Os US$ 130 mil recebidos pela atriz pornô Stormy Daniels são certamente uma contribuição para a campanha de Trump. Mas também era totalmente legal que Trump doasse o dinheiro que quisesse para a sua candidatura de 2016, graças a uma decisão de 1976 da Suprema Corte. O “cala boca” dado a Daniels poderia ser aceitável se o próprio Trump tivesse enviado o dinheiro aos advogados dela e informado o propósito do pagamento em suas declarações (e aí ele poderia se safar dessa classificando o repasse como “despesas legais”, ou algo do tipo).

A lei de financiamento de campanha é complexa e confusa na melhor das hipóteses, mais ainda quando envolve comprar o silêncio de (supostas) amantes.

Em vez disso, Trump usou Michael Cohen como intermediário, o qual não poderia doar legalmente mais de US$ 5.400 à campanha do atual presidente. O envolvimento de Cohen somado a potenciais infrações relacionadas poderia criar um risco legal para Trump.

Ainda mais grave é a questão de uma doação do então candidato Trump, no valor de US$ 10 milhões, à própria campanha, em 28 de outubro de 2016, pouco antes das eleições daquele ano. À época, surpreendentemente com poucos recursos, Trump recebeu um pagamento incomum de US$ 21 milhões de um hotel de Las Vegas do qual é coproprietário com um amigo e apoiador político. Se o pagamento não foi legítimo, poderia constituir uma contribuição ilegal para a campanha. Além disso, de acordo com um novo relatório da CNN, Mueller e o Departamento de Justiça investigaram durante anos se esses 10 milhões poderiam ter sido fornecidos por um banco egípcio, mas o inquérito foi encerrado em julho sem quebra do sigilo fiscal e bancário do presidente.

Suborno

Trump atua no mundo inteiro, incluindo em países onde o setor imobiliário é um negócio ainda mais sujo do que nos EUA — nações em que os subornos são normalmente aguardados e pagos. No entanto, graças à Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, é ilegal que americanos participem dessas negociatas, o que leva empresários a reclamarem que ficam em desvantagem. Andrew Weissmann, um dos promotores mais experientes de Mueller, afirma em um novo livro que, como a investigação de Mueller não se aprofundou nas finanças de Trump, “não sabemos se ele pagou propinas a funcionários estrangeiros para garantir um tratamento favorável aos seus interesses empresariais”.

Homicídio por negligência

O ex-procurador federal Glenn Kirschner argumenta que Trump pode e deve ser processado pelo crime de homicídio por negligência devido à forma como lidou com a pandemia de covid-19. Seria, no mínimo, controverso, mas Kirschner é uma pessoa séria que atuou no gabinete da procuradoria federal para o distrito de Columbia por 24 anos, no qual atuou como chefe do departamento de homicídios.

Obstrução de justiça

Embora Mueller acreditasse que presidentes não podem ser acusados enquanto são mandatários, seu relatório final enfatizou que “um presidente não tem imunidade após sair do cargo”. Foi por esta razão, escreveu ele, que “realizamos uma investigação factual exaustiva, a fim de preservar provas enquanto as memórias estivessem frescas e as documentações disponíveis”.

Depois de o relatório de Mueller ter sido publicado, mais de mil ex-procuradores federais declararam que, se Trump não fosse presidente, a conduta descrita por Mueller “resultaria em acusações múltiplas por obstrução da justiça”. É difícil imaginar que um eventual governo Biden decida processar um ex-presidente. Por outro lado, a candidata democrata a vice, Kamala Harris, disse em 2019 o que faria se eleita presidenta: “creio que [o Departamento de Justiça] não teria escolha e que eles deveriam” acusar Trump de obstrução de justiça.

Novo impeachment

Por último e talvez mais importante, Trump poderia ser novamente impedido. Embora o impeachment seja sobretudo um processo político, essa possibilidade deve ser mencionada. Se Trump for condenado pela Justiça, seria muito mais provável que a Câmara dos EUA votasse novamente pelo impedimento e que, ao contrário da última vez, o Senado confirmasse a decisão.

Curiosamente a Constituição dos EUA não diz em nenhum momento que um presidente não pode ser impedido após o mandato. Um processo de impeachment nesse cenário não seria mera vingança, e sim uma sábia medida preventiva. A punição prescrita pela Constituição no caso de condenação pelo Senado é de “desqualificação para manter e desfrutar de qualquer cargo de honra, confiança ou lucro nos Estados Unidos”. Em outras palavras, impedido pela Câmara e pelo Senado norte-americanos, Trump nunca mais poderia concorrer à presidência.

Tradução: Ricardo Romanoff

theintercept.com

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Erundina alfineta Bolsonaro: ‘sem educação já basta o presidente’


 Erundina alfineta Bolsonaro: ‘sem educação já basta o presidente’

A favor de tornar Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) permanente, a pré-candidata a vice-prefeita de São Paulo, Luiza Erudina se manifestou nas redes sociais, nesta quinta-feira (20), com uma alfinetada no presidente Jair Bolsonaro. O projeto está em tramitação no Senado.

https://leragora.net/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

As 7 maravilhas do mundo antigo: quais são, quem as escolheu e o que aconteceu com elas?


Mosaico romano que mostra o Farol de Alexandria
Legenda da foto,

A torre de sinalização do porto de Alexandria nos deu a palavra 'farol' e uma das 7 maravilhas do mundo antigo

Elas são o ápice da engenharia, da arquitetura e da beleza artística da Antiguidade.

Cada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo pode ser considerada individualmente uma obra arquitetônica surpreendente ou um feito da imaginação e engenharia humanas.

Juntas, formam um guia de viagem da Antiguidade que desafia as limitações do tempo e, literalmente, almeja os céus.

Trata-se de uma pirâmide, um mausoléu, um templo, duas estátuas, um farol e um jardim quase mítico: a Grande Pirâmide de Gizé, o Mausoléu de Halicarnasso, o Templo de Ártemis, a Estátua de Zeus, o Colosso de Rodes, o Farol de Alexandria e os Jardins Suspensos da Babilônia.


A maioria teve uma existência breve. A última a ser concluída, o Colosso de Rodes, se manteve de pé por menos de 60 anos. E os Jardins Suspensos da Babilônia possivelmente nunca existiram. Atualmente, apenas uma resiste praticamente intacta: a Grande Pirâmide de Gizé

Mas as Maravilhas do Mundo Antigo continuam a povoar nossa imaginação. E sua importância segue até hoje: foram elas que estabeleceram as bases para o que o homem poderia alcançar.

Mas, apesar da fama, há muitas perguntas que rondam essas obras clássicas. Quem decidiu, por exemplo, o que constitui uma 'maravilha'?

Quando os viajantes gregos exploravam outras civilizações, como os egípcios, persas e babilônios, eles compilavam guias com as atrações mais notáveis ​​para se ver, que pretendiam servir de recomendação a futuros turistas, razão pela qual as Sete Maravilhas se encontram por toda a costa do Mediterrâneo.

Eles as chamavam de theamata ('vistas'), que logo evoluiu para algo mais grandioso, thaumata, que significa 'maravilhas'.

Por que há apenas sete maravilhas?

As Sete Maravilhas que conhecemos hoje são um amálgama de todas as diferentes listas existentes de obras grandiosas na Antiguidade.

Ilustração do Colosso de Rodes
Legenda da foto,

O Colosso de Rodes ficou de pé apenas 60 anos, mas isso não tirou seu status de 'maravilha'

As versões mais conhecidas são do poeta Antípatro de Sidon, do século 2 a.C., e do matemático Filão de Bizâncio, mas outros nomes incluem Calímaco de Cirene e o grande historiador Heródoto.

O que entrava na lista de cada um era baseado nos lugares para os quais haviam viajado e, claro, na sua opinião pessoal. Portanto, embora reconheçamos hoje o Farol de Alexandria como uma "maravilha", há quem o tenha deixado de fora na época e preferido incluir o Portão de Ishtar da Babilônia.

Mas por que há apenas sete?

Apesar de haver uma infinidade de estruturas e estátuas no Mundo Antigo dignas de serem incluídas, os gregos escolheram este número por acreditar que tinha um significado espiritual e representava a perfeição, talvez por ser a soma dos cinco planetas conhecidos na época, mais o Sol e a Lua.

A seguir, convidamos você a explorar cada uma delas.

1. A Grande Pirâmide de Gizé

Se você pedir a um grupo de pessoas para listar as Sete Maravilhas do Mundo Antigo, é bem provável que a maioria cite primeiro a Grande Pirâmide de Gizé.

A razão? É simples: enquanto as outras seis desapareceram séculos atrás, a pirâmide segue de pé no norte do Egito.

Pirâmide de Gizé no deserto do Egito com sol acima
Legenda da foto,

A Pirâmide de Gizé foi a estrutura mais alta do mundo construída pelo homem até o século 14

Construída por volta de 2.500 a.C. como tumba do faraó Quéops da quarta dinastia, é a maior das três pirâmides de Gizé.

A altura original de 146,5 metros fez dela a estrutura mais alta do mundo construída pelo homem até o século 14, quando a Catedral de Lincoln foi erguida na Inglaterra.

Com o passar dos anos, a camada externa de calcário sofreu erosão, reduzindo-a em quase oito metros de altura. Mas a pirâmide continua sendo uma dos pontos turísticos mais extraordinários do planeta.

Estimativas recentes sugerem que demorou cerca de 14 anos para transportar e colocar no lugar os 2,3 milhões de blocos de pedra.

Como as pirâmides foram construídas, ou como, há 4 mil anos, os egípcios alinharam suas estruturas com os pontos cardeais, permanece uma questão em aberto.

2. Mausoléu de Halicarnasso

Ao longo da vida, o poderoso governante Mausolo construiu uma nova e magnífica capital para ele e sua esposa Artemísia em Halicarnasso (na costa oeste da atual Turquia), sem poupar gastos para enchê-la de belas estátuas e templos de mármore.

Ilustração do Mausoléu de Halicarnasso
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Tamanho era o esplendor do túmulo de Mausolo que a palavra 'mausoléu' deriva de seu nome

Não havia dúvida de que ele, sendo o sátrapa (governador) do Império Persa e governante de Caria, desfrutaria de luxo semelhante após sua morte em 353 a.C.

Artemísia (também irmã de Mausolo) teria ficado tão triste com a morte do marido que misturou as cinzas dele com água e bebeu, antes de supervisionar a construção de seu túmulo extravagante.

Feita de mármore branco, a estrutura monumental ficava em uma colina com vista para a capital que ele havia construído.

Projetada pelos arquitetos gregos Satyros e Pythius, ela tinha três níveis, combinando os estilos arquitetônicos lício, grego e egípcio.

O nível mais baixo tinha cerca de 20 metros de altura, formando uma base de degraus que conduzia ao segundo nível, rodeado por 36 colunas. O teto tinha a forma de pirâmide, com a escultura de uma carruagem sendo puxada por quatro cavalos no topo, o que elevava a altura da tumba para cerca de 41 metros.

Quatro dos artistas mais famosos da Grécia criaram esculturas para cercar o túmulo, cada um decorando um dos lados.

É possível que a tumba tenha sido destruída por terremotos na época medieval, mas uma parte dela resistiu.

Tamanho era o esplendor do túmulo de Mausolo que a palavra "mausoléu" deriva de seu nome.

3. Estátua de Zeus

Olímpia era um santuário na Grécia antiga, local dos primeiros Jogos Olímpicos e lar de uma das "maravilhas".

Que melhor maneira de homenagear o principal deus dos gregos antigos do que construir uma estátua gigante dele? Foi o que fez o escultor Fídias ao erguer sua obra-prima no Templo de Zeus em Olímpia, por volta de 435 a.C.

Ilustração da Estátua de Zeus
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A estátua de Zeus era tão grande, quase 12 metros de altura, que mal cabia dentro do templo

Era Zeus resplandecente sentado em um trono feito de madeira de cedro e decorado com ouro, marfim, ébano e pedras preciosas.

O deus do trovão segurava uma estátua de Nike, a deusa da vitória, em sua mão direita, e um cetro com uma águia na ponta na outra.

A estátua era tão grande, quase 12 metros de altura, que mal cabia dentro do templo. Um dos sacerdotes encarregados de passar óleo regularmente na escultura para protegê-la do calor e da umidade observou certa vez: "Parece que se Zeus se levantar, vai destelhar o templo".

Durante oito séculos, as pessoas viajavam para Olímpia apenas para ver a estátua.

Embora tenha sobrevivido ao imperador romano Calígula, que queria levá-la para Roma para substituir o rosto da mesma por sua própria imagem, a estátua de Zeus acabou se perdendo.

Pode ter sido na destruição do templo em 426 d.C., ou talvez tenha sido consumida pelo fogo depois de ser transportada para Constantinopla.

4. Jardins Suspensos da Babilônia

Apesar de haver descrições detalhadas em muitos textos antigos, tanto gregos quanto romanos, nenhuma outra maravilha é mais misteriosa do que os Jardins Suspensos da Babilônia.

Ilustração dos Jardins Suspensos da Babilônia
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Não há evidências conclusivas de que os Jardins da Babilônia tenham existido

O problema é que todos os relatos são de terceiros, e ainda não há evidências conclusivas de que tenha existido.

Caso seja real, apresentava um nível de engenharia muito à frente de seu tempo, uma vez que manter um jardim exuberante e vivo no deserto do que hoje é o Iraque teria sido uma grande façanha.

Uma teoria é que o rei babilônico Nabucodonosor 2º mandou criar os Jardins Suspensos em 600 a.C. para confortar sua nostálgica esposa, que sentia falta da vegetação de sua terra natal.

É possível que tenha havido uma série ascendente de jardins em telhados, com alguns terraços atingindo supostamente uma altura de cerca de 23 metros. Isso dava a impressão de ser uma montanha de flores, plantas e ervas que cresciam no coração da Babilônia.

A vegetação exótica seria irrigada por meio de um sofisticado sistema de bombas e tubulações que trazia água do Rio Eufrates.

O escritor e engenheiro grego Filão de Bizâncio descreveu o processo de irrigação dos jardins dizendo que "os aquedutos contêm água que corre de lugares mais altos, permitindo que parte do fluxo desça encosta abaixo, enquanto força outra parte para cima, correndo para trás, por meio de um parafuso".

"Exuberante e digna de um rei é a engenhosidade e, acima de tudo, a força, porque o trabalho árduo do cultivador paira sobre a cabeça dos espectadores", acrescenta.

Supõe-se ainda que os jardins suspensos existiram, mas não na Babilônia.

Stephanie Dalley, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirma que os jardins e o sistema de irrigação foram uma ideia do rei assírio Senaqueribe para seu palácio em Nínive, 480 km ao norte.

5. Farol de Alexandria

Navegar até o porto de Alexandria era complicado, devido às águas rasas e às rochas.

Era imperativo encontrar uma solução para o próspero porto mediterrâneo (na costa do Egito), fundado por Alexandre, o Grande em 331 a.C., e a solução chegou na forma de uma imponente torre de sinalização luminosa construída na ilha vizinha de Pharos (daí o nome farol).

Ilustração do Farol de Alexandria
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Acredita-se que o Farol de Alexandria tinha pouco menos de 140 metros de altura, o que o torna a segunda maior estrutura feita pelo homem na Antiguidade

No reinado de Ptolomeu 2º, o arquiteto grego Sóstrato de Cnido foi contratado para construir o farol e levou mais de uma década para terminar.

Acredita-se que o farol tinha pouco menos de 140 metros de altura, o que o torna a segunda maior estrutura feita pelo homem na Antiguidade, depois da Grande Pirâmide de Gizé.

A torre era composta por uma base quadrada, uma seção intermediária octogonal e uma parte superior cilíndrica, todas conectadas por uma rampa em espiral para que uma fogueira pudesse ser acesa no topo, supostamente visível a 48 quilômetros de distância.

"A torre, em linha reta e vertical, parece partir o céu durante a noite, um marinheiro sobre as ondas verá uma grande fogueira queimando no seu topo", segundo o poeta grego Posidipo.

Seu design se tornou modelo para todos os faróis que foram construídos desde então.

Como algumas das outras "maravilhas", o Farol de Alexandria foi vítima de terremotos. Conseguiu sobreviver a vários abalos, mas não sem sofrer grandes danos, que o levaram a ser abandonado. As ruínas desabaram definitivamente no século 15.

No entanto, aquele não foi o último vestígio do farol, uma vez que arqueólogos franceses descobriram pedras enormes nas águas ao redor da Ilha de Pharos em 1994, que alegaram fazer parte da antiga estrutura.

Em 2015, as autoridades egípcias anunciaram sua intenção de reconstruir a "maravilha".

6. Templo de Ártemis

Você pode ter sua opinião sobre qual das 'maravilhas' era mais grandiosa, mas poucos tiveram mais certeza do que Antípatro de Sídon.

"Pus os olhos nas elevadas muralhas da Babilônia, em que há uma estrada para carruagens, e a estátua de Zeus junto a Alfeu, e os Jardins Suspensos, e o Colosso do Sol, e o trabalho árduo das altas pirâmides e a vasta tumba de Mausolo, mas quando vi a casa de Ártemis que subia às nuvens, aquelas outras maravilhas perderam o brilho, e eu disse: 'Fora o Olimpo, o Sol nunca viu algo tão grandioso", disse ele em tributo ao Templo de Ártemis.

Ilustração do Templo de Ártemis
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Em sua forma mais impressionante, o Templo de Ártemis tinha uma área de 6 mil m² e era adornado com esculturas, estátuas e 127 colunas

Dito isso, o templo teve uma existência conturbada e violenta, tanto que houve vários templos, construídos um após o outro em Éfeso, atual Turquia.

A "maravilha" foi destruída repetidas vezes: por uma inundação no século 7 a.C., por um incendiário chamado Herostratus, que queria alcançar a fama de qualquer custo, em 356 a.C., e por uma invasão dos godos, tribo germânica, no século 3.

A destruição final ocorreu em 401 d.C., e restou muito pouco da sua estrutura. Há alguns fragmentos no Museu Britânico, em Londres.

Em sua forma mais impressionante, a versão que inspirou o relato de Antípatro, o templo de mármore branco tinha uma área de 6 mil m², e todo o seu comprimento era adornado com esculturas, estátuas e 127 colunas.

Em seu interior, havia uma estátua da deusa Ártemis, um santuário para muitos visitantes de Éfeso, que deixavam oferendas aos seus pés.

7. Colosso de Rodes

Erguido em 282 a.C., o Colosso de Rodes foi a última das Sete Maravilhas do Mundo Antigo a ser construída e uma das primeiras a ser destruída.

Permaneceu de pé menos de 60 anos, mas isso não o impediu de ser considerado uma "maravilha".

Ilustração do Colosso de Rodes
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Voltado para o porto, Hélio tinha cerca de 32 metros de altura, e possivelmente segurava uma tocha ou lança

A imponente estátua do deus sol, Hélio, foi construída durante 12 anos pelo escultor Cares de Lindos para celebrar um triunfo militar após um cerco de um ano.

Reza a lenda que o povo de Rodes vendeu os pertences deixados para trás pelo inimigo derrotado para ajudar a pagar pelo Colosso, derreteu as armas abandonadas para aproveitar o bronze e o ferro na construção, e usou uma torre de cerco como andaime.

Voltado para o porto, Hélio tinha cerca de 32 metros de altura e possivelmente segurava uma tocha ou lança. Em algumas representações, ele aparece com as perna abertas na entrada do porto, permitindo que os navios navegassem entre suas pernas, mas isso teria sido impossível com as técnicas da época.

O Colosso não foi forte o suficiente para resistir a um terremoto em 226 a.C., e a estátua foi destruída. Os cidadãos de Rodes não quiseram reconstruí-la, uma vez que um oráculo teria dito a eles que haviam ofendido Hélio.

Assim, os pedaços gigantes do que havia sido uma escultura colossal permaneceram no chão onde haviam caído por mais de 800 anos, atraindo visitantes.

O historiador Plínio, o Velho, escreveu: "Mesmo deitada, desperta nosso espanto e admiração. Poucos conseguem segurar o polegar com os braços, e seus dedos são maiores do que a maioria das estátuas."

Quando as forças inimigas finalmente venderam os restos do Colosso no século 7, foram necessários 900 camelos para carregar todos os fragmentos.

BBC


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