quarta-feira, 3 de junho de 2020

Morte de George Floyd: as semelhanças entre 2020 e o histórico ano de 1968 nos EUA


Manifestantes do lado de fora de loja de bebidasDireito de imagemREUTERS
Image captionManifestantes posam do lado de fora de loja de bebidas em chamas nos Estados Unidos

Manifestações populares pacíficas e outras violentas tomam as ruas de dezenas de cidades nos Estados Unidos e, poucos meses antes da eleição presidencial, o candidato republicano diz falar em nome "da lei e da ordem" e representar a "maioria silenciosa" que condena os distúrbios. Parece 2020, mas é 1968.

Até 25 de maio desse ano, quando o policial branco Derek Chauvin ajoelhou-se por mais de oito minutos sobre o pescoço de George Floyd, um homem negro de 46 anos, desarmado, algemado e com o rosto no chão, matando-o por asfixia, as manifestações de 1968 eram o maior levante popular na memória recente dos americanos.

Na última semana, no entanto, conforme as cenas da morte de Floyd viralizavam na internet, em meio ao luto por mais de 105 mil vidas perdidas na pandemia de coronavírus e o desespero pelos mais de 30 milhões de postos de trabalho fechados em uma recessão comparável à Grande Depressão de 1929, a indignação e a revolta levaram às ruas milhões de pessoas, em mais de 140 cidades, em quase todos os 50 Estados americanos.

"Toda vez que há uma morte por violência policial, há protestos. Agora, a percepção de que os negros morrem mais na pandemia, que perdem mais seus empregos na crise, somado ao assassinato de George Floyd, tocou um nervo. A escala da frustração coletiva que vemos hoje só é comparável ao que vimos na década de 1960", afirmou à BBC News Brasil a historiadora da Universidade de Michigan Heather Thompson, especialista em movimento negro e violência policial.

Durante os anos 1950 e 1960, o movimento negro se articulou sob lideranças como Martin Luther King Jr. e Malcom X para lutar por bandeiras como os direitos civis e o fim da segregação racial nos Estados Unidos, oficial pelo menos desde o fim da escravidão, em 1865. Em 1964, uma lei passou a proibir que brancos e negros fossem separados em escolas ou no transporte públicos. E, em 1965, os Estados Unidos aboliram restrições ao direito ao voto, como contribuição fiscal ou nível de escolaridade, que na prática impediam a participação política da população negra.

Em 1968, Luther King expandiu o escopo do movimento e engrossou fileiras contra a Guerra do Vietnã, que naquele momento matava mais de mil soldados americanos por mês. Mas, em abril de 1968, o próprio Luther King foi assassinado com um tiro de fuzil no rosto pelo supremacista branco James Earl Rey, mais tarde condenado pelo crime. O assassinato foi o estopim para manifestações em mais de cem cidades. O movimento popular chegaria a seu auge em agosto daquele ano, com cenas de batalha campal entre manifestantes e a polícia em Chicago, que resultou em mais de 600 civis e 130 policiais feridos.

Manifestantes no topo de um carro da polícia queimado em Los Angeles, CalifórniaDireito de imagemEPA
Image captionManifestantes no topo de um carro da polícia queimado em Los Angeles, Califórnia

Thompson enumera algumas das semelhanças entre 1968 e 2020. "Assim como agora, os protestos de 1968 foram motivados pela desigualdade racial, mas também pela injustiça econômica e incompetência das autoridades, como na guerra do Vietnã. Em 1968, as pessoas sentiram que era hora de dar um basta, como vemos agora. O movimento era muito energizado por jovens, como agora. E, como em 1968, os protestos de 2020 vão aumentando de cidade em cidade e parece que não há fim", afirmou.

Há ainda uma série de paralelos possíveis entre 1968 e 2020: os questionamentos sobre os métodos de manifestação, as divisões dentro do movimento negro, o ambiente pré-eleitoral e a disseminação de informações pelos meios de comunicação - no primeiro caso a televisão, no segundo, as redes sociais.

"O ano mais traumático na história moderna dos Estados Unidos foi 1968. O segundo mais traumático é 2020, mas ainda faltam sete meses para ele terminar", resume James Fallows, correspondente de assuntos nacionais da revista americana The Atlantic.

Protesto pacífico ou violência e saques?

As manifestações da última semana se apresentaram de muitas formas. Em Denver, capital do Estado do Colorado, milhares de pessoas se deitaram na rua com o rosto colado ao chão, como Floyd foi morto, e gritaram em coro suas últimas palavras "eu não consigo respirar". Cena semelhante se repetiu em cidades de Michigan e da Califórnia.

Manifestantes protestam contra morte de homem negro em ação policialDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionTropas de choque estão usando gás lacrimogêneo e balas de borracha na tentativa de conter protestos, que escalaram para violência em alguns lugares

Em Baltimore, um protesto comandado pelo pastor Wetley West reuniu pessoas para se ajoelharem no chão e repetirem o nome de dezenas de negros mortos por policiais, sob o olhar da polícia. West desafiou um agente a também repetir os nomes das vítimas, o que ele fez. Ambos se cumprimentaram.

"Obrigado. Estou agradecido. Não viemos aqui para destruir nossa cidade. Só queremos que nossa voz seja ouvida", disse West ao policial, segundo reportagem do jornal Baltimore Sun. As palavras do pastor ecoam o desagrado de parte dos manifestantes com cenas de violência, depredação e saques para os quais têm degringolado protestos inicialmente pacíficos.

Nos últimos cinco dias, os arredores da Casa Branca, sede do Executivo americano, tiveram centenas de lojas e restaurantes parcialmente destruídos e saqueados. Ainda em Washington D.C., o monumento memorial ao ex-presidente Abraham Lincoln foi vandalizado - e na noite de ontem fortemente protegido pelo Exército - e o porão da Igreja St. John foi incendiado.

Em Los Angeles e Nova York, manifestantes pulavam sobre viaturas policiais que acabavam completamente destruídas.

Na tentativa de se adiantar aos ataques, comerciantes têm coberto a fachada dos estabelecimentos com tapumes de madeira em que eventualmente deixam recados aos manifestantes: "não sobrou nada para roubar".

Ao jornal The New York Times, o iraquiano Hussein Aloshani, dono de uma doceria em Minneapolis, onde Floyd foi morto, passou a ficar na porta da loja implorando para que o local não fosse destruído. "Por favor, eu não tenho seguro", ele gritava.

Martin Luther King Jr., cujos métodos de reivindicação previam desobediência civil e marchas não violentas, passou a ser lembrado para criticar os contornos violentos das marchas atuais, em uma leitura que especialistas afirmam ser errada do papel histórico do líder e divisiva para o movimento negro.

Em sua conta no Twitter, um dos filhos de Luther King Jr., Martin Luther King III tentou refutar aqueles que se apropriaram das palavras de seu pai para direcionar críticas a quem está nas ruas em 2020: "Como meu pai sempre falou ao longo da vida, o motim é a voz de quem não é escutado", escreveu King III.

Martin Luther King durante discursoDireito de imagemAFP
Image captionMartin Luther King Jr.: métodos de reivindicação previam desobediência civil e marchas não violentas

Malcom X foi um dos principais defensores de que a violência em protestos não representava barbárie, mas sim autodefesa e uma forma legítima de comunicação.

Para a historiadora Thompson, no entanto, há um exagero na diferenciação entre Martin Luther King e Malcom X. "As pessoas diziam que Malcolm X queria violência e Martin Luther King queria não-violência. Simplesmente não é verdade. Malcolm X disse muito claramente que acreditava em autodefesa, o que é muito diferente de pregar a violência. Ele está dizendo que vai proteger sua comunidade em vez de dar a outra face. Ambos estão debatendo como responder à violência. E, neste caso, violência estatal. Portanto, a ideia de que a violência é parte de uma ala específica do movimento negro faz parte do modo como escrevemos essa história e não é necessariamente a verdade", afirma Thompson.

Malcolm X, no entanto, não chegou a ver os levantes de 1968, já que foi assassinado em 1965. Curiosamente, a morte de Luther King ajuda a determinar o surgimento ou fortalecimento de movimentos negros que usam da violência como instrumento. Os Panteras Negras, por exemplo, adotaram esse caminho e passaram a instituir uma patrulha de cidadãos negros armados para supervisionar a abordagem policial a negros nas ruas das cidades americanas e reagir caso julgassem necessário.

Em 1968, as manifestações foram pacíficas - com festivais de música - mas também violentas - além de quebra-quebra nas ruas, saques, eventuais tiroteios, houve até mesmo o sequestro de pessoas "para transmitir uma mensagem": foi o que fizeram estudantes da Universidade Columbia que, para denunciar práticas racistas, fizeram cárcere privado de três funcionários da instituição por 24 horas.

Nos atuais protestos, existe uma carência de liderança clara, mas além de movimento antirracismo, há ainda atuação de segmentos adeptos a violência como grupos anarquistas e antifascistas, declarados terroristas nos últimos dias pelo presidente americano Donald Trump via Twitter.

"As pessoas estão cansadas de serem intimidadas e assassinadas pela polícia, especialmente os negros. É isso o que você obtém quando trata as pessoas assim. Anarquia", afirmou ao The New York Times o manifestante Don Hubbard, de 44 anos, que vive em Minneapolis.

Há ainda, tanto em 1968 quanto em 2020, a acusação recorrente de que brancos de organizações fascistas e de ultra-direita poderiam estar por trás de parte dos atos de vandalismo vistos nos protestos.

Cartas trocadas pelos diretores da CIA e do FBI em 1967 e divulgadas apenas três anos atrás mostram que as forças de segurança já diziam que distúrbios violentos em movimentos negros por direitos civis costumavam ser ação de alguma das quatro principais organizações de supremacistas brancos que atuavam nos Estados Unidos naquele momento.

Agora, há novas evidências a indicar interferência desses grupos nas manifestações. Nesta segunda, o Twitter tirou do ar uma conta de um suposto grupo antifascista americano que incitava as pessoas a saquearem áreas de maioria branca no país. De acordo com a plataforma, o perfil era falso e pertencia a um grupo de supremacistas brancos.

Trump tenta repetir efeito Nixon

Para a historiadora Thompson, os protestos de 1968 foram entendidos naquele momento como quebra da ordem social. "As pessoas não viram os atos como estratégicos para defender direitos. Olhamos para Chicago, 68, e dissemos: 'Oh meu Deus, os manifestantes antiguerra são tão violentos, os estudantes são muito violentos, ou os manifestantes negros dos direitos civis são tão violentos'."

Richard NixonDireito de imagemGETTY
Image captionEm campanha, o republicano Richard Nixon passou a se apresentar como o candidato da 'lei e da ordem'

Uma pesquisa de opinião pública do Instituto Gallup feita pouco depois do protesto de agosto de 1968 em Chicago mostrou que 56% da população aprovou a dura repressão policial ao ato e apenas 14% dos respondentes concordavam que os manifestantes tiveram cerceado seu direito a se posicionar.

A campanha do republicano Richard Nixon entendeu o sentimento dos eleitores e ele passou a se apresentar como o candidato da "lei e da ordem" e o representante da "maioria silenciosa" que na pesquisa admitia incômodo com os levantes. A bandeira contra a desordem foi um fator decisivo para a vitória de Nixon na corrida pela Casa Branca naquele ano.

A cinco meses de enfrentar as urnas para tentar a reeleição, Trump está afinado com a estratégia Nixon. Nos últimos três dias, ele foi várias vezes ao Twitter repetir o slogan "lei e ordem" e, em pronunciamento à nação, se colocou como o braço forte contra o caos social, inclusive mencionando que lançaria mão do Exército se prefeitos e governadores falhassem em conter manifestações violentas. Nesta terça-feira, Trump tuitou a expressão de Nixon, "maioria silenciosa".

"Ele percebeu uma janela de oportunidade política, de abraçar essa bandeira que pode ser popular com muita gente. Trump está atravessando duas crises históricas: a econômica e a sanitária. Se depender desse cenário, ele perde. Então se ele puder ficar até novembro falando em "lei e ordem" e condenando protestos, ele tem uma chance. Esse é o ambiente em que ele prospera", avalia o professor de relações internacionais da Faap Carlos Gustavo Poggio, especialista em história política americana.

O presidente Donald Trump com a boca meio aberta em pronunciamento na Casa BrancaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO presidente Donald Trump ameaçou usar Forças Armadas para conter protestos em pronunciamento na Casa Branca

Trump também já chamou os manifestantes de "bandidos" e afirmou via Twitter: "quando os saques começam, os disparos começam". A frase não é original do atual presidente. Ela foi dita em 1967 pelo chefe da polícia de Miami Walter Hedley, durante um depoimento a autoridades que o questionaram sobre suas ações diante de protestos pelos direitos civis dos negros. Na mesma ocasião ele ainda afirmou: "eu não me importo de ser acusado de brutalidade policial".

Especialistas afirmam que, em vez de acalmar os ânimos nas ruas, as ações de Trump tem levado à escalada no tamanho dos protestos e na violência. "As pessoas estão na rua pedindo Justiça e até agora nenhuma autoridade anunciou qualquer mudança em como os casos de violência policial são investigados e julgados. Não temos uma liderança capaz de acalmar as ruas. Na verdade, Trump inflama as pessoas", diz Thompson. A impunidade para policiais acusados de matar negros foi a tônica nos últimos anos, mesmo em casos rumorosos, como o de Eric Garner, estrangulado e morto em uma abordagem policial em 2014 em Nova York por vender cigarros não certificados.

Segundo Thompson, outra vez se coloca a questão da narrativa. "Se esses protestos forem entendidos como caóticos, violentos e sem propósito, então fica mais fácil para o eleitor dizer:'sou a favor dos direitos civis, mas esse povo na rua é só um bando de louco queimando tudo, então vou votar no Trump'", diz a historiadora.

Há, no entanto, diferenças importantes entre Nixon e Trump. A começar pelo fato de que Trump já é o presidente. Já Nixon era o candidato de oposição ao presidente democrata Lyndon Johnson, tão impopular que àquela altura havia desistido do concorrer à reeleição. "Trump pode vir a ser responsabilizado pela má condução da crise e pelas políticas que levaram à revolta social", diz Thompson.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Ipsos e pela Agência Reuters nas últimas segunda e terça mostrou a ambivalência da situação. Se por um lado, 64% dos americanos se disseram simpáticos aos manifestantes e 55% desaprovavam a resposta de Trump, 75% disseram que a violência nos protestos enfraquecia o pleito das manifestações e que apoiavam atos pacíficos.

Outro aspecto relevante é o tempo. Os protestos em 1968 aconteceram pouco mais de dois meses antes da eleição, enquanto que agora há quase um semestre até que os americanos compareçam às urnas. "É muito tempo pra segurar com esse discurso, mas pode ser que os protestos ajudem a tirar o foco dos outros problemas agora e, se em agosto a economia começar a reagir, pode ser que a estratégia funcione. De qualquer maneira, nada é certo e o movimento é arriscado. Mas a história nos serve como um guia", diz Poggio.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 2 de junho de 2020

Edital do Microprojeto Cultural segue com inscrições abertas até 5 de junho



A Secretaria de Cultura e a Fundarpe prorrogaram até o dia 5 de junho as inscrições do segundo edital Microprojeto Cultural. O certame faz parte do conjunto de editais do Funcultura, e representa 2% do montante deste, totalizando um valor aproximado de R$ 640 mil reais, sendo R$ 15 mil o teto para cada projeto. Como o próprio nome sugere, o edital é voltado para projetos de baixo custo e para proponentes jovens, entre 18 e 29 anos.

Para inscrever o projeto, o proponente precisa estar incrito no Cadastro de Produtor Cultural, cujas inscrições voltaram a ficar abertas, até 17 de abril. Elas podem ser feitas exclusivamente pelo e-mail: cpc.funcultura@gmail.com. Já as inscrições para o edital de Microprojeto devem ser feitas pelo endereço eletrônico editalmicroprojeto@gmail.com. Está suspenso o recebimento presencial ou via Correiros. A unidade de Atendimento ao Produtor Cultural está funcionando de forma remota, pelo email atendimentosic@fundarpe.pe.gov.br, e também pelos telefones (81) 98327.0979 e 3184.3026.

Ao incentivar projetos de baixo custo, o edital estimula a participação de produtores jovens e iniciantes nos processos seletivos da política cultural do Estado. “Muitas vezes o pequeno produtor, ou produtor iniciante, só precisa de pouco dinheiro para executar um projeto cultural em sua cidade ou comunidade. Este é um edital simplificado, que visa garantir o recurso e estimular esse produtor a se profissionalizar e quem sabe passar a acessar editais que ofertam recursos maiores”, avalia o secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto.

Estimular a criação e participação do produtor(a) e criador(a) no desenvolvimento da arte e da cultura, promover a cidadania cultural e estimular as expressões locais, com garantia de regionalização são portanto os objetivos do edital do Microprojeto Cultural. O edital foi elaborado de forma simplificada justamente para facilitar o entendimento dos proponentes iniciantes.

Para garantir que todas as regiões de Pernambuco possam ter acesso aos recursos ofertados, o edital estabelece que deve haver pelo menos dois projetos aprovados em cada uma das 12 Regiões de Desenvolvimento do Estado. Os projetos deverão ser desenvolvidos nas cidades de residência do proponente, salvo em caso de projetos de autoformação (intercâmbios, residências artísticas, pesquisa, etc).

O edital também sugere os tipos de projetos que podem ser apresentados neste edital. Entre eles estão: ações de criação, produção, fruição e difusão de expressões artísticas e culturais, como: música; artes visuais; audiovisual; performance; teatro, dança e circo; moda, design; fotografia; hip hop; literatura; artesanato; culturas tradicionais, cultura popular, patrimônio cultural material e imaterial; cultura de comunidades de imigrantes, refugiados, povos indígenas, quilombolas e ciganos; interlinguagens; cultura digital; comunicação; cultura urbana; gastronomia; cultura LGBTQI+; processos que incluam o conceito de cultura na sua dimensão antropológica, como modo de vida e consolidação de identidades (como étnicas, raciais, de gênero, geracional, entre outras).

Também podem contemplar ações culturais ou eventos que ocorrem periodicamente; além de processos de articulação de redes e fóruns coletivos em torno de temas da cultura; Gestão de espaços culturais ou arranjos coletivos culturais; Iniciativas relacionadas à economia solidária e à economia da cultura, geradoras de produtos; além de ações de formação cultural. Leia aqui atentamente o edital e suas regras, e participe!

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pernambuco:Confira os protocolos de higiene e segurança nos estabelecimentos comerciais


Higiene das mãos é parte do protocolo de segurança
Higiene das mãos é parte do protocolo de segurançaFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
A retomada gradual das atividades econômicas em Pernambuco será realizada dentro de uma nova realidade. Protocolos de higiene e de distanciamento social foram anunciados ontem pelo Governo de Pernambuco para que se evite aumentar os casos de coronavírus no Estado nesse processo de reabertura. Esses protocolos gerais terão que ser seguidos por todos os clientes e profissionais das atividades. Além disso, o governo informou que anunciará, gradativamente, outros protocolos específicos para 15 setores da economia.

Os protocolos gerais foram divididos em três eixos: distanciamento social, higiene e monitoramento e comunicação. As medidas vão desde do cuidado no uso coletivo de utensílios até a demarcação de filas presenciais.

Dentro do eixo do distanciamento social, algumas medidas listadas são: manter de distância de 1,5 metro entre colaboradores, clientes e demais indivíduos; evitar o compartilhamento de utensílios e ferramentas de trabalho; dividir os funcionários em grupos para reduzir possibilidades de contágio; demarcar no chão o espaço das filas; escalonar o horário de refeição dos funcionários; atenção especial aos trabalhadores do grupo de risco.
Nas medidas de higiene, algumas são: permissão de pessoas somente com uso de máscara; disponibilizar boas condições de limpeza para os trabalhadores, como álcool; higienizar grandes superfícies com sanitizante; higienizar, antes do uso, os equipamentos que precisem ser compartilhados entre os funcionários; privilegiar a ventilação natural dos ambientes.

No eixo de monitoramento e comunicação, algumas determinações são: identificar as funções que podem ser exercidas remotamente, priorizando essa modalidade sempre que possível; informar aos colaboradores qualquer sintoma da Covid-19; afastar da frequência presencial por até 14 dias os casos suspeitos; emitir comunicados de orientação sobre a Covid-19 aos trabalhadores.

Segundo a secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Maíra Fischer, as medidas específicas estão sendo elaboradas. “Separamos em 32 grupos as atividades econômicas. Dos 32, 15 vão ter protocolos específicos. Eles estão sendo elaborados e validados junto a cada setor. Devem ser publicados nos próximos dias de acordo com o cronograma de reabertura”, explicou Maíra.

Confira os protocolos:

Distanciamento Social
- Manter pelo menos 1,5 metro de distância entre colaboradores, clientes e indivíduos em geral;
- Escalonar intervalo de horário de refeição, de modo a evitar aglomeração;
- Evitar o compartilhamento de utensílios de uso pessoal, equipamentos e ferramentas de trabalho como canetas, telefone celular, trenas, espátulas, entre outros;
- Organizar a equipe em grupos ou equipes de trabalho para facilitar a interação reduzida entre os grupos.;
- Os trabalhadores pertencentes ao grupo de risco (com mais de 60 anos ou com comorbidades de risco, de acordo com o Ministério da Saúde) devem ser objeto de atenção especial, priorizando sua permanência na própria residência em teletrabalho ou trabalho remoto;
- Evitar contatos muito próximos, como apertos de mãos, beijos e abraços;
- Demarcar no chão o espaço nas filas, de modo a garantir a distância mínima de um metro e meio entre os clientes;
- Instituir uma barreira física de proteção entre cliente e atendente. Quando não for possível, demarcar no chão o espaçamento entre o cliente e o balcão, de modo a manter uma distância mínima entre cliente e atendente;

Higiene

- Apenas permitir a entrada no estabelecimento de pessoas utilizando máscaras, sejam trabalhadores, clientes ou colaboradores;
- Garantir que os funcionários façam lavagem frequente das mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool 70%, e sempre a realizem ao entrar e sair das instalações da empresa;
- O uso de álcool 70% para limpeza das mãos é obrigatório aos clientes ao entrar e sair do estabelecimento;
- Disponibilizar, para uso dos trabalhadores, colaboradores e clientes, local para lavagem frequente das mãos, provido de sabonete líquido e toalhas de papel descartável ou disponibilizar álcool 70%, em pontos estratégicos de fácil acesso;
- Promover uma boa higiene respiratória (encorajar as pessoas cobrirem espirros, tosse usando o cotovelo) e o cuidado de evitar tocar a boca, o nariz e o rosto com as mãos;
- Fornecer máscaras faciais, mesmo que artesanais, para todos os trabalhadores e colaboradores, conforme decreto do Governo do Estado
- Reforçar a limpeza e a desinfecção das superfícies mais tocadas (mesas, teclados, maçanetas, botões, etc.), pelo menos 3x ao dia;
- Reforçar a limpeza dos banheiros, instalações, áreas e superfícies comuns, antes, durante e após o expediente;
- Higienizar grandes superfícies com sanitizante, contendo cloro ativo, solução de hipoclorito a 1%, sal de amônio quaternário ou produtos similares de mesmo efeito higienizador, observando as medidas de proteção, em particular o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) quando do seu manuseio;
- Caso haja a necessidade de compartilhamento de materiais de trabalho, deve ser realizada a higienização antes da sua utilização por outro trabalhador;
- Não permitir que se beba diretamente de fontes de água. Usar recipientes individuais ou copos descartáveis;
- Não permitir o compartilhamento de copos, garrafas ou talheres;
- Privilegiar a ventilação natural nos locais de trabalho. No caso de aparelho de ar condicionado, verificar a higienização periódica e a adequação de suas manutenções preventivas e corretivas.

Monitoramento e Comunicação
- Identificar as funções que podem efetuar suas atividades por meio de teletrabalho ou trabalho remoto, priorizando, sempre que possível, essa modalidade de trabalho;
- Sempre que possível, manter em trabalho remoto os profissionais enquadrados nos grupos de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos, gestantes e lactantes, imunocomprometidos, e os que têm insuficiência cardíaca, renal ou respiratória crônica comprovadas;
- Informar aos colaboradores os sintomas da Covid-19 e que em caso de qualquer sintoma, a recomendação é que o trabalhador permaneça em casa e não compareça ao local de trabalho;
- Instituir mecanismo e procedimentos para que os trabalhadores possam reportar se estiverem com sintomas de gripe ou similares ao da Covid-19 ou se teve contato com pessoa diagnosticada com Covid-19;
- Afastar da frequência presencial no local de trabalho por até 14 dias, os casos acima; --- Esclarecer para todos os trabalhadores e colaboradores os protocolos a serem seguidos em caso de suspeita ou confirmação de COVID-19;
- Caso haja confirmação de trabalhador diagnosticado com COVID-19, deve ser realizada a busca ativa dos trabalhadores que tiveram contato com o trabalhador inicialmente contaminado e comunicá-los;
- Manter nos locais de maior circulação, materiais explicativos de boas práticas de prevenção e higiene a os funcionários, clientes e demais frequentadores em todas as empresas e estabelecimentos;
- Emitir comunicações aos trabalhadores com a orientação sobre a covid-19 assim como boas práticas de prevenção e higiene

Fonte: Governo de Pernambuco
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Adeildo do Toyota é herdeiro político do ex- vereador Bio Narciso

* Foto Adeildo do Toyota ao lado de Bio Narciso


Eleito em 2016, com 1200 votos Adeildo do Toyota é filiado ao PSD e pré-candidato a vereador em 2020.  Afirmando ser uma pessoa simples, que sempre procura estar presente nas ações do município e junto ao seu povão. Aos 43 anos de idade, pai, concluinte do ensino médio (básico), agricultor, proprietário de granja, motorista por profissão. Tem "política na raiz" como se diz no popular.  O Blog Professor Edgar Bom Jardim, conversou com o neto do ex-vereador Bio  Narciso. Registramos para  memoria local suas impressões sobre a conjuntura  local e nacional. Fique por dentro do seu perfil e do seu imaginário:

1- Vereador Adeildo Barbosa dos Santos, em quem você se espelhou para entrar na política?  Me espelhei muito no meu avô Bio Narciso, que teve cinco mandatos mandatos como vereador.  Cresci vendo tudo o que ele fazia pelo povo e, com isso fui criando expectativas de um dia poder trabalhar também pelo bem estar do nosso povo bonjardinense tão merecedor.


2-  Você está satisfeito com seu trabalho de vereador? Sim, pois sempre estou á  disposição para ajudar e acolher nossos cidadãos bonjardinenses.

3- Como você tem ajudado o povo bonjardinese? Tenho procurado ajudar todos os setores que constituem a nossa cidade, como na saúde, infraestrutura e assistência social.

4- Como é o seu trabalho na saúde agora nessa pandemia? Estamos vivendo em uma época muito difícil, onde, muitas vezes, não é possível chegar a todos os bonjardinenses, mas eu, como vereador  juntamente com o apoio da prefeitura estou em busca de ajudar no que é possível, como por exemplo, conscientizar as pessoas dos efeitos  maléfícos que nos cercam da  Covid-19.

5- Adeildo, você está satisfeito com o trabalho do prefeito João Lira? Sim, muito satisfeito, o prefeito João Lira, a cada dia vem demonstrando e atuando cada vez mais no nosso município. O mesmo está desenvolvendo seu trabalho em todos os âmbitos, como, por exemplo, temos as várias obras na educação,onde temos escolas a serem concluídas, na saúde temos PSF, temos também na infraestrutura, enfim Bom  Jardim está no caminho certo, porque temos um grande desenvolvimento no nosso dia a dia.

6- Qual foi a melhor ação que você realizou neste seu primeiro mandato? Declaro que todas as minhas ações foram de suma importância tanto para mim quanto para os bonjardinenses. Pois tudo tem a sua importância, dependendo  da necessidade de cada um. Apoiar é prioridade a esse povo tão merecedor.

7- Como está sendo o trabalho e o desempenho do vereador  José Medeiros(Jotinha da funerária), atual presidente da Câmara? Satisfatório, o mesmo demonstra capacidade e responsabilidade .

8- Você tem assessor parlamentar? Não.

9- Quem lhe ajuda nos seus trabalhos legislativos? Primeiramente Deus, eu com meus esforços e dificuldades, minha família e o meu povo que tanto me apoia nos momentos que tanto necessito. Eu só tenho a agradecer por tudo.

10- Quais as localidades que você tem focado seu trabalho? Procuro ajudar independentemente de localidade, principalmente porque tenho uma grande atuação na saúde, onde acompanho as pessoas que vão  para os hospitais da capital pernambucana. Diante disso tento ajudar levando- as para tirar documentos no Recife, já  que muitas sentem a necessidade e nem todos tem a oportunidade de chegar até lá.

11- Qual sua avaliação do governo de Jair Bolsonaro? No momento todos os governantes estão passando por dificuldades, portanto, cada um tem a sua importância, independentemente de qualquer situação.

12- Como o Brasil vai ficar se Bolsonaro implantar uma "ditadura" com intervenção militar? Será que vai fechar o Congresso, a Câmara Municipal, prender prefeitos e vereadores? A ditadura militar foi vivenciada a partir de 1964 no Brasil, onde os cidadãos não tinham voz  nem vez, mas hoje vivemos em plena democracia com atitudes completamente diferente de anos atrás.

13- Na sua opinião, Paulo Câmara tem ajudado Bom Jardim? Avalie seu governo atribuindo uma  nota até dez: Ultimamente tem ajudado pouco, pois o mesmo poderia fazer muito mas pelos cidadãos bonjardinenses. Nota 7.

14- Qual o maior problema de Bom Jardim a ser enfrentado nos próximos anos? No momento não podemos nos precipitar com o nosso futuro, pois o momento presente é  muito satisfatório com o um gestor que vem concluindo tudo aquilo que foi oferecido há anos atrás, realizando sonhos de muitos bonjardinenses.

15-  Você votou em Ricardo Teobaldo e Ricardo Teobaldo votou  em projetos que prejudicou o povo brasileiro. O que dizer disso? Votei sim, pois é o deputado que tem ajudado o nosso município trazendo um melhor desenvolvimento através de estar presente com o nosso prefeito, onde sabemos que muitos passaram por Bom Jardim apenas no período eleitoral e até o presente momento não disponibilizaram nada aos bonjardinenses. Ele é um deputado que tem a preocupação com o povo de Bom Jardim, onde as obras estão aí praticamente sendo concluídas graças ao prefeito e ao apoio dele no congresso nacional.

16- Vereadores da oposição batem no prefeito, fazem críticas e mais críticas. Os vereadores aliados do prefeito, em sua  maioria, ficam calados? É uma orientação do prefeito pra vocês da base de sustentação ou não há como defender o prefeito João Lira? Não temos orientações de gestor, pois o nosso único orientador é um Deus todo poderoso que nos guia. O prefeito João Lira, a cada dia vem  atuando cada vez mais.

17-  O que Bom Jardim-PE, representa para você? Para mim Bom Jardim é  um elo de amor, uma terra abençoada, onde nasci e cresci, vendo tudo prosperar ao longo  do tempo.

18- Qual seu time de coração, sua comida e sua diversão preferida? Sou uma pessoa simples, onde estou presente junto com meu povo onde eles estiverem torcendo e vibrando independente de time. Comida não tenho preferência, peço a Deus que nunca falte na minha mesa e nem de ninguém o pão de cada dia. Diversão é tudo que me faz bem, assim como estar com o meu povo nas horas que mais necessitam

19- Cite três pessoas notáveis de Bom Jardim: José do leite, Adielson  Ribeiro ( lojas Ribeiro) e José Pessoa (Zeca de José Cirilo)

20- Quais os três artistas de Bom Jardim que você destacaMac Sedícias, Petrucio Freire e Valda Sedícias

21- Qual o melhor político de Bom Jardim? João Francisco de Lira.



Por Edgar S. Santos

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Senado vota hoje PL das Fake News, alvo de críticas de bolsonaristas a organizações de direito digital; entenda



CelularesDireito de imagemGETTY IMAGES

O Senado deve votar nesta terça-feira (02/06) o PL das Fake News, um projeto de lei com objetivo de combater a divulgação de notícias falsas nas redes sociais, em um momento de crescente preocupação com a circulação de informações incorretas sobre a pandemia de coronavírus e também envolvendo ataques a figuras políticas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A proposta, porém, enfrenta oposição de grupos que veem risco de redução da liberdade de expressão caso ocorra sua aprovação. Entre os críticos estão desde apoiadores do presidente Jair Bolsonaro a organizações sem relação com o governo que atuam na área de direito digital. Essas organizações integram a Coalização Direitos na Rede e defendem que outra proposta de regulação seja elaborada a partir de um debate mais aprofundado.

Procuradas pela reportagem da BBC News Brasil, grandes empresas do setor como Facebook (dona também de Instagram e WhatsApp), Google (dona do YouTube) e Twitter também defenderam a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o tema.

Defensor da proposta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse, por meio de sua conta no Twitter, que "o objetivo é fortalecer a democracia por meio do combate a informações falsas".

"Por isto, barrar as fake news é um serviço em prol da liberdade, da boa informação e da verdade. Aqueles que espalham fake news devem ser punidos com os rigores da lei", afirmou ainda.

Se o PL for aprovada pelos senadores, depois será analisado na Câmara dos Deputados, onde também conta com apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia.

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, participa de Sessão Deliberativa RemotaDireito de imagemLEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO
Image captionPresidente do Senado, Davi Alcolumbre, participa de Sessão Deliberativa Remota

Já a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais apoiadoras de Bolsonaro no Congresso, argumentou, também pelo Twitter, que "a lei brasileira já dispõe de mecanismos para a retirada de calúnias e difamações das redes sociais". Segundo ela, "o PL 2630/2020 criará verdadeiros TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO nas redes sociais, em que 'checadores de fatos' não concursados decidirão o que cidadãos comuns poderão postar".

O presidente e seus aliados enfrentam acusações de usar uma rede articulada de divulgação de notícias falsas para atacar adversários políticos que seria operada de dentro do Palácio do Planalto pelo chamado "Gabinete do Ódio".

Na quarta-feira passada, parlamentares, empresários e ativistas bolsonaristas que participariam dessa rede foram alvos de uma operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, dentro do inquérito das Fake News.

Bolsonaro e seus aliados negam a existência do Gabinete do Ódio, se dizem vítimas de notícias falsas e afirmam que estão sendo censurados por um inquérito aberto ilegalmente pelo presidente do STF, Dias Toffoli. A previsão é de que o plenário do Supremo julgue no dia 10 de junho um recurso que pede o arquivamento dessa investigação.

Texto que vai à votação ainda não foi fechado

O PL das Fake News foi elaborado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) em parceria com os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). Eles negam que a proposta preveja censura já que o PL não determina a exclusão de qualquer conteúdo das redes sociais.

No entanto, devido às críticas, eles sugeriram na segunda-feira (01/06) retirar alguns pontos delicados do projeto original, como a previsão de que plataformas como Facebook, Twitter e YouTube deveriam informar seus usuários quando determinado conteúdo fosse classificado como desinformação por checadores independentes. A grande controvérsia nesse ponto é transferir demasiado poder a essas plataformas verificadoras para determinar que conteúdo deve ou não ser considerado verdadeiro.

Agora, a proposta desses parlamentares prioriza o combate à atuação de contas automatizadas (robôs) e inautênticas (com identidade falsa, para enganar o público).

Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionVeiculação de notícias falsas nas eleições vencidas por Bolsonaro é apurada no Congresso

"Nosso foco é tirar de circulação as ferramentas que são usadas criminosamente: contas falsas e redes ilegais de distribuição e desinformação", disse Alessandro Vieira, em entrevista coletiva.

No entanto, os três parlamentares passaram a defender outra questão controversa: incluir no PL que usuários de rede social sejam obrigados a confirmar sua identificação e localização, "inclusive por meio da apresentação de documento de identidade válido" às plataformas, com objetivo de coibir a atuação de robôs não identificados e contas falsas.

O texto que irá a votação será fechado pelo relator do PL, senador Angelo Coronel, e não foi divulgado com antecedência, o que gerou novas críticas dos opositores da proposta.

"É um tema super complexo, que está em debate no mundo, e nem sabemos o texto que será votado nesta terça. Não é nem um pouco razoável acelerar a votação desse projeto", afirma Mariana Valente, professora do Insper e diretora do InternetLab, uma das organizações que integra a Coalização Direitos na Rede.

Para Valente, a exigência de um documento é uma quebra de privacidade dos usuários da rede, que pode comprometer sua liberdade de expressão. Ela ressalta que, por meio de decisões judiciais, já é possível descobrir o IP (identificação única para cada computador conectado a uma rede) do usuário e, assim, identificar quem está por trás da conta, no caso de investigações criminais.

"A pessoa se comunicar o tempo inteiro revelando quem é tem efeitos imensos, não só para a comunicação política, mas para outras expressões da personalidade", afirma a professora.

"Por exemplo, pessoas homossexuais que vivem em ambiente repressivo podem querer encontrar outras pessoas nas redes, trocar informações, sem estarem identificadas", reforça.

Autores dizem que proposta aumenta proteção ao usuário

Os autores do PL argumentam que sua proposta eleva a proteção ao usuário contra a exclusão de conteúdo. Eles destacam que as plataformas de redes sociais já apagam ou classificam conteúdos de usuários como falsos, segundo critérios próprios, em processos com pouca transparência.

Em 30 de março, por exemplo, Facebook e Instagram deletaram um vídeo compartilhado nas contas oficiais de Bolsonaro, em que o presidente promovia o uso de hidroxicloroquina para tratamento de covid-19, embora sua eficácia para esse fim não tenha sido comprovada em estudos científicos.

"Removemos conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade, que não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas", informou o Facebook em nota, na ocasião.

Um dia antes, o Twitter apagou duas mensagens publicadas por Bolsonaro com vídeos de um passeio que o presidente havia feito em uma área comercial no Distrito Federal. A empresa declarou que as postagens de Bolsonaro violaram as regras de uso da plataforma por potencialmente "colocar as pessoas em maior risco de transmitir covid-19".

Imagem de uma tela de celular com notícia sobre o coronavírus e uma ilustração do vírusDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA mera presença de uma imagem ao lado de uma informação ajuda a aumentar sua aparência de veracidade

No PL das Fake News, os parlamentares propõem que as plataformas de redes sociais sejam obrigadas a oferecer por três meses a possibilidade de recurso aos usuários quando tiverem mensagens apagadas. Além disso, caso seja posteriormente identificado que a exclusão foi indevida, sua proposta prevê que "caberá ao provedor de aplicação de internet reparar o dano, informando o erro de maneira destacada e garantindo a exposição da correção, no mínimo, aos usuários inicialmente alcançados".

Maioria quer lei sobre fake news, diz pesquisa da Avaaz

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ibope, contratada pela organização Avaaz, aponta que 90% brasileiros apoiam a regulamentação das plataformas de redes sociais para combater as fake news.

Segundo o levantamento, que entrevistou mil pessoas por telefone, 81% também se mostraram favoráveis a uma lei que obrigue as empresas de redes sociais a mostrarem artigos com checagem de fatos independentes para todas as pessoas expostas a conteúdo falso ou enganoso.

Esse é justamente um dos pontos polêmicos que os autores do PL das Fake News sugeriam retirar do texto que vai à votação nesta terça, já que há controvérsia sobre como os conteúdos seriam classificados como desinformação e por quem.

Os três parlamentares sugeriram, então, que o projeto de lei dê prazo de um ano para que o Comitê Gestor da Internet no Brasil — órgão composto por representantes de governo, empresas, organizações do terceiro setor e comunidade científica — crie um grupo multissetorial para elaborar uma nova proposta que "contenha a conceituação da desinformação, formas de combate e boas práticas".

Loja vazia com cartaz sobre o coronavírusDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPara combater as notícias falsas, é importante apresentar os fatos de maneira simples

A rede ativista Avaaz, que não integra a Coalização Direitos na Rede, é a favor de que as plataformas sejam obrigadas a apontar aos usuários conteúdos identificados como falsos por checadores independentes. A organização defende também que as empresas não possam ampliar a visibilidade dessas informações por meio de seus algoritmos.

Para a Avaaz, a desinformação ameaça diversos direitos, como o direito à saúde, no caso de conteúdo falso sobre a pandemia, ou o direito ao voto, quando mensagens enganosas circulam durante eleições.

Segundo a coordenadora de campanhas da Avaaz Laura Moraes, a organização defende celeridade na aprovação de uma lei que inclua essa obrigação, mas concorda com a Coalização Direitos na Rede que a votação no Senado não deveria ocorrer nesta terça-feira.

"São 9 da noite (de segunda-feira) e ainda não sabemos qual texto será votado", criticou.

Google, Facebook e Twitter defendem mais debate

Uma porta-voz do Facebook ouvida pela reportagem disse que a empresa apoia uma discussão mais detalhada da proposta em análise no Congresso: "Nos colocamos ao lado de organizações de defesa dos direitos na internet ao apoiar que projetos de lei sejam resultado de amplo debate público, para garantir que não representem ameaça à liberdade de expressão e para evitar que tragam insegurança jurídica ao setor", afirmou.

No mesmo sentido, o Google, por meio de nota, disse que compartilha "da preocupação de entidades da sociedade civil, grupos acadêmicos e especialistas sobre a necessidade de um debate público mais amplo e informado a respeito de propostas legislativas que busquem soluções para problemas complexos, como o da desinformação".

O Google disse ainda que "segue comprometido no combate à desinformação no Brasil, com uma abordagem em várias frentes, oferecendo informações úteis, relevantes e de qualidade para as pessoas, ao mesmo tempo em que atualiza e aplica suas políticas sobre conteúdo e desenvolve ações para apoiar o jornalismo profissional, as organizações de checagem e iniciativas de educação midiática."

Em posicionamento enviado à BBC News Brasil, o Twitter disse acreditar "que o importante e complexo debate sobre políticas de enfrentamento ao tema da desinformação deve ser amplo e cauteloso, permitindo seu amadurecimento e a construção de consensos, para que não haja o risco de resultar em supressão da liberdade de expressão e informação, conforme vêm alertando as principais organizações de defesa de direitos na internet".


Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Laudo conclui que George Floyd morreu por asfixia. Quanto vale a vida de um negro?



Policial o imobilizou colocando o joelho sobre seu pescoço

Uma autópsia encomendada pela família de George Floyd concluiu nesta segunda-feira 1 que o homem morreu por “asfixia devido a uma pressão sustentada” quando um policial o imobilizou colocando o joelho sobre seu pescoço. Esse laudo contradiz os resultados da necropsia oficial.

“Os médicos independentes que realizaram a autópsia no Floyd neste domingo determinaram que a causa da morte é asfixia devido à pressão constante”, disse o advogado Ben Crump, em um momento em que a indignação pela ação da polícia provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos.


Denver Chauvin é um dos quatro agentes demitidos após a divulgação do vídeo que mostra a imobilização e prisão de George Floyd na segunda-feira por supostamente pagar uma loja usando uma nota falsa de 20 dólares. Segundo o vídeo, Floyd, que estava algemado e deitado no chão, foi imobilizado na rua por Chauvin, que apoiou o próprio joelho sobre o pescoço do homem por ao menos cinco minutos.

Centenas de pessoas se reuniram em vários pontos do país, como diante da Casa Branca, em Washington, mas também em Nova York, Dallas, Houston, a cidade natal da vítima, ou Las Vegas, Des Moines, Memphis e Portland. Em Atlanta viaturas de polícia foram incendiadas.

Com informação de Carta Capital

Professor Edgar Bom Jardim - PE