segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

São Paulo:As chocantes histórias dos 'latões', veículos onde presos defecam, sangram e morrem



Caminhão
Image captionPresos ficam até 17 horas sem água e comida dentro de caminhão com problemas de exaustão durante transferências
Vinte homens sem camisa se apertam em bancos de metal no espaço de menos de 10 m², úmido e quase sem ar. Em pleno verão paulista, quando as temperaturas costumam passar dos 30ºC, o cheiro de suor se mistura ao cheiro azedo de vômito.
Sentindo um forte mal estar e prestes a desmaiar, o grupo começa a chutar as paredes do "latão" — como é chamado o veículo que faz o transporte de presos no Estado de São Paulo — num pedido desesperado de socorro. Eles também balançam a cabine para chamar a atenção dos agentes que os transportam ou algum pedestre, e fazer o veículo parar. Um esforço em vão.
A dupla proteção da cabine onde os presos ficam, aliada ao barulho da sirene ligada (quase ensurdecedor) durante todo o trajeto, abafa o som e impede que os agentes ouçam os chamados. Na tentativa desesperada de abrir a porta do veículo, um deles dilacera seus dedos até que os ossos fiquem visíveis.
Ao chegar ao destino — depois de cerca de 10 horas de viagem, os agentes encontram o veículo com manchas de sangue e o homem morto. Outros sete detentos transportados foram internados com inanição.
Esse caso ocorreu em 2003. Mesmo depois de condenado e com mandado de prisão expedido contra si, o motorista, apontado como responsável pela morte e pelas internações, trabalhou por mais 13 anos na Secretaria da Administração Penitenciária. De acordo com a pasta, "em março de 2016, o ex-servidor abandonou o trabalho e perdeu o cargo em novembro do mesmo ano".

A reportagem da BBC News Brasil ouviu relatos de funcionários do sistema penitenciário paulista, entre agentes prisionais, médicos e até diretores de presídios sobre as condições em que os presos são transportados entre as unidades do Estado até hoje. Eles relataram situações de tortura e violação dos direitos humanos contra presidiários ocorridas ao longo de décadas de experiência.
E não são apenas os presos que são afetados pelo uso indevido dos "latões", onde detentos são transportados em viagens que duram até 17 horas.

Carne na lata

Durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, todos os veículos de carga eram orientados de maneira ostensiva pelos grevistas a estacionarem no acostamento das principais rodovias do país.
A orientação da Secretaria da Segurança Pública na época foi de que veículos carregados com materiais perecíveis, medicamentos ou em situações de emergência fossem escoltados por um carro da Polícia Militar para evitar problemas em casos emergenciais.
No entanto, a ordem foi ignorada pelos gestores da penitenciária Joaquim Fonseca Lopes, em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. Eles ordenaram que os funcionários usassem um dos "latões" que carregam presos para transportar 3,5 toneladas de carne trazidas da Penitenciária Feminina do Butantã, na zona oeste. Um trajeto de cerca de 56 km, feito de carro em aproximadamente 1h30.
Interior de veículo usado para transportar presos em SP
Image captionEm 2003, um homem morreu e outros sete foram internados por inanição em processo de transferência entre presídios em SP
"A maioria desses caminhões é completamente insalubre. Dá enjoo só de entrar. Apenas alguns ônibus mais modernos têm ar-condicionado. Todos os outros têm um sistema de exaustão muito pequeno e pouco potente, o que deixa o ambiente constantemente úmido e abafado. Uma condição ideal para a propagação de doenças. Aí você transporta pessoas com tuberculose, diarreia e pneumonia num cubículo durante quase um dia inteiro e no outro dia carrega carne", afirmou um dos agentes.
A carga, transportada num veículo sem refrigeração, foi usada para alimentar não só os detentos, mas também todos funcionários da unidade. Inconformado com a situação, um servidor denunciou o caso à Corregedoria. Dois dias depois, ele foi afastado do cargo e transferido de unidade. Nenhum dos denunciados foi punido.
Em depoimento, o servidor, que pediu para não ser identificado, contou que o diretor-geral disse a ele na época "que o coordenador havia autorizado o transporte, mesmo diante do risco de contaminação", e por isso ele cumpriu a ordem.
Agora, o homem que fez a denúncia trabalha a 59 km de casa e passa até oito horas no transporte público durante o trajeto de ida e volta. Ele pediu transferência para um presídio mais próximo de sua casa, alegando precisar cuidar da filha menor de idade, sob custódia dele. A solicitação foi negada.
Durante o depoimento à Corregedoria, ele ainda fez um desabafo contra a punição que recebeu. "No caso, o denunciante pagou pela denúncia e os citados nada sofreram", afirmou.
"Existe muito corporativismo. Você faz uma denúncia na Corregedoria e quando chega na unidade todos já estão sabendo. Os diretores são escolhidos pelo coordenador e secretário, então são pessoas próximas. Não existe um critério técnico. É impossível fazer uma denúncia e não sofrer represálias", afirmou em entrevista à BBC News Brasil.
Mãos algemadas em presídioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm 2018, diretor autorizou que 3,5 toneladas de carne fossem transportadas em caminhões usados para levar presos
Por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que "não houve prejuízo à qualidade da carne, ao erário nem aos presos custodiados" e que "o transporte da carne ocorreu de forma rápida e dentro de normas padrões de armazenamento".
A pasta disse ainda que um servidor conferiu a qualidade do alimento assim que ele chegou na unidade, e que o funcionário que fez a denúncia "não sofreu qualquer tipo de represália e foi transferido de unidade por questões administrativas".
A SAP disse ainda que o motorista condenado pela morte e internações por inanição no caso de 2003, "não faz mais parte do quadro de servidores". E que em março de 2016 ele "abandonou o trabalho e perdeu o cargo em novembro do mesmo ano". Por último, a pasta disse que o servidor nunca foi diretor e não foi promovido pelo Estado.
No entanto, uma publicação do Diário Oficial do Estado de São Paulo do dia 30 de dezembro de 2015 aponta que ele foi promovido a diretor no dia 24 de março de 2015 e ficou no cargo até dia 10 de novembro do mesmo ano — pouco mais de sete meses.

Linhão da morte

Sempre que os presos são transferidos, precisam passar por diversos procedimentos de segurança na saída e durante a chegada em cada unidade.
Em São Paulo, a maior rota de transferência é chamada de "linhão". Esse "bonde" (transporte entre unidades) sai no início da manhã do Centro de Detenção Provisória do Belém, na zona leste de São Paulo, e vai deixando os presos em diversas unidades. Muitas vezes, o destino final são unidades no extremo leste do Estado, como Presidente Venceslau (a 600 km do ponto inicial).
Os servidores dizem que os processos burocráticos e de segurança exigidos pelas unidades são desgastantes.
Sentados lado a lado num banco de aço e sem cinto de segurança, os presos balançam por horas dentro do "latão" enquanto seguram uma barra de ferro que fica na frente deles — a única defesa em caso de uma freada brusca ou uma batida. Alguns não suportam o enjoo no cubículo. Passam mal, urinam, defecam, vomitam e desmaiam com frequência.
"Às vezes o linhão fica três horas com os presos embarcados depois da revista para sair aguardando liberação. Já teve dia em que os presos embarcaram 7h e só chegaram meia-noite na unidade", afirma um servidor, sob a condição de anonimato.
Viaturas compradas pelo Estado em fevereiro de 2018Direito de imagemREPRODUÇÃO/ GOVERNO DE SÃO PAULO
Image captionEm 2018, governo gastou R$ 35,6 milhões para comprar 202 carros para todo o Estado, mas não diz qual o tamanho total da frota
Ele conta que o período do trajeto depende de qual veículo levará os presos e, ainda mais importante, quem será o responsável pelo bonde. O servidor diz que quase nunca há comida ou água durante o transporte. Alguns agentes não param o veículo nem para que os presos usem o banheiro.
Um dos agentes ouvidos pela reportagem, que se considera "um dos mais humanos no sistema", defende os companheiros nesse tipo de situação.
"Muitas vezes você não consegue abrir a porta quando vai parar para abastecer, por exemplo, porque são 20 homens e vocês estão em dois ou três. O funcionário tem muito medo de uma fuga, então prefere não correr esse risco", afirmou à reportagem.
Os agentes contam que quando há homens o suficiente na escolta, eles costumam parar o "latão" que os presos usem o banheiro. Nos ônibus mais novos, há vaso sanitário e água disponível.
Questionada, a Secretaria da Administração Penitenciária diz que os carros de transporte de presos são equipados com banheiros, exaustor para refrigeração e demais equipamentos estabelecidos na legislação que disciplina a questão.
"As saídas ocorrem no período da manhã e os presos tomam café da manhã e recebem garrafas de água para consumo durante o percurso. São realizadas paradas durante o trajeto, previamente determinadas pela escolta", diz a nota.
A SAP não informa, porém, o número total da frota ou quantos são os veículos mais novos.
Gilson Pimentel Barreto, presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária e demais Servidores Públicos do Sistema Penitenciário Paulista, diz que a falta de estrutura obriga os servidores a "evitar certos serviços".
"Algumas vezes, o funcionário evita até parar no posto para tomar uma água porque pode sofrer uma tentativa de resgate (dos presos) no meio do caminho. Não é função do agente fazer esse trabalho externo. Ele faz para ter um bom andamento. Só nas viagens mais longas há apoio da PM. É uma situação bem difícil", afirma.
O sindicalista diz, por outro lado, que a orientação da secretaria é dar comida para que os presos façam refeições durante as transferências.
Ainda de acordo com ele, os presídios passaram a evitar fazer o "linhão" no caminhão, veículo que possui a pior estrutura para o transporte de presos.
"Se a gente dirigindo um carro com ar-condicionado durante uma viagem dessas já sofre, imagine ficar preso numa caçamba passando calor", afirmou.

Areia, mudança e escambo

Além de irregularidades e das condições precárias em que os presos são transportados nesses veículos, agentes do sistema penitenciário ouvidos pela reportagem disseram que os caminhões também são usados para atender a interesses pessoais de diretores.
Eles contam que o caminhão para transportar presos já foi usado diversas vezes para fazer mudanças particulares, carregar mercadorias para abastecer uma loja do diretor de uma das unidades e até levar areia para a casa em reforma do chefe de uma unidade no interior do Estado. Tudo bancado com dinheiro público.
Em 2015, a licitação para o fornecimento de refeições para os presídios do Estado de São Paulo foi suspensa após uma reportagem da Folha de S.Paulo revelar que o chefe do sistema penitenciário paulista acumulou um patrimônio incompatível com o salário. Depois disso, a gestão das marmitas passou a ser feita de maneira autônoma pela administração de cada presídio.
Cerca com arame farpadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUnidades trocam material entre si quando há sobra de produtos comprados
As unidades passaram a comprar os produtos necessários para cozinhar e distribuir as refeições. Quando sobrava algum produto, era feita uma troca com outra unidade.
Um dos agentes conta que as trocas continuam até hoje em parte dos presídios. Por exemplo, quando um diretor tem material de construção sobrando na unidade dele, pode trocar por sacos de arroz, salsicha ou legumes.
O veículo mais usado para esse transporte, dizem os funcionários, é o mesmo caminhão usado para carregar os presos. Mas também há relatos de que ambulâncias fizeram viagens desse tipo.
"Eles (agentes) só forravam o chão com uma lona e colocavam as carnes em cima. E o que deveria ser mantido resfriado era transportado em altas temperaturas por horas. Tudo errado. Já vi muitas vezes usarem carros de passeio para essa atividade também", afirmou o agente, que também disse ter dirigido um caminhão diversas vezes mesmo sem a habilitação exigida.

Manutenção precária

Médicos responsáveis pelo atendimento de detentos que passaram mal durante viagens entre unidades relatam que a maior parte dos desmaios ocorre por falta de ar. Assim como os agentes, eles dizem que quase nenhum veículo tem ar-condicionado e que frequentemente os ventiladores de exaustão dos caminhões estão quebrados.
"A manutenção é ruim porque muitas vezes é feita pelos próprios agentes e presos de confiança. O transporte precarizado é apenas um reflexo da precarização do sistema em geral. Hoje, apenas os carros usados na escolta são novos", afirmou um diretor.
Por outro lado, o gestor de outra unidade disse que a manutenção feita por presos se tornou algo menos comum após a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) ordenar que isso fosse proibido.

Questão religiosa

Após presenciar diversas situações de fome e sede extremas, um dos diretores ouvidos pela reportagem disse que tenta tratar os presos da maneira mais humana possível.
Compartimento entre a parte externa e a 'cela' onde os presos ficam durante o transporte
Image captionCompartimento entre a parte externa e a 'cela' onde os presos ficam durante o transporte
"Eu lavo algumas garrafas pet como se fossem para mim. Entrego uma com água e outra vazia para eles fazerem xixi no trajeto. Também dou um papel higiênico, um saco plástico para ele (o preso) se aliviar do jeito que der por ali mesmo. Mas já vi unidades receberem presos todos sujos de cocô e vomitados por não terem o mínimo", afirmou.
Ele diz que não faz isso por medo ou por acordos, mas por se colocar no lugar no preso e por suas crenças espirituais.
"Faço isso mais pela questão religiosa do que profissional, confesso. Eu acredito que devo fazer algo pelo próximo, me coloco no lugar dele. É o mínimo que deveria ser feito, mas quase ninguém se dispõe", afirmou.
Ele conta ainda que costuma pedir alimentos, "nem que seja um pão velho", nas unidades onde são deixados os primeiros presos e entregar para os que ainda continuam o trajeto.
"É fazer algo pela vida do cara. É ser humano."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Trump is Trump


Não se engane. Os governantes manipulam bem seus discursos e adoram criar situações para mostrar seu poderio. A política tem se viciado em farsas.Surgem palavras com dimensões imensas que confundem. Quem não fica perplexo com o significado de terrorismo? Ele se multiplica e serve aos senhores que querem intimidar o mundo. Trump é um deles.Assessora-se com armadilhas preparados por espertos e perversos intelectuais. Portanto, o cuidado na leitura das notícia é detalhe fundamental.
As riquezas são disputadas de forma bélica. Montam-se estratégias, criam -se drones, derrubam-se aviões e todos querem ser inocentes. A tensão é geral, agita o capitalismo, provoca dissidências. O imperialismo não se foi. As intrigas religiosas escondem alicerces monetários. Não é toa que a inquietação deixa a opinião pública atônita. Há terrorismos em todos os cantos. Quem pode negar que a miséria não acede mesquinharia e violência? Quem pode negar que capitalismo se consolida salvando os privilégios da minoria?
Nada afirma que a paz chegará e a comunhão guardará afetos. Desfilam manchetes pesadas no jornais, misturam-se os anseios ditos de direita e esquerda com orações. Os fanatismo se firmam e buscam justificativas. Elegem-se razões, quando existe um aflorar permanente de questões colonialistas. A turbulência nem produz estranhamentos e a indústria fatura inventando perigos e espalhando medos.É a contabilidade pragmática que renega as possibilidades de reduzir as desigualdades e celebra a acumulação.A banalização da morte se estende como uma imagem fatal.
Trump não é o único a dançar no baile das farsas. O cinismo mora nas relações internacionais, finge e transforma o cotidiano num conjunto de abismos. Os Estados Unidos nunca renunciaram a prepotência. Já sofreram perdas, porém seguem abalando interesses e formando parcerias. Por aqui, há quem se entusiasme com o espetáculo da sofisticação bélica. Fecham-se os olhos para a naturalização das violências. Muitos não observam que as fragmentações e os ressentimentos entorpecem e reproduzem infernos. Desandam-se as relações sociais como se tudo se resolvesse com uma bala e as mentiras nas redes sociais..
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Propaganda do governo


Bolsonaro e o apresentador Ratinho durante participação do presidente no programa do SBT
Bolsonaro e o apresentador Ratinho durante participação do presidente no programa do SBTFoto: Gabriel Cardoso/SBT
A campanha publicitária do governo de Jair Bolsonaro para a reforma da Previdência destinou em sua segunda fase R$ 4,3 milhões para merchandising, como é chamada a propaganda inserida em programas. Desse total, 91% foram para Record, Band e SBT. As duas primeiras emissoras são clientes da empresa do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten; a terceira é ex-cliente.
O plano de mídia entregue pela agência de publicidade Artplan ao TCU (Tribunal de Contas da União) mostra que houve negociação com nove apresentadores para testemunhos favoráveis à mudança nos regimes de aposentadorias e pensões.
Nomes prediletos de Bolsonaro foram os escolhidos. As declarações de apoio, todas pagas pelo governo, foram ao ar ao longo de sete semanas, de maio a julho do ano passado.
Na Record, os maiores investimentos da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) foram no programa matinal Hoje em Dia, de César Filho e Ana Hickmann (R$ 983 mil por cinco inserções). Esse valor inclui o que foi repassado à emissora e os cachês dos âncoras: R$ 34 mil por fala.
No SBT, a negociação foi feita com os programas Eliana (R$ 269 mil por um testemunhal), Operação Mesquita, de Otávio Mesquita (R$ 218 mil por três declarações), e do Ratinho (R$ 915 mil por quatro elogios). Mesquita cobra cachê de R$ 2.100 para cada merchandising. Os dois colegas incluem sua remuneração pessoal no valor cobrado pela emissora.
Ratinho é um dos comunicadores da preferência de Jair Bolsonaro ao dar entrevistas. "As mudanças são claras e boas para o Brasil", defendeu o apresentador numa ocasião, ao propagandear a reforma. "Você acha que se a Previdência fosse ruim para o povo, eu estaria a favor?", questionou em outra oportunidade.
Não há ilegalidade na contratação de artistas ou jornalistas para fazer merchandising na TV. O TCU, no entanto, investiga se a distribuição de verbas da Secom entre as TVs se dá por critérios políticos, e não técnicos (principalmente o da audiência), o que afrontaria princípios constitucionais, entre eles o da impessoalidade na administração pública.
Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (27) revelou que, sob o comando de Wajngarten, a Secom fez mudanças na estratégia da campanha de publicidade sobre a reforma da Previdência, a maior e mais cara do Planalto no ano passado, privilegiando na distribuição de verbas TVs que são clientes de uma empresa do secretário e emissoras religiosas, apoiadoras do presidente Bolsonaro.
A campanha foi feita em fases. Na primeira, de R$ 11,5 milhões, veiculada de 20 de fevereiro a 21 de abril, o plano definiu que a TV mais contemplada com recursos seria a Globo nacional, líder de audiência e que atinge maior público.
Mas, a partir de abril, após Wajngarten assumir o cargo, a Secom mudou a orientação. Na segunda etapa da campanha, aprovada na gestão dele, o plano de mídia excluiu a Globo nacional da lista de contratadas, mantendo apenas praças regionais da emissora, cujos anúncios são mais baratos.
Record, Band e SBT foram contempladas, respectivamente, com R$ 6,5 milhões, R$ 1,1 milhão e R$ 5,4 milhões, totalizando R$ 13 milhões. Os montantes incluem os pagamentos tanto por merchandising quanto pela propaganda nos intervalos comerciais.
Como noticiou a Folha de S.Paulo no dia 15, as duas primeiras têm contratos privados com a FW Comunicação, de Wajngarten. O SBT foi cliente da empresa até o primeiro semestre do ano passado.
A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e pode configurar ato de improbidade administrativa, se demonstrado o benefício indevido. Wajngarten nega irregularidades.
Dentro dos R$ 4,3 milhões para merchandising, outro contemplado foi o jornalista José Luiz Datena, do programa Brasil Urgente, da Band, escolhido com frequência por Bolsonaro para entrevistas. Ele é cotado para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano, com apoio do presidente.
O plano de mídia da agência, a Artplan, registra quatro ações de merchandising no programa dele, ao custo total de R$ 331 mil. Cada fala rende ao garoto-propaganda R$ 12 mil.
Houve um testemunho no programa Terceiro Tempo, de Milton Neves, que é amigo da família de Wajngarten, o chefe da comunicação de Bolsonaro. Ele custou ao governo federal R$ 119 mil, incluindo o cachê de R$ 7.200 pela declaração favorável à reforma.
O documento entregue pela Artplan ao tribunal sustenta que esse formato de propaganda visa "humanizar a informação, que é densa e necessita de mais tempo de explicação". "Ele traz mais proximidade com o público, por meio de seu interlocutor."
Na primeira etapa da campanha da Previdência, de fevereiro a abril, houve apenas uma ação dessa natureza, no programa do Ratinho.
Em nenhuma fase, a Globo recebeu investimento para propaganda dentro de seus programas. A emissora não faz merchandising para governos. As concorrentes da emissora carioca receberam ainda verba para testemunhos em programas locais.
A Rede TV! também negociou espaço em suas atrações. Foram destinados R$ 153 mil para o Luciana by Night, de Luciana Gimenez (seis falas), e R$ 290 mil para o Mega Senha, de Marcelo de Carvalho (sete), um dos sócios da emissora. Eles cobram, respectivamente, cachês de R$ 2.900 e R$ 7.000 para cada testemunho.
O TCU investiga suspeitas de favorecimento no rateio da verba de publicidade da Presidência para TVs. Caso isso se confirme, os responsáveis poderão sofrer sanções como multas e ser condenados a ressarcir eventuais prejuízos.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou no último dia 20 que a Artplan, também cliente da FW, passou a ser líder em recursos da secretaria na gestão de Wajngarten. Por ordem do tribunal, a agência entregou planilhas com os valores designados para cada uma das TVs e os planos de mídia da campanha da Previdência.
Procuradas pela reportagem, a Secom e as emissoras não se manifestaram. Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de janeiro de 2020

A Bandeira mais bonita do mundo

A bandeira de Pernambuco foi eleita no Twitter como a mais bonita das bandeiras estaduais. Como não dizer que é a mais bonita do mundo, né?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Mulher sem mãos e pernas teve benefício negado por não assinar papel

Reportagem da TV Globo mostrou mulher que teve benefícios do INSS negado por não assinar documentos. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
REPORTAGEM DA TV GLOBO MOSTROU MULHER QUE TEVE BENEFÍCIOS DO INSS NEGADO POR NÃO ASSINAR DOCUMENTOS. FOTO: REPRODUÇÃO/REDE AMAZÔNICA

Uma mulher de mãos e pernas amputadas teve um pedido de benefício negado por não poder assinar documentos oficiais pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Porto Velho, capital do estado de Rondônia. As informações são da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo.

A ex-sinaleira Cleomar Marques contou à emissora que entrou com três pedidos no INSS em 2019, no entanto, todas as solicitações foram rejeitadas. A recusa a uma delas se deu pela impossibilidade de assinar os papéis.
“Aí depois ela [uma servidora do INSS] puxou os papéis. ‘Quem vai assinar? Você assina?’, e eu digo: ‘Eu não posso assinar. Quem pode assinar é minha filha que tá aqui, ou a minha mãe’. Ela disse: ‘Você não assina?’ e eu digo ‘Não, não posso assinar’. Aí ela olhou e disse: ‘Ah, então não vale’. Ela pegou, rasurou e jogou fora”, afirmou.
Segundo a TV Globo, Cleomar trabalhava como sinaleira em uma das usinas da capital. Um dia, passou a sentir dores fortes no estômago e, após idas e vindas na emergência, os médicos decidiram realizar uma operação.
Depois da cirurgia, Cleomar entrou em coma, teve infecção generalizada e os membros necrosaram. Quando acordou, já estava sem mãos e pernas. Hoje, ela precisa da filha, Cláudia, para atividades diárias, como ir ao banheiro ou comer. A filha não pode trabalhar para dar assistência à mãe.
Hoje, as duas vivem da ajuda financeira da mãe de Cleomar e de amigos da igreja, que doam cestas básicas.
“É um constrangimento para mim. Eu trabalhava, tinha minha vida. Agora, sou dependente dos outros. A minha filha que me leva para o banheiro, me dá banho, faz tudo para mim. Eu vivo assim”, disse Cleomar.
De acordo com a reportagem, o INSS disse que as informações de Cleomar não procedem. O benefício teria sido negado por renda familiar incompatível, e não por falta de assinatura, alegou o Instituto. O órgão disse ainda que existe uma representante legal habilitada a assinar por Cleomar, além de um procurador.
Segundo a emissora, Cleomar fez um novo requerimento para tentar um benefício à pessoa com deficiência, contudo, também houve indeferimento por ela ter uma renda per capita familiar maior que 1/4 do salário mínimo, uma média de 238 reais. O INSS recusou uma terceira solicitação por “falta do período de carência”.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bom Jardim sedia encontro de manifestações culturais no Carnaval




A diversidade da cultura pernambucana tem encontro marcado no Carnaval de Bom Jardim, no Agreste Setentrional.  Na terça-feira (25/02), está confirmada a sétima edição do Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco. Idealizado pelo produtor cultural Edgar Santos, a programação do evento conta com desfile dos folguedos pelas ruas do Centro da cidade, seguido de apresentações no Pátio de Eventos. As manifestações começam às 8h e seguem até 12h. "A tradicional manhã é um espetáculo de cores, alegria e de um mundo de gente criativa, raridades de belezas que fortalecem a identidade cultural de nosso Estado", comenta Edgar.

O produtor do evento protoclou junto à Fundação do Patrimônico Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) solicitação de apoio, por meio da grade do Ciclo Carnavalesco 2020. Ainda na busca por patrocínio, Santos também apresentou ofício à gestão municipal, mas, segundo ele, até o momento não houve manifestação por parte da prefeitura. O Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco reúne agremiações de vários municípios pernambucanos, a exemplo de Nazaré, Limoeiro, Glória do Goitá, Orobó, Olinda, Recife, Buenos Aires e Lagoa de Itaenga. "Peço aos prefeitos que também ajudem, disponibilizando transporte para os brincantes", pontuou Edgar.
Blog do Agreste - Alfredo Neto.
Professor Edgar Bom Jardim - PE